terça-feira, dezembro 23, 2008

Aos meus amigos


(Clique neste filme e leia o texto ao som desta maravilhosa música)

Mais um Natal... Mais um ano que passa...
E aí a gente olha para trás e vê o quanto realizou neste 2008 em reta final. Eu não posso me queixar. Foi um ano de ótimas realizações. Alguns sustos, mas chegamos na reta final sãos e salvos, eu e minha família.
Sei que alguns dos que me lêem não podem dizer o mesmo. O trem da vida parou em algumas estações e pessoas queridas desembarcaram. Em compensação, outras subiram a bordo no vagão e foi tão bom recebê-las! Alguns amigos entram na nossa vida como um presente de Deus.
*

Na tradição cristã, os reis Magos levaram ouro, incenso e mirra para comemorarem o nascimento do Salvador do Mundo. Na simbologia histórica, tem-se ali um presente para um rei terreno (ouro), um que o liga à espiritualidade (incenso) e ainda um terceiro que traz a idéia de imortalidade (mirra).
Nossos presentes de Natal não tem estas significações. Trazem em si apenas gestos de carinho para com o presenteado.
Se eu pudesse, daria um presente para cada um de meus amigos blogueiros. Como operacionalmente isso é difícil, quero dar-lhes um presente simbólico.
Este blog pretende trazer para olhos, corações e mentes lembranças bonitas, momentos vividos que não podem nem devem ser esquecidos.
*

E é este o meu presente para vocês.
Que na noite em que grande parte da humanidade se reúne em uma noite feliz, noite de paz, como diz a canção, eu dou a cada um de vocês um pensamento feliz. Uma lembrança que lhes faça sorrir o coração. Cada um de vocês tem um Natal especial, um momento alegre que viveu em algum dia, em algum lugar no passado.
Que cada um reviva aquela sensação de felicidade e retribua enviando um pensamento feliz para um amigo, um familiar, alguém a quem queira bem.
Certa vez, quando eu era criança, eu não estava esperando receber a bola de futebol que tinha pedido secretamente a Papai Noel. Eis que na Noite de Natal, alguém me presenteou com exatamente aquilo que eu desejava. Eu fiquei tão feliz! Foi uma sensação inesquecível. Se eu pudesse, captaria aquela sensação, a colocaria num frasco especial e a presentearia a todos os meus amigos queridos. Quando eles abrissem o frasco, sentiriam aquele mesmo prazer que senti e experimentariam um momento de extrema felicidade.
*
Eu desejo a todos vocês que na hora da ceia, olhem em volta e celebrem a presença de pessoas amadas que os cerquem. E não se esqueçam de pensar nos que não estão ali, com vocês. Esse momento será de extrema ternura. Uma ternura presente que lhes será, para todo o sempre, uma eterna ternura...
Que o Deus que é de todos, até dos que nEle não crêem, esteja com todos vocês.
Paz e prosperidade.
M.S.
***********************************************
Queridos amigos: nesta última semana do ano até a primeira semana de 2009 este blog estará em recesso. E o blogueiro que humildemente lhe conduz também. Até a volta! Feliz Ano Novo.
***********************************************
Na TV Antigas Ternuras, você vê um clip com trechos de vários filmes antigos sobre o Natal, ao som de “Have Yourself a Merry Little Christmas”, cantado por ninguém menos que Frank Sinatra.
Eis a tradução da letra:
“Tenha um feliz Natalzinho,
Deixe que seu coração se ilumine.
De agora em diante, nossos problemas ficarão fora de nossas vistas.
Tenha um feliz Natalzinho,
Deixe a época natalina feliz.
De agora em diante, nossos problemas estarão bem longe.
Aqui estamos nós, como nos velhos tempos,
Felizes e dourados dias que se foram.
Velhos amigos que nos são tão queridos,
Reunidos junto a nós
Uma vez mais.
Ao longo dos anos, todos temos estado juntos,
Que o Céu assim permita.
Pendure uma estrela brilhante sobre o galho mais alto
E tenha um feliz Natalzinho agora.”

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Boas Festas


Vem chegando o Natal. E se aproxima também o Chanuka (lê-se: “Ranucá”) judaico. As duas festas são comemoradas mais ou menos na mesma época, trocam-se presentes em ambas, mas uma nada tem a ver com a outra. Decidi escrever algumas coisinhas sobre a origem destas duas boas festas. Começarei pelo Chanuka.
Os que visitam regularmente este blog sabem que estou atuando no espetáculo “Anne Frank – O Musical”, que conta a famosa história que tem encantado milhões de pessoas pelo mundo desde 1947.

Pois é. Por estar bastante envolvido com essa produção, quem me conhece sabe que adoro pesquisar, estudar, investigar assuntos que me parecem ser interessantes. Especialmente se forem ligados à História. Tem uma cena na peça em que fala da festa das luzes, o Chanuka. Fui estudar o assunto.
*
Tudo começou por volta do ano de 160 a.C, quando os selêucidas ocupavam a terra de Israel. Os selêucidas eram um povo euro-asiático, dominado por Alexandre, o Grande, em sua expansão para o Oriente, constituindo parte do extenso império macedônio. Com a morte de Alexandre, que não deixou filhos (o que consta é que o rapaz era um bravo soldado, mas gostava mesmo era de colocar um barbado na sua cama; ou seja, aquele pitbull era Lassie, aquela Coca-Cola era Fanta...), seus generais macedônios retalharam e dividiram entre si o vasto império alexandrino.

Coube ao general Selêuco aquela região do Oriente Médio que hoje é calma, serena e tranqüila (Síria, Israel, Líbano, Palestina, Jordânia...). Seus descendentes se sucederam no governo da região, instituindo uma monarquia ligada culturalmente à Grécia clássica. Pois é. Naquela região, todo mundo cultuava os deuses gregos. Menos os judeus. Um certo dia, no Século II a.C, o então rei Antíoco IV (esse aí de cima) se empombou e resolveu que todo mundo teria a mesma religião e hábitos culturais. Invadiu o templo de Jerusalém, colocou uma estátua de Zeus lá e obrigou os judeus a prestarem culto a ela. Obviamente, os judeus se negaram. E muitos foram perseguidos e mortos por conta disso. Até que se rebelaram, e, comandados por Macabeus, venceram os selêucidas, retomando terras e o templo.
*

Seria preciso, pois, purificar o templo que havia sido conspurcado. E purificação se faz com fogo. Seria necessário acender o candeeiro sagrado, para com a chama de sua luz, purificar o templo. Acontece que o candeeiro só podia ser aceso com um óleo especial, que levava oito dias para ser elaborado e purificado. Quando os judeus foram verificar no templo, só tinha um tiquinho de nada deste óleo. Seria preciso fazer mais, o que tinha disponível não daria nem para um dia. O rabino ordenou que o candeeiro fosse aceso assim mesmo, até o óleo acabar. Enquanto isso, eles produziriam mais.
*
Foi quando um milagre aconteceu. Aquele pouquinho de óleo manteve o candeeiro aceso por oito dias, até que mais do combustível especial estivesse produzido. Para relembrar este milagre, instituíram a festa de Chanuka, a festa das luzes. Durante oito dias, assim que aparecesse a primeira estrela no céu, uma das oito velas da chanukia (aquele candelabro de nove velas, que é um dos símbolos de Israel) seria acesa, progressivamente, até que todas estivessem acesas. A vela do meio é utilizada para acender as outras, sempre da direita para a esquerda. O candelabro (hanukiá) deve ser colocado numa parte visível da casa. Durante a cerimônia, se entoam cânticos e pedidos de bênçãos. Trocam-se presentes no último dia de Chanuká. Há quem dê dinheiro para as crianças.
*

Bem, nós, cristãos, temos o Natal. Que é uma espécie de celebração pelo aniversário de Jesus. E aí começam as questões complicadas. Jesus nunca pediu que celebrassem o seu nascimento. Ele pediu para ser lembrado, não uma vez por ano, alimentando o comércio local, mas todas as vezes que comermos pão e bebermos vinho cerimonialmente. Mas vamos pular esta parte.
Resta saber a resposta para a pergunta que não quer calar: quando nasceu Jesus?
Certamente não foi no dia 25 de dezembro, nem foi no ano 1 da era Cristã. Mas então, pelas barbas do profeta, quando foi que o Salvador nasceu?
*

Consultemos a Bíblia (mesmo porque, infelizmente não temos nenhum cartório para verificar a certidão de nascimento...). No Evangelho de Lucas, diz que: “Nos dias de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote chamado Zacarias, do turno de Abias. Sua mulher era das filhas de Arão, e se chamava Isabel (Lucas Cap.1, vers. 5). Mais adiante, o evangelista revela que Isabel, mulher de Zacarias, concebeu João Batista. Lá no versículo 26, deste mesmo capítulo, diz que um anjo apareceu para Maria, falando que a prima dela, Isabel, já estava no sexto mês de gravidez, e que ela, Maria, a partir daquele momento estaria também ligeiramente grávida. O que significa dizer que se nem João Batista nem Jesus foram prematuros, a diferença de nascimento entre eles é de seis meses, mais ou menos. Ora, se João foi concebido "no turno de Abias" (que corresponde a mais ou menos os meses de junho/julho de nosso calendário gregoriano) e Jesus seis meses depois, significa que o nosso Cristo foi concebido entre dezembro/janeiro (talvez até em plena comemoração Chanuka, olhem só). Com isso, João Batista nasceu em março/abril e o nosso Messias em setembro/outubro. Quem sabe Cristo era do signo de Virgem, que nem eu! ( o que seria curioso, visto que a mitologia católica atribui eterna virgindade à Maria, sua mãe).
*

Mas, e o ano? Não foi no ano 1 (lembrem-se: não existe Ano Zero)?
Não, com certeza, não foi. Voltemos lá, naquele versículo de Lucas, o que diz que estavam "nos dias de Herodes". Esse Herodes aí é o chamado "Herodes, o grande", aquele que mandou matar as criancinhas, e que comprovadamente morreu no ano de 4 a.C. O que se estima é que Cristo nasceu no ano 6 antes de Cristo (olha que loucura!). Mas quem é o responsável por essa lambança? Foi um monge trapalhão Dionysyus Exiguus, do Século VI da Era Cristã, que errou os cálculos e instituiu o calendário começando o ano um seis anos depois (para corroborar isso, astrônomos usando computador, chegaram a conclusão que um cometa com características da estrela de Belém, cruzou os céus da Judéia no ano 6 a.C.). Agora não dá mais para consertar.
*

Aliás, foi esse frade lambão que instituiu o 25 de dezembro como data de nascimento de Cristo. Por que ele fez isso? Porque a Igreja Católica já começava a predominar no mundo e queria dar um chega-pra lá nas seitas pagãs que ainda proliferavam naquela época. Nas comemorações pagãs romanas, o 25 de dezembro era o tempo da festa Saturnal, e rolavam altas orgias, com direito a bebidas, mulher pelada, anões besuntados com geléia de framboesa, sexo livre e coisarada. Fazia um sucesso! Pois é. Daí, provavelmente escolheram esta data para acabar com a alegria dos safadinhos e dar um senso religioso àquela sacanagem toda.
*

Quando o primeiro Natal foi comemorado? Já li em fontes sérias que foi por volta do ano 440, ou com quase certeza em meados do Século V. O que não explica o fato dos Flintstones, uma família da Idade da Pedra, comemorarem o Natal, se Jesus não era nascido naquele tempo.
*
Bem, amigos do Antigas Ternuras. Está aí a origem de duas boas festas que fazem o maior sucesso neste mês de dezembro. Faltou eu falar que provavelmente Jesus não nasceu em Belém, não foi numa caverna ou num estábulo, os três Reis Magos não eram nem três, nem reis, nem magos, que Cristo tinha irmãos e... bem, este post já está bastante polêmico. Vamos fechar a conta só com o que apresentei aqui, que já está muito bom...
M.S.
***********************************************
Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve Secret Garden tocando “Ilumination”.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Já está em cartaz "Anne Frank - O Musical"


Bem, amigos do Antigas Ternuras... A minha peça estreou!
E com as graças de Deus tem agradado bastante. Tivemos casa cheia em todos os dias.
Conforme esclareci no post abaixo, o espetáculo fica em cartaz até 21 de dezembro, com entrada franca (as senhas começam a ser distribuídas com uma hora de antecedência).
*
Nossa estréia foi apoteótica. Tivemos pessoas da comunidade judaica se emocionando, inclusive esteve presente o senhor Aleksander Laks, que é um sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz e participou da Marcha da Morte, quando os nazistas retiraram daquele campo de concentração os prisioneiros saudáveis, obrigando-os a caminharem centenas de quilômetros, fugindo do avanço dos Aliados. O senhor Laks, para minha alegria e honra, quis falar comigo e elogiar o meu trabalho. Fiquei comovido com aquele velhinho, andando com dificuldade, sob o peso da idade, vindo conversar comigo para dizer que gostou do que representei.
*
Durante um de nossos ensaios, eu pedi a uma colega de elenco que gravasse duas de minhas cenas. Ela o fez. Só que o diretor a chamou para assistir ao ensaio ao lado dele, pois ele queria que ela anotasse algumas coisas. Daí ela saiu da frente do palco, onde estava para o meio do Teatro. As cenas foram gravadas de muito longe. Acho que não terei outra chance de gravar parte do espetáculo (o Teatro não permite gravações). De qualquer forma, dá para vocês terem uma idéia do cenário e do que fazemos. Era só ensaio. Agora que a peça está pronta, nós a representamos de forma melhor ainda.
*
(vídeo com 1min36seg)

A primeira cena mostra um trecho da canção “My Wife”, onde aparecem num canto o Sr. e a Sra. Van Daan discutindo porque ele queria vender o casaco de pele dela para comprarem comida. Dussel (meu personagem) e Otto Frank estão sentados na mesa assistindo e depois dividem os vocais da segunda parte da música em que cada um fala de sua esposa (eu canto a maior parte): Lotjie, do Dussel, e Edith, de Otto Frank.
*
(vídeo com 2min 18seg)

Na segunda cena, após uma discussão entre alguns dos escondidos no Anexo Secreto, Margot Frank diz que está com fome. No fim do confinamento deles, eles já não tinham mais dinheiro e quase mais nada para vender. Os dois casais entregam suas alianças de casamento para Miep e Kraler levarem. Todos esperam algum gesto de Dussel, que reluta em entregar o seu relógio de ouro, presente de sua noiva. Pena que a gravação tenha sido de tão longe. É uma cena de carga dramática fortíssima.
*
O convite está mantido para os amigos blogueiros que moram no Rio ou que por aqui passem até o dia 21 de dezembro. Depois, não há previsão de o espetáculo prosseguir. A produção está tentando, mas...
M.S.
***********************************************
Na TV Antigas Ternuras, você vê uma montagem que as meninas do elenco fizeram com músicas da peça e algumas fotos. E também duas cenas de ensaios da peça.