Certa vez, quando eu era garoto, ganhei de presente de Natal uma bola de futebol (“Bola Pelé”, alguém lembra?). No dia 25, pela manhã, eu estava louco para estrear o meu presente. Mas, para a minha decepção, o dia amanheceu chovendo canivetes. Doidinho para dar uns chutes, comecei a fazer embaixadinhas dentro de casa. Minha mãe viu e me avisou: “se você quebrar a minha jarra ou alguma coisa, vai apanhar e ficar sem a bola!” Ela tem até hoje uma jarra que ela adora e que resistiu à infância de dois capetas: eu e meu irmão. A vontade de jogar era muito grande mas avaliei a ameaça e as conseqüências e resolvi que o melhor a fazer era guardar a bola.
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Eu e meus irmãos fomos educados em princípios rígidos. Às vezes, minha mãe procurava nos convencer na base da conversa, utilizando o “método Piaget”. E em muitas vezes ela optava pelo “método Pinochet”, de ação e resultados muito mais rápidos, embora dolorosos...
Estou contando isto porque ao assistir aos depoimentos de Delúbio, Silvio Pereira, Marcos Valério e sua esposa Renilda, em que foram literalmente massacrados pela CPI, juro que me veio à cabeça o tipo de criação que a dona Ruth e o seu Ferreira deram a mim e ao meus irmãos. Algumas interrogações pairam feito mosquitos ao meu redor:
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Será que em algum momento passou pela cabeça dessas pessoas que o que eles estavam fazendo poderia ser descoberto e eles seriam exibidos à execração pública? Será que eles avaliaram os riscos e as conseqüências de seus atos?
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Silvio e Delúbio obtiveram, até onde se sabe, algumas vantagens pessoais nesta lameira toda. Talvez, depois das investigações, se descubra que até ganharam muito dinheiro. A se ver. O casal Marcos Valério e Renilda certamente ficou muito, muito rico. Ambos têm uma montanha de dinheiro no Brasil e no exterior, que certamente lhes garantirá viver confortavelmente, se não forem presos (mas a gente sabe que rico não vai para a cadeia, logo...).
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Ainda assim, eu me pergunto: vale a pena? Em algum instante eles se questionaram se compensaria enriquecer correndo o risco de passar esta vergonha diante dos filhos, da família, dos amigos, do país inteiro? Será que hoje eles estão arrependidos? Ou acham que depois do vendaval, bastará sair do Brasil e ir curtir a riqueza na Europa, nos Estados Unidos ou na Cochinchina?
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Não sei se eu tenho condições de avaliar todos os aspectos desta questão. Como todo mundo, gosto de conforto para mim e para meus familiares. Entretanto, mais do que conforto, gosto de colocar a cabeça no travesseiro todas as noites e dormir tranqüilo. Gosto de sair na rua e poder andar anônimo, ir aonde eu quiser sem preocupações (claro, só com o receio de ser assaltado numa esquina qualquer). E quando eu vejo o que essas pessoas estão (merecidamente, fazer o quê) passando, sendo trituradas pela máquina de moer carne e reputação da CPI, não consigo entender como nunca pensaram na hipótese de que se fossem descobertas passariam por tudo isso. Será possível que resolveram correr todos estes riscos somente pelo dinheiro e pelo que de bom ele pode proporcionar?
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Eu vi o choro convulsivo da dona Renilda. Especialmente quando um deputado perguntou como ela e o marido ficariam diante dos filhos a partir deste todo este escândalo. Vi o Marcos Valério derramar suas lágrimas também, quando depôs. Mas, e aí? Como estes pais podem exigir bom comportamento de seus filhos? Com que cara eles vão lhes chamar a atenção quando fizerem ou quiserem fazer algo errado? Os meus pais me davam ordens, eu obedecia porque reconhecia neles autoridade moral suficiente para poderem mandar em mim. E a dona Renilda? Se o filho dela quiser fazer embaixadinha dentro da sala deles, correndo o risco de quebrar um dos vasos de Limoges, com que autoridade ela mandará que ele pare? Com que cara o Marcos Valério recomendará aos filhos que ajam direito, que sejam bons cidadãos, que respeitem as leis para não terem problemas?
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Que eles pensem nisto. Que todos os pais pensem nisto. Que cada um de nós reflita sobre os riscos e conseqüências de nossos atos. Depois que a bola quebrar a jarra da nossa reputação, mesmo tentando colar, nunca será a mesma coisa.
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Eu e meus irmãos fomos educados em princípios rígidos. Às vezes, minha mãe procurava nos convencer na base da conversa, utilizando o “método Piaget”. E em muitas vezes ela optava pelo “método Pinochet”, de ação e resultados muito mais rápidos, embora dolorosos...
Estou contando isto porque ao assistir aos depoimentos de Delúbio, Silvio Pereira, Marcos Valério e sua esposa Renilda, em que foram literalmente massacrados pela CPI, juro que me veio à cabeça o tipo de criação que a dona Ruth e o seu Ferreira deram a mim e ao meus irmãos. Algumas interrogações pairam feito mosquitos ao meu redor:
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Será que em algum momento passou pela cabeça dessas pessoas que o que eles estavam fazendo poderia ser descoberto e eles seriam exibidos à execração pública? Será que eles avaliaram os riscos e as conseqüências de seus atos?
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Silvio e Delúbio obtiveram, até onde se sabe, algumas vantagens pessoais nesta lameira toda. Talvez, depois das investigações, se descubra que até ganharam muito dinheiro. A se ver. O casal Marcos Valério e Renilda certamente ficou muito, muito rico. Ambos têm uma montanha de dinheiro no Brasil e no exterior, que certamente lhes garantirá viver confortavelmente, se não forem presos (mas a gente sabe que rico não vai para a cadeia, logo...).
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Ainda assim, eu me pergunto: vale a pena? Em algum instante eles se questionaram se compensaria enriquecer correndo o risco de passar esta vergonha diante dos filhos, da família, dos amigos, do país inteiro? Será que hoje eles estão arrependidos? Ou acham que depois do vendaval, bastará sair do Brasil e ir curtir a riqueza na Europa, nos Estados Unidos ou na Cochinchina?
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Não sei se eu tenho condições de avaliar todos os aspectos desta questão. Como todo mundo, gosto de conforto para mim e para meus familiares. Entretanto, mais do que conforto, gosto de colocar a cabeça no travesseiro todas as noites e dormir tranqüilo. Gosto de sair na rua e poder andar anônimo, ir aonde eu quiser sem preocupações (claro, só com o receio de ser assaltado numa esquina qualquer). E quando eu vejo o que essas pessoas estão (merecidamente, fazer o quê) passando, sendo trituradas pela máquina de moer carne e reputação da CPI, não consigo entender como nunca pensaram na hipótese de que se fossem descobertas passariam por tudo isso. Será possível que resolveram correr todos estes riscos somente pelo dinheiro e pelo que de bom ele pode proporcionar?
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Eu vi o choro convulsivo da dona Renilda. Especialmente quando um deputado perguntou como ela e o marido ficariam diante dos filhos a partir deste todo este escândalo. Vi o Marcos Valério derramar suas lágrimas também, quando depôs. Mas, e aí? Como estes pais podem exigir bom comportamento de seus filhos? Com que cara eles vão lhes chamar a atenção quando fizerem ou quiserem fazer algo errado? Os meus pais me davam ordens, eu obedecia porque reconhecia neles autoridade moral suficiente para poderem mandar em mim. E a dona Renilda? Se o filho dela quiser fazer embaixadinha dentro da sala deles, correndo o risco de quebrar um dos vasos de Limoges, com que autoridade ela mandará que ele pare? Com que cara o Marcos Valério recomendará aos filhos que ajam direito, que sejam bons cidadãos, que respeitem as leis para não terem problemas?
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Que eles pensem nisto. Que todos os pais pensem nisto. Que cada um de nós reflita sobre os riscos e conseqüências de nossos atos. Depois que a bola quebrar a jarra da nossa reputação, mesmo tentando colar, nunca será a mesma coisa.
M.S.
7 comentários:
Oi, vim responder um comment seu na Fonte. Sobre beijo na boca e me ver "sorrindo de noivo". Bem, não tem noivo na história, não. Tem um namorado "bissexto", q eu vejo quando os astros conspiram para q isso aconteça... hahaha... e sobre sua teoria de beijar na boca, está certíssima!
Beijos. (Nas bochecas... :o)Com todo respeito...
Muito Bom Um grande abraço. Celso Pupo
Será que essas pessoas realmente se questionam sobre tudo isso, Marco? Tenho minhas dúvidas. Hoje a maioria das pessoas tem uma visão cínica da vida. Pensam que os valores são coisas ultrapassadas. Quem é honesto é otário... e por aí vai.
É claro que não podemos nos calar diante deste cinismo. Neste sentido o seu texto é plenamente necessário e justificável.
Um abraço.
Olá, meu caro! Adorei seus comentários na Fonte, e estou respondendo por lá mesmo, ok? Aproveito para dizer q sou "apaixonada" pelo seu humor, e seu jeito de escrever!
Beijos.
Excelente texto, meu caro Marco! Penso exatamente como você. No entanto, é bem provável que Delúbio e cia. pensem o oposto. Eles bem sabem que este é o país da impunidade (para os ricos, como bem lembrou). Não duvido que acreditassem que jamais seriam pegos. Até porque arrastariam muita gente podersa com eles, como se vê. E se o Roberto Jefferson não tivesse levantado a poeira para se ocultar nela, certamente toda esta sem-vergonhice permaneceria oculta. Ainda assim, talvez esta máfia julgue que algum tempo de exposição à execração pública seja um preço justo a ser pago por seus atos. E pobres dos filhos desta gente... Quanto às nossas aulas, o Messenger seria um meio interessante. Você tem este programa? Se tiver, podemos montar a agenda do "curso". O que acha? Um grande abraço!
Ops!!! Onde está escrito "podersa", por favor, leia "poderosa". E olha que eu revisei o comentário...
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