quinta-feira, outubro 21, 2010

De volta da volta ao mundo


Bem, amigos do Antigas Ternuras... Estamos de volta. Fiz um pequeno pit-stop de três semanas para dar a volta ao mundo. Velho Mundo. Estive em Portugal e Holanda. Junto com a Espanha, que conheci em 1998, já são três países europeus no meu modesto cartel.
O que posso dizer dessa viagem? Vou resumir em duas palavras, como diria o nosso bravo deputado Tiririca: MARA VILHA!
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Aliás, lá em Portugal, ouvi muitos comentários sobre a bombástica eleição do Tiririca. Todos seguidos de risadinhas de escárnio. Eu tentava argumentar que o Congresso brasileiro é um circo, logo, é muito natural que o povo mande um palhaço para lá. Ou estou enganado?
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Não vou ficar aqui descrevendo como minhas férias foram fantásticas, como tudo é maravilhoso na Europa, que lá tem cultura e segurança, que vi tudo do bom e do melhor etc. etc. É muito chato ficar ouvindo descrições minuciosas de viagens dos outros. E quando nos empurram álbuns de fotografias, ou nos obrigam a ver trocentos slides das “férias maravilhosas”, a gente tem vontade de botar para fora o Freddy Krugger que existe em nós. Digo isto para alertá-los que não vou ficar aqui contando como minha viagem foi ótima.
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Mas considero que pode ser interessante recordar algumas histórias que aprendi lá. E que tem tudo a ver com a proposta deste blog, de contar histórias, desvendar coisas antigas.
Bem, hoje, vou narrar-lhes algumas descobertas que fiz no Velho Mundo.
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Vocês sabiam que “cafezinho”, em Portugal, aquele que a gente toma em bar, é chamado de “bica”? Já até consigo ouvir o pensamento da imensa maioria que está lendo isto: “Ah... novidade! Todo mundo sabe disso, ô mané!” Sei, sei... Calma... A pergunta que faço é a seguinte: Por que chamam o cafézinho de bica? “Porque sai da bica da cafeteira, ora essa!”, poderiam me responder os espertos mais apressados. Eu mesmo disse isso quando o português me fez essa mesma pergunta.
A verdade é que não é isso.
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Quando o café foi lançado lá em Portugal, nos bares de Lisboa e do Porto, a novidade atraiu a atenção de todos, que queriam sorver essa maravilha que todo mundo falava. Pediram o café, provaram... e disseram: “Ó pá, que esta coisa é muito amarga! Ruim demais!” e saíam, fulos da vida. Não dava nem tempo de receberem a instrução de adoçarem antes.
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Foi quando um dono de botequim resolveu colocar uma tabuleta, esclarecendo. Pediu que um pintor fizesse uma bem visível, para que todo mundo entendesse. E o gajo pintou a frase: “Bebe-se Isto Com Açúcar”. Realçando bastante as letras B, I, C e A.
Perceberam?...
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Nas ruas, para seguirem o hábito dos ingleses e americanos, os portugueses pintaram a palavra “STOP” antes do cruzamento. Não adiantou muito, pois havia gente que saía avançando na rua, por não saber o que estava escrito ali. Até que uma boa alma esclareceu, pintando ao lado a explicação. Segundo ele, aquilo era uma sigla:
Se Tens Olhos, Pare”.
Pronto. Resolveu-se a situação.
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Aqui no Brasil, o português da piada é praticamente uma instituição. Essa figura faz rir por ser ingênua e atrapalhada, com pouquíssima inteligência. Eu quis saber o que eles achavam disso. O mesmo português que me explicou sobre a “bica” me disse que lá em Portugal, eles também contam piadas como as nossas, só que o personagem é o “alentejano”. Esta criatura, obviamente, nasceu no Além-Tejo, ou seja, na região que fica na parte oriental do rio. Eu estive em algumas cidades alentejanas, como Évora, Palmela, Setúbal... E são todas mui lindas, com gente alegre e hospitaleira. Mas para os portugueses das outras regiões, os habitantes de lá são meio lesados, os próprios personagens de piadas. Um exemplo: “sabe por que o alentejano gosta de viajar no primeiro vagão dos trens? Para chegar primeiro nos lugares”. Eles morrem de rir com essas coisas. Dizem até que os próprios alentejanos contam piadas como essas sobre si, rindo deles mesmos, não se levando nem um pouco a sério, como mandam os manuais do bom viver.
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Ouvi uma piada sobre alentejanos que me agradou bastante. É assim:
Um alentejano abriu um bar e no dia da inauguração amarrou um burro no balcão. Os fregueses entravam e estranhavam aquilo. Até que um deles perguntou: “Ó Manuel. O que se passa aqui? Por que esse burro está amarrado no balcão? É para espantar a freguesia, é?” E o dono do estabelecimento esclareceu, com ares de quem é muito esperto: “isso está aí com uma finalidade. É para aposta.” O outro quis saber: “Mas que aposta?” Respondeu o Manuel:
- Eu pago cem euros para quem fizer o burro rir!
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O outro pensou, pensou... E disse que topava. “Mas só se você deixar que eu leve o burro ali fora um instantinho!” O Manuel não viu nada de mais nisso. Concordou.
O gajo levou o burro para o lado de fora do bar e falou alguma coisa no ouvido do animal. E o burro começou a dar risada! Caiu na gargalhada mesmo!
O cara voltou para o bar e pegou o dinheiro do embasbacado Manuel.
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No dia seguinte, ele voltou ao bar, e o burro continuava ali, no balcão. “Ó Manuel! O animal ainda está aqui?” O outro não se fez de rogado: “É para aposta. Desta vez eu pago duzentos euros para quem fizer o burro chorar!”
O outro pensou, pensou e disse que aceitava. Mas novamente, queria levar o burro lá fora. O Manuel consentiu de novo.
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Na calçada, o cara segredou alguma coisa no ouvido do burro, depois se posicionou na frente dele. Passados alguns instantes, o pobre asno começou a chorar inconsoladamente. O tal gajo voltou para o bar querendo o dinheiro da aposta. Mas o Manuel berrou:
“Espera lá! Tudo bem, eu pago a aposta. Mas você vai ter que me dizer qual é o segredo disso? Ontem, fizeste o burro rir; hoje, ele chorou. Como é isso?”
O gajo explicou:
- Ontem, eu cheguei no ouvido dele e disse: “Tenho a piroca maior que a tua!” Ele começou a rir, debochando. Hoje eu falei para ele: “Quer apostar que meu pinto é maior que o teu?”
“E aí?”, quis saber o Manuel. E o gajo respondeu:
“E aí que ele perdeu a aposta!”
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Uma coisa curiosa que eu verifiquei em Portugal. Nos cinemas, no meio do filme, se faz um intervalo de cinco minutos. Eles dizem que é para o público poder dar uma mijadinha, comprar mais pipoca, algo para mastigar... Eu achei aquilo estranho. Não estou acostumado. Mas depois fiquei imaginando quantas vezes me retorci na poltrona, doido para o filme acabar para eu ir no banheiro esvaziar a bexiga.
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Tem mais histórias. Depois eu conto.
M.S.
(Na foto, estou conversando com meu amigo Fernando, que parece ser um poeta muito conhecido em Portugal…)
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Além de Portugal, estive na Holanda, em Amsterdam. Logo, tive que desenferrujar meu inglês. Para isso, contei com uma personal teacher e com um curso audiovisual que me ajudou bastante. Aprendi muito com ele. Caso vocês queiram ver como é a primeira aula, basta clicar na setinha. O método é bem fácil, a gente aprende com música, a pronúncia fica perfeita.


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Na TV Antigas Ternuras, você ouve e vê uma aula do revolucionário método “Aprenda Inglês com os Beatles”. Chega de ficar só no the book is on the table...