quinta-feira, julho 28, 2005

Vale a pena?

Certa vez, quando eu era garoto, ganhei de presente de Natal uma bola de futebol (“Bola Pelé”, alguém lembra?). No dia 25, pela manhã, eu estava louco para estrear o meu presente. Mas, para a minha decepção, o dia amanheceu chovendo canivetes. Doidinho para dar uns chutes, comecei a fazer embaixadinhas dentro de casa. Minha mãe viu e me avisou: “se você quebrar a minha jarra ou alguma coisa, vai apanhar e ficar sem a bola!” Ela tem até hoje uma jarra que ela adora e que resistiu à infância de dois capetas: eu e meu irmão. A vontade de jogar era muito grande mas avaliei a ameaça e as conseqüências e resolvi que o melhor a fazer era guardar a bola.
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Eu e meus irmãos fomos educados em princípios rígidos. Às vezes, minha mãe procurava nos convencer na base da conversa, utilizando o “método Piaget”. E em muitas vezes ela optava pelo “método Pinochet”, de ação e resultados muito mais rápidos, embora dolorosos...
Estou contando isto porque ao assistir aos depoimentos de Delúbio, Silvio Pereira, Marcos Valério e sua esposa Renilda, em que foram literalmente massacrados pela CPI, juro que me veio à cabeça o tipo de criação que a dona Ruth e o seu Ferreira deram a mim e ao meus irmãos. Algumas interrogações pairam feito mosquitos ao meu redor:
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Será que em algum momento passou pela cabeça dessas pessoas que o que eles estavam fazendo poderia ser descoberto e eles seriam exibidos à execração pública? Será que eles avaliaram os riscos e as conseqüências de seus atos?
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Silvio e Delúbio obtiveram, até onde se sabe, algumas vantagens pessoais nesta lameira toda. Talvez, depois das investigações, se descubra que até ganharam muito dinheiro. A se ver. O casal Marcos Valério e Renilda certamente ficou muito, muito rico. Ambos têm uma montanha de dinheiro no Brasil e no exterior, que certamente lhes garantirá viver confortavelmente, se não forem presos (mas a gente sabe que rico não vai para a cadeia, logo...).
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Ainda assim, eu me pergunto: vale a pena? Em algum instante eles se questionaram se compensaria enriquecer correndo o risco de passar esta vergonha diante dos filhos, da família, dos amigos, do país inteiro? Será que hoje eles estão arrependidos? Ou acham que depois do vendaval, bastará sair do Brasil e ir curtir a riqueza na Europa, nos Estados Unidos ou na Cochinchina?
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Não sei se eu tenho condições de avaliar todos os aspectos desta questão. Como todo mundo, gosto de conforto para mim e para meus familiares. Entretanto, mais do que conforto, gosto de colocar a cabeça no travesseiro todas as noites e dormir tranqüilo. Gosto de sair na rua e poder andar anônimo, ir aonde eu quiser sem preocupações (claro, só com o receio de ser assaltado numa esquina qualquer). E quando eu vejo o que essas pessoas estão (merecidamente, fazer o quê) passando, sendo trituradas pela máquina de moer carne e reputação da CPI, não consigo entender como nunca pensaram na hipótese de que se fossem descobertas passariam por tudo isso. Será possível que resolveram correr todos estes riscos somente pelo dinheiro e pelo que de bom ele pode proporcionar?
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Eu vi o choro convulsivo da dona Renilda. Especialmente quando um deputado perguntou como ela e o marido ficariam diante dos filhos a partir deste todo este escândalo. Vi o Marcos Valério derramar suas lágrimas também, quando depôs. Mas, e aí? Como estes pais podem exigir bom comportamento de seus filhos? Com que cara eles vão lhes chamar a atenção quando fizerem ou quiserem fazer algo errado? Os meus pais me davam ordens, eu obedecia porque reconhecia neles autoridade moral suficiente para poderem mandar em mim. E a dona Renilda? Se o filho dela quiser fazer embaixadinha dentro da sala deles, correndo o risco de quebrar um dos vasos de Limoges, com que autoridade ela mandará que ele pare? Com que cara o Marcos Valério recomendará aos filhos que ajam direito, que sejam bons cidadãos, que respeitem as leis para não terem problemas?
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Que eles pensem nisto. Que todos os pais pensem nisto. Que cada um de nós reflita sobre os riscos e conseqüências de nossos atos. Depois que a bola quebrar a jarra da nossa reputação, mesmo tentando colar, nunca será a mesma coisa.
M.S.

Aos nossos filhos

(Ivan Lins e Vitor Martins)
Perdoem a cara amarrada, perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço, os dias eram assim
Perdoem por tantos perigos, perdoem a falta de abrigo
Perdoem a falta de amigos, os dias eram assim
Perdoem a falta de folhas, perdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolha, os dias eram assim
E quando passarem a limpo, e quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoa, quando lavarem a alma
Quando lavarem a água, lavem os olhos por mim
Quando brotarem as flores, quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos digam o gosto pra mim
*
Esta obra-prima foi composta no final dos anos setenta do século passado. Eram anos de chumbo e os autores estavam pedindo desculpas aos filhos pelo legado que aqueles tempos de ditadura militar, de censura, de violência deixavam para eles. Eles tinham a esperança de que, passados aqueles tempos terríveis, haveria água limpa para lavar as mágoas, flores e frutos brotariam. Embora o contexto original seja totalmente diferente, parece que o Ivan e o Vítor fizeram esta música ontem, visando este tempo que vivemos.
Acompanhando o texto que escrevi acima, Marcos Valério, Renilda, Silvio Pereira, Delúbio, José Genoíno, José Dirceu (que sentiram a barra daqueles anos!), quando acabar este processo, poderão cantar esta música para seus filhos. Dá certinho. Não precisa nem mexer na letra.
M.S.

segunda-feira, julho 25, 2005

Parada solicitada

Peraí, deixa eu ver se eu entendi:
o rapaz brasileiro estava saindo de um lugar que a polícia londrina DISSE que era suspeito, aí foi perseguido, jogaram ele no chão do metrô e meteram sete (SETE?) tiros na cabeça dele e um no ombro. Quando viram que o rapaz não tinha culpa nenhuma, apenas disseram: "Desculpa aí. Foi mal". Mas confirmaram que vai ser assim mesmo, na dúvida, é meter um monte de bala na cabeça do "elemento", e, se ele for inocente, é só pedir desculpas.
Imagino que quando o Bin Laden e demais terroristas da Al-Qaeda souberam disso, devem ter esfregado as mãozinhas de alegria, soltando aquela gargalhada de desenho animado: "Rurru-á-huá-huá-huá..."
Fico só pensando se a polícia brasileira vai achar a idéia interessante e começar a po-la em prática aqui em Pindorama. Se é que já não a pôs...
Pára o mundo que eu quero descer!
M.S.

sexta-feira, julho 22, 2005

Guerra dos mundos

Ontem fui assistir ao "Guerra dos Mundos", filme pipoca do Steven Spielbeg. Vale assistir como entretenimento, não mais do que isso.
Mas a cena que eu considerei mais marcante, foi quando o Tom Cruise e filhos estavam fugindo dos invasores, passando de carro pelo meio de pessoas que também estavam saindo da reta das máquinas alienígenas de destruição, cada uma levando o que podia. Umas levavam água e alimentos. Uma outra carregava fotografias dos filhos. Mas uma empurrava um monte de livros em um carrinho de supermercado.
Pois é. O mundo acabando e o rapaz estava tentando salvar os seus livros.
Na hora, me veio à cabeça uma pergunta: se eu tivesse que abandonar tudo para trás e fugir, o que eu levaria?
O meu pragmatismo diria para eu levar água e alimentos, para o meu corpo sobreviver. Mas tenho certeza de que na hora H, a minha alma arrumaria um jeito de enfiar uns livros e uns discos na bagagem.
E você? O que levaria?
M.S.

Victor Giudice

Dia desses, fui ao Espaço Unibanco, e, para matar hora antes de começar o filme, entrei na loja Luzes da Cidade que tem lá. Achei um livro de contos do Victor Giudice chamado "Salvador janta no Lamas". Logo o primeiro é uma pequena obra-prima, vejam só:
AS TRÊS MARIAS
"Com a morte de Socorro, José respirou satisfeito: enfim, poderia casar-se com Prazeres. Com a morte de Prazeres, José respirou satisfeito: enfim, poderia casar-se com Graça. Com a morte de José, Graça respirou satisfeita: José tinha ficado um velho sem graça, sem prazeres, sem socorro".
*
Maravilha, não é?
Conheci o Victor há muitos anos. Eu estava fazendo pesquisa na Biblioteca Nacional e um dia teve lá uma leitura de contos dele, alguns lidos pelo próprio autor. Ele leu, inclusive, o seu grande clássico, o conto "O Arquivo", que é o conto brasileiro mais publicado no exterior.
Victor faleceu há poucos anos. Fica aqui o registro deste grande escritor.
M.S.

quarta-feira, julho 20, 2005

Frases para sempre

Meu amigo blogueiro Evandro me fez um convite para que eu listasse os meus filmes favoritos. E eu fiz. Correndo risco de olhar agora e ver que estão faltando filmes que não deveriam faltar.
Pois bem, agora eu faço o convite. Um dia desses, estava zanzando pela Internet e achei um site listando "as melhores falas do cinema". Uma grande idéia, não? Tentei lembrar das falas de filmes que me são inesquecíveis. São várias. Mas para não ocupar muito espaço, listo minhas três favoritas:
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1) "O grito do coração do artista ecoa por todo mundo. Eu quero apenas dar o melhor de mim". (Dita pela personagem Babete em "A Festa de Babete", dir. Gabriel Axel – Dinamarca/1987)
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2) "Meus pais só me bateram uma única vez: a surra começou no verão de 1953 e acabou na primavera de 1957". (Dita pelo personagem Allan Felix [Woody Allen] em "Sonhos de um sedutor", dir. Herbert Ross - EUA/1972)
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3) "Todos aqueles momentos estarão perdidos no tempo como lágrimas na chuva. É hora de morrer". (Dita pelo personagem Roy Batty [Rutger Hauer] em "Blade Runner, o caçador de andróides", dir. Ridley Scott – EUA/1982)
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A bola está contigo agora, Evandro (e demais cinéfilos parceiros que aparecem por aqui). Só não vale as "babas" do tipo "Bond. James Bond" nem "Hasta la vista, baby"... Vamos lá, moçada, me surpreendam.
M.S.

Na C&A não tem dessas coisas

1. Desde a sua inauguração, a nova Daslu tem ocupado espaço generoso nos meios de comunicação. Primeiramente, por ser considerada como o "mais luxuoso centro de compras da América Latina". Posteriormente, como antro de sonegação e até contrabando. Uma cliente de lá teria dito sobre a prisão dos donos da Daslu, em especial sobre a grande mentora do local, Eliana Tranchesi: "ser presa por sonegação, tudo bem; mas por contrabando é de quinta!"
Perdão, madame. Mas ser PRESO é de sexta categoria!
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2. Recentemente recebi um arquivo com fotos da Daslu. Confesso que não me deslumbrei com nada daquilo. Claro que, com o meu contracheque, eu não passaria nem na porta daquele lugar. Aliás, o meu carro sequer conseguiria se aproximar daquele estacionamento onde cobram 30 reais para estacionar por poucos minutos. Pode parecer que lá é uma loja comum mas é uma espécie de clube privê, onde só se entra com convite ou cartão. Não dá para dizer: "ah, vou só dar uma olhadinha, bater vitrine".
3. Mas se eu fosse rico, ricão, ricaço, juro que não iria na Daslu. Ninguém no mundo me convence que existe valor agregado que justifique uma calça jeans custar 1.500 reais ou cobrarem 1000 reais por uma gravata. Logo, não basta ter dinheiro: tem que ter a disposição de entrega-lo em grande quantidade por algo que não vale tanto.
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4. Mas como as pessoas que freqüentam a Daslu valorizam aquilo! A filha do governador Alkmin é "dasluzete" – como elas chamam vendedoras e recepcionistas. Segundo a coluna "Gente Boa" do Globo, na inauguração a moça ia conduzindo o pai pelos corredores dizendo a todo momento: "Pai, não tá liiiindo?!"
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5. Curiosamente, ou para marcar as abissais diferenças sociais neste país, exatamente ao lado da Daslu existe uma favela das baitas. No dia em que 250 agentes da Polícia Federal chegaram para invadir o centro de compras dos maganos, uma senhora da favela, ao ver aquela fila de camburões chegarem com sirenes abertas, teria repetido aquela famosa frase de Madre Tereza de Calcutá: "Agora fodeu a porra toda!"
Mas a dona justa não estava interessada nos pés inchados daquele moquifo. Eles estavam atrás dos "pés em calçados de pelica".
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6. As peruas e deslumbradas garantem que todo aquele luxo da Daslu é absolutamente necessário, que é chique comprar lá. Não sei se vocês sabem a origem do nome "Daslu". A primeira loja foi criada por duas senhoras, uma chamada Lúcia (a "Lu") e a outra de nome Lurdes (também "Lu"). Logo, aquela era a "loja das Lu"... Entenderam? É verdade! Que sorte elas não se chamarem "Custódia", não é?
M.S.

sábado, julho 16, 2005

Minha vida em fotogramas

Relação de melhores filmes é que nem bunda: cada um tem a sua. Pode ser maior ou menor, mas cada um se responsabiliza por ela.
Paulo e Evandro são dois amigos deste blog e visitantes assíduos. Ambos editam o excelente blog Cinelândi@ (http://blogdopaulo.weblogger.terra.com.br), voltado para quem curte cinema e bom texto. O Evandro postou um texto lá em que lista os seus “filmes de cabeceira”. Parece que ele foi “desafiado” por um cinéfilo a relacionar os seus melhores filmes/atores/diretores etc. Daí que além dele enfileirar sua predileções na telinha ainda botou lá uma recomendação para que eu também listasse os meus. Olha só a responsabilidade!
Tudo bem, topei a empreitada. Mas vou logo avisando que estes são filmes que mexeram comigo de alguma forma. Não tenho nenhuma pretensão de apontar os “melhores filmes de todos os tempos” ou coisa que o valha. São os meus filmes/atores/diretores preferidos. Se alguém concorda com a maioria, tudo bem. Se não concorda, tudo bem do mesmo jeito.
Está claro que eu devo ter esquecido de incluir um monte de excelentes filmes, grande atores e diretores, mas...acho que isso faz parte do jogo.
Eu procurei acompanhar as “categorias” que o Evandro levou em conta. E criei algumas outras também. Então...”the nominated are…”


I- MELHORES FILMES DO SÉCULO 21 (DE 2001 PARA CÁ)
(por ordem alfabética)

Abril despedaçado (Brasil/Suíça/França - dir. Walter Salles – 2001)
Adeus, Lênin (Alemanha – dir. Wolfgang Becker – 2003)
Antes do por de sol (EUA – dir. Richard Linklater – 2004)
Batman O começo (EUA – dir. Christopher Nolan – 2005)
Casa de areia (Brasil – dir. Andrucha Waddington – 2005)
Chicago (EUA – dir. Rob Marshall – 2002)
Cidade de Deus (Brasil – dir. Fernando Meireles – 2002)
Deus é brasileiro (Brasil – dir. Cacá Diegues – 2003)
Diário de motocicleta (EUA/Alemanha/Inglaterra/Argentina – dir. Walter Salles – 2004)
Em busca da Terra do Nunca (EUA – dir. Marc Forster – 2004)
A Era do Gelo (EUA – dir. Chris Wedge – 2002)
Fale com Ela (Espanha – dir. Pedro Almodóvar – 2002)
Filme Falado (França/Itália/Portugal – dir. Manuel de Oliveira – 2004)
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (EUA – dir. Alfonso Cuarón – 2004)
As invasões bárbaras (Canadá – dir. Dennis Arcand – 2003)
Kinsey – Vamos falar de sexo? (EUA – dir. Bill Condon – 2004)
Mar Adentro (Espanha – dir. Alejandro Amenábar – 2004)
Melinda e Melinda (EUA – dir. Woody Allen – 2004)
Moulin Rouge – Amor em Vermelho (EUA – dir. Baz Luhrmann – 2003)
Narradores de Javé (Brasil – dir. Eliana Caffé – 2003)
O Operário (Espanha – dir. Brad Anderson – 2004)
O outro lado da rua (Brasil – dir. Marcos Bernstein – 2004)
Os outros (EUA – dir. Alajandro Amenábar – 2001)
Quanto vale ou é por quilo? (Brasil – dir. Sérgio Bianchi – 2005)
Quase dois irmãos (Brasil – dir. Lúcia Murat – 2005)
A Queda – As últimas horas de Hitler (Alemanha/Itália – dir. Oliver Hirchbiegel – 2004)
A Paixão de Cristo (EUA – dir. Mel Gibson – 2004)
Procurando Nemo (EUA – dir. Andrew Stanton – 2003)
Shrek (EUA – dir. Andrew Adamson e Vicky Jenson – 2001)
Super Size Me – A dieta do palhaço (EUA – dir. Morgan Spurlock – 2004)


II - FILMES DA MINHA VIDA
(por preferência)

1 – Em Algum Lugar do Passado (EUA – dir. Jeannot Szwarc – 1980)
2 – Amarcord (Itália – dir. Federico Fellini – 1973)
3 – O Sétimo Selo (Suécia – dir. Ingmar Bergman – 1956)
4 – Morangos Silvestres (Suécia – dir. Ingmar Bergman – 1957)
5 – Cantando na Chuva (EUA – dir. Gene Kelly e Stanley Donen – 1952)
6 – Em Busca do Ouro (EUA – dir. Charles Chaplin – 1925)
7 – Tempos Modernos (EUA – dir. Charles Chaplin – 1936)
8 – Blade Runner – o caçador de andróides (EUA – dir. Ridley Scott – 1982)
9 – Encouraçado Potenkim (União Soviética – dir. Sergei Eisenstein – 1925)
10 – Cidadão Kane (EUA – dir. Orson Welles – 1941)
11 – Chuvas de Verão (Brasil – dir. Cacá Diegues – 1977)
12 – Tudo Bem (Brasil – dir. Arnaldo Jabor – 1978)
13 – Psicose (EUA – dir. Alfred Hitchcock – 1960)
14 – Janela Indiscreta (EUA – dir. Alfred Hitchcock – 1954)
15 – O incrível Exército de Brancaleone (Itália – dir. Mario Monicelli – 1965)
16 – Sociedade dos Poetas Mortos (EUA – dir. Peter Weir – 1989)
17 – Limite (Brasil – dir. Mario Peixoto – 1931)
18 – Em Busca da Terra do Nunca (EUA – dir. Marc Forster – 2004)
19 – Faca na Água (Polônia – dir. Roman Polanski – 1962)
20 – Cinema Paradiso (Itália – dir. Giuseppe Tornatore – 1988)
21 - A viagem do Capitão Tornado (Itália – dir. Ettore Scolla – 1991)
22 – A Rosa Púrpura do Cairo (EUA – dir. Woody Allen – 1985)
23 – Encurralado (EUA – dir. Steven Spielberg – 1971)
24 – Topsy Turvy (EUA – dir. Mike Leigh – 1999)
25 – O baile (França/Argélia – dir. Ettore Scolla – 1984)

III – MELHORES ATORES

3.1 – Velha Guarda – com mais de 60 anos (vivos e mortos)

1 – Lawrence Olivier
2 – Charles Chaplin
3 – Vitorio Gassman
4 – Richard Burton
5 – Alec Guiness
6 – Dustin Hoffman
7 – Lima Duarte
8 – Al Pacino
9 – James Stewart
10 – Paulo Gracindo
11 – Robert de Niro
12 – Sean Connery
13 – Jack Nicholson
14 – Marcelo Mastroianni
15 – Peter Sellers

3.2 – Poderosos – com menos de 60 anos
(sem ordem de preferência)

Johnny Depp
Sean Penn
Tom Hanks
José Wilker
Antonio Fagundes
Flavio Bauráqui
Robin Williams


IV – MELHORES ATRIZES

4.1 – Veteranas – com mais de 60 (vivas e mortas)
Fernanda Montenegro
Marilia Pêra
Katarine Hepburn
Bette Davis
Sofia Loren


Poderosas – com menos de 60 anos

Meryl Streep
Cate Blanchett
Holly Hunter
Nicole Kidman
Jullianne Moore
Jodie Foster

V- MELHORES DIRETORES
(sem ordem de preferência)

Federico Fellini
Charles Chaplin
Ingmar Bergman
Alfred Hitchcock
Cacá Diegues
Walter Salles
Mari Peixoto
Ridley Scott
Vittorio de Sica
John Schlensinger
Serge Eisenstein
Pedro Almodóvar
Alejandro Amenábar
François Trufault

VI – MELHOR FILME DE GUERRA
A Queda – As últimas horas de Hitler

VII – MELHORES FILMES DE FICÇÃO CIENTÍFICA
1 - Blade Runner – caçador de andróides (disparado)
2 - Alien, o oitavo passageiro
3 - Aliens
4 - O dia em que a Terra parou

VIII – TESOUROS DA JUVENTUDE (incluindo o trash cult)
(sem ordem de preferência)
A Noviça Rebelde
Mary Poppins
Peter Pan
Se o meu fusca falasse
Deu a louca no mundo
Um convidado bem trapalhão
Batman, o Homem-Morcego
Chamam-me Trinity
Santo, o mascarado de prata
Toda a série 007 com Sean Connery e Roger Moore


IX- FILMES QUE NÃO MERECERAM O OSCAR
(por ordem alfabética)
1- Menina de Ouro
2- O paciente inglês
3- Rocky, um lutador
4- Senhor dos Anéis
5- Shakespeare apaixonado

X – TROFÉU “AI, QUE MÊDA!” DE FILMES DE TERROR

No Século 21 (de 2001 para cá)

O grito
O chamado

Em todos os tempos:

Alien, o 8o passageiro
Aliens
Halloween (o primeiro!)
A Hora do Pesadelo (o primeiro!)

XI – TROFÉU ABACAXI (VARIAÇÃO TUPINIQUIM DA “FRAMBOESA DOURADA”)

Pior do ano (até agora)
A Vida Marinha com Steve Zissou

Piores dos últimos dez anos
“Batman e Robin” e “Episódio 1 – A Ameaça Fantasma”

Bem, como diriam os franceses...That’s all, folks! (para quem lembra do Gaguinho, da turma do Pernalonga, aí vai a tradução: P-p-po-po-por enquanto é só, pe-pe-pessoal!)
M.S.

quarta-feira, julho 13, 2005

Minhas frases para o momento

- Eu imaginava que o PT estivesse enchendo o rabo de dinheiro mas isso é ridículo!
- Cem mil dólares enfiados na cueca? Hum, não sei não, mas esse dinheiro não está me cheirando bem...
(desculpe, pessoal, mas não resisti. Este "cuecagate" está excitando a imaginação de todo mundo).
M.S.

terça-feira, julho 12, 2005

Haja cueca!

Deu no jornal:
"Deputado do PFL é preso no aeroporto com 10 milhões em seis malas!"
O cara disse que era "dinheiro do dízimo da igreja".
Aleluia!
Ou, como diria o Pitbicha:
"Cuecão de cou-ro!"
M.S.

Mandou pro pau

O tal "açeçor" do deputado irmão do Genoíno acabou trazendo uma nova variação para a expressão: "marca de batom na cueca não dá para explicar!"
Agora é "dólar na cueca? Ah, me explica que essa eu quero ouvir!"
M.S.

Atendendo a pedidos...

Atendendo a vários pedidos (dois), aí vai mais uma novelinha que eu escrevi em tempos idos para o Rádio. Espero que gostem.
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O SEDUTOR
Um original de Marco Santos

Personagens: Zé Manduca, Mirinha, Fina, Santinha, Compadre Gervásio, Sô Candelário e Narrador

NARRADOR – Zé Manduca tinha dois grandes prazeres na vida. O prazer da cama e o prazer da mesa. Exatamente nessa ordem. Era o maior sedutor do vilarejo de Espinhaço. Tinha chegado há um mês e já cobiçava e era cobiçado pelas mocinhas donzelas do lugar. Especialmente pelas filhas de Sô Candelário. Ele só deixava de pensar em mulher quando se entregava ao pecado da gula. Quando lhe perguntavam qual o prato preferido ele tinha a resposta na ponta da língua:
ZÉ MANDUCA – Prato grande, de preferência, fundo.
NARRADOR – Mas naquele momento, seu interesse era Ramira, a Mirinha, filha mais velha de Sô Candelário. Moça bem feita de corpo embora de rosto anguloso e imperfeito. Para dizer a verdade, ela era feia que nem o cão chupando manga de aparelho nos dentes. E Zé Manduca se importava com isso? Cercava a moça na saída da missa.
ZÉ MANDUCA – Como vai a senhorita?
MIRINHA – Ri, ri, ri...Como Deus quer, Seu Zé Manduca...Ri, ri, ri...
ZÉ MANDUCA – Seu, não, nosso, Mirinha...
MIRINHA – Ri, ri, ri...
NARRADOR – E com essa conversa de cerca-lourenço, Zé Manduca faturava mais uma...A próxima vítima, quer dizer, conquista, seria a segunda filha de Sô Candelário – Josefina, a Fina. O apelido lhe fazia justiça. Além de ser um diminutivo do seu nome, esclarecia sobre as dimensões de seu corpo. Era magra como se doente fosse. Uma verdadeira tábua de passar roupa, embora tivesse um rosto agradável. Viciada em doces, Zé Manduca foi cercá-la na vendinha do Bebelo.
ZÉ MANDUCA – Um pirolito pelos seus pensamentos...
FINA – Ri, ri, ri...Eu já tenho o meu confeito...E não estou pensando em nada...
ZÉ MANDUCA – Nem em mim, ingrata?
FINA – Ri, ri, ri...
NARRADOR – Mais uma marca na coronha do revólver, quer dizer, ah, vocês me entendem! A mira do artilheiro agora estava voltada para Horácia, a Santinha, a filha caçula de Sô Candelário. Muito carola, os bebuns da bodega do Bebelo duvidavam que ele conseguisse conquistar mais essa virgem. A moça era um tanto gordota, vivia de negro e de véu, sempre com terço e livro de orações na mão. Mas Zé Manduca confiava no próprio taco. Dentro da igreja, durante uma novena, o sedutor rezava contrito: olho no santo, olho na beata. Na primeira oportunidade, escorreu para perto de Santinha.
ZÉ MANDUCA – Acabei de fazer um pedido à São José. Que o meu santo amolecesse o seu coração, que não tem piedade de quem lhe vota amor e respeito.
SANTINHA – O senhor pediu a São José? Amolecer o meu coração?
ZÉ MANDUCA – Quero vê-lo molinho, como broinha de fubá mimoso...
SANTINHA – Ri, ri, ri...
NARRADOR – E o Paraíso perdeu mais uma virgem para aquele demônio de boa lábia. Em pouco tempo, Sô Candelário descobriu que a desgraça tinha feito a perdição de suas filhas. Estava ele se lamentando para o seu compadre Gervásio quando este lhe fez a pergunta de chofre:
GERVÁSIO – Ô compadre! O diabo desse homem vem e faz mal às suas filhas. Na sua família não tem homem não?
SÔ CANDELÁRIO – Tem, compadre Gervásio, mas ele não quer. Ele só quer as mulheres!
M.S.

Há gosto pra tudo. E setembro também

“Gosto não se discute; principalmente com quem não tem”, “gosto não se discute; lamenta-se”. São algumas frases que se ouve quando se está discutindo preferências pessoais.
Quando alguém, por exemplo, veste a camisa do time bacalhoso sebento e sai por aí, alguém pode dizer: “que mau gosto!” (de fato é). Mas alguém poderia achar isto de muito bom gosto e outros ficarem indiferentes. O que é unânime entre as três opiniões é que o fato de alguém sair por aí vestido daquela forma não interfere na vida de ninguém.
Mas quando um indivíduo pára o carro ao lado do seu e de lá saem 240 decibéis de rap ou de hip hop, bem, alguma coisa está esquisita. E quando o seu vizinho te acorda no domingo, às 8 horas da manhã com a Tati Quebra-Barraco estourando as caixas de som, berrando “Dako é bom!” (seu grande sucesso, que fala da famosa marca de geladeira e fogão, e, é claro do duplo sentido), aí ninguém quer saber de gosto pessoal e tem vontade de abrir a janela e mandar o espaçoso “tomar no Dako”. Ou no mínimo, ir lá e dar um “pedala, Robinho!” no pé da orelha do indivíduo. Mas você não faz isso, porque você é educado e civilizado.
Não que um de meus atuais vizinhos me tenha mimoseado com a audição da Sra. Quebra-Barraco. Onde eu morava, antes de vir para a Tijuca, era comum eu ser acordado com o chão tremendo ao som do “pancadão”, como eles chamam. Agora, graças a Deus, não.
Mas, certamente, algum de vocês que me lêem, já tiveram a oportunidade se serem estuprados pelos ouvidos com estas músicas. Atenção: não estou questionando o gosto de quem gosta destas músicas. Estou levantando a seguinte questão: Até onde é gosto pessoal e em que momento vira falta de educação e cidadania?
Por que nosotros temos que servir de descarga para o gosto alheio?
Nestas horas, tento seguir o conselho do compositor Walter Franco:
“Tudo é uma questão de manter
A mente quieta, a espinha ereta
E o coração tranqüilo”.
Mas não é fácil.
M.S.

quarta-feira, julho 06, 2005

Uma reflexão para a reunião do G 8

Começa hoje a reunião de cúpula dos oito países detentores das mais fortes economias no mundo: Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Itália, Canadá e Rússia.
Muitas coisas estarão sendo decididas por estes "donos do mundo" (pelo menos eles pensam que são), entre elas, questões ligadas ao meio ambiente.
Daqui deste minúsculo blog, envio uma reflexão para eles. As palavras não são minhas. Foram ditas por uma pessoa que não cursou faculdade, não era milionário, nem empresário. Era apenas um nativo norte-americano.
Suas palavras complementam o meu despretensioso conto "Aconteceu no McDonald’s".
Seria bom se os oito chefes de Estado pensassem nestas palavras. Seria ótimo se você também refletisse sobre elas.

"Isto nós sabemos: a Terra não pertence ao Homem. O Homem pertence à Terra. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. O Homem não teceu a Teia da Vida, ele é, meramente, um elo nela. O que quer que ele faça à teia ele faz a ele mesmo".
Chefe Seattle, da tribo Suquamish. Em discurso feito em 1854. (Tradução minha, sujeita às falhas do meu inglês macarrônico)
M.S.

segunda-feira, julho 04, 2005

Aconteceu no McDonald's

Os dois receberam os pedidos e foram sentar na mesa do canto.
- (Olhando para o hamburger em suas mãos, prestes a ser mordido) É muita pretensão nossa...
- (O outro, com a boca cheia de batata frita e coca-cola) Do que é que você está falando?
- A gente acha que o mundo gira ao nosso redor. Que tudo o que existe é para satisfazer ao animal homem.
- Mas o homem é o centro da criação! Está na Bíblia.
- Então tem alguma coisa de errado com a Bíblia. Por que somos o centro da criação?
- Ora, somo os únicos que podem louvar a Deus.
- E quem te disse isso? Só por que construímos catedrais sabemos louvar a Deus? Um pássaro quando constrói o seu ninho para receber sua parceira e dar prosseguimento ao milagre da vida não está louvando a Deus? Uma flor desabrochando, espargindo seu perfume não está, de alguma forma, proclamando aos céus a glória de Deus? Aliás, Jesus já tinha falado sobre isso em um de seus sermões. Até onde eu sei, ele foi o único que falou na Bíblia de outras criaturas na Terra que não o Homem.
- O que é isso rapaz? A Bíblia está cheia de referências a outras criaturas!
- De forma elogiosa assim, não. Olha só os Dez Mandamentos. Algum deles trata das outras criaturas e do meio ambiente?
- Era só o que faltava! Você querer que Moisés fosse um ecologista!...
- Ué... Mas ele não disse que estava trazendo a mensagem de Deus? Deus, sim, é um ecologista. Estou te falando: tem alguma coisa de errado na Bíblia...
- Acho que botaram cocaína demais na sua coca...
- Rapaz, pense! A história do Mundo tem quantos anos? Sei lá, uns 500 milhões de anos. Só a Era Paleozóica tem 545 milhões, segundo os cientistas. E o homo sapiens? Uns míseros 140 mil anos. O surgimento da civilização: uns 4 mil anos antes de Cristo, somando com os dois mil depois de Cristo, significa que temos uns seis mil anos de civilização contra mais de 500 milhões de existência de vida no planeta. E você quer me dizer que somos o centro da criação?
- Ora, o homem fez coisas lindas...
- ...E fez muita merda também...
- ...mas Deus nos fez à sua imagem e semelhança!
- Rá! Quem te disse isso? Moisés? Você há de concordar que a opinião dele é um pouco tendenciosa, né não?... Ah, fala sério! Quer dizer que o Ser Supremo faz o Universo e cinco dias depois, quer dizer, um bilhão de anos depois, resolve fazer o homem à sua semelhança? E que semelhança? De um primata peludo comedor de vermes? Leva a mal, não, mas achar que o Ser Supremo tem a forma humana é um baita exagero!
- Se não tem forma humana tem forma de quê? De golfinho?
- De forma nenhuma que conhecemos, ô mané! Deus, o Ser Supremo está acima da nossa compreensão. Vai por mim: tem coisa errada na Bíblia...
- Mas então, ô inteligente, quem é o centro da criação?
- A criação em si. Nós, os animais, as plantas, os minerais... Nenhum é melhor do que o outro perante Deus.
- E você fala isso com a boca cheia de hambúrguer... Você sabe de que é feita essa carne? Da pobre vaquinha, criatura de Deus! Sabe o que ela come? O capim, outra pobre criatura de Deus... Fala pra vaca que ela não deve comer a grama que eu paro de comer ela...
- Não dá para ser filósofo contigo...
- Dá sim. Me explica dialeticamente como é que basta um final de semana para todos os times cariocas tomarem uma piaba e mostrarem finalmente aos torcedores o que eles devem esperar neste Campeonato Brasileiro!
M.S.

sexta-feira, julho 01, 2005

Deu nO Globo

Briga numa das salas de cinema do UIP do New York Center. Motivo: tinha gente falando alto durante a sessão.
Algo me diz que ainda vem outras confusões por aí sobre este assunto...
M.S.

A pedida é...

“Inconscientes”, filme espanhol, que está no circuito Estação. Muito divertido, muito bem filmado, muito bem representado. É uma comédia de época, passada na Barcelona do início do século 20. Aliás, é incrível ver desfilando na tela os automóveis daquele tempo, todos novinhos, luzidios, como se tivessem saído das fábricas.
Faço duas ressalvas que nada têm a ver com o filme: o crítico de O Globo, Eros Ramos de Almeida, escreveu que “o filme se passa na primeira década do século 20, em 1913”. Pela aritmética básica que D. Hilda, minha primeira professora, me ensinou, “década” são dez anos – de um a dez, de onze a vinte e vai por aí a fora. “1913”, segundo essa matemática elementar, faz parte da SEGUNDA década.
A outra ressalva vai por conta do cartaz do filme. Diz lá que “Em 1913 foi inventado o sutien, as palavras cruzadas, o Titanic afundou...”. Só se foi o “Titanic 2”, porque o famoso naufrágio com o super transatlântico inglês ocorreu em abril de 1912. Está aí o filme do James Cameron que não me deixa mentir.
Apesar destas derrapadas numéricas, o filme é imperdível. Recomendo.
M.S.