terça-feira, janeiro 27, 2009

Herrar é umano


Já faz tempo que eu não escrevo sobre a origem de expressões cotidianas e bem sei que esta é uma das seções que mais agradam aos leitores deste humilde blog. Pois bem. Lá vamos nós para mais um explicação sobre uma expressão de uso corrente. E desta vez escolhi uma das mais conhecidas. Mas antes, deixem eu contar uma historinha:
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No início dos anos 80, uma mocinha autêntica representante do grupo WASP (sigla em inglês que se refere aos norte-americanos brancos, anglo-saxões e protestantes) passou para a Universidade de Princeton, no estado de New Jersey. Toda feliz, ela se dirigiu à secretaria da universidade para saber em que quarto ela ficaria no dormitório de lá (vocês já devem ter visto em filmes que os universitários moram no campus da universidade). Ainda toda alegrinha, foi correndo para o quarto que lhe foi designado para conhecer sua colega, com quem dividiria o aposento. Chegando lá, encontrou uma moça negra. Aí, pensou ela: “epa! Tem alguma coisa errada aqui...”. Voltou para a secretaria para reclamar que tinha uma estudante “de cor” no quarto dela. Devia haver um engano. Na secretaria, disseram que não havia engano algum. Aquela afrodescendente era a sua companheira de quarto.
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A moça protestou. Como eles ousavam colocar uma negra dormindo no mesmo quarto que ela! Que tratassem de mudá-la. Ou ela ou a outra, para um outro quarto. A pessoa da secretaria disse que não mudaria nada, que ela tratasse de aceitar a companheira e não enchesse o saco. A mocinha wasp disse que aquilo não ficaria assim, que a família dela tinha prestígio na universidade, que eles iriam obrigá-los a mudar aquela moça do quarto dela etc. e tal.
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Pois bem. A branquela tanto fez que conseguiu remover a moça negra do quarto dela. Foi com um sorrisinho cínico de vitória que ela viu a tal moça arrumar as suas coisas e deixar o aposento. Ela deve ter pensado: “imagine se eu vou dividir o meu quarto com essa tal de Michelle Robinson”...
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Eis que o tempo passa e aquela Michelle Robinson se casou com um advogado de carreira promissora, que entrou para a política se elegendo senador pelo estado de Illinois.

Passou mais um tempinho e aquele advogado e senador se elege presidente dos Estados Unidos da América e sua esposa, Michelle Obama, vira referência de elegância, inteligência e cultura como a primeira primeira-dama negra da história do país.
Quanto àquela branquela preconceituosa... Pois é. A história sequer registrou o seu nome. Se ela tivesse se tornado amiga da companheira de quarto, que ela acabou escorraçando, hoje estaria bem na fita, talvez se tornando íntima do círculo de amigos do casal em maior evidência no mundo. Imagino que ela deva estar imensamente arrependida do erro que cometeu...
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Tomei conhecimento desta história na coluna do jornalista Élio Gáspari, de quem sou confesso admirador. E quando acabei de ler, pensei: “se arrependimento matasse...” Com toda a certeza, o preconceito imbecil da moça fê-la incorrer num erro gigantesco. “Ela não podia imaginar”, diria um idiota da objetividade, expressão cunhada por Nelson Rodrigues. Pois é. “Errar é humano”, diria outro alguém.
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Escolhi então esta última expressão para dar aqui a sua origem. Sabem de onde veio? Ela é atribuída a Lucius Aneus Sêneca, considerado um dos romanos mais sábios de todos os tempos (os outros seriam Cícero e Marco Aurelio). Político, dramaturgo, filósofo na linha do estoicismo (que prega a indiferença a tudo o que é externo ao ser), Sêneca viveu de 4a.C. a 65 d.C. e até andou trocando cartas com Paulo de Tarso (o São Paulo Apóstolo dos Gentios).
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Além da frase “errar é humano” ele disse outras tão interessantes quanto. O homem era um frasista dos bons. Se ele cometeu erros em sua vida pra dizer aquilo? Só para vocês terem uma idéia: ele andou escrevendo algumas coisas que irritaram o imperador Calígula. Este o condenou a morte, mas foi convencido a poupá-lo. O imperador seguinte, Claudio, o mandou desterrado para a Córsega, sob a acusação de ter mostrado e usado o seu dardo de Eros na sobrinha do manda-chuva. (Huumm... Vai ver o homem não era tão estóico assim...) Como quem fez a acusação foi a esposa do imperador, uma tal de Messalina, que não era, digamos um exemplo de virtude (um dia ainda escrevo sobre essa imperatriz galinácea), ele acabou perdoado e, por insistência da segunda esposa do imperador, Agripina, ele foi indicado para ser o preceptor de Nero. E ele fez o que pôde com esse rapaz. Inclusive quando o maluquete virou imperador, Sêneca passou a ser seu principal conselheiro. Ele fez de tudo para colocar o rapaz nos eixos. Mas...
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Sêneca vendo que aquele ali não tinha jeito, pediu para se retirar da vida pública. Pretendia ficar quieto em seu canto até que as Parcas lhe cortassem o fio da vida. Mas palacianos lhe intrigaram com o imperador, dizendo que ele estava liderando um plano para matá-lo. Nero, que era doido de juntar cachorro em volta, acreditou e condenou à morte seu antigo professor e conselheiro, juntamente com sua esposa (ela acabou poupada). Alguns dizem que a condenação era cortar os pulsos. Outros, que era para ele cortar uma veia do pé e sangrar até a morte. Ele entrou numa bacia (vide gravura), cortou a veia e via o sangue sair. Como demorava muito e estava lhe causando muitas dores, pediu para colocar água quente na bacia para apressar a execução. Naquele momento, ele deve ter pensado em tudo o que ensinara para Nero, talvez se perguntando onde tinha errado na educação daquele facínora. Provavelmente ele disse a famosa frase: “errare humanum est”, nesse momento.
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Mas poderia ter dito outras de suas famosas tiradas, como: "Ninguém se preocupa em ter uma vida virtuosa, mas apenas com quanto tempo poderá viver. Todos podem viver bem, ninguém tem o poder de viver muito" ou “Quem se arrepende de ter errado é quase inocente” ou ainda "Não te interesses sobre a quantidade, mas sim sobre a qualidade dos vossos amigos."
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Tanto Sêneca quanto a tal colega de quarto de Michelle Obama fizeram más escolhas. E a gente sabe que escolher mal acarreta em ter que fazer outras escolhas. A sabedoria popular complementou a frase célebre do filósofo: “Errar é humano... mas persistir no erro é burrice”. Ele não teve tempo de se corrigir. A tal moça, espero que sim. Assim como cada um de nós, diante de nossos muitos erros cometidos. A possibilidade de erro está em nossa natureza. A sabedoria de aprender com ele, é uma conquista diária.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Meu Erro”, cantada pela minha deusa da voz, Zizi Possi e por Herbert Vianna.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Trilha sonora da minha juventude


Ontem, dia 19 de janeiro, fui ao show do Elton John, na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro. Eu tenho o hábito de comparecer a grandes shows, já vi vários aqui na minha cidade. O último tinha sido o da Madonna, no Maracanã. Não que eu seja um fã dela, na verdade não o sou. Mas quis ver as novidades em termos de tecnologia de entretenimento e neste aspecto vi coisas assombrosas. Mas a cantora rainha do pop já se foi e levou com ela o jovem modelo brasileiro Jesus Luz. Aliás, não sei porquê de tanto escarcéu. Madonna pegar o Menino Jesus, na época do Natal, é a coisa mais normal do mundo...
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Falemos de Sir Reginald Dwight, ou melhor, de Elton John, uma outra “rainha do pop”. Foi um showzaço! Desde que o cara entrou no palco com uma casaca de pingüim, com uma caricatura dele nas costas pilotando um foguete (o nome da turnê é “Rocket Man”...) bordada em paetê e vidrilhos brilhantes, deu um show de simpatia. Ele cantou várias músicas do tempo das minhas antigas ternuras. Foi quando eu percebi que boa parte de meus tempos de jovenzinho teve como trilha sonora as canções do Elton. Nos bailinhos da casa do Jurandir (de que eu tanto já falei aqui), tocava muito “Crocodile rock”, “Your song” (a música dele que mais gosto), “Daniel”, “Skyline Pigeon”, “Goodbye Yellow Brick Road”, por exemplo. E ele tocou todas estas, para delírio da platéia com mais de trinta e dez anos (que é, arram, arram... digamos, o meu caso).
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Eu levei a minha câmera e gravei duas canções do show: “Crocodile Rock” e “Your Song”. Claro que não ficou nenhuma maravilha. Mas se vocês tiverem curiosidade de ver, cliquem aqui e aqui.
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Lá estávamos eu e meu amigo Claudio (assinalados na seta) de tantos anos, ambos fascinados com a disposição daquele senhor de 62 anos que cantava e tocava um senhor piano, como um virtuose, por quase duas horas e meia. E isso acompanhado por uma banda super-competente, onde um guitarrista dava uma verdadeiro show a parte. A platéia cantava junto com Elton boa parte das músicas, numa animação que fez o velho piano player nos elogiar como uma “fantastic audience”.
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No telão de fundo, nada da tecnologia de ficção científica do show da Madonna. Era um telão apenas funcional. Mas suficiente. A gente queria mesmo era cantar “Rocket Man”, “Candle in the Wind”, “Tiny Dancer”, “Saturday night is all right for fighting”, “Sacrifice”, Don’t let the sun go down on me”, “Bennie and the jets”, “Philadelphia Freedom” e quantas ele mandasse lá do palco.
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Na platéia, nenhuma confusão, nem empurra-empurra, nada de errado. Aquele bando de grisalhos não estava ali para bagunçar, só para relembrar belas canções. E eu me lembrei dos discos dele que tenho, alguns em compacto simples (alguém aí não sabe o que é isso?). O meu compacto de “Bennie and the jets”, por exemplo, eu comprei na Casa Palermo, que já não existe mais desde a Guerra de Tróia. Outras músicas do Elton eu tenho em trocentos discos de trilhas de novela do tempo da TV a lenha. Naquela época, não tinha uma novela sem canção de Elton John na trilha sonora.
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Este show entrou para a minha galeria de melhores assistidos por mim ao vivo e em cores, onde já estão os do The Police, Rick Wakerman, Stevie Wonder, Burt Bacharach, James Taylor, George Benson, Ray Charles, Sting, Frank Sinatra e, o melhor dos melhores, Paul McCartney.
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Elton John esteve aqui no Brasil há 14 anos atrás, fazendo um show no Templo Sagrado do Futebol Universal, também conhecido como campo do Clube de Regatas do Flamengo. Naquele eu não fui. Mas se ele voltar por aqui (espero que não leve outros 14 anos...), estarei lá, na platéia, gritando a plenos pulmões: “I hope you don't mind, I hope you don’t mind, that I put down in words/How wonderful life is while you're in the world...”
M.S.
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Hoje, dia 20 de janeiro de 2009, é dia da posse de Barack Obama como 44º presidente dos EUA. Se nós podemos esperar novos tempos, novas formas de ver o mundo, com mais respeito pelo ser humano? Yes, we can. Eu, pelo menos, espero...
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Na TV Antigas Ternuras, você vê Elton John tocando e cantando “Your Song”, sua música de que mais gosto (este clip não é do show dele no Rio).

terça-feira, janeiro 13, 2009

Terra Santa?


Quem vem aqui me dar o prazer de me ler sabe o quanto eu gosto de História. Esta disciplina sempre me fascinou desde o tempo de criança, o tempo das antigas ternuras. Estudando História, eu descobri a explicação de muita coisa do tempo atual. Como eu costumo dizer, quem despreza o seu passado, se perde no presente e não constrói o seu futuro.
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Desde o final do ano passado, a gente abre os jornais e vê cenas pavorosas, envolvendo a questão palestina. Muita gente não consegue entender a razão de tanta matança, de tanta crueldade. Bem, existe uma razão de cunho filosófico que eu defendo, a de que o Homem é o vírus de si mesmo. Mas não é disso que eu quero falar. Gostaria de explicar, historicamente, o que acontece na chamada Terra Santa.
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Esta faixa de terra tem cerca de 22 mil quilômetros quadrados (pouco maior que o estado de Sergipe). Está limitada entre o Mediterrâneo e o Rio Jordão e o Mar Morto, apresentando clima desértico, com vegetação nem um pouco exuberante. Em alguns lugares faz um calor boçal, com baixos índices pluviométricos, relevo acidentado, solo pobre, em comparação com outra áreas do globo. E ainda é chamada de “Terra Prometida”. Lá, estão 5 milhões de judeus e 4,5 milhões de árabes palestinos. E do jeito que as pesquisas estatísticas tem revelado os altos índices de fertilidade dos palestinos, não vai demorar muito e o número das duas etnias vai estar empatado. Tanto judeus quanto palestinos garantem que aquela terra lhes pertence de direito.
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Por que os judeus dizem que a terra é deles?

Porque por mais de mil anos (do Século 12 a.C. até o século II d.C.) eles viveram lá, indicados para habitar ali, como povo escolhido, conforme diz a Bíblia, pelo próprio Deus, que teria instruído Moisés a libertar hebreus da escravidão no Egito e conduzi-los até a terra prometida. Chegaram lá e não encontraram o lugar desocupado. Tiveram que expulsar algumas tribos na base da porrada até conseguirem se estabelecer naquela área. Ao longo dos anos, foram invadidos e subjugados trocentas vezes e sempre conseguiam se libertar e manter suas terras.

Até que no ano 135 d.C., os romanos, que já dominavam a região desde o ano de 63 a.C., decidiram botar pra quebrar de vez com os judeus. Por ordem do imperador Adriano, Jerusalém e o templo foram arrasados e o povo hebreu expulso e espalhado pelo mundo conhecido, no evento posteriormente conhecido como Diáspora. Mesmo longe da terra prometida, os judeus sempre sonhavam em retornar para lá. Em toda a Páscoa, eles diziam: “a próxima será em Jerusalém”. Todavia, só puderam celebrar verdadeiramente a Páscoa no seu país de origem a partir de 1948, quando a ONU recriou seu país, agora denominado de Israel.
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Por que os árabes palestinos dizem que a terra é deles?
Por volta de meados do Século VII d.C., com a expansão dos árabes maometanos, tropas de seguidores do Islã chegaram à antiga terra prometida dos judeus que já não estavam por ali desde muito e lá se estabeleceram. Em Jerusalém, construíram a famosa Mesquita de Omar exatamente em cima das ruínas do Templo de Salomão. E pior: aquele lugar passou a ser o terceiro lugar mais sagrado para o Islã (só perdendo para Meca e Medina).

Durante as Cruzadas, eles perderam o controle de parte daquela região, mas acabaram retomando mais tarde. O domínio árabe islamita perdurou até 1948, embora desde o final do Século XIX, judeus estivessem comprando terras por ali. De qualquer forma, gerações e mais gerações de palestinos nasceram, viveram e morreram ali, por mais de mil anos. Exatamente como os judeus.
Depois da II Guerra Mundial, depois do programa de extermínio a que os judeus foram submetidos no evento conhecido como Holocausto, a ONU resolveu dar uma pátria para eles. E deveria ser onde viviam antes da Diáspora. Que se criasse um Estado judeu naquela terra, assim como um Estado palestino. Estes últimos não toparam (com apoio dos países árabes do Oriente Médio) e partiram para a guerra (da Independência). Perderam. Mas nunca aceitaram. Nem reconheceram Israel como país.
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Bem diante destes fatos, quem tem razão? A terra prometida é de quem, afinal? De judeus, que lá estiveram por mais de mil anos? Ou dos árabes palestinos, que também estiveram lá por tempo semelhante?
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Para resolver este angu de caroço, existem duas soluções, descartando o extermínio de árabes pelos judeus e de judeus pelos árabes (embora muita gente prefira uma dessas duas): ou criam um estado binacional ou dividem as terras em dois países, com fronteiras claras, mais ou menos como a ONU determinou, com a Palestina ficando com a atual Cisjordânia e a faixa de Gaza e Israel com a outra parte. Seria simples, não é? Infelizmente não é nem um pouco simples.
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Um Estado binacional não daria certo porque há muito ódio, muita tensão no ar. Além disso, as duas etnias querem seu próprio espaço e querem ter direito à auto-determinação, além de desejar dançar na cova um do outro. Sobra, então, a opção 2. E isso foi decidido no Acordo de Oslo, em 1993, com a mediação de Bill Clinton, então presidente dos EUA. Israel teria o seu país e os palestinos a sua pátria. Mas... Sempre existe um “mas”...
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Correntes palestinas e boa parte dos países árabes continuam a se recusar a reconhecer Israel como país. Eles só chamam os judeus de “os invasores”. Vocês sabiam que existem muitos palestinos que guardam a chave da casa de onde foram expulsos, em 1948, com a criação de Israel? E que eles sonham em voltar para estas mesmas casas? Pois é. E ainda tem a questão de Jerusalém. Os judeus não abrem mão dela. Nem os palestinos. E outra coisa, que pouca gente sabe: há uma profecia entre os judeus que diz que o Messias, o Esperado, só virá quando toda Terra Santa original for de novo judaica. E isso inclui as Colinas de Golã (da Síria), a Faixa de Gaza, a Península do Sinai (do Egito) e a Cisjordânia.

Não é à-toa que quando Israel tomou estas áreas na Guerra dos Seis Dias (em 1967) e na Guerra do Yom Kippur (em 1973), a primeira coisa que fez foi instalar colônias e assentamentos. E só depois de muito papo, muita negociação eles toparam sair da Faixa de Gaza, da Península do Sinai e de parte da Cisjordânia. O resto eles não querem devolver, mas nem que a camela tussa.
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Diante deste nó político de fortes raízes históricas, qual a chance da Paz naquela região?
Atualmente, não dá para a gente, que não tem parte envolvida, tomar partido por um ou outro lado. O Hamas, organização política que venceu as eleições na Palestina é uma seita sanguinária e genocida de seu próprio povo. Agridem o governo de Tel Aviv do meio de civis. E a cada criança morta, a cada civil morto, fazem o maior escarcèu, procurando (e conseguindo) jogar o mundo contra os judeus. Tentam passar por inocentes e são responsáveis em grande parte pela morte dos civis. Aí eles dizem que os mortos são "mártires da causa". E garantem que os homens terão cem virgens no paraíso só por isso. O atual governo israelense não se comove em bombardear crianças, velhos e mulheres inocentes, num genocídio que pode ser considerado como crime contra a humanidade, assim como o foi o Holocausto. O governo judaico, com a proximidade das eleições, e com o crescimento de correntes conservadoras que não querem saber de papo com palestinos, não procuram uma solução política e mandam bombas e balas, nem querendo saber em quem vai pegar. Não se importam em ter o mundo contra os judeus, desde que o aliado norte-americano continue a apoiá-los.
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Eles brigam por uma terra que chamam de santa. Lá talvez seja o chão mais encharcado de sangue em todo o globo, e isto desde tempos primórdios.
O que é que a outra parte da humanidade faz diante de um conflito como este? Olhamos pela televisão seres humanos serem massacrados e devolverem mais ódio ainda... Só podemos rezar aos Céus, pedindo piedade, misericórdia para nós, a praga, o vírus do planeta Terra.
M.S.
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Vocês gostam dos Beatles? Eu também. E no outro site onde eu escrevo, o Playground dos Dinossauros, eu conto como me tornei beatlemaníaco desde os tempos das antigas ternuras. Quem quiser me dar a honra de ler, é só dar uma passadinha por lá.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve The Beatles em “The Long and Winding Road”, porque o caminho para a Paz pode ser uma estrada longa e sinuosa, como diz o título...

terça-feira, janeiro 06, 2009

Melhores e piores de 2008


Estamos de volta nesse 2009 que está prometendo ser um ano daqueles que a gente vai fazer questão de esquecer.
E, como temos feito desde 2006, é hora da gente fazer um balanço do que houve de melhor e pior na telinha e na telona. Senhoras e senhores: eis que chega a hora de dar nossos famosíssimos prêmios PIPOCA FUMEGANTE e REFRIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO para programas e filmes que eu assisti ao longo do ano que passou.
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Mas antes, quero deixar bem claro que o que apresentarei aqui representa a minha opinião pessoal. Se eu digo que um filme é bom ou que é péssimo não significa dizer que ele seja definitivamente ótimo ou definitivamente ruim. Eu os vi assim. É como as críticas que lemos nos jornais e revistas: expressam somente a opinião de quem assistiu e escreveu sobre o que viu. Eu ainda tenho o atenuante de poupar os leitores da arrogância dos críticos de cinema que infestam os nossos jornais. Dou-lhes um conselho: nunca se guiem pela opinião de um crítico de cinema!
Provavelmente cada um de vocês terá a sua lista particular de melhores e piores. É ótimo que tenham! Os críticos também tem as deles! Quase nunca concordamos. E eu acho saudável. Uma obra de arte bate nas pessoas de forma diferenciada por n motivos. Eu gosto de fazer minhas listas e aqui vai uma delas.
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Desde a primeira edição destes prêmios que criei, eu indico as produções de TV aberta e por assinatura, e mais os filmes nacionais e estrangeiros que me agradaram ou que me desagradaram profundamente. Neste ano, vou fazer algumas modificações.
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Não dá para eu atribuir prêmio de melhor ou pior para programas de TV aberta, por exemplo. Eu praticamente não vejo mais TV aberta, só consigo assistir aos telejornais e a um ou outro programa. Nem jogo do meu amado Mengão eu consigo ver pela Globo (Galvão Bueno... Argh! Puá!). Por conta disso, seria injusto dar prêmio de melhor ou pior se eu não vejo mais a programação aberta. Mas, para não passar em branco, vou atribuir uma menção honrosa a um programa da TV aberta:

“Arte com Sergio Britto”, que passa na TV Brasil (antiga TV Educativa), às terças-feiras, a partir das 22h.
Sergio consegue fazer um programa onde apresenta peças, filmes, livros, obras de arte em geral com muita inteligência e sensibilidade. Portanto... Merece o Prêmio Pipoca Fumegante em Menção Especial.
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Também não vou escolher o pior da TV por assinatura, pois o pouco tempo que eu dou à televisão é dedicado aos meus programas favoritos, não fico vendo besteira. Daí, passemos logo ao Prêmio Pipoca Fumegante 2008 para a produção que considero merecedora.
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Entre os muitos seriados que acompanho, alguns se destacaram no ano, como “Two and a half man”, “The big bang theory”, “Pushing Daisies”, “Lost” entre outros. Mas o troféu PIPOCA FUMEGANTE DE MELHOR PROGRAMA DA TV POR ASSINATURA vai para...
Supernatural”, do Warner Channel (a nova temporada passa aos domingos, às 21 horas).

Esta série trata das aventuras dos irmãos Sam e Dean Winchester, em sua cruzada contra demônios e criaturas malignas. Esta quarta temporada (veja o mini-trailler com 21 segundos de duração) promete ser eletrizante: vai ter guerra entre anjos e demônios, com os irmãos Winchester no meio, para impedir que Lilith (uma capetaça!) quebre 66 selos e liberte Lúcifer. E aí? Deu água na boca para assistir?
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Passemos agora ao cinema. Desde 2007, resolvi fichar todo filme que vejo no cinema. Já devia ter feito isso antes. Já pensou se eu já tivesse catalogado todos os filmes que vi no cinema? Acho que teria passado dos quatro mil...
No ano retrasado, assisti a 99 filmes. Em 2008, vi exatos... 113 filmes no cinema (não conto os que vi na TV ou no DVD). Não sei se é o meu recorde, visto que só recentemente resolvi contá-los. Mas em média deve ser por aí, eu vejo uns 100 filmes por ano.
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Entre estes 113 filmes, a grande maioria foi de americanos (61%, mesmo percentual de 2007, aliás, curiosamente mantive os percentuais do ano anterior para produções de outras nacionalidades, incluindo Brasil). Mas ainda assim, vi filmes brasileiros, ingleses, italianos, franceses, holandeses, romenos, poloneses, portugueses, espanhóis, chineses, irlandeses, canadenses até um de Israel e outro da Indonésia!
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Dos filmes que assisti, nove receberam a minha classificação de “Ruim” e nenhum era brasileiro (que bom!). Destes, na minha opinião, são merecedores do PRÊMIO REFRIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO, produções pífias como “Speed Racer”, “Indiana Jones e a Caveira de Cristal”, “Sex in the City” e “Mamma Mia”, por exemplo. Mas a pior bagaceira das telas de 2008 foi...
Fim dos Tempos” (EUA, 2008, de M. Night Shyamalan).
Que filme ridículo! Esse rapaz, o Shyamalan, perdeu a mão para dirigir, infelizmente. Depois de filmes instigantes como “O Sexto Sentido” e “A Vila”, ele só tem feito “bombas”. E esse foi o pior de 2008, superando aquelas xaropadas que citei antes. Portanto... este é o grande vencedor (?) na categoria dos piores do ano passado.
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Agora, esqueçamos estas bostas filmadas e passemos aos melhores.
Na categoria Melhor Filme Brasileiro que vi em 2008, meus indicados são: “Santiago” (lançado em 2007, mas só o vi no ano passado), “Ensaio sobre a cegueira”, “Estômago” e “O Mistério do Samba”. E o escolhido é...
Olha, deu empate. Não tive como não escolher “Estômago” e “O Mistério do Samba”. Ambos são os vencedores do PRÊMIO PIPOCA FUMEGANTE para Filmes Brasileiros!
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O primeiro foi dirigido por Marcos Jorge e trata da história de Raimundo Nonato, que vem da Paraíba para tentar a sorte em São Paulo e acaba trabalhando na cozinha de um botequim, de onde sai para um fino restaurante italiano e de lá para o presídio (o porquê, só vendo o filme, mas sinta a prova neste trailler). Os atores João Miguel, Fabíula Nascimento, Babu Santana, Paulo Miklos entre outros dão um show de bola. Por mim, seria o indicado para concorrer ao Oscar, no lugar do “Última Parada 174”, que não é mau, mas certamente é inferior a este. “Estômago” já ganhou prêmio que só a peste. E vai ser refilmado nos EUA.

O outro vencedor é um maravilhoso documentário sobre a Velha Guarda da Portela, com histórias fascinantes, depoimentos fantásticos e músicas sublimes. Um golaço da dupla Carolina Jabor e Lula Buarque de Holanda. Deem só uma olhada no trailler. Dá para sentir o cheiro da feijoada da Tia Doca...
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Na categoria Melhor Filme Estrangeiro, também tive enorme dificuldade para decidir entre os nove que avaliei como “Excelentes”. O destaque vai para “Longe Dela”, “Batman – O Cavaleiro das Trevas” e “Katyn”. Mas novamente, tive que escolher entre dois como os melhores. Ficou para “Gesto Obsceno” e “O Menino do Pijama Listrado”.

O primeiro é uma produção de Israel que eu assisti no Festival de Cinema do Rio. Vejam só o resumo da história que está na minha ficha: “Um homem para o carro no meio da rua para sua mulher entrar com as compras. Um motorista atrás buzina com insistência e a mulher faz um gesto obsceno. A partir dali a vida de todos envolvidos mudaria completamente”.
Mas mudou mesmo! Acontece que o tal motorista para quem a mulher mostrou o dedo era um gângster com ligações na polícia de Tel Aviv. Quando ele viu a dedada, arrancou com o carro e saiu levando a porta do outro. Mesmo aconselhado a esquecer o assunto, o cara quis levar às últimas conseqüências e isso fez o filme ficar absolutamente eletrizante. Acabou o filme e a platéia aplaudiu! (consegui o trailler)
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O segundo filme, uma produção inglesa, eu também vi no Festival de Cinema do Rio, mas está passando atualmente nos cinemas do Rio e São Paulo. Eis o resumo: “Menino filho de um oficial nazista segue com a família de Berlim para o interior, onde o pai comandará um campo de concentração de judeus. Lá, o garoto faz amizade com um menino prisioneiro, que para ele usa um estranho pijama listrado, e essa amizade certamente terá um desfecho trágico.
Eu gostei muito deste filme. E o mais curioso: eu o assisti no dia 9 de outubro. No dia seguinte recebi uma ligação telefônica me chamando para entrar no elenco da peça “Anne Frank – O Musical”, que também tem uma temática de perseguição nazista a judeus.
O filme é excelente, podem vê-lo com minhas recomendações. Não vou me admirar se ele pegar alguma indicação para o Oscar.
M.S.
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Na TV Antigas Ternuras você vê vários traillers de filmes que receberam o prêmio Pipoca Fumegante 2008.