quinta-feira, junho 26, 2008

Dito e Feito


Este modesto blog tem motivos para estar muito feliz.
A jornalista Thaiana Sarti, do jornal A Tribuna de Vitória (no Espírito Santo) estava fazendo uma pesquisa na Internet sobre a origem de expressões que costumamos usar no cotidiano. E... chegou até aqui. Os que me acompanham há algum tempo sabem que eu tenho fascínio por pesquisar de onde surgiram estes ditos tão comuns. Recorro a livros e às pessoas que têm histórias pra contar. Além disso, faço minhas pesquisas aqui e acolá.
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E sei que muitos dos que me honram com a presença neste meu velho guarda-louças de velhas emoções também apreciam estas histórias que narro. Podem acreditar, são todas legítimas e absolutamente verdadeiras! Não invento nada!
Mas eu falava da Thaiana. Pois é. O jornal que ela trabalha tem um caderno chamado Infograph que publica curiosidades nos domingos. Escolheram a origem das expressões para a edição do primeiro domingo de julho. Ela já me entrevistou e vai publicar algumas historinhas que escrevi por aqui. Claro, terá que ser de forma bem resumida. Mas ela me disse que me citarão e eu só posso ficar muito feliz por isso.
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Para facilitar o trabalho da Thaiana, fiz algo que já pretendia fazer há algum tempo: relacionei todas as explicações que postei aqui, com links para os posts que fiz. Caso alguém aí queira saber como estes ditos se originaram, basta clicar em cima que vai cair na página do arquivo em que eles estão. Ainda dou o nome do post em que a expressão foi apresentada. Moleza, heim?
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A Thaiana vai me passar o link para a página da internet em que a matéria vai ser publicada. Prometo postá-lo aqui para quem quiser dar uma olhadinha...
Eis a relação das 36 que publiquei até agora:
A voz do povo é a voz de Deus (no post de mesmo nome)
Será o Benedito? (no post de mesmo nome)
Ficar à toa (no post Dando corda)
É mais fácil um camelo passar por um buraco da agulha que um rico entrar no reino dos Céus (no post Dando corda)
O pior cego é o que não quer ver (no post Para seu governo, saiba que...)
Casa da Mãe Joana(no post Para seu governo, saiba que...)
No tempo do Onça (no post Morcegos e Onças)
Amigo da onça (No post Morcegos e Onças)
Pensando na morte da bezerra (No post Adeus, meu amor)
Não entender patavina (No post Quem não se comunica...)
Nhenhenhém (No post Quem não se comunica...)
Pagar o pato (No post O pato e o paquete)
Estar de paquete (No post O pato e o paquete)
Da pá virada (no post Se segura, malandragem)
Quem não tem cão, caça com gato (No post Se segura, malandragem)
Eles que são brancos que se entendam (No post Me inclua fora dessa)
Ficar a ver navios (No post Sebastião e Maomé)
Se a montanha não vem a Maomé, Maomé vai à montanha (No post Sebastião e Maomé)
Ser surdo como uma porta (No post Surdo como uma porta)
Bode expiatório (No post Isso dava o maior bode)
Entrar com o pé direito (No post Pé de pato, mangalô três vezes)
Bater na madeira (No post Pé de pato, mangalô três vezes)
Onde o Judas perdeu as botas (No post Estas botas foram feitas para caminhar)
Não me cheira bem (No post Cheiros e coxas)
Trabalhinho feito nas coxas (No post Cheiros e coxas)
Marido chifrudo (No post Dia de corno)
Com a corda toda (No post Tô que tô)
A pressa é inimiga da perfeição (No post Tô que tô)
Pôr em pratos limpos (No post Um atual mal passado)
A emenda saiu pior que o soneto (No post Um atual mal passado)
Gente de meia-tigela (No post Inflando o volume da bolsa escrotal)
O fim da picada (No post Inflando o volume da bolsa escrotal)
Para inglês ver (No post Papel de bobo)
Cair no conto do vigário (No post Os vigaristas)
Vá se queixar ao bispo (No post Cadê o bispo?)
Meter a mão em cumbuca (No post Mudando de prosa)

Valeu, Thaiana, obrigado!
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Epitáfio”, com os Titãs.

sexta-feira, junho 20, 2008

Férias! É tempo de viajar


Julho está chegando e é tempo de férias escolares. Muita gente aproveita, reúne a família e põe o pé na estrada naquela viagem há tanto tempo sonhada. Quando eu era mais mocinho, eu e minha família viajávamos neste período. Normalmente, íamos para Minas, onde minha tia morava. Era uma barato! Passei muitas e inesquecíveis férias viajando para as Gerais.
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Talvez você, que está me dando o prazer de ler, esteja pensando em reunir a molecada, jogar uns panos de bunda na mala e botar o pé no jato. Mas não sabe para onde ir, nem tem idéia do que encontrará lá, no desconhecido exterior, certo?
Pois seus problemas acabaram!
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A Agência de Turismo Antigas Ternuras já verificou onde tem ótimos e inesquecíveis lugares e vai mostrá-los para vocês inteiramente de grátis. E ainda incluirá dicas fantásticas nesta apresentação. De nada. Não precisa agradecer. Vamos lá?
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Que tal Portugal? Terra de nossos antepassados, berço de nossa cultura, pátria do bolinho de bacalhau... E por falar em bacalhau, temos uma sugestão de cidade para você começar o seu périplo por terras lusitanas. Veja a foto abaixo:

Esta região possui vinhedos maravilhosos. Fica nos arredores de Lisboa (30 km) e é uma localidade aprazível, famosa pelo aroma que vem daquelas paragens. Já se ouviu muito homem dizer que ali é o melhor lugar do mundo. Em boa parte do ano lá é quente e úmido e há muito movimento. É um vai e vem intenso que dá enorme prazer a quem anda por ali, especialmente os jovens rapazes. Aliás, foi um deles que, por chiste, colocou um tracinho no “l” da placa, transformando-o em “t”. O nome original da cidade é Bucelas.
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Caso você seja um aventureiro e aprecie fortes emoções, recomendo que você vá conhecer esta cidade da Nova Zelândia:

Gosta de esportes radicais? Ah, então você precisa conhecer esse lugar! Tem muito vento por lá. Tudo bem que há os que reclamam, dizendo que é sujo, com restos de comida pelos cantos, mas quem se importa, não é? Só sei que tem muita gente de olho no lugar. Se lá tem espaço? Olha, dizem que é enorme!
Quer saber onde fica? Aqui está um mapa.

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Huuum... Já sei. Você prefere lugar mais próximo, e, consequentemente mais em conta, não é? Pois então eu sugiro que você vá ao Chile. Bons vinhos, clima agradável nessa época do ano. Que tal conhecer Valparaíso? Saindo de Santiago, por uma excelente rodovia, você chega lá em pouco mais de uma hora (117 km). Em chegando lá, a dica para comer é este restaurante abaixo:

Você nem precisa reservar. É só chegar, entrar e sentar. O compadre está sempre pronto e sabe do que você gosta. Tenho certeza de que você vai adorar e passará bons momentos neste esplêndido lugar. Experimente lá os “ovos mexidos”. Você vai gemer de tanto prazer em desfrutar desta maravilha.
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Mas eu se fosse você, faria um esforço e iria para a Itália. Ah, la bella Italia! Tantos lugares maravilhosos para se conhecer! E recomendamos um que estou certo você vai adorar. Este aí da foto abaixo:

Este é um lugar feito pra você. Caraglio se localiza na província de Cuneo, na região do Piemonte. Quando você avista o lugar de longe, acha que ele é pequeno. Mas quando você chega perto, constata que ele é enorme! O que você pode fazer lá? Bem, sugerimos que você vá visitar a Casa do Caraglio. Foi onde morou o artista Giovanni Jacopo Caraglio (1505-1565), autor de belas obras ligadas à mitologia como esta aqui:

Na Casa do Caraglio, há muito espaço livre e uma programação intensa para receber crianças. Portanto, se seus filhos estiverem muito agitados, fazendo muita bagunça, basta você mandá-los para lá, que eles vão se divertir a valer.
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Pode ser que você queira esticar sua presença na Europa e conhecer outro país. Recomendamos que você vá até a Suécia. Ah, Estocolmo é uma cidade linda! Um passeio maravilhoso, pode crer. Depois de andar bastante, vai bater aquela fome e vocês vão querer comer, não é? Pois se vocês estiverem na estrada e virem uma placa como essa abaixo, podem ir sem susto:

Em sueco, “foder” significa “refeição, alimentação” (sério!). Ou seja, se você quer comer na Suécia, basta falar “foder”, fazendo o gesto característico, que eles te mostrarão o que tem de fazer. Assim, se alguém da sua família insistir que está com fome, diga para ele “vai se alimentar”, em sueco, que logo, logo, ele vai procurar seu rumo.
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Bem, amigos do Antigas Ternuras, espero que tenham apreciado as sugestões e dicas que nós apresentamos aqui, com muito carinho. Agora, não tem desculpa! Arrume as malas, escolha um destino e vai com Deus! Não esqueça de levar a sogra.
M.S.
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Queridos amigos, a partir deste domingo no Playground dos Dinossauros, tem um texto inédito meu sobre festas juninas. Quem quiser me dar a honra... É só clicar no link.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve o inolvidável Charles Trenet, cantando de sua autoria essa graça de música chamada “La Mer”.

sexta-feira, junho 13, 2008

Uma estrela na terra, uma estrela no céu


Houve um tempo em que eu vivia com o ouvido grudado num radinho. Estava sempre antenado, em busca de uma nova canção, alguma novidade musical, com meu velho radio Sharp amarelo, também companheiro de jornadas no Maracanã, onde ouvia a narração e os comentários em jogos do meu amado Flamengo.

Mas ele estava comigo sempre, a não ser quando eu optava por meu gravador Sanyo, de quem já falei aqui. O procedimento era o seguinte: eu ouvia a música no radinho e, se me agradasse, esperava ela tocar novamente e a gravava no Sanyo, em uma fita Basf 60. Foi assim que ouvi pela primeira vez a Karen Carpenter cantar “Yesterday Once More”. Uma música cuja letra dizia: “Quando eu era jovem, eu ouvia o Rádio, esperando por minhas canções favoritas. Quando elas tocavam eu cantava junto. Aquilo me fazia sorrir”.
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Na mesma época tocava uma outra música, cantada por ela, da qual eu gostava muito também: “Sing”. Era uma canção de deixar a gente feliz. Que nem “I wanna hold your hand”, dos meus adorados Beatles, presença constante em minha vida desde a minha infância. E os Carpenters, dupla de irmãos talentosíssimos, também eram fãs alucinados dos quatro rapazes de Liverpool, tendo gravado algumas músicas deles.
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Eu, jovenzinho, descobri os Carpenters e especialmente descobri a voz maravilhosa de Karen Carpenter. Virei fã incondicional. Quando eles estiveram no Rio não pude vê-los tocar por estar fora, viajando. Fiquei decepcionado e por isso me prometi que na segunda vez que eles voltassem, eu os veria de qualquer jeito. Nunca mais vieram. Mas eu já estava definitivamente encantado pela voz de Karen. Na minha modesta opinião, ela faz parte do meu Panteão de maiores cantoras de todos os tempos, ao lado de Ella Fitzgerald, Elis Regina, Elizeth Cardoso, Sade Adu e Zizi Possi. Essas daí, até cantando “Atirei o pau no gato” vira clássico imperdível. Lamentavelmente, só as duas últimas ainda estão entre nós. Eu nunca vi nenhum show da Sade, mas tenho esperanças. Da Zizi, assisti a vários. E sempre vou depois até o camarim para paparicá-la até dizer chega. Teve uma vez que ela chamou o presidente do fã-clube dela e falou para ele: “Você não me diz as coisas que este rapaz está me dizendo”. Fiquei todo bobo...
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Eu queria ter dito muito mais para a Karen. Ah, o tanto que eu diria!... Eu iria fazê-la levitar com tantas palavras carinhosas, retribuindo o enorme prazer que ela me proporcionava cantando. A voz dessa moça tinha em mim propriedades calmantes, alucinógenas, revigorantes, valia mais que uma superdose cavalar de endorfina combinada com serotonina e oxitocina.
E eu a achava tão lindinha...
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Pena que ela não se considerasse lindinha... Desde muito nova, implicava com uns quilinhos a mais. Certa vez, um garoto no colégio a chamou de “chubby” (gordinha, em inglês). Ah, pra quê! Começou a fazer dieta, exercícios o escambau para perder peso. E conseguiu! Ficou uns dez quilos mais magra. Mas daí em diante, entraria numa rotina perversa de remédios, laxantes, vomitórios e uma total aversão por comida.
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Eu não quero fazer aqui uma biografia da Karen. Nem caberia num espaço de um blog. Prefiro falar de como ela me comovia como artista e é maravilhoso quando um artista nos comove. Para conhecer mais sobre a sua vida, pedi pela Amazon um livro não lançado aqui no Brasil, chamado “The Carpenters – The Untold Story: An Authorized Biography”, de Ray Coleman. Quando chegou, eu devorei o livro. E fiquei pasmo por ler sobre uma morte anunciada, causada por uma doença terrível.

Todos a sua volta viam que ela estava definhando, menos a própria Karen. Fizeram de tudo para convencê-la a se tratar, mas não houve Cristo no mundo que a fizesse perceber estar morrendo por inanição. Seu irmão, Richard, quase tentou arrastá-la para um médico, mas ela se recusava, berrando com ele que a saúde dela não era da conta de ninguém. De temperamento calmo e cordato, virava uma leoa ferida quando alguém tentava fazê-la interromper a sua busca incessante por um corpo perfeito. Não bastava a ela ter uma voz perfeita, ela queria estar satisfeita com a própria carcaça. Só que a maldita anorexia nervosa não deixa ninguém satisfeito. Quem padece desse mal fica só pele e ossos, mas se vê como se fosse uma hipopótama grávida, com problema de obesidade. Quando Karen pediu ajuda, já era tarde demais...
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Volta e meia eu faço uma “sessão Carpenters” na minha casa. Tenho todos os discos deles, incluindo o solo que ela gravou e que, para a sua tristeza, foi detonado por seu irmão, Richard, e pelo produtor Herb Alpert (um dos donos da então gravadora A&M, onde eles gravavam). Só bem depois da morte de Karen o Richard liberou o lançamento do disco-solo dela, para alegria de nós, seus fãs.
Lembro que o primeiro disco deles que eu comprei foi o “Now and Then”, talvez o melhor de todos. Recordo-me bem, eu o comprei com o dinheiro de mesada, numa filial da Ultralar (er...melhor pular essa parte, visto que a Ultralar já acabou desde o tempo em que a Serpente do Paraíso era só uma minhoca...)
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Se me perguntam qual música cantada por ela eu mais gosto, não sei dizer. Eu gosto igualmente de todas, e mais especialmente de umas 20, estando entre elas, como exemplo, “One fine day”, “Our day will come”, “I can dream, can’t I?”, “Sometimes”, “One love” e outras mais. Richard também lançou discos-solo. Num deles, tem a música que ele fez para ela, chamada “Karen’s theme”, que é um diamante de rara beleza. A primeira vez que eu a ouvi, fiquei com os olhos molhados.
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Em 2008, mais precisamente no dia 4 de fevereiro passado, completou-se 25 anos que o mundo deixou de ouvir uma voz de anjo.

Talvez o Paraíso Celeste estivesse carente de mais uma estrela, e por isso Deus a levou para o Alto, onde sua voz ressoa pelos siderais, interrompendo o fluxo de cometas e asteróides, que param para ouvi-la cantar. Como diz em sua sepultura, no jazigo da família, em Westlake Village, na California, era “uma estrela na Terra, uma estrela no Céu”.
Uma das canções que ela imortalizou, essa mesma que vocês estão ouvindo agora, diz:
“E quando minha vida acabar
Lembre-se de quando estivemos juntos
Nós estávamos sozinhos
E eu cantei uma canção pra você”.

Sim, Karen, eu me lembro. E vou me lembrar sempre...
M.S.
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Na TV Antigas Ternuras, você vê duas das maiores cantoras de todos os tempos: Karen Carpenter e Ella Fitzgerald cantando em duo um medley de grandes melodias. Imperdível! Não me agradeça. Agradeça a Deus por te proporcionar este espetáculo para olhos e ouvidos... Tenha paciência, deixe carregar e veja com tranqüilidade. Eu assisti chorando...
Para ouvir este vídeo, antes clique no “X” lá em cima, na barra de ferramentas. Assim, interromperá a música que está tocando ao fundo.

Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Song for You”, de Leon Russel, na voz celestial de Karen, tocada pelos Carpenters.

segunda-feira, junho 09, 2008

Todo santo dia


(Calendário maia)
No meu tempo de moleque, no colégio, sempre se comemorava uma data especial. Os feriados habituais se dividiam (e se dividem) em santos e cívicos. Basicamente, tínhamos para vadiar a Semana Santa, o Corpus Christi, o 25 de agosto (aniversário da cidade onde me criei), o 7 de setembro e o 15 de novembro. Natal, Ano Novo e Carnaval faziam parte do período de férias e o Dia de Tiradentes e o 12 de outubro não eram feriados naquela época.
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Mas eu sabia que todo dia era dia santo. Pelo calendário do Sagrado Coração de Jesus, da Editora Vozes, que meus tios compravam todo início de ano, eu ficava sabendo dos santos de cada dia. Tinha gente que botava nome nos filhos de acordo com o santo do dia em que nasceram. Meus pais não faziam isso. E ainda bem, se não eu chamaria “Copertino” ou então “Sofio”, já pensou?.
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Em tempos relativamente recentes, os dias passaram a ter outras comemorações, além das centenas de santos que a Igreja Católica inventa. Os nossos bravos políticos começaram a criar “dia para qualquer coisa”. Acreditem: todo dia é dia santo e dia de alguma profissão ou de alguma doideira que algum deputado que não tem o que fazer inventa (claro, nosso país não tem problema nenhum para ser discutido, então que tal criar, por exemplo, o “Dia do Plantador de Laranja”?).
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Nesse mês de junho, por exemplo. Vocês sabiam que hoje, dia 9, é Dia do Porteiro? Que amanhã é Dia da Língua Portuguesa? Depois de amanhã será Dia do Educador Sanitário? E as loucuras não param por aí: 21 de junho, Dia do Mel; 25 de junho, Dia do Quilo; 27 de junho, Dia do Artista Lírico, 28, Dia da Revolução Espiritual (???). E tem mais: vocês não comemoraram, mas 3 de junho foi Dia do Administrador de Pessoal; 6 de junho, Dia da Logística e 8 desse mês o tal Dia do Plantador de Laranja.
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Mas nenhuma das comemorações se compara a que acontecerá no 24 próximo: o Dia dos Discos Voadores!!! Heim, que tal? Como poderemos celebrar esta importante data? Sugiro que a gente vá em peregrinação até Varginha ou São Tomé das Letras, ambas em Minas Gerais (por que é que mineiro se amarra em disco voador, Extraterrestres e correlatos?) e faça uma vigília, todos olhando para o céu, segurando cartazes como: “Não estamos sós”, “Venham em paz”, “Por favor, abduzam o Lula, a Dilma e todo o DEM”, “Galvão filma eu”.
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Veja bem, eu não estou sacaneando quem acredita em OVNI. Sei muito bem que tem uns objetos voadores que não tem explicação zanzando pelos céus da Terra. Noutro dia, estive na casa do meu amiguirmão Luiz e ele me mostrou no You Tube, um monte de filminhos de discos voadores pelo mundo. Vejam só esse aí de baixo. Um ovni na Bélgica detectado no radar, filmado e observado por aviões da força aérea belga:

Minha surpresa é que algum político tenha tido a genial idéia de instituir o Dia dos Discos Voadores. Que a Igreja Católica diga que hoje, dia 9, seja Dia de Santo Efrém, não tem problema. Eles precisam ficar criando santos. Mas o que passou pela cabeça do débil-mental que dedicou o dia 24 de junho aos OVNI? E por que 24, dia de São João? Será que é para se confundir com os muitos balões que cruzarão o céu?
Bem, enquanto não chega o dia de comemorarmos os discos voadores, parabéns aos porteiros pelo dia de hoje.
M.S.
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Na TV Antigas Ternuras, você vê uma gravação da TV italiana sobre um OVNI sobre a Bélgica.

terça-feira, junho 03, 2008

Porque me ufano de meu país


Imagino que vocês já devem ter recebido pela internet aquele texto que fala, de forma muito bem humorada, de dez motivos para ser alemão, americano, sueco, inglês, francês, argentino, brasileiro... Tem uma outra variação que fala dos motivos para ser baiano, paulista, carioca etc. Mas quero falar um pouco sobre este das nacionalidades.
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Entre as razões para ser alemão (melhores cervejas do mundo; maior número de ganhadores do Nobel, ou descendentes; estar no 1º mundo sem ser 'babaca' como os americanos; Volkswagen; Audi; Mercedes; dirigir a uma velocidade que em qualquer outro país daria cadeia; não ter que aprender alemão como segunda língua; achar joelho de porco uma delícia; poder ser um fumante inveterado sem ninguém notar que está pigarreando). Percebe-se que é uma lista masculina. Aliás, toda a lista é altamente machista. Mas eu destaco o item que fala de ser “primeiro mundo” sem precisar ser babaca como os americanos. Coisa curiosa. Vê-se que já vai longe os tempos em que o american way of life era o desejo de cada habitante do planeta, até daqueles que moravam por trás da Cortina de Ferro. A impressão que eu tenho é que só brasileiro dá valor à cultura americana hoje em dia.
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E por falar nos ianques, veja o que a lista diz sobre as vantagens de ser sobrinho do Tio Sam: adorar 'música brasileira', como merengue, salsa e rumba; usar as roupas mais estranhas do mundo e ninguém ligar; poder tomar cerveja dizendo apenas 'Gimme a Bud'; saber que a capital do Brasil é Buenos Aires; poder estudar de graça em Yale, desde que saiba jogar futebol americano; ser texano, falar como caipira, se vestir como caipira, e se orgulhar de ser 'cowboy'; assistir novelas como qualquer brasileiro, mas chamá-las de soap opera; entender as regras do baseball e do futebol americano e se divertir com isso; achar que qualquer passeiozinho mixuruca foi 'terrific, cool, amazing, gorgeous'; não ter que fazer cursinho no Yazigi, CCAA ou Fisk pra navegar na Internet.
Para mim são dez razões para NÃO ser americano. Eu acho que ainda teria outras 100 razões para ser e não ser americano. E não concordo que eles acham os passeios internacionais amazing, cool e terrific. Com a arrogância que lhes é característica e a antipatia que eles vem despertando (só perdendo para os chineses no quesito “sai pra lá, seu merda”), imagino que eles consideram viajar pelo mundo algo como um porre de licor de ovo.
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Os dez motivos para ser italiano são bem mais humorados (conhecer profundamente os mais bizarros formatos de massas; ficar mexendo com todas as mulheres que passam na rua; chamar o próprio carro de 'la mia macchina', mesmo sendo uma lata velha; ser pacífico: as últimas glórias militares aconteceram na Antigüidade; saber falar com as mãos; Ferrari; poder dizer 'amore mio' sem ter trabalhado em novela da Globo; Lamborghini; chamar futebol de 'calcio' e ainda assim ser tetracampeão do mundo; ter os melhores guarda-costas, bem ali na Sicília). Dizem que o italiano é o povo europeu mais parecido com o brasileiro. Bem, aí não sei se isso é vantagem ou não...
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Na relação dos dez motivos para ser argentino, em cinco deles vê-se a palavra “nenhum”. O que é compreensível. Realmente, não vejo motivo em ser argentino hoje em dia. Como não vejo motivo sólido e vantajoso em ser botafoguense, por exemplo. Aliás, um povo muito estranho os torcedores do botafogo... Eles têm a menor torcida, poucos títulos, perdem na estatística dos confrontos diretos com todos os times grandes, foram considerados como entre os mais azarados do futebol, viraram fregueses e vices do Flamengo e ainda vivem contentes. Alguém aí sabe a graça de ser botafoguense?

Até deve ter, pois lançaram um livro intitulado “Piadas para sacanear botafoguense”. Mas eu estava falando dos argentinos, como os botafoguenses, outro povo pra lá de estranho. Tirando os cinco “nenhum”, os outros motivos para ser hermano são: achar que o vinho de Mendoza é melhor que o chileno; ser resultado do cruzamento de índio com italiano, mas pensar que é inglês; acreditar que são os melhores no futebol (na verdade, acreditar que são bons em tudo!); ser vizinho do Brasil; ter o maior orgulho dos sapatos nacionais, mesmo que não consigam mais comprá-los.
E eu nem sabia que os sapatos argentinos eram motivos de orgulho! Sempre imaginei que os calçados italianos é que eram dignos de serem sonhos de consumo...
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Mas vamos às razões para ser brasileiro:
O melhor futebol do mundo; praias; caipirinha na praia; vatapá baiano, feijoada carioca, tutu de feijão mineiro, moqueca capixaba, virado à paulista, barreado e churrasco gaúcho, com uma caipirinha antes, para abrir os trabalhos; mulheres de biquíni, louras, morenas, ruivas, negras, orientais, mulatas; morar na América do Sul e não ter que falar espanhol; ter a mesma nacionalidade que Deus; ter um artilheiro de 42 anos que não cheira cocaína; ter a felicidade de não ter nascido na Argentina; aprender inglês sem saber o português.
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Bem, claramente se vê que foi um homem que fez esta lista. E provavelmente carioca! Tenho certeza que acreanos, amazonenses, pernambucanos, baianos, mineiros, goianos, paulistas, gaúchos etc. teriam outras dez razões para serem brasileiros. Embora todos os nativos de nossa Pindorama têm de concordar com a décima razão: neste país, as pessoas aprendem inglês e não sabem falar português. Ou pelo menos gostam de se expressar na língua de Shakespeare e, digamos, se descuidam da língua de Camões. E o que é pior: acho que eles se orgulham disso.
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Lanço aqui minhas dez razões para ser blogueiro:
- relembrar antigas ternuras
- conhecer gente que também gosta disso
- visitar e receber visitas de pessoas talentosíssimas que nos acrescentam muito
- ganhar selos e prêmios, mesmo não se achando com essa bola toda
- não ter que ler elogios a argentinos e botafoguenses
- não entender xongas de informática e sempre poder contar com a ajuda dos amigos
- poder sacanear vascaínos e não receber o troco, já que o time deles é uma bosta
- aprender sempre mais a cada post
- ler os comentários de amigos satisfeitos com nossos textos absolutamente despretensiosos
- estabelecer relações de profunda amizade com pessoas que você nunca viu na vida
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E quais são as suas razões?
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “País Tropical”, de e com Jorge Ben.