terça-feira, outubro 04, 2005
Emilinha Borba (1923-2005)
A "mulher da foice" anda muito ativa neste ano...
Quando eu fiz parte do grupo de pesquisadores que reuniu material para a peça "Na Era do Rádio" (eu também participei do elenco, como ator), entrevistei muitos astros da Era de Ouro daquela "caixinha mágica", como chamou Bertolt Brecht. Alguns viraram meus amigos pessoais e o são até hoje. Uns já se foram, mas ainda os considero como meus caros amigos.
Não posso considerar a Emilinha Borba como uma de minhas amigas, embora ela sempre tenha sido muito gentil comigo. Por mais que eu tentasse, nunca consegui gravar o seu depoimento para o meu Banco de Dados sobre o Rádio no Brasil. Ela escorregava que nem peixe ensaboado. Mas em diversas vezes em que estivemos juntos em festas ou cerimônias onde ela falaria ao microfone, sempre contava alguma historinha da sua gloriosa vida, às vezes até olhando para mim. Depois, vinha me perguntar: "Pegou alguma coisa? Pegou?"
Nas vezes em que conversamos ela nunca me fez nenhuma inconfidência sobre seus colegas de Rádio, por mais que eu a provocasse, em busca de um "potin", uma revelação bombástica. Eu tentava atiçar a sua eterna rivalidade com a Marlene, procurando obter um furo de reportagem, mas ela, elegantemente, nada comentava sobre a rival. (Com a Marlene eu consegui gravar um depoimento em sua casa e ela me revelou, digamos, algumas indiscrições sobre a "Favorita da Marinha").
Emilinha foi nos assistir em "Na Era do Rádio", onde, obviamente, era personagem. Falou carinhosamente com cada um de nós depois da peça. Quando fiz o meu espetáculo "Nas Ondas do Rádio" tentei leva-la, mas ela estava sempre viajando, não pode ver a minha versão da guerra entre fãs, na Rádio Nacional.
Ontem, 3 de outubro, ela foi se juntar aos seus amigos na Grande Emissora lá de cima. Aqui em baixo, nós pedimos a Deus que a tenha em bom lugar, de acordo com seus merecimentos.
A "Chiquita Bacana" dá uma de "Escandalosa" e grita lá na "Paraíba": "Tomara que chova". E "Se a canoa não virar", a gente vai tocando a vida por aqui. "Com jeito, vai"...
Vai ter anjo gritando no Céu: "Ela é a minha, a sua, a nossa... Emilinha Borrrrrrrrba!"
M.S.
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