segunda-feira, outubro 31, 2005

O lado oculto de nós

No sábado passado, fui na festa-surpresa pelo aniversário do meu cunhado. Armaram bonito pro cara, mas ele curtiu muito.
Minha namorada teve a grande idéia de pedir a cada um dos amigos dele para sugerirem uma música que achassem ter a ver com o moço. Com as sugestões, ela buscaria as músicas na Internet e montaria dois CD com as relacionadas.
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Teve de tudo. Os comediantes (sempre tem...) sugeriram coisas como "Panela Velha", "A pipa do vovô não sobe mais", o clássico-brega "Secretária" e outras pérolas do gênero. Mas houve quem levasse a sério e tirasse do fundo do baú algumas antigas ternuras que imaginavam fazer a delícia do homenageado. Eu acho que ele tem um jeitão de italiano dos anos 60, logo minha sugestão seguiria esta linha. Mandei um "Era um ragazzo che comme me amava i Beatles ei Rolling Stones". Mas no original. Não queria a versão gravada pelos "Os Incríveis" (já posso ver daqui os cenhos franzidos e a indefectível pergunta: "Quem?" Bem, amigos da Rede Globo, para encurtar a história, "Os Incríveis" eram uma espécie de "Titãs" dos anos 60. Fecha parêntesis).
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Do total das sugeridas, a maioria era estrangeira. Boa parte, rocks para emocionar o homenageado: duas do Deep Purple, uma do Led Zeppelin e duas do Pink Floyd. E é aí que entra a razão de ser deste post.

Quando ouvi "Time" – uma das escolhidas, a outra foi "Wish you were here" - me bateu uma baita saudade do "Dark Side of the Moon". Nesta semana, pretendo ouvi-lo trocentas vezes, até uma certa parte da minha anatomia fazer bico.
Ahhhh... Como este disco é bom! Durante a festa, fiquei conversando com meu amigo Luís, beatlemaníaco como eu, sempre temos uma história para trocar sobre os quatro deuses de Liverpool. Mas desta vez, o nosso papo era a respeito do Pink Floyd e mais especificamente com relação a este disco seminal.
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Ele nunca saiu de catálogo e permaneceu anos (eu disse anos) nas paradas de sucessos (é o quarto disco mais vendido de todos os tempos – American TOP – 200 por 724 semanas). Tenho certeza de que vende bem até hoje, mais de três décadas depois de lançado (Veja a capa do relançamento comemorativo de 30 anos). Todo grande conjunto tem o seu grande disco, aquele que o consenso aponta como o "imperdível". Os Beatles têm o "Sgt Pepper" (embora eu prefira o "Abbey Road", uma obra em pé de igualdade com a Capela Sistina, a Mona Lisa, as grandes pirâmides, ou seja, patrimônio da humanidade), os Stones têm o "Exile on a Main Street", o Zeppelin entra com o III (há quem diga que é o II), o Queen vem com "A night at the Opera", os Beach Boys com "Pet Sounds" e vai por aí a fora (aê, Marcelo, diz aí qual é o álbum-rei do Deep Purple que eu assino em baixo e dou fé). Com certeza, qualquer fã do Pink Floyd vai dizer que o "Dark Side...", o disco do prisma, é a maior obra do grupo inglês.
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Segundo o Luís, tem um DVD por aí com o grupo (Wright, Waters, Mason e Gilmour na foto) comentando, 30 anos depois, como foi gravar este diamante. Está saindo a caixa com os DVD do concerto "Live 8", onde os quatro voltaram a tocar juntos, desde que o Roger Waters saiu no pau com Gilmour. Li numa matéria que num dos DVD tem o depoimento dos quatro sobre a banda. Deve ser imperdível também. Não sei se lá eles contam a origem do nome Pink Floyd.

O fundador da banda, o doidão Sid Barret, juntou o primeiro nome de Pink Anderson com o de Floyd Council, dois blues men americanos. Até aí, todo mundo sabe. Mas você já viu a cara dos bonecos?
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Daqui a cem anos, vai ter gente ouvindo o "Dark Side..." e fatalmente se emocionando. Não tem uma música que a gente pode dizer: "essa é fraca". É tudo da melhor qualidade. A começar pela abertura (e fechadura), com sons da batida de um coração. O destaque inegável vai para "Time", e aquela abertura de filme de suspense até que a bateria de Mason ataca para Waters/Gilmour dispararem, sem dó, o "Ticking away the moments that make up a dull day..."
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E tem "Breath". Linda como um suspiro da mulher amada, necessária como a respiração... E mais: a "Us and Them", que nos remete a um grito solitário ecoando pelo Universo. "Money" e aquele baixo pulsante de Waters, que faz o nosso estômago pulsar junto. "The great gig in the sky" (com vocais de Clare Torry), outra que nos dá a exata dimensão de nossa solidão no Universo, mesmo que estejamos na Rua da Alfândega ou na 25 de março em plena época de Natal. E todas as outras: "Speak to me", "On the Run", "Any Colour You Like", "Brain Damage" e "Eclipse". Mas, de todas, é inegável a força de "Time". E foi essa a escolhida para figurar no CD.
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Meu cunhado deve estar se deliciando com o seu presente até hoje. Provavelmente, ele achou divertido ver (ouvir) como os amigos o percebem. É uma espécie de feedback. Fico imaginando com que música cada amigo meu me definiria. Qual você sugeriria?
M.S.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Memória bandida


Nesta semana assisti no canal History a um documentário sobre o assaltante norte-americano Jesse James (1847-1882). É impressionante o fascínio que a América tem por bandidos! Eles cultuam, celebram, rendem homenagens, investem uma grana verde na preservação da memória de seus fascínoras... Eu conheço a fama de Jesse James desde que eu era menino. Como conheço também a do Billy the Kid. Lembro até que nas nossas brincadeiras de bangue-bangue, tinha gente que queria ser um ou outro.
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Pelo documentário, fiquei sabendo que o Jesse morreu com um tiro dado pelas costas, quando estava no alto de uma cadeira, ajeitando um quadro de sua casa, no Missouri (E isso lá é maneira de um bandoleiro morrer?). O seu matador – Robert Ford - era um dos membros de seu bando, a quem ele tinha dado abrigo e que o traiu pela recompensa oferecida pelo governador do estado. Jesse James tinha a cabeça a prêmio por assalto a trocentos bancos.

Ele alugara uma casinha no alto de uma colina, em Kearney, onde estava morando com sua esposa, seus filhos, seu irmão Frank e sua cunhada. Um dia, apareceu por lá dois irmãos, remanescentes de sua quadrilha, ambos precisando de ajuda e abrigo. James, com aquele seu coração mole, abriu-lhes as portas. O grupo viveu em harmonia por longo tempo, até que ele subiu naquela cadeira para ajeitar o quadro do tipo "Home Sweet Home" (sádica ironia...).

Seu matador foi perdoado pelo governador e passou o resto de sua vida enchendo os cornos de uísque nos saloons, contando e recontando sua história. Ah, sim: ele ganhava a vida vendendo a arma que usou para estourar a cabeça de Jesse James. Vendeu várias... Como se vê, além de covarde era um tremendo 171. Acabou se suicidando, em 1892. (Veja a foto dele segurando a tal arma)
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Morto James, começou o seu culto. A casa virou museu. A sala onde ele morreu foi preservada do mesmo jeito em que estava. O tal quadro ainda está lá, assim como o buraco na parede que a bala fez, a própria bala, o revólver (ou um deles, vai saber...), a marca no chão onde ele caiu morto...

O velho Jesse foi enterrado no quintal da casa, mas em 1995 foi exumado e parte dos restos mortais foram para o cemitério de Kearney. Alguns ossos estão na casa-museu. (Veja a foto da tumba original)
Só que tem gente que contesta esta história. Muita gente acredita que ele forjou a própria morte, para não ser mais perseguido pela justiça. E aí passaram a criar mil teorias, que nem vou citar aqui.
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O que quero deixar claro é que o americano cultua seus bandidos como o faz com seus heróis. O mesmo fascínio que eles tem por Búfalo Bill, Wyatt Earp, Elliot Ness, Patton etc. eles também o devotam a Jesse James, Billy the Kid, Bonnie e Clyde, Dillinger, Al Capone e tantos outros. Aliás, eu até acho que eles cultuam mais os bandidos que os mocinhos.
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Aqui no Brasil, não temos esta mesma prática. No máximo, lembramos de Lampião, Maria Bonita e o cangaço em geral, mas outros bandidos caem no esquecimento e poucos se recordam deles. Quando eu era moleque, existiam bandidos famosos aqui no Rio: Mineirinho (virou até filme!), Micuçu, Cara de Cavalo, a Fera da Penha, Van e Lou... Mas tenho certeza que poucos ou nenhum de vocês que me lêem sabem de quem estou falando. Aqui não se cultua bandido. Talvez por serem tantos, que não dá nem pra fixar um.
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Está certo que americano aproveita qualquer oportunidade para ganhar dinheiro. Eles investem pesado nisso. E esses museus onde estão os acervos dos facínoras (além do referente ao Jesse, tem outros que cultuam os demais aqui citados) cobram entrada, direitos de imagem, vendem toda aquela tranqueira que turista adora – livro, poster, postal, caneca, chaveiro, lencinho, bibelô com a inscrição "estive na Casa de Jesse James e lembrei de você", e vai por aí a fora. Mas se investem é porque tem público para isso. E, pelo visto, eles não tem tido razões para se queixar...
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Não estou defendendo que se cultue aqui os nossos bandidos. Mesmo porque, se fizer uma casa-museu para cada bandido, vai faltar moradia para o povo. Só acho que aqui não se cultua nada. A memória virou artigo pra lá de supérfluo. A gente tem uma enorme tendência para o esquecimento. E lembrar pode ser bastante salutar. Como bem disse (o grande) Mario Lago: "De vez em quando é bom ir buscar as coisas que ficaram amassadas lá no fundo, assim como o bagaço de laranja chupada que se atira pela janela do carro e que pode despertar lembranças amargas como da sede que se saciou".
M.S.

terça-feira, outubro 25, 2005

Rio de Sujeira



Quem mora no Rio, sentiu o drama da enxurrada de ontem pela manhã. Quem não é, viu pela televisão e pelos jornais porque esta cidade se chama “Rio”...(veja acima as fotos de Celso Pupo, do site Fim de Jogo
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Eu moro na Tijuca, perto de uma região que até o início do Século 19 era conhecida como Mangue de São Diogo. Um terreno embrejado, no nível do mar, foz de três rios: Maracanã, Comprido e dos Trapicheiros. Quer dizer, historicamente e geograficamente, uma área com vocação para alagamentos. Justiça seja feita, o governo municipal já fez muitos investimentos ali para minorar os efeitos de chuvas mais fortes. Mas há algo que nem todo dinheiro do mundo pode alterar: a educação, o sentido de civilidade e cidadania das pessoas.
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As ruas da cidade (não só do chamado “Baixo Tijuca”) estão imundas, com lixo por todo lado. O Cesar Maia diz que o Rio não é pior do que Madrid e Paris. Quanto a capital francesa, não sei. Nunca estive lá. Mas quanto a principal cidade espanhola, vai me desculpar, senhor alcaide, mas Madrid dá de mil a zero no Rio em termos de limpeza. Eu estive lá e vi.
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É bastante comum vermos pessoas jogando nas ruas o que deveria ser posto em caçambas de lixo. Eu já vi até um cara jogando um coco vazio pela janela do carro. As pessoas se acostumaram a fazer da cidade o seu lixo pessoal. Acabou de tomar um refrigerante? Joga-se a lata ou a embalagem plástica na rua. Terminou de comer os biscoitos? O saco vai para a calçada sem a menor cerimônia. Mesmo que ele esteja a dois passos de uma caçamba de lixo.
As pessoas não atentaram para o fato de que o lixo que ela joga nas ruas acaba se voltando contra elas mesmas. Entope os bueiros, impede o escoamento das águas pluviais e o resultado é alagamento. E não adiante reclamar que o governo não faz nada.

Acho que está na hora de ressuscitar a campanha do “Sujismundo”. Algo precisa ser feito para conscientizar as pessoas de que jogar lixo nas ruas é errado. No outro dia, quando eu alertei a uma pessoa amiga para não jogar o maço de cigarros vazio no chão ela me respondeu: “Mas todo mundo faz isso!” Pois é. A mesma desculpa que vários carrascos nazistas deram em Nuremberg, quando acusados de assassinarem judeus, ciganos e comunistas.
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Alô, governo! Volte a fazer maciçamente campanhas de conscientização, do tipo “povo limpo é povo desenvolvido”. Que tal toda aquela movimentação pelo “sim” ou pelo “não” do referendo das armas agora ser dirigida para uma campanha onde todos devem dizer SIM. Se nada for feito, os ratos vão agradecer. Inclusive aqueles animais do gênero roedor, que vivem em lixos e esgotos.
M.S.

segunda-feira, outubro 24, 2005

domingo, outubro 23, 2005

De olho em você


Big Brother is watching you.
Não estou falando daquele programa bobo da TV. Estou falando do tema do famoso e excelente livro de George Orwell, o “1984”.
Não sei se você sabe, mas vivemos um clima de “Grande Irmão” faz tempo. Satélites estão a nossa volta, acompanhando tudo e enviando a imagens para os seus governos. A novidade agora é que nós, pobres mortais, também podemos dar aquela espiadinha básica. Em qualquer lugar do globo.
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Minha mais nova diversão na Internet se chama Google Earth. Já ouviu falar? Qualquer um pode acessar a qualquer imagem do planeta Terra diretamente de seu microcomputador, esteja ele onde estiver. Pode ser em Washington, em Moscou ou em Santa Maria do Cu do Mundo. Basta baixar o programa e pronto! Não requer prática nem tampouco habilidade. Se você tem banda larga, leva só uns minutinhos. Mas se não tem, não deve demorar muito. Ah, ficou interessado, não é? Então, vamos lá. Clique aqui. Quando abrir a página, clique em “Get Google Earth (Free version)”.
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Depois que o programa for baixado, você aprende rápido a mexer com os controles de zoom e afastamento, andar para a direita, esquerda, pra cima, pra baixo. Foi assim que eu cheguei ao meu condomínio – consegui ver o meu carro no estacionamento! – e ao prédio onde eu trabalho. Quer dar uma olhadinha? No alto à esquerda da página principal tem um banner. Digite as coordenadas – latitude e longitude: 22 54 52.65 S e 43 12 42.77 W e voalá! Você vê o planeta se mexendo e se aproximando das coordenadas escolhidas. Clique no botãozinho de zoom (tem um sinal +), espere entrar em foco e aí está: minha residência. Dependendo do dia, poderei estar na janela ou na piscina, te dando um tchauzinho. Quer ver onde eu ganho o meu pão suado? (Pointer) 22 54 45.08 S e 43 13 23.17 W.
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Se foi fácil chegar até estas coordenadas? Bem, mais ou menos fácil porque eu procurei pontos de referência. Fui apertando o zoom na América do Sul, até chegar ao Rio de Janeiro (o nome da cidade aparece), fui aproximando até reconhecer o litoral e o aeroporto Santos-Dumont. Aí foi só procurar a igreja da Candelária, seguir pela Avenida Presidente Vargas na direção da Tijuca (bairro onde moro e trabalho).

Foi como se eu estivesse voando sobre a cidade, era só seguir por pontos que eu conhecia. Agora, eu tentei ver o campinho de futebol onde aprendi o pouco que sei do violento esporte bretão na aurora de minha infância e não consegui. Eu morava na cidade da doce Helena. Talvez eu não saiba mais chegar no lugar onde cresci...
Mas vi, com alguma facilidade, o Maracanã, a Gávea, templos do melhor futebol do Universo (xuif! Pelo menos já foi assim...) e casas de uma das paixões do meu coração (sempre vai ser assim!).
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Tente você também. Agora, quer saber sobre as implicações político-filosóficas deste programa? Então leia o texto abaixo.
M.S.

Eu acho que eu vi um gatinho


Sabe quando, nos desenhos animados, o Frajola, o Coiote, o Cebolinha fazem planos mirabolantes para alcançar os seus intentos? Eles nunca conseguem, não é?
Agora troque estes personagens por Al-Qaeda, ETA, Cartel de Drogas, extremistas religiosos... Quem você acha que serão os Piu-Piu, Papa-Léguas, Mônica etc. da questão? Em seguida, dê àquela turma acesso a um instrumento como o Google Earth. Qual o resultado? Pode não ser nada, pode ser tudo.
Da mesma forma que a gente consegue ter uma visão de cima de nossa casa, local de trabalho, estádio de nossos clubes do coração, qualquer um, sabendo as coordenadas de latitude e longitude, pode visualizar uma base militar, uma instalação estratégica, um alvo em potencial...(alguns exemplos vistos pelo GE: abaixo à esquerda, a Área 51, onde presumivelmente os EUA escondem ET, UFO, as coisas do Arquivo X. Mais abaixo, à direita, o Pentágono)

É por isso que começou a grita contra a disponibilização do Google Earth. A Coréia do Norte está cuspindo marimbondos, achando que a sua vizinha do sul saberá onde ela mantém seus arsenais. O engraçado é que a Coréia do Sul está falando a mesma coisa em relação a sua vizinha nortista.

O presidente da Índia, que como se sabe, mantém uma rixa com o Paquistão, ambas nações com bomba atômica, já está defendendo a censura ao programa que mete os zóios, xeretando tudo. Dá só uma olhadinha nesta matéria.

O fato é que, com tanto satélite fuçando tudo por aí e colocando na rede, falar em privacidade é motivo para mofa e riso. Não tem jeito, moçada. O Big Brother veio pra ficar.
M.S.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Números


Tenho minhas dúvidas quanto à numerologia. De qualquer forma, fui ao site da Aparecida Liberato (uma numeróloga paulista famosa, irmã do Gugu), para saber a energia do meu nome. Eu o escrevi completo, assim como a minha data de nascimento e saiu o diagnóstico abaixo. Para um troço meio receita de bolo, fiquei admirado pela quantidade de acertos. Quem me conhece um pouco melhor vai ver que os prognósticos não estão enlouquecidos. Se você acredita ou tem alguma curiosidade, vá lá no site dela e faça a análise. É de graça. Uma consulta com a moça custa 300 pratas. Obviamente, não vou dar esta dinheirama toda na mão de uma numeróloga para ela mandar eu mudar o meu nome para Marcco Santtos ou para Marco Benjor. Mas, como todo bom virginiano, admito que fiquei curioso...
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Número 7
Análise
Mostra talento no campo da ciência e pode dedicar-se à pesquisa. Consegue coletar e analisar dados. Geralmente é um especialista pois tem grande capacidade de observação e de investigar profundamente. É uma pessoa criativa, observadora e estudiosa. Gosta de ter seu espaço próprio e exclusivo. Gosta de trabalhar com tranqüilidade. Para se dar bem...Não seja tão exigente e evite ser orgulhoso e arrogante com quem convive. Deve aprender a projetar idéias e a concretizá-las.
Tem interesse por aspectos místicos, estudo das religiões, esoterismo, filosofia.Gosta de buscar respostas escondidas e descobrir mistérios. Pode ser arqueólogo, astrólogo ou detetive, ou exercer qualquer atividade em que estudo e pesquisa sejam necessários. Gosta de viajar como experiência de vida, para conhecer povos e costumes. Pode ter destaque como educador, investigador, religioso ou escritor.
Pode ter destaque como trabalhador social realizando atividades relacionadas com a ajuda aos outros ou com o ensino. Médico, autor, músico, pescador, dentista, fazendeiro, fotógrafo, psicólogo, enfermeiro. Normalmente os 7 não são muito habilidosos em trabalhos manuais e gostam de estar em ambientes requintados ou com atividades culturais.

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O site igualmente calcula o tipo de beijo de cada um. Eu fiz a análise – também colocando nome completo e data de nascimento – e saiu o diagnóstico. Por uma questão de elegância e modéstia não vou revelar aqui o resultado. Posso dar apenas uma pequena pista:
ALÔ MULHERADA! VEM NI MIM QUE VOCÊS NÃO SABEM O QUE ESTÃO PERDENDO!
M.S.

terça-feira, outubro 18, 2005

Moisés versus Darwin: quem está certo?



Vejam como é que são as coisas. Estamos em pleno século 21. E desde o século 20, ou seja, ontem, o homem já pisou na Lua, construiu estações espaciais, desvendou os segredos do átomo, perscruta os cafundós do Universo com um super telescópio, clona ovelhas, vacas, cavalos, ratos, descobre na Genética que o ser humano é apenas uma das 30 milhões de espécies descendentes de um organismo primitivo há cerca de quatro bilhões de anos.
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Entretanto, este último tópico vem sendo negado progressivamente por mais e mais pessoas. Ganha cada vez maior força a idéia de que o chamado Evolucionismo darwiniano é uma mentira. O que vale é o Criacionismo bíblico, como está no Livro de Gênesis. Tenho visto nos jornais, nas revistas, o avanço do pensamento criacionista, agora travestido como “Criacionismo inteligente”, aquele que procura justificar cientificamente que Deus criou todas as coisas – o céu, a terra, os seres - há exatos seis mil anos atrás.

Para os que defendem esta forma de pensar, o Universo foi criado pelo Ser Supremo, no dia 23 de outubro do ano 4004 antes de Cristo. E mais: o homem conviveu com dinossauros, pterodátilos e outros seres pré-históricos. Todavia, eu não consegui descobrir explicações nesta corrente ao fato desses grande animais terem sido extintos e os humanos não. Aliás, também não consegui quem me respondesse se um casal de tiranossauros rex, por exemplo, foi conduzido na Arca de Noé.
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Você que me lê pode achar que eu estou ironizando com o assunto. Juro que estou usando minha imparcialidade de jornalista ao máximo que posso. Sei que, recentemente, vários estados do sul dos EUA decidiram retirar o ensino da teoria de Darwin do currículo escolar e que outros decidiram por incluir a Teoria Criacionista para ser ensinada junto com a outra, cabendo ao aluno decidir por qual vai optar. Isto foi considerado como um retrocesso, uma vez que desde 1968 (um ano antes do homem pisar na Lua) a Teoria Evolucionista vem sendo livremente ensinada em todos os estados norte-americanos.
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Curiosamente, num dia desses eu assisti num canal a cabo a um filme admirável, desses para entrar na minha lista de melhores de todos os tempos. Chama-se “O Vento Será Tua Herança” (“Inherit the wind”). Ele é baseado na peça de mesmo nome, escrita por J. Lawrence e Robert E. Lee, em 1951, em plena era macartista. A peça foi levada à tela em duas oportunidades: em 1960 (a que eu vi), dirigida por Stanley Kramer, com Spencer Tracy, Gene Kelly e Dick York (o marido da Feiticeira) no elenco; em 1999, dirigida por Daniel Petrie, com Jack Lemmon, George C. Scott e Tom Everett Scott. A história se baseia em eventos acontecido em Dayton, no Tennessee, no célebre “Julgamento do Macaco” (“The Monkey Trial”), quando o professor de Biologia John Thomas Scopes foi levado às barras do tribunal por ter ensinado a Teoria da Evolução aos seus alunos. O julgamento representou uma verdadeira batalha entre os advogados William Bryan (candidato à presidência derrotado nas eleições americanas de 1896, 1900 e 1908) e Clarence Darrow, militante da União Americana pelas Liberdades Civis (Na foto, Darrow é o da esquerda e o careca Bryan, o da direita).

Por incrível que pareça, o juiz John Rauston chegou a impedir que cientistas fossem apresentados como testemunhas em favor da Teoria Evolucionista. Naquele ambiente conturbado, o fundamentalista Bryan venceu a causa pelos criacionistas (e morreu cinco dias depois do julgamento).
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O filme trata de um dos maiores exemplo de intolerância já vistos na História. Chega a lembrar o caso de Giordano Bruno, padre italiano queimado como herege na fogueira do Vaticano Grill, em 1600, por defender a tese de que a Terra não é o centro do Universo, conforme tinha descoberto Nicolau Copérnico.

Scopes não virou picanha numa fogueira inquisitória, ao contrário. Ficou famoso e recebeu milhares de cartas de todo tipo. Recusou aquela fama rápida e virou um obscuro geólogo no interior dos EUA.
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Mas eis que a polêmica Criacionismo x Evolucionismo volta a tona em dias atuais. Recentemente, até a governadora (?) Rosângela Matheus, vulgo, “Rosinha Garotinho”, defendeu o ensino do Criacionismo nas escolas do Rio, em contraponto ao Evolucionismo, que ela afirmou não ser verdade: “é só teoria”, disse com um esgar, como se a história da costela de Adão fosse um axioma cristalino e definitivo. Aqui e ali se acham textos justificando a criação divina e repudiando uma evolução “acidental”. Um deles é este aqui. Um dos argumentos que o autor utiliza para negar a evolução das espécies é este:
“Se o surgimento do Homem na Terra fosse um processo de auto-evolução, de uma minúscula bactéria ou de coisa semelhante, então as nossas unhas poderiam ter nascido em qualquer lugar do nosso corpo: no cotovelo, na sobrancelha, no órgão sexual ou até mesmo no lugar dos nossos dentes”.
Bem, eu não conheço nenhuma espécie animal com unhas no órgão sexual ou no cotovelo. Darwin explica que as unhas humanas foram perdendo a função de garras – como nos outros animais – por não serem usadas com este fim. Para o Darwinismo, órgão não usado tende a atrofiar. O que explica a pouca inteligência de algumas pessoas que fazem pouco uso de seus neurônios.
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Os fatos estão apresentados. Tome partido, meu caro leitor: você acredita na explicação científica mais em voga para a criação do Universo e da vida na Terra (o Big Bang, o Evolucionismo) ou prefere acreditar no relato que Moisés fez nos primeiros cinco livros da Bíblia – o Pentateuco – dando conta que Deus criou o Universo e tudo o mais em seis dias? (aliás, não sabemos de quantas horas são estes dias do Gênesis. Como o planeta Terra ainda não tinha sido criado, certamente não são de 24 horas).
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Veja bem: o Big Bang e a teoria darwiniana não afastam a idéia de um Ser Supremo criador. Para muitos cientistas, foi Ele quem acionou a grande explosão criadora, tanto no Universo como na Terra. Para quem discorda destas teorias tem, além do relato bíblico, outras hipóteses desenvolvidas para a Criação do Mundo em outras religiões e/ou civilizações. Algumas são até mais bonitas, do ponto de vista estético-literário, do que a defendida pela corrente majoritária, a judaico-cristã-islâmica, que é a que está na Bíblia.
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Pessoalmente, sou pragmaticamente crítico em relação ao relato de Moisés. Até já me manifestei sobre isso no meu conto Aconteceu no McDonald’s, postado aqui em 4 de julho. Está na cara que tem algo estranho na história contada por Moisés. Aliás, tem uma piada ótima sobre ele. Quando o povo judeu estava fugindo do Egito, com os guardas do faraó nos seus calcanhares, eis que chegam à beira do Mar Vermelho, que lhes tolhia a passagem. Moisés disse que iria abrir o mar para que o povo pudesse passar com pés secos. Ao ouvir isso, um de seus assessores disse: “Se o senhor abrir o mar, pode contar, eu lhe garanto no mínimo dez páginas na Bíblia”.
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Mas, independente da versão que você vá defender, saiba que todas duas podem ruir se encontrarem vida inteligente nos outros planetas. Para os criacionistas, vai ser um tiro no coração saber que a Terra não é o centro da criação; seria apenas mais um planeta habitado. Como deve ter sido duro para a Igreja, quando soube que o nosso planeta, o planeta onde nasceu Jesus Cristo, não era o centro do Universo, e sim um dos milhões de outros mundos que existem num Universo infinito. E para os evolucionistas, que afirmam ter a vida sido criada na Terra por ter o nosso planeta condições únicas para o surgimento daquele alfaaminoácido originário de toda a vida animal, uma forma de vida razoavelmente inteligente fora das condições existentes na Terra, vai obrigar muito cientista a rever suas anotações.

E então? Qual camisa você vai vestir? Darwin ou Moisés? Claro que se você for agnóstico, fica mais fácil optar. Se você acredita, como John Lennon disse na música “God”, que “Deus é apenas um conceito com o qual exprimimos a nossa dor”, sua opção talvez fique mais óbvia. Sobre questões filosófico-religiosas, a se buscar no cancioneiro, prefiro um célebre pagode cujo refrão diz: “Tudo o que faz na Terra/Se coloca Deus no meio/Deus já deve estar de saco cheio”.
M.S.

segunda-feira, outubro 17, 2005

A vida ao vivo é muito pior

Em menos de uma semana houve duas mortes de estudantes em São Paulo. O da USP foi assassinado com faca. O da escola estadual morreu com um tiro acidental de uma arma comprada no contrabando - não em loja. O noticiário está desmentindo a campanha do SIM e confirmando aquela velha tese: não é preciso comprar revólver em loja para se matar alguém.
M.S.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Novo tratamento para dores nas costas

Vi no Portal Terra que, no estado norte-americano do Oregon, uma mulher estava processando o seu médico em 4 milhões de dólares. Até aí, tudo bem. Nos EUA, eles processam até quem olha para o outro com cara feia.
Mas desta vez, o caso era diferente. Aliás, parece saído direto do “Casseta e Planeta”. Ou melhor ainda: das páginas de uma revistinha do Carlos Zéfiro. Só que é verdade. Seguinte:
A mulher foi ao médico, queixando-se de dores agudas nas costas. O médico a examinou e disse que poderia curar aquelas dores com um novo tratamento que ele desenvolvera: ter relações sexuais com ele.
Que o mundo esteja repleto de 171, eu estou cansado de saber. O cara jogou o agá e esperou para ver o que a moça iria dizer. E ela disse:
- Ahhhhh...É mesmo, doutor? Isso faz passar as minhas dores nas costas? Olha...Eu não sabia... Então tá.
- Tira a roupa que eu vou preparar o medicamento...

E o espertalhão passou o rodo na anta.
Diz a matéria que mais tarde ela descobriu ter sido usada sexualmente pelo taradão. Desconfio que ela só se tocou quando as dores nas costas não passaram com o tal tratamento. A fofa em questão deve ter falado para alguém, que lhe disse algo como:
- Ô menina!...Você tá doida? Onde já se viu rôla como tratamento pras costas? Se ainda fosse pra pele...
Revoltada, foi para a justiça. Sabem o que o médico safado, sem-vergonha alegou, quando foi preso? Que tinha feito “sexo consentido com a cliente”. Claro! A anta consentiu, achando que iria se curar das dores nas costas. De qualquer forma, se ela ganhar os quatro milhões de indenização está estabelecido o novo patamar recorde para michê.
Não sei, não...Mas quando este “tratamento revolucionário” chegar aqui no Brasil, o que vai aparecer de especialista não está no gibi!
M.S.

Síndrome de Peter Pan

Outra do Portal Terra: “Inglês pede divórcio usando outdoor”.
Um homem identificado apenas como JBS estendeu um banner em uma ponte do sudeste na Inglaterra pedindo a separação a sua mulher. "Wendy, eu quero o divórcio. JBS".
Ontem, uma outra faixa, com a resposta ao pedido, apareceu no mesmo lugar. "De maneira nenhuma. Você é um vigarista. Wendy".
Você acha que eu estou de sacanagem? Então clica aqui.
M.S.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Tremei, ó brasileiros!

Malevolent Anthropologist-Reaping Creature of Oblivion
Atendendo a sugestão do grande profeta argh!lemón, resolvi criar um monstro (aqui entra aquela risada de desenho animado: "bwa-huá-huá-huá-huá!!!!).
Este godzila tupiniquim deverá assombrar o Brasil em breve! Tremei, pecadores! Suplicai por suas vidas que o Juízo Final está para chegar!
(aí entra de novo aquela risadinha: "bwa-huá-huá-huá-huá!!!)

Se você quiser se juntar a mim e também criar a besta que haverá de varrer os pecaminosos da Pindorama, basta clicar aqui e depois criar a sua própria risadinha malévola.
M.S.

terça-feira, outubro 11, 2005

Oink!

Não sei vocês, mas eu adoro um teste. Faço todos os que me caem nas mãos. O legal é que a Internet está infestada deles. O último que eu descobri é o Desenhando um porco (Drawing a pig). Seguinte: Você entra no site, clica num link que tem lá e aparece uma página em branco. Aí, usando o mouse, você desenha um porquinho do jeito que você quiser, do jeito que você sabe. Terminando, é só seguir os passos que eles indicam. Vão aparecer as perguntas que eles fazem com relação ao seu desenho. As respostas são do tipo múltipla escolha, você deve escolher uma delas, de acordo com o desenho que você fez. No final, surge o diagnóstico e você fica sabendo aspectos de sua personalidade e até de sua vida sexual (ulha!).
Quando o desenho é bem feito, eles o colocam em uma galeria dos top de linha. Quando não é nenhuma Brastemp, eles simplesmente arquivam.
Eu achei muito divertido. Pena que o site seja em inglês, e necessite de pelo menos conhecimentos mínimos (como os meus...) na língua de Shakespeare, de Yeats e dos shoppings da Barra da Tijuca para poder acompanhar os passos e ler os diagnósticos.
Se quiserem ver o meu porquinho, é só clicar em “Search the piggies”, vai abrir uma janelinha. Escrevam “Marco Santos”. Cliquem em cima do desenho para ampliá-lo. Pois é.
Ah, sim. Pelo meu desenho, o diagnóstico disse que minha vida sexual é ótima.
M.S.

Da série: tem de tudo nessa Internet...

O site Blogthings revela quem é o seu “verdadeiro pai”. Basta que você coloque o nome completo do seu velho e clique no respectivo botão.
Para mim, deu que sou filho do Johnny Depp.

Segundo o site, a forma como eu o chamo é: “Velho”. E não o amo; apenas gosto de chamá-lo de “papai”.
Eu, heim...
M.S.

domingo, outubro 09, 2005

Coisa mais linda

Ontem, sábado, fui fazer a minha habitual “dobradinha” no cinema. Assisti primeiro a “Irmãos Grimm” (pesadão, arrastado e totalmente esquecível) e depois emendei com “Coisa mais linda – História e casos da Bossa Nova”. Este, um documentário onde dois dos maiores expoentes daquele gênero musical – Carlinhos Lyra e Roberto Menescal – contam, junto com outros depoimentos, como surgiu o fenômeno do “um banquinho, um cantinho e um violão”. É magistral.

Ao final da sessão, todo o cinema bateu palmas, imitando o “Bonequinho” de “O Globo”. Aliás, há muito tempo que eu não via um filme fora de festival ser aplaudido no fim. Eu saí do cinema com os olhos marejados. Acho que não foi só pelo filme; foi por ter visto um Rio de Janeiro que não existe mais e que provavelmente nunca mais vai existir.
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Minha cabeça fervilhava, desenvolvendo hipóteses. Tem um momento no filme em que o Menescal diz que o tom sussurrado da Bossa Nova foi devido ao fato dela ter surgido em apartamentos recém-construídos da Zona Sul, com paredes muito finas. De noite, quando os músicos começavam a cantar/tocar, algum vizinho batia com a vassoura no teto ou socava a parede, gritando: “Olha essa cantoria aí que eu quero dormir!”. Para não incomodar, começaram a cantar baixinho e daí o gênero se estabeleceu assim. O cinema todo riu. Especialmente porque hoje em dia muita gente está cagando se vai incomodar o vizinho com música alta.
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Mas eu tenho uma outra hipótese. A Bossa Nova só podia ter acontecido naquele momento e foi um reflexo de seu tempo, historicamente falando. Somente naqueles anos, fins dos anos 50, seria possível na cidade imagens como: “tudo isto é paz, tudo isto traz um calma de verão”, da música “O Barquinho”. Ou alguém aí acredita que atualmente se pode cantar isso? Ou que “dá janela vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo”? A foto do Cristo está na primeira página do Globo de hoje. Emoldurada por uma favela do Rio Comprido, onde o tráfico de drogas manda e desmanda.
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Por isto o gênero da “moda” é o hip hop, ou rap, ou sei lá que nome tenha. As letras destas músicas, não falam de mar, do sorriso, da flor, da menina que passa a caminho do mar. Abordam uma temática bem mais violenta. Uma coisa é cantar “Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser” e outra é cantar “minha egüinha pocotó, pocotó, pocotó”. De um lado, temos Tom e Vinícius. Do outro, temos MC Serginho e Lacraia.
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Lyra, Menescal e os demais falam de um tempo em que as pessoas saíam à noite, iam tocar na praia, nas pracinhas, até ver o sol nascer. Vai fazer isso hoje...

Falam do apartamento da Nara Leão, em Copacabana, que estava sempre aberto para receber pessoas que chegavam noite adentro, muitas sequer eram conhecidas pelos donos da casa. Não precisava nem falar com o porteiro, era só subir que a porta estava aberta. Hoje, as pessoas, enclausuradas nos seus condomínios, não recebem nem o entrevistador do IBGE...
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Para quem viveu aqueles tempos, viver hoje é como ser exilado em um planeta distante. Integrantes originais dos pioneiros da Bossa Nova já são poucos. Se demorassem mais alguns anos para fazer esse filme, talvez nem pegassem mais ninguém vivo. Que prazer é ver estes senhores, de cabelos ralos e brancos, contar histórias como a que Oscar Castro Neves contou sobre a festa que ele fez quando ouviu o leiteiro entregar as garrafas de leite assoviando uma música sua. É, rapaziada, houve época em que havia leiteiro, que deixava garrafas de leite na porta e ninguém pegava...
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Quando o movimento estourou, tudo virou “Bossa Nova”, como contou em uma entrevista filmada Tom Jobim: carro, geladeira, máquina de lavar. Até o presidente JK era “bossa nova”, segundo a música de Juca Chaves, que nem era bossanovista. Para vocês terem uma idéia, até a minha cachorra (a última que tive) recebeu de meu pai o nome de “Bossa Nova” ou “Bossinha”, como a chamávamos. Como ela andava rebolando, cheia de bossa, meu pai tascou-lhe o nome da moda.
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Sobre este filme, a nota lamentável foi saber, pelo Globo de ontem, que João Gilberto estava processando a produção, exigindo que cortassem a cena de poucos segundo em que ele aparece cantando e tocando violão. Logo ele, que é tão incensado no filme, todos só falam bem dele, de sua genialidade, da sua importância para o movimento. Seus amigos não mereciam atitude tão escrota. Melhor deixá-lo para lá e curtir essa maravilha que é “Coisa mais linda – História e casos da Bossa Nova”. E sair do cinema assoviando “O Barquinho”. Mas se você for assisti-lo no Unibanco Arteplex de Botafogo, vai sair do cinema e dar de cara com o Pão de Açúcar. Aí é só cantarolar, dedicando à cidade: “Eu sei que vou te amar”...
M.S.

Corrigindo

Desculpe, pessoal. Na hora de transcrever o endereço do site Newseum para o código de template, deixei uma letra de fora, por isto não está abrindo. Agora está tudo certo. Basta clicar aqui .

sexta-feira, outubro 07, 2005

Extra! Extra! Extra!

Atenção, Cristina Dissat, Sergio du Bocage, Isabela Saes, Marcelo Silva, Belisa Figueiró, todos coleguinhas que retiram o sustento das teclinhas e, é claro, quem gosta de ler jornal. Acabo de receber da querida Paulinha (valeu, querida!) uma dica fantástica.
Para a gente que precisa se atualizar sobre o que está acontecendo na mídia internacional, mas não tem saco de ficar digitando endereço por endereço...
NOSSOS PROBLEMAS ACABARAM!
Chegou o novo e fantástico Newseum, um site onde é possível visualizar as primeiras páginas do dia de todos os jornais importantes do mundo. São 431 jornais de 45 países.

Quando você entra no site, aparece o mapa da América do Norte com várias bolinhas de cor laranja. Cada uma é um jornal e onde ele se localiza. É só colocar o cursor em cima e a primeira página do jornal aparece. Tem um quadrinho com os demais continentes (África, América do Sul etc. – os EUA aparecem isoladamente). É só selecionar que o mapa aparece. Onde tem muitos jornais você pode usar o recurso do zoom. Em cada página que abre com o jornal desejado, você tem links para o endereço eletrônico e para uma versão em pdf daquele órgão de imprensa.
Tem vez em que eu me divirto lendo jornais dos lugares mais estapafúrdios. Ainda agora, eu estava lendo o “The Courier-Mail”, de Brisbane, Austrália. Vocês sabiam que lá eles estão encagaçados com a tal gripe das aves? Pois é.
M.S.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Não


É assim que eu vou votar, apertando a tecla 1, no plebiscito que pergunta à população: "O comércio de armas e munições deve ser proibido?"
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Nunca tive uma arma, nem pretendo ter. Da mesma forma que eu nunca fumei maconha, nem cheirei cocaína ou fiz uso de nenhuma droga ilegal, a não ser torcer para o atual ataque do Flamengo, e mesmo assim, defendo a legalização de algumas drogas, como forma de quebrar as pernas do tráfico.
Na verdade, se a venda de armas for proibida, acontecerá com um Taurus 38 o mesmo que acontece atualmente com um sacolé de cocaína. Vai ter muita gente querendo ter, só por ser proibido (vide exemplo da Lei Seca norte-americana, período onde mais se bebeu e mais se fabricou bebidas alcóolicas na História dos EUA).
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Mas o principal argumento que me fez virar o voto do "sim" para o "não" veio depois de eu assistir ao filme "O Senhor das Armas" (que eu já comentei aqui no blog) e de acompanhar à propaganda eleitoral gratuita:
Não são as armas legalizadas que majoritariamente caem na mão dos facínoras.
No filme tem uma cena lapidar: quando aparece na televisão o Gorbatchov, anunciando o fim da Guerra Fria, o personagem Yuri Orlov, o grande traficante de armas, corre e vai beijar a careca do líder soviético na tela aos gritos de "Obrigado, meu Deus! Que maravilha!"
Ele estava festejando por que com o fim das tensões entre os dois maiores fabricantes de armas do mundo iria: 1) sobrar mais armas para vender; 2) criar demanda maior para vendas ilegais de armamentos.
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Imagino que os vendedores de armas estejam apostando e torcendo para a proibição passar. Aí é que eles vão vender revólveres como se vendessem banana em fim de feira. Já vendem para o tráfico os AR-15 e especialmente os AK-47 (o filme "Senhor das Armas" mostra que até uma criança opera este rifle com facilidade – olha uma foto dele abaixo). Como se sabe, estas armas não estão a venda na lojinha de "Caça e Pesca" da esquina. Traficante não compra Taurus 32 ou correlatos.
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O argumento de que com o término do comércio de armas e munições a violência vai diminuir, eu acho que será exatamente o contrário: vai aumentar sensivelmente. Na Inglaterra, Austrália e Canadá, depois de campanhas como a nossa, os índices de violência aumentaram. Impedir a venda de armas legalizadas e nada fazer palas ilegais é tampar o sol com uma peneira rasgada.
O delegado federal Antonio Rayol (meu amigo de infância) falou em uma entrevista recente que os bandidos vão se sentir mais encorajados a invadir uma casa sabendo que não tem um trabuco esperando por eles lá. Se o "sim" vencer, ter uma arma em casa torna o seu proprietário passível de ser processado. Se ele der um tiro, por exemplo, num estuprador que entrar em sua residência, vai em cana, e talvez seja condenado a uma pena maior que o "invasor de domicílio".
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Veja bem: não estou incentivando ninguém a comprar armas, nem a dar tiro em que invadir sua casa. Reafirmo: eu não gosto de armas e nunca pretendi e nem pretendo adquirir uma. Mas não acho que seja o governo, que não dá praticamente nenhuma segurança ao cidadão, que deverá tirar o direito de quem queira comprar o seu pau de fogo.
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Um outro exemplo: eu nunca pediria a ninguém que fizesse um aborto, jamais concordaria com alguém que resolvesse abortar uma criança. Mas acredito que, independente da proibição, quem quiser arrancar um bebê das entranhas vai fazê-lo, por bem ou por mal. Entre ir num fundo de quintal infecto e se submeter a alguém que enfie um arame na vagina de uma grávida e permitir que ela tenha a chance de fazer um aborto em um hospital, com toda a segurança, é óbvio que a segunda hipótese é a melhor. Para isto Deus nos deu o "livre arbítrio". Quer fazer aborto, faça. E depois assuma as conseqüências espirituais de sua opção. Quer ter uma arma em casa, quer se sentir "seguro" com um à mão, que tenha. Não é o governo que deverá impedir isto.
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Vendo a propaganda eleitoral gratuita, a gente tem cada vez mais a certeza de que o "não" tem melhores argumentos que o pessoal do "sim". Colocar um monte de artistas simplesmente para pedir o voto não me convence de que uma opção é melhor do que a outra. Eu adoro a Fernanda Montenegro, mas o argumento dela de que quer "um Brasil melhor" não me faz votar "sim", só porque ela pediu. Eu também quero um Brasil melhor e não acho que proibir a venda de armas - e incentivar o contrabando - seja o melhor caminho.
Em contrapartida, na propaganda do "não" vemos argumentos sólidos, estatísticas, como a que mostra o Rio Grande do Sul como o estado com maior número de armas registradas e o menor em vítimas por armas de fogo. Ter arma registrada não significa que se vá usá-la, nem é motivo de aumento de índices de violência.
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Por tudo isto, eu, que sou da "paz", defendo que ninguém tenha ou use armas. Dou a maior força para campanhas de desarmamento, incentivo o governo a continuar destruindo as garruchas que apreende. Neste quesito, esta é a função do Estado: criar dificuldades para a venda de armas, desestimulando que cidadãos as comprem. Fichar todo mundo que adquira legalmente um revólver, numerar cada arma e cada bala, se possível. Mas não deve impedir quem queira adquirir uma arma, apesar das barreiras.
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Mas, aqui pra nós, poderiam aproveitar a chance de uma consulta à população para perguntar coisas mais importantes como: "você concorda com a atual lei eleitoral?", "você defende um novo Código Penal, que puna com mais rigor qualquer tipo de criminoso?"
M.S.

terça-feira, outubro 04, 2005

Emilinha Borba (1923-2005)


A "mulher da foice" anda muito ativa neste ano...
Quando eu fiz parte do grupo de pesquisadores que reuniu material para a peça "Na Era do Rádio" (eu também participei do elenco, como ator), entrevistei muitos astros da Era de Ouro daquela "caixinha mágica", como chamou Bertolt Brecht. Alguns viraram meus amigos pessoais e o são até hoje. Uns já se foram, mas ainda os considero como meus caros amigos.
Não posso considerar a Emilinha Borba como uma de minhas amigas, embora ela sempre tenha sido muito gentil comigo. Por mais que eu tentasse, nunca consegui gravar o seu depoimento para o meu Banco de Dados sobre o Rádio no Brasil. Ela escorregava que nem peixe ensaboado. Mas em diversas vezes em que estivemos juntos em festas ou cerimônias onde ela falaria ao microfone, sempre contava alguma historinha da sua gloriosa vida, às vezes até olhando para mim. Depois, vinha me perguntar: "Pegou alguma coisa? Pegou?"
Nas vezes em que conversamos ela nunca me fez nenhuma inconfidência sobre seus colegas de Rádio, por mais que eu a provocasse, em busca de um "potin", uma revelação bombástica. Eu tentava atiçar a sua eterna rivalidade com a Marlene, procurando obter um furo de reportagem, mas ela, elegantemente, nada comentava sobre a rival. (Com a Marlene eu consegui gravar um depoimento em sua casa e ela me revelou, digamos, algumas indiscrições sobre a "Favorita da Marinha").
Emilinha foi nos assistir em "Na Era do Rádio", onde, obviamente, era personagem. Falou carinhosamente com cada um de nós depois da peça. Quando fiz o meu espetáculo "Nas Ondas do Rádio" tentei leva-la, mas ela estava sempre viajando, não pode ver a minha versão da guerra entre fãs, na Rádio Nacional.
Ontem, 3 de outubro, ela foi se juntar aos seus amigos na Grande Emissora lá de cima. Aqui em baixo, nós pedimos a Deus que a tenha em bom lugar, de acordo com seus merecimentos.
A "Chiquita Bacana" dá uma de "Escandalosa" e grita lá na "Paraíba": "Tomara que chova". E "Se a canoa não virar", a gente vai tocando a vida por aqui. "Com jeito, vai"...
Vai ter anjo gritando no Céu: "Ela é a minha, a sua, a nossa... Emilinha Borrrrrrrrba!"
M.S.

domingo, outubro 02, 2005

O senhor das Armas


Vi neste sábado, em pré-estréia. É o filme mais imoral, amoral, indecente, pornográfico, degradante que eu já vi nos últimos tempos.
Se eu fosse você, não deixaria de assistir.
Frases do filme:
“O presidente americano vende mais armas em um dia do que eu em um ano inteiro”.
(Yuri Orlov, o maior vendedor de armas free lancer que aparece no filme).
“Esta luta não é minha”.
(Yuri Orlov)
“Tio, o meu braço não vai voltar a crescer?”
(Menina africana com o braço decepado por arma, perguntando a Yuri Orlov)
M.S.