domingo, janeiro 27, 2008

Planeta Cassete


Estão vendo este gravador da foto? Pois é. Era o meu MP3 em mil-novecentos-e-não vem-ao-caso.
Houve uma época, no tempo em que Noé era cadete da Marinha e nem sonhava em fazer navio e se meter com Zoologia, que todo rapaz queria ter um gravador de fita cassete para registrar suas músicas preferidas.
A marca do meu era Sanyo.
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Eu ainda tenho todas as fitas que gravei naquela época. Provavelmente nem tocam mais. Para gravá-las sem usar microfone (o som seria horrível) a gente tinha que comprar um fio com plug Phillips numa ponta e de um pino na outra. Isso para gravar do toca-discos (ou vitrola, como chamávamos na época). Ou fazer um fio com pino do tipo “macho-fêmea” nas duas pontas, para a gente filar músicas no aparelho de rádio.
Eu fazia uma seleção de músicas entre os meus discos de vinil e pedia emprestado os discos de amigos. O meu principal fornecedor era o Alcir, meu Obi wan Kenobi em termos musicais. Ele ajudou a forjar o meu gosto musical na época.
Sei que falando essas coisas como gravador cassete, disco de vinil, plug Phillips, pareço estar descrevendo objetos possivelmente encontrados na tumba do faraó Tutancamon. Ué... Fazer o quê? Sou desse tempo...
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Ah, eu me lembro bem das músicas de minha preferência! Na verdade, eu era um boboca colonizado, só me interessava pela cultura norte-americana, vivia falando inglês, desprezando totalmente a cultura brasileira. Ainda bem que os jovens de hoje não são assim, não é mesmo?
De qualquer forma, ouvindo as músicas que eu curtia na época, comparando com as que tocam hoje no rádio... Valha-me Deus!... Eu tinha um gosto refinadíssimo!
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Vejam só a relação de músicas de uma de minhas fitas daquele tempo (quem quiser ouvi-las é só clicar em cima do título, mas antes clique no “X” lá na barra de ferramentas para interromper a música que está tocando agora):
Ma Chèrrie amour, com Stevie Wonder.
Don’t mess with Mr. T, com Marvin Gaye.
So far away, com Carole King.
Bridge Over Troubled Waters, com Simon & Garfunkel.
If, com Bread.
Summer Hollyday, com Terry Winter.
Why can’t we live together, com Timmy Thomas.
Killing me softly with his songs, com Aretha Franklin.
Got to be there, com Michael Jackson.
Clair, com Gilbert O’Sullivan
Neither one of us, com Gladys Knight and The Pips
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E aí? Que tal? Só clássicos, heim?
Eu andava com o meu gravador pra cima e pra baixo. Gastava boa parte da minha mesada em pilhas para o bicho. Se fosse ao banheiro para tomar banho ou fazer o “número 2” (ou como diríamos na minha época: “passar um telegrama”, “ligar a chocolateira”, “botar o moreno pra nadar”, “esculpir uma cerâmica”, “esvaziar a mente”...) levava o gravador; se minha mãe me mandasse ao mercado, ou à padaria, lá ia eu com ele na mão; se fosse ao campo para jogar futebol, chegava cedo e ficava ouvindo música no Sanyo enquanto a moçada não chegava. Ou seja, meu gravador era um apêndice de mim. Era o meu mundo, o meu planeta particular.
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Um dos programas habituais que eu mais apreciava com o gravador era ir para a casa do meu amiguirmão Luiz e ficarmos ouvindo música até meia-noite, saindo de lá com a minha bicicleta sob a preocupação da saudosíssima D. Aída, mãe dele, que, como todas as mães, ficava preocupada com adolescente andando à noite. Só que naquela época isso era possível. Não acontecia nada.
Quando eu descobria alguma música nova, gravava e levava para ouvir junto com o Luiz. Curiosamente, hoje, trocentos anos depois, ainda vou pra casa dele com DVD de show para a gente ver junto (aliás, tô com saudades desse moleque!).
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Meu gravador era meu confidente nos desencontros de amor. Estão ouvindo esta música que está tocando na Rádio Antigas Ternuras? Pois é. Já curti dor de cotovelo ao som dela, porque uma menina não quis me namorar. Lembro que uma outra paixão recolhida me fez ouvir Fire and Rain, do James Taylor durante horas. Eu até lembro da menina por quem eu era apaixonado nessa época. Depois nos tornamos amigos, ela vive há muitos anos nos Estados Unidos com o marido.
Ah, ouvir músicas no meu velho Sanyo ajudava a fazer o rescaldo em meu coração abrasado. Tem gente que afoga as mágoas em birita. Eu afogava as minhas em notas musicais. Pelo menos meu fígado saía intacto!
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Este post fica como uma homenagem a este velho amigo que reencontrei noutro dia, quando estava procurando algumas velharias nos meus guardados. Nem tentei fazê-lo funcionar. Provavelmente seu motor já deve ter ido para o céu dos mecanismos eletrônicos. Melhor deixá-lo no seu repouso. De forma alguma eu me desfaço dele! Boa parte de minhas antigas ternuras passaram por seus botões e alavanca de controle.
Se minha alma pudesse ser fragmentada, um pedaço estaria guardado junto a velhas fitas cassete e um gravador de pilha.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Think of me as your soldier”, de e com Stevie Wonder. Quem já dançou esta música coladinho com uma pequena, pode falar, como Pablo Neruda, “Confesso que vivi”. E como ele também dizer “nas alturas arderá de novo/ o meu coração ardente e estrelado”.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Lendas - Um post de verão


Todo mundo gosta de verão, não é? Bem, quase todo mundo. Confesso que o verão carioca me tira disposição. Isso aqui parece a boca do vulcão Vesúvio! Eu fico pensando em líquido, muito líquido. Tudo de frio, gelado e refrescante que existe. Um bom suco, um chá com gelinho picado... Penso em sorvete, também. Mas estou de dieta, como compensação da suruba alimentar que foi meu Natal e Reveillon. Engordei muito mais que devia e agora fechei a boca.
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E neste tempo fervente de fritar miolos, meu liqüidificador tem trabalhado alucinadamente. Fico inventando bebidas refrescantes para dar uma folga na quentura. Foi quando lembrei de uma lenda de meu tempo de menino. E acho que é lenda do tempo de menino até dos meus avós.
Manga com leite, mata.
Recentemente, vi um comentário da querida blogueira Chuvinha lembrando exatamente desse dito popular.
Será que mata mesmo?
Bem, se matasse, haveria uma hecatombe monumental entre os que apreciam sorvete de manga. É só dar uma olhada nos ingredientes e vocês verão que tem polpa de manga e leite na composição da guloseima. Além disso, se matasse eu estaria falecido há bastante tempo, pois gosto de fazer um suco que os americanos chamam de mango milk.

Dou a receita:
Junte num liqüidificador três partes de suco de manga (pode ser de caixinha, pode ser a própria fruta) e uma de leite (pode ser desnatado, integral, até leite em pó). Gelo a gosto, açúcar ou adoçante de acordo com a preferência do freguês. Bata tudo por cinco segundos. E pronto!
Podem beber sem susto que ninguém morre.
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Mas como é que surgiu esta lenda?
Pois é. Isso vem do tempo da escravidão. A explicação tem variações. Mas uma versão corrente diz o seguinte. Os meninos escravos que eram incumbidos de ordenhar as vacas pela manhã, aproveitavam a bebiam parte do leite. Depois, iam se fartar nas mangueiras do quintal. Foram proibidos de fazer isso, mas sabe como é, criança sempre dá um jeitinho. Se não podiam comer manga de dia, atacavam as frutas de noitinha, antes de irem para a senzala. Os capatazes descobriram e inventaram um estratagema: envenenaram os moleques e disseram para todo mundo que foi por causa da mistura de manga com leite. A notícia correu chão. “Manga com leite faz morrer!”. Tinha até um ditado assim: “Manga de manhã é ouro, de tarde é prata, de noite mata”. Com isso, a força da crendice popular deu “verdade” à lenda. Como já foi dito, “uma mentira contada muitas vezes acaba virando verdade”.
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Tem outra lenda bastante difundida, especialmente no Rio de Janeiro.
Chá-Mate causa impotência.

Há quem inclusive apelide mate de “broxante”. Nas praias cariocas, é a coisa mais comum chamar o vendedor de mate gelado assim:
“Aê, dá um broxante aqui!”
E então? Mate transforma o que é meio-dia em seis e meia ou isso é tudo invenção dessa povo ingrinorante?

O que eu já ouvi/li de “teorias” sobre mate, é uma festa... Que todo chá rouba cálcio dos ossos, que causa anemia por eliminar o ferro do organismo, que provoca gastrite e, é claro, causa impotência sexual. Ora vejam vocês: A China é o maior povo consumidor de chá no planeta e curiosamente é o que tem maior população. Se chá causasse broxice, como é que os chineses fariam tanto filho se deveriam ter o pinto amolecido feito pelanca de alcatra? E os ingleses, que também tomam muito chá? Será que eles também estão com o pinguilim mais para chicotinho do que para mastro de bandeira?
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Pelo visto, tem mito brabo nesta história. Fui pesquisar na área científica, porque nada é melhor que ciência para derrubar lendas. Tem um site, esse aqui, ó, que descreve as características da erva-mate e ainda cita duas dissertações de mestrado (uma de Renato Kaspary e outra de Eunice Valduga) que tratam do assunto. No texto, tem um trecho que fala assim:

“A erva-mate contém altas proporções de vitamina E, efetiva na regulação das funções sexuais, além de ser um elemento indispensável para a pele. As análises feitas com as folhas de erva-mate mostram que esta planta possui vitaminas, aparecendo em maior escala as do complexo B; possui também cálcio, magnésio, sódio, ferro e flúor, minerais indispensáveis a vida.”*
Arrá. Então a característica broxante do mate é lenda, mesmo. Mas, como é que isso começou?
Fui pesquisar e vi duas correntes. De certa forma, as duas apresentam motivações semelhantes. Uma, fala do Exército e do serviço militar obrigatório. A outra, fala de um determinado colégio administrado por ingleses. Acho a segunda mais plausível. Vamos a ela.
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Num certo colégio de internos masculinos no interior de algum lugar do Brasil, os professores ingleses estavam muito preocupados com o volume de hormônios dos rapazes. Masturbação, brigas, discussões, enfim, tudo aquilo que é comum entre adolescentes, lá no internato estava acontecendo de forma um tanto exacerbada. Daí, o britânicos tiveram a idéia de jerico de secretamente colocar calmante no chá (ou no mate) que os fogosos rapazes ingeriam pela manhã e a tarde. Resultado? Bem, os moços ficaram calminhos, calminhos. Incluindo, é claro, aquela certa parte do corpo que está localizada entre a virilha esquerda e a direita...
Quem percebeu que estava acontecendo algo de errado, colocou a culpa no mate. Se antes, o bigorrilho ficava duro que nem um gato conseguiria arranhar e ultimamente, o dito cujo andava mais para chicletinho... O culpado era do mate. Logo, mate só podia ser broxante!
(A versão dos soldados do Exército era muito semelhante a esta)
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Bem, amigos da Rede Globo. Eis aí duas explicações para lendas que muitos juram de pés juntos que é pura verdade. São os mesmo que acham que apontar estrela faz nascer verruga no dedo, deixar chinelo virado para baixo traz a morte para dentro de casa, assobiar de noite chama cobra... e vai por aí a fora.
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Já andei escrevendo aqui que acreditar em tudo o que se ouve/lê sem tirar a limpo é disseminar o erro. Engolir historinhas sem mastigar direitinho é tornar “verdade” o que é absolutamente mentiroso.
É ou não é?
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Tempo de Estio”, de e com Caetano Veloso. Já pintou verão, calor no coração!

terça-feira, janeiro 15, 2008

Se puder, acredite!


Quando eu era mais novinho (arram, arram...), tinha um programa de TV que eu gostava muito de assistir, chamado “Acredite se quiser”. Ia ao ar pela finada TV Manchete, apresentado pelo também finado Jack Palance, quem lembra? Ninguém? Só eu? Caraco! Acho que eu estou ficando velho...
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Bem, o programa, cujo nome original era “Believe it or not”, foi criado há muito tempo pelo cartonista e aventureiro Robert Ripley (1893-1949). Na verdade, desde 1918 ele já apresentava, em forma de desenhos, a coleção de bizarrices que ele encontrava pelo planeta. E como tinha (e tem) coisa bizarra nesse mundo!
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Eu lia nO Globo, lá em mil-novecentos-e-não-vem-ao-caso, a coluna “Acredite se quiser” e me divertia com as excentricidades. Eu até já andei fazendo post sobre isso. Mas a cada vez que eu dou uma geral pela internet percebo que o Ripley teria muito assunto para os seus programas. Esse mundo é estranho, mesmo...
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Olhem só: “Homem puxa ônibus londrino com as orelhas”.
A falta do que fazer é um troço incrível... Pois um britânico, um tal de Mangit Singh, foi pra rua e arrastou um ônibus de 7,5 toneladas pelas orelhas.


Ele queria entrar no Guiness, mas dançou. Um outro maluc..., quer dizer, concorrente, tinha puxado um avião a jato com os pavilhões auditivos! A essa altura, o cara deve estar que nem o Sr. Spock, de “Jornada nas Estrelas”...
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Mas nem só de doidões se fazem as bizarrices da vida. Li, recentemente, que um cara tinha sido adotado e quando fez 18 anos, queria porque queria encontrar sua mãe biológica. Foi na agência que tratou de sua adoção e com muito custo conseguiu o nome da mulher. Uma tal Christine Talladay. Daí, o sujeito caiu dentro da Internet, atrás da genitora que o tinha entregue para ser adotado. Não achou nada. Tempos depois, ele recebeu da agência um papel dando conta de que tinham errado na grafia do nome da mulher. O certo era Tallady.

Voltou para a internet e, para sua surpresa, descobriu que o endereço da mãe era perto da loja em que ele trabalhava. Conversando com o chefe, perguntou se ele conhecia a mulher e a rua em que ela morava. “Você está falando da Chris Tallady? Ela trabalha aqui desde abril.” Pois é. Acredite se quiser. O cara procurando a mãe e ela era colega de trabalho dele! É mole ou quer mais? Vejam os dois na foto.
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Eu guardei por último a melhor das excentricidades. Essa é flórida, mesmo!
Pois bem. Tem uma britânica chamada Sarah Carmen (a moça da foto abaixo), de 24 aninhos a criança, que afirmou ter, em um dia normal, cerca de 200 orgasmos por dia! Alô, atenção! Eu falei 200 orgasmos por dia!

Disse a matéria que ela tem uma rara (e interessante!) doença chamada de “Síndrome de Excitação Sexual Persistente” (PSAS, na sigla em inglês), que a deixa bastante excitada por longos períodos, mesmo sem ter qualquer estímulo ligado ao nheco-nheco.

Segundo a reportagem, o barulho do trem, o som do secador de cabelo, o movimento ritmado de uma fotocopiadora, uma freada do ônibus, qualquer coisa assim pode fazer a moça gozar enlouquecidamente. O repórter que a entrevistou assegura que ela não é ninfomaníaca. A tal síndrome dela causa excessiva irrigação sangüínea na periquita, fazendo com que tenha alta, ultra, mega sensibilidade no local. Quem começou a achar que tinha algo de estranho acontecendo foi um namorado da moça. Quando os dois estavam no lesco-lesco, nem bem começavam os trabalhos e a moça já estava “oooooohhh...huuummm...aaaahhhh!”. Claro, pois se ela revira os olhinhos quando ligam o liqüidificador, imagina quando a cobra caolha brinca de trenzinho com a perereca? É uma loucuuuura! Aliás, ela afirmou que não costuma ser fácil manter um namorado, pois os caras se sentem frustrados, já que não precisam nem caprichar. Basta botar o canelloni pra fora e a moça já entra em atitude de “aimeudeus, aimeudeus...”
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Já pensaram como é esquisita a vida de uma pessoa assim? Já imaginaram ela num velório? Ela ali, ao lado do caixão e alguém, sei lá, acende um isqueiro perto dela...
“Yes! Yeees! Oh, yeeeeeeeeeeeesssss”!!!!
E ela num restaurante? Ela senta para almoçar, começa a cortar o bife e...”anh... aaaanh... AHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!” No mínimo, alguém chamaria o garçom e pediria: “Vou querer o mesmo que aquela moça está comendo!”
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Para vocês verem como a vida da moça é...huuum... digamos... agitada, disse o jornalista, Matthew Acton, que durante a entrevista de 40 minutos a britânica "chegou lá" cinco vezes. Ele só não falou o que ele fez para a moça gritar “bingo” por cinco vezes em menos de uma hora...
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Paciência”, com Lenine.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Melhores e piores de 2007!


Eis que é chegado o momento de escolher os vencedores dos prêmios criados aqui no meu, no seu, no nosso Antigas Ternuras, aos que se destacaram na TV e no cinema, em 2007. O escritor que vos digita nunca escondeu ser um cinéfilo juramentado e um atento telespectador, desde tenra idade.
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Comecemos, pois, pela televisão.

Na categoria Pior Programa da TV aberta, fazendo jus ao prêmio REFRIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO, muitos são os indicados. Desde a primeira versão do prêmio, continuo indicando a programação de humor de todos os canais, com a honrosa exceção do Casseta e Planeta (que também não anda lá essas coisas...). De tudo de péssimo que assisti em 2007, continuo achando ZORRA TOTAL como o que de pior há. Na verdade, tem tempo que deixei de ver esta merda. Mas nas chamadas do programa vejo que ele continua uma bosta. Logo... prêmio de péssimo para ele!

Na categoria Pior Programa da TV a Cabo, também tem uma bagaceira braba concorrendo. Mas escolho aquele do lutador de crocodilo, o tal de Jeff Conway. Putz! O que é aquilo????? Leva o REFRIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO com as honras da casa!
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Entre os melhores programas do ano passado, na TV aberta, destaco alguns e até poderia indicar outros. Mas aplaudo os seguintes:
- Fantástico
- Por toda a minha vida
- Carga Pesada
E escolho para receber o prêmio PIPOCA FUMEGANTE...
POR TODA A MINHA VIDA.

Essa série de programas biografando nomes da música popular brasileira foi, na minha modéstia opinião, um ponto alto da TV no ano passado. Todos foram muito bem produzidos e representados, com destaque para o Renato Russo e o da Elis Regina.
Quero destacar alguns quadros do Fantástico como muito interessantes, a começar pelo de História com o Eduardo Bueno. Eu sou admirador confesso dele e inclusive já o disse pessoalmente ao cara.
Na TV a cabo, teria muitos destaques, mas vou indicar:
- Os Dez Mandamentos (Discovery Channel)
- Moonlight (Warner Channel)
- Jesus: O filho de Deus (Discovery Channel)
And the oscar goes to...

JESUS: O FILHO DE DEUS.

Esse programa apresentado no canal Discovery Channel foi maravilhoso. O que eu aprendi sobre as coisas do tempo de Cristo não está no gibi! Acho que vocês já perceberam que eu tenho um pequeno fraco por História, não é? E descobrir aspectos ocultos sobre o início da Era Cristã é uma de minhas mais antigas ternuras. Portanto... Palmas para o National Geographic!
Os “Dez Mandamentos” também foi notável! Um dia desses ainda faço um post sobre este programa. Moon Light é uma bela revelação entre as novas séries. Trata-se de um vampiro que virou investigador particular e é ajudado por uma jornalista. Muito bom. Eu quero destacar também as temporadas de Supernatural, Lost, 24 Horas, Smallville, Desperate Housewives, CSI Miami, Ghost Whisperer e os poucos episódios de Nightmares and Dreams, com roteiro de Stephen King.
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Chegamos, então, ao cinema. Em 2007, resolvi fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo: catalogar e fichar todos os filmes que assisti nos cinemas durante o ano. Podem acreditar: eu assisti a 99 filmes em 2007! E fiquei chateado de não ter chegado aos 100, como era a minha meta! E olhem que eu só contei os que vi em cinema! Os que vi em DVD ou na TV não entraram na minha contabilidade.
Já pensaram se eu tivesse feito essas anotações desde o primeiro filme que vi na vida? Em que número eu estaria? Acho que teria passado de três mil. Desde pequeno eu vou muito a cinema.
Na minha ficha, eu anotei o nome, o país de origem, o ano, o diretor, a sala de cinema em que o assisti, quando, um pequeno resumo, os principais atores e minha classificação. De forma geral, classifiquei os filmes em ruim, regular, bom, muito bom e excelente. Mas às vezes, classificava como "divertido", "bom entretenimento", "confuso", "complicado", "lamentável" e "fofinho" (no caso, como chamei o filme "Miss Potter").
Algumas estatísticas: do total, 62% foram produções norte-americanas, 13% filmes brasileiros, 8% franceses, 7% ingleses e os demais se dividem em produções da Alemanha, Coréia, Romênia, Espanha, Tailândia, Itália, Portugal, China e Nova Zelândia.
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Para o prêmio REFRIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO, que costumo dar aos piores filmes que assisti neste ano, temos entre os estrangeiros:
- Homem-Aranha 3 (EUA, 2007, dir. Sam Raimi)
- Possuídos – (EUA, 2006, dir. William Friedkin)
- Viagem a Darjeeling (EUA, 2007, dir. Wes Anderson)
A parada é dura para escolher um deles. Todos são muito, muito ruins. Mas escolho para o prêmio REFRIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO de PIOR FILME DE 2007...
POSSUÍDOS.

A série Homem-Aranha tem sido lamentável. Detestei todos os três. Mas tenho que reconhecer que este "Possuídos" é de dar nó em tripa de avestruz. Eu considero William Friedkin um diretor de méritos. Ele tem dois filmes no currículo que considero como excelentes: "O exorcista" e o excepcional "Operação França". Mas nesse "Possuídos" ele errou feio... Aí vai a súmula que escrevi sobre este (argh) filme:
Um homem misterioso inicia um relacionamento com mulher que tem problemas com o ex-marido. Ele a convence que tem insetos sobre a pele e que é tudo culpa do governo norte-americano, que o submeteu a pesquisas sem o seu consentimento. Com Ashley Judd, Michael Shanon, Lynn Collins, Brian F. O’Byrne.
Entre os brasileiros, só um filme mereceu minha classificação de ruim. E é com tristeza que eu entrego o prêmio REFIGERANTE SEM GÁS E SEM GELO de PIOR FILME DE 2007 a...
NOEL - O POETA DA VILA.

Sou ardoroso fã de Noel Rosa. Tenho a biografia dele escrita pelo notáveis João Máximo e Carlos Didier como um de meus melhores livros. Mas este filme é de amargar... Não consegui entrar no clima em momento algum. Fui amigo de duas ex-mulheres de Noel: a Ceci e a Lindaura. E não as reconheci de forma alguma nas atrizes que as representaram.
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E agora, os Mejores! Tcham, tcham, tcham, tchaaaaaam....
Em 2007, 14 filmes receberam de mim a classificação de "Excelente": 4 produções norte-americanas, 2 francesas, 1 alemã, 1 anglo-franco-italiana e 5 produções brasileiras e uma brasileiro-suiço-finlandesa, o que de certa forma não deixa de ser uma agradabilíssima surpresa.
Para concorrer a MELHOR FILME ESTRANGEIRO DE 2007, indico os seguintes:
- A Rainha (Inglaterra/França/Itália, 2006, dir. Stephen Frears)
- Cartas de Iwo Jima (EUA, 2006, dir. Clint Eastwood)
- Um Lugar na Platéia (França, 2006, dir. Danièle Thompson)
- No Vale das Sombras (EUA, 2007, dir. Paul Haggis)
- A Vida dos Outros (Alemanha, 2006, dir. Florian Henckel von Donnersmarck).
Olha... Foi uma decisão difícil... Muito difícil... Mas o prêmio Pipoca Fumegante 2008 vai para...
A VIDA DOS OUTROS.

Eis o resumo do filme, conforme está na minha ficha:
Nos anos 80, quando a Alemanha ainda era dividida pelo Muro de Berlim, o bem-sucedido dramaturgo Georg Dreyman e sua companheira, a famosa atriz Christa-Maria Sieland, vivem em meio à elite intelectual da Alemanha Oriental. Quando o Ministro da Cultura se interessa pela atriz, o agente do serviço secreto Wiesler recebe a missão de observar o casal, passando a achar suas vidas e personalidades cada vez mais fascinantes. Com: Sebastian Koch, Martina Gedeck, Ulrich Mühe, Thomas Thieme.
O filme é esplêndido, transbordante de humanidade e sensibilidade. Venceu, com méritos, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2007. E agora o “Pipoca Fumegante 2007”.
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Para o prêmio Pipoca Fumegante 2007, na categoria MELHOR FILME BRASILEIRO DO ANO, os indicados são:
- Carreiras (Brasil, 2005, dir. Domingos Oliveira)
- Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá (Brasil, 2006, dir. Silvio Tendler)
- Brasileirinho – Grandes encontros do choro (Brasil/Suiça/Finlândia, 2007, dir. Mika Kaurismäki)
- Tropa de Elite (Brasil, 2007, dir. José Padilha)
- Jogo de Cena (Brasil, 2007, dir. Eduardo Coutinho).
Também não foi uma escolha fácil, mas tenho que me render aos fatos: "the winner is...
TROPA DE ELITE.

Na minha ficha, assim resumi o filme:
Um capitão do BOPE quer deixar o posto e busca um substituto, ao mesmo tempo em que dois amigos se destacam por sua honestidade como policiais. Com: Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro, Milhem Cortaz.
Acho que nem tenho muito a dizer, visto ser o filme brasileiro mais badalado do ano. E com absoluta justiça.
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Bem, amigos da Rede Globo... Estes foram os meus melhores e piores do ano que findou. Imagino que vocês concordarão com algumas das citações e discordarão de outras. É sempre assim. Lista de melhores é que nem bunda: cada um tem a sua.
Até o proximo ano!
M.S.
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Meus caros amigos: neste sábado (12), estarei fazendo mais uma noite de autógrafos de meu livro. Vai acontecer na Sede da Cia, de Teatro Contemporâneo, onde também atuo, a partir das 19h. Fica na Rua Conde de Irajá, 253, Botafogo, bem perto da Cobal Humaitá.
Após os autógrafos, estarei atuando na peça “O Cadillac Vermelho”, a partir das 21h. Quem quiser livro e peça paga um preço especial. Quem puder ir, vai me proporcionar uma enorme alegria.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Over the Rainbow”, com a Glenn Miller Orchestra.

domingo, janeiro 06, 2008

Festa de Ano


Eu passei meu reveillon em uma pousada-fazenda. Sempre gosto de começar o ano em meio a calma bucólica, no silêncio das línguas cansadas, onde eu possa ficar do tamanho da paz, como diz a excelente música de Zé Rodrix e Tavito.
E depois do espocar da champanha, gosto de caminhar sozinho, fazendo minhas orações, mentalizando boas energias, coisas do gênero.
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Estava do lado de fora da casa, em um descampado quando vi. O exato momento em que o Ano Velho dava a vez ao Ano Novo.
Na verdade, era uma reunião de Anos Velhos. Vi vários senhores de barbas brancas, com túnicas alvas, cada uma com um ano impresso. Eles inclusive se tratavam pelos números. Havia os mais efusivos, os mais quietos, uns mais alegres, outros mais tristes.
*

Eu me aproximei daquele estranho grupo e vi que todos rodeavam um menino com a inscrição “2008” na roupa. Dois velhos, o “1958” e o “1968” eram dos mais animados e faziam muitas recomendações ao guri:
- Olha, ano terminado em 8 dá muito certo. Quero ver você honrando a nossa estirpe! Veja só a responsabilidade, heim?
Um velho com a inscrição “2000” tentava interferir:
- Deixa o garoto! Não coloquem esse peso todo nas costas dele. Eu sei muito bem o que é começar cheio de expectativas...
Um outro velho, com uma inscrição “2001” acima de um “I love NY” entrou na discussão apontando o dedo para o 2000:

- Expectativa? Você roubou a minha expectativa! Levou erradamente a fama de primeiro ano do milênio. Eu sou o primeiro e verdadeiro ano do milênio e do Século XXI! Você é um farsante, 2000!
Eu estava pronto para apoiar o “2001” nos seus argumentos quando ouvi o “2002” falando:
- Deixa de bobagem! Isso de comemorar início do século com ano zero é uma novidade, sim, mas não deixa de ser uma curiosidade. Você está amargurado por conta das merdas que aconteceram no seu tempo. Começar século e milênio com avião derrubando torr...
- Melhor mudar de assunto! – propôs “1998” – Agora não é o momento disso.
*
Eu via todos afagando “2008”, os dois anos mais animados – “1958” e “1968” - faziam massagem nos ombros do garoto, como se ele fosse um lutador de boxe prestes a entrar num ringue. Num canto, sem que ninguém desse atenção, estava “2007”, com uma expressão entre a tranqüilidade do “missão cumprida” e a melancolia de um “fiz o que pude”.
Fui até ele.
*
- Eu quero te agradecer. Você foi muito bom para mim. Eu sempre vou me lembrar de você, pelas ótimas coisas que me aconteceram em seu tempo.
Ele me olhou sorrindo triste.
- Eu sei. E me alegro por conta disso.
Estávamos os dois ali, olhando um para o outro, sem ter o que dizer. Mentalmente revi meus muitos bons momentos no ano que passou, a concretização de um antigo sonho, os muitos sorrisos e as poucas tristezas.
*

Fomos interrompidos pelos gritos de “vai que é tua, garoto!” E vi “2008” saltitando e fazendo exercícios de alongamento, como um jogador de futebol na beira do campo. O velho ao meu lado olhou para ele e murmurou algo como “boa sorte”. Todos começaram a aplaudir o novo ano. Eu também bati palmas para ele. Mas, súbito, me voltei para 2007 e dirigi a ele meus aplausos. O velho, sorrindo, fez um gesto com a cabeça, agradecendo. Dirigi os olhos para “2008” no exato momento em que ele ia adentrar o “campo”. Ele me viu e, com um sorriso enigmático, piscou um olho para mim. O que ele queria dizer com aquilo? Eu ia perguntar algo para ele, mas pingos de chuva caíram sobre o meu rosto e eu passei a mão nos olhos para limpar as gotas, ao abri-los, a cena já tinha passado, tudo desaparecera. Eu estava novamente sozinho.
*
O céu se iluminava cada vez mais multicor com o estouro dos fogos. Ao longe, ouvia as pessoas cantando dentro da casa: “adeus Ano Velho... Feliz Ano Novo... Que tudo se realize... No ano que vai nascer...”
Eu me dirigi para lá sem pressa. Deixei que a chuva banhasse a minha alma por alguns instantes.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Overjoyed”, de Stevie Wonder. Durante vários dias na passagem do ano cantei esta música, assim, inconscientemente. Depois, lembrei que uma das traduções possíveis para este título é “De bem com a vida” ou “Super contente”. Aí entendi porque estava cantarolando esta pequena pérola. Espero que todos vocês entrem neste alto astral também.
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No blog Playground dos Dinossauros tem texto meu. Se alguém aí é do tempo do “Jerônimo, o Herói do Sertão”, apareça por lá. Se não é e quer saber do que se trata, vai também.