segunda-feira, janeiro 30, 2006

Vai com Deus!


É tempo de férias, de relaxar... Então, que tal Boquete? Ou talvez você queira Pica? Ah, já sei: você prefere Cagar, não é?
Calma, queridas leitoras! Não precisam fechar esta página, achando que eu enlouqueci.
Eu explico. Um minutinho só.
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Quando eu trabalhava em assessoria de imprensa, uma de minhas tarefas era descobrir pautas para os jornalistas. Volta e meia eles telefonavam para lá atrás de uma nota ou de uma sugestão de matéria. Os colunistas, então, ligavam na sexta desesperados, pois tinham de fechar as colunas de sábado, domingo e segunda. Por conta disso, nos meus momentos de folga eu me debruçava no Anuário Estatístico, atrás de alguma coisa que pudesse interessar os meus coleguinhas.
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Certa vez eu estava lendo a relação de todos os municípios brasileiros e me divertia com os nomes engraçados, como Varre-e-Sai (RJ), Passa e Fica (RN), Não-me-Toque (RS), Mato Leitão (RS), Bofete (SP), ou mesmo com Nova Iorque (MA), Barcelona (RN), Califórnia (PR), Xangri-Lá (RS)...
Mas o grande barato eram as cidades batizadas com nomes sugestivos, como Fartura (PI), Saudades (SC), Alegria (RS), Segredo (RS)... Fiquei pensando: será que os habitantes de Feliz (RS) são felizes? E em Concórdia (SC), ninguém briga? Como seriam os indicadores de doenças da cidade de Saúde (BA)? E em Segredo (RS), não tem fofoca? O povo de Caridade (CE) honra o nome da cidade? Será que em Fartura (PI) o povo tem do bom e do melhor?
Senti que essa idéia poderia dar samba. Quando um jornalista ligou pedindo sugestão de pauta eu entreguei essa.
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O cara adorou a idéia. Ele a apresentou ao seu editor, que também gostou e a matéria saiu. Meia página. Usando as sucursais e o escambau.
Na nossa conversa, eu comentei com ele aquela famosa frase de pára-choque de caminhão: “Os rapazes de Ponta Grossa não se casam com as moças de Curralinho”. Mas concordamos que seria uma grosseria usar esse tipo de coisa, por mais tentador que fosse.
Pois é.
O jornalista Paul Yancovic sucumbiu à tentação. Ele teve uma idéia semelhante à minha, só que levou para um outro lado. Abriu o mapa-mundi e saiu procurando lugares que tivessem nomes...hum...digamos...um pouco safadinhos. E para o meu pasmo, encontrou localidades com o nome de Boquete, Pica, Cagar e outras de igual calibre...
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A matéria do cara ficou hilária. A gente chega a desconfiar de que aquilo é mentira. Foi quando o jornalista que há em mim resolveu conferir. Caí dentro da internet e...
Não é que os lugares existem mesmo!
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Examinemos, pois, estas localidades tão singulares.
Boquete, por exemplo, fica no Panamá, na sua parte ocidental. Pelas fotos parece ser um lugar aprazível. É uma área montanhosa (1.200 metros acima do mar). Para hospedagem: o Isla Verde Suites, com diárias entre 60 e 80 dólares. (Veja foto)

Caso alguém esteja interessado em saber mais desta bela cidade, é só clicar aqui. O site tem som e aparece um tucano dançando e convidando você para “escape to Boquete”. Duvido que você não vai sentir vontade. Está estressado? Então vai nessa, que Boquete vai te relaxar. Mas cuidado com a culinária do lugar. Eles abusam da pimenta. Abusar em Boquete pode deixar você com a boca ardendo.
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Prefere praia? Então vá a Bosta. Esta belíssima praia fica na Escócia, na ilha Grande Bernera. Se a praia é uma bosta? Bem, ela é mais limpa que o Piscinão de Ramos. Agora, no alto verão a temperatura da água de lá não ultrapassa os 13 graus. Quer conferir o lugar? Então clique aqui, aqui e aqui.
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Se o seu caso é descansar em um lugar tranqüilo, então Cagar é a sua melhor escolha. Essa também fica na Escócia, que está se revelando um país de lugares mais que exóticos. Caso você queira passar suas férias lá, pode fazer o circuito Cagar-Bosta. De acordo com o site Geo-Edinburgh, este paradisíaco lugar é uma pequena colina, no distrito de Sutherland, com 377 metros de altura. A localização exata está aqui. O jornalista Yancovic afirma na matéria que quem se aventurar a ir até lá, deve levar jornais e revistas. Parece que Cagar é tranqüilo para ler.
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Na Libéria, África, tem um lugar que honra o nome. É Foda. Fica num fim de mundo, está cercado pela miséria mais miserenta e ainda padece com uma guerra civil sem sentido. Pode ser que o seu lado humanista leve você a ter vontade de conhecer o lugar que é Foda. Se for este o seu caso, conheça as características de lá clicando aqui. A localização exata pode ser vista clicando aqui.
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Se você é macho mesmo, então o seu caso é Bicha. Para ir até lá, só com muita testosterona. O lugar fica no Kosovo e foi palco do pega-pra-capar entre albaneses e sérvios, que lutaram para ficar com a Bicha. Ao lado, você vê uma foto do local.

Se quiser conferir informações sobre o lugar, o site é este e este aqui.
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Se você gosta de esportes radicais, então o seu negócio é Pica. E ela está lá, te esperando no Chile, próximo ao deserto de Atacama. Dunas belíssimas (veja a foto ao lado)

confira só clicando aqui e aqui. Diz este site que para entrar em Pica é só pegar um desvio na autovia Carretera Panamericana, pouco depois de Pozo Almonte. Lá tem hotéis, restaurantes e pousadas. Só tenha cuidado com o sol do lugar. Quem abusa em Pica, acaba todo assado.
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Tenho outra sugestão para o povo que gosta de emoções fortes: Bunda. Sentir o friozinho na espinha quando está nos picos de Bunda é o sonho de muita gente. Veja a foto do lugar.

Este belo panorama fica no sul da Austrália, leia maiores informações clicando aqui e aqui. Caso você decida por Bunda, tenha cuidado ao entrar no mar. Lá tem muitos tubarões que adorariam morder você numa parte macia localizada nas suas costas.
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Não tenho certeza, mas acho que você vai gostar de Racha. Esta pequena ilha na Tailândia, pequena, quente e úmida é tudo o que você pediu a Deus. Entre no site do grande hotel que tem lá, o The Racha, que você vai ver como é bom gozar em Racha.
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Quer entrar numa fria? Então Chupa. Fica na Carélia, no noroeste da Rússia. Se quiser escrever para lá, coloque no envelope “Chupa na Carélia”. Se o sujeito do Correio não achar que você está de sacanagem com ele a carta chega.
O lugar é bonitinho (foto ao lado)

Veja a localização de Chupa clicando aqui e lendo o texto de Ricardo Prego. Chupa e Prego parece que foram feitos um para o outro. Outro site onde você pode pegar informações é este aqui. Lá tem um festival de inverno onde fazem muitos bonecos de neve. Boneco e Chupa parece que também foram feitos um para o outro.
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Mas se você quer conhecer um lugar de gente famosa, prefira Busseto. Fica na Itália e é a terra de Verdi, famoso autor de óperas. A Busseto de Verdi é pequena, mas é uma gracinha! Conheça esta bela comunidade clicando aqui. Tem várias fotos e explicações sobre o lugar e suas características. Merece ser vista, se você nunca viu Busseto na vida. Se você gosta de diversão, então Busseto é a sua cara!
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É isso aí, moçada. A agência Antigas Ternuras Tur, leva você aonde você nunca pensou que iria. Faça as malas, atualize o passaporte, escolha o destino, boa viagem e vá com Deus!
M.S.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

O tolo do monte


Quem lê estas mal tecladas linhas pode achar que eu sou um saudosista irrecuperável. Ou que eu fico pensando somente no passado, suspirando e dizendo: “Ah, bons tempos eram aqueles...”
Na verdade, não é bem assim.
Escrevo sobre o passado como uma provocação ao presente. Creio que é parte de nossa herança genética o desejo de evolução constante. Mas não é o que vejo. Culturalmente estamos andando para trás. E isso em uma época onde somos bombardeados diariamente com doses maciças de informações, em quantidades muito maiores do que podemos absorver. Demasiada informação é igual a nenhuma informação.
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José Saramago disse, certa vez: “não sou pessimista; o mundo é que é péssimo”. Posso parafraseá-lo e dizer: “não sou saudosista; o presente é que não me deixa saudades”.
Como o tolo do monte, da música “The Fool on the Hill”, dos Beatles, dia após dia, sozinho aqui no alto, vejo o mundo dar voltas. Vejo mudanças, mas não vejo melhorias. Como o homem de mil vozes, falo claramente aqui que esta opção pelo egocentrismo, pelo “farinha pouca, meu pirão primeiro”, vai acabar arruinando o que nos resta de civilidade. Já houve época em que não era assim e eu não consigo entender como chegamos ao ponto em que estamos.
Por conta disso, tenho nostalgia de um tempo em que não vivi. Ou que somente vislumbrei. Mesmo assim, não me deixo aprisionar nesta saudade. O tempo é inexorável e com ele sempre virão mudanças. Não necessariamente para melhor, mas, mudanças. Não há como lutar contra isso.

Aqui, no presente, lembrando o passado, eu me preparo para o meu futuro. Talvez venha daí o cuidado e o carinho que eu tenho pelos mais velhos. A criança que fui ficou para trás, minha mente me avisa diariamente isto, quando gasto mais tempo para lembrar um nome, uma palavra, que antes pousava em minha memória com a velocidade do beija-flor.
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Meu presente se superpõe ao meu passado, como quando afago os cabelos brancos de minha mãe e vejo as veias de minha mão, que insistem em se ressaltar.
M.S.

De cara nova

Vocês já devem ter reparado o novo visual do blog.
Pois é. É a cara do Antigas Ternuras, não é?
Quem tem padrinho e personal teacher de template não morre pagão. Eu só escolhi a imagem e disse como eu queria. E o incrível, fantástico, extraordinário Paulo Assumpção fez o resto. Obrigadaço, amigão!
A nova face é para comemorar a chegada ao primeiro milésimo visitante (quem teria sido?) do marcador.
M.S.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

O Sentido da Vida


No tempo em que a programação vespertina dominical das televisões não era essa indigência que a gente vê hoje, eu tinha o seguinte hábito: ficava na rua brincando até umas cinco, cinco e pouco. Depois ia para casa, tomava banho, minha tia colocava a mesa para o lanche e eu ligava a TV (preto-e-branco), girava o seletor de canais (não existia controle remoto, estás pensando o quê?) e colocava no canal 6, TV Tupi. Às 18 horas, começava “Disneylândia”, apresentado pelo próprio Walt Disney. Cada programa falava de um “mundo” e havia quatro deles: “o da ciência”, “do amanhã”, “da fantasia” e “animal”. Os meus favoritos eram o “mundo da fantasia”, por conta dos desenhos, e o “mundo animal”, também conhecido como “Maravilhas da Natureza”. Neste, passava documentários sobre os ursos do Canadá, ou sobre os alces dos Parques Nacionais americanos, ou sobre os bichos do Rio Nilo... Eu gostava tanto de ver aquilo, que cheguei a falar: “quando crescer, quero viajar pelo mundo, filmando os animais”. Hoje, troquei o verbo “crescer” pela expressão “ganhar sozinho na mega-sena”. Mas a intenção ainda perdura...
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Estou escrevendo sobre estas coisas do tempo em que Matusalém era coroinha só para falar da minha experiência ao assistir ao filme “A Marcha dos Pingüins” (“La Marche de l’ Empereur”, França, 2005, direção de Luc Jacquet). Caramba! Como me lembrei do tempo em que eu assistia, embevecido, os documentários do programa Disneylândia!
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É o segundo documentário mais visto na história recente do cinema americano, só perdendo para “Farenheit 11 de setembro”, do Michael Moore. O crítico de O Globo escreveu que este era um “filme fofinho”. E, de fato, não tem quem não faça “oooohhh...”, “aaaahhh”, quando vê, por exemplo, a cena do pingüinzinho, correndo atrás da mãe, fazendo “piu! piu! piu!”. Mas o filme é muito mais do que isso. Para mim, serviu como resposta para a célebre pergunta, que atazana os filósofos desde o tempo em que Adão era escoteiro: “qual é o sentido da vida?”
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O diretor Jacquet pegou uma equipe e embicou no caminho para o Pólo Sul. A Antártica é o único local do planeta onde existem pingüins (está aí uma coisa que eu não sabia...). Lá, ele levou meses filmando o ciclo de acasalamento e reprodução dos pingüins imperadores. Falando assim, parece uma espécie de chá calmante em forma de celulóide. Mas não é não. Depois de horas de material filmado, ele construiu um filme com início, meio e fim, protagonistas, antagonistas, cenas de tensão, conflitos até dizer chega, e colocou na tela uma história que verdadeiramente nos faz refletir.
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Em rápidas palavras: em determinado período do ano, os pingüins imperadores saem do mar e marcham para um lugar específico. Lá, eles encontram suas parceiras, têm seus momentos de amor, a fêmea bota um ovo que os dois vão cuidar juntos. Os ovos e filhotes são extremamente frágeis, se não forem mantidos com cuidados extremados, morrem.
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Depois que os ovos são postos, começa a segunda marcha – coisa pouca, só uns 200 quilômetros - das mães, que voltam ao mar para se alimentar e trazer o alimento para os filhotes que terão nascido quando retornarem. Os pais ficam cuidando dos ovos, mantidos entre as pernas e sobre os pés, o tempo todo. Isso leva meses. Nesse intermédio, os filhotes saem da casca, sob os cuidados dos machos. Quando estes já estão no limite de suas forças, as mães retornam. Será a vez deles seguirem para a marcha rumo aos peixes. Quando retornam, os filhotes já estão crescidos. Logo, tratarão de sobreviver por conta própria. Tudo isso acontece em meio aos predadores naturais dos bichos, como a foca, aves de rapina e o próprio frio, talvez o maior deles.
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O que me chamou a atenção foi a expressividade dos bichinhos, a docilidade com que se deixavam filmar, o que permitiu a feitura de cenas de belíssima fotografia, em alguns momentos parecendo uma pintura expressionista. Os próprios bichos são de extrema beleza plástica. A gente só tem que aplaudir o melhor dos designers que os criou. Um artista conhecido como “Deus”. Jeová, para os judeus. “Vavá”, para os íntimos.
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Mas e a resposta à pergunta sobre a tal pergunta?
Eu descobri que aquele ciclo era a resposta. Qual o sentido da vida? Ora, é viver. É sobreviver. É tocar a vida adiante, apesar e por causa das agruras. Você achou a resposta simplória? Talvez seja. Mas a solução do mistério é realmente simples. Nós, os homens, a complicamos. Temos – todos os seres - o tempo de nos alegrar, de nos entristecer, de celebrar, de lutar pela sobrevivência, de deixarmos os sinais de nossa existência marcados no planeta. Cada um ao seu modo. Para isso fomos criados. Humanos e pingüins. Temos de viver. Viver intensamente para se alcançar a leveza. E se alguém ficar pelo caminho, isso também é parte do ciclo da vida. Não devemos perder de vista que, como se costuma dizer, “a vida é o que nos acontece enquanto estamos fazendo planos mirabolantes”.
M.S.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Será o Benedito?


Outra que a (excelente!) minissérie "JK" não vai contar.
Quem me lê há mais tempo já percebeu que eu adoro conhecer a origem das expressões populares. Conheço algumas destas origens. Volta e meia vou divulgando-as aqui neste espaço.
Pois é. Sabem a procedência da expressão-título deste texto? Ela poderia aparecer na minissérie sobre o grande presidente, uma vez que todos os envolvidos na história são personagens de lá.
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Quando o então governador (na época, chamavam de presidente de estado) de Minas Gerais, Olegário Maciel, faleceu em pleno mandato, surgiram logo candidatos à sua sucessão, que deveria passar necessariamente pelo presidente Vargas. Mandaram para Getulio uma lista com duas indicações fortes: Gustavo Capanema, que tinha substituído interinamente o falecido Olegário, e Virgílio de Melo Franco. Todos esperavam que o novo governador saísse daí.
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Eis que a "esfinge de São Borja" (um dos apelidos de Getúlio) surpreendeu a todos, indicando um obscuro prefeito de Pará de Minas, um tal de Benedito Valadares, que ninguém, ou muito poucos conheciam.
Quando a notícia da nomeação do novo governador começou a correr chão, as pessoas começaram a perguntar: "mas que Benedito é esse?", "Será aquele de Pará de Minas?"... Mas será o Benedito?
De tanto se fazerem esta pergunta, a frase virou sinônima de "Mas será possível uma coisa dessas?"
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Mostro um exemplo de um contexto apropriado para a pergunta.
Vejo nas bancas trocentas revistas com JK na capa. Na TV, as vedetes Iris Bruzzi e Carmem Verônica, "certinhas do Lalau" em 1958, estão fazendo o maior sucesso. Nas livrarias, Danuza Leão virou best-seller contando histórias do jet-set no tempo de Juscelino...

Vem cá, será que entramos todos num "Túnel do Tempo" e fomos parar em plenos anos 50?? Mas será o Benedito?
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Viram? Taí a explicação. Sob o patrocínio do Biotônico Fontoura e do Detergente Orval.
M.S.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Filme B

Não sei vocês, mas eu admito que gosto de um filme B. É como são chamadas produções de segunda categoria. Tem uma outra subdivisão denominada trash. Estes são a bagaceira do cinema. Quando é muito trash, quando a indigência chega a ser divertida, aí leva o rótulo de cult.
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O exemplo claro disto são os filmes do Ed Wood. Eu tenho em casa o “Glen ou Glenda?” e já vi o “Plan 9 from outer Space”, que é hilariante, sem ter sido feito com o propósito de ser comédia.
Minha formação cultural de cinéfilo passa por filmes assim. Quando era guri, a única coisa que me tirava do campo de futebol era um filme interessante, assistido em salas sem ar refrigerado e com cadeiras de madeira. Ahhhh...Bons tempos aqueles em que apesar do desconforto, não existia celular e os espectadores respeitavam os demais assistindo aos filmes em silêncio, sem conversar com a pessoa do lado.
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Dessa época, trago com carinho na memória os filmes épicos históricos, especialmente os sobre o império romano. E os sobre os parrudos da História, como Hércules, Sansão, Maciste, Ursus (vejam o cartaz do absurdo chamado “Zorro contra Maciste”)... Gostava também dos filmes de terror da Hammer, onde pontificavam Christopher Lee, Peter Cushing, Vincent Price e outros grandes astros. Tinha uma série de filmes mexicanos que eu adorava: a do “Santo, o mascarado de prata”. Era um lutador que usava máscara até para tomar banho, pelo menos, nas cenas em que mostrava o herói em casa, ele estava sempre mascarado. Era hilário vê-lo de pijama e máscara. Alguns títulos ainda trago na memória:

“Santo contra a invasão marciana”, “Santo contra o Dr. Frankenstein”, “Santo contra a Mulher Vampiro”...
Nessa época, também eram muito comuns os filmes de faroeste, principalmente os chamados western-spaghetti, produções italianas, filmadas em Cinecittá, tendo atores de lá com nomes americanizados.

Em muitas vezes, um ator ianque acabava estrelando aquelas produções. Clint Eastwood e Lee van Cleef eram figurinhas carimbadas naquele álbum. A estrela da casa era o Giuliano Gemma. Ninguém fazia melhor o “Ringo” ou o “Django” do que ele.
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Pois bem. Se você gosta deste tipo de filmes, mas não os encontra em nenhuma locadora, seus problemas acabaram! Chegou uma sensacional firma americana que vende DVD originais ou cópias autorizadas (não é pirata, não!) desses filmes B que ainda empolgam multidões.
Trata-se da Video Search of Miami. Caso estejam interessados, é só clicar aqui e se divertir com o catálogo. Para fitas seladas, o site é o Oasis Video Miami. Se quiserem comprar algum DVD, mas estão com receio, eu garanto: os caras são sérios, mesmo.

Eu comprei lá, pelo cartão de crédito, um dos clássicos B da minha adolescência, o “Gungala, a pantera nua” (gênero: aventuras; com legendas em espanhol). O DVD chegou em duas semanas, com tudo direitinho. E ainda dou mais uma informação: se vier com defeito, eles mandam outro, sem ônus. De certa forma, aconteceu comigo. Tão logo o meu “Gungala” chegou, fui assisti-lo. As imagens estavam congelando. Escrevi reclamando e eles me mandaram outro. Que também estava ruim. Foi quando descobri que o problema era do meu aparelho. Os dois DVD estão perfeitos.
M.S.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Exemplo de caridade cristã


Meio dia. Na esquina de Figueiredo de Magalhães com Avenida N. S. Copacabana, dezenas de pessoas cruzam a faixa de pedestres ou aguardam o sinal abrir. Ou simplesmente passam, misturados aos muitos camelôs que estão parados por ali.
Uma senhora de 75 anos tropeça na calçada e cai. Corte feio no braço, começa a sangrar.
Dezenas de pessoas cruzam a faixa de pedestres ou aguardam o sinal abrir. Ou simplesmente passam, misturados aos muitos camelôs que estão parados por ali.
Ninguém faz o menor gesto para ajudá-la a se levantar. No máximo, olham e seguem adiante.
O povo alegre e hospitaleiro do Rio de Janeiro continua passando, seguindo com suas vidas alegres e hospitaleiras.
Ela podia ser a mãe, a avó, a tia, a irmã de algum deles. Mas não era. Então, para que se envolver?
Imagino que muitos daqueles que passavam freqüentam igreja, ou centro, ou templo. E rezam a Deus, pedindo misericórdia para suas vidas alegres e hospitaleiras.
Aquela era a minha mãe. Felizmente, ela não quebrou nada (como verificamos depois de eu tê-la levado ao hospital, saindo correndo do meu trabalho, alertado pelo telefonema dela).
A vida segue aqui no Rio de Janeiro. As dezenas de pessoas continuam a cruzar a faixa de pedestres ou aguardam o sinal abrir.
Minha mãe também continua a tocar a sua vida. Só que mais desiludida com os exemplos de caridade cristã das pessoas dos dias de hoje.
Na próxima encarnação, eu quero voltar como golfinho.
M.S.

domingo, janeiro 15, 2006

JK: Será que a minissérie vai contar isso? (1)


Kubitschek construiu Brasília, certo. Mas a idéia de levar a capital do Brasil para lá não foi dele. Desde o tempo dos inconfidentes já existia a idéia de mudança da capital do país para o interior central. Idéia esta apropriada pelos Andradas, especialmente por José Bonifácio. Em 1822, um deputado, regressando de Lisboa, publicou um projeto de constituição para o Brasil, encabeçando o artigo primeiro com o seguinte dispositivo:
“No centro do Império do Brasil, entre as nascentes dos rios confluentes do Paraguai e Amazonas, fundar-se-á a capital deste reino com a denominação Brasília ou outra qualquer”.
*
Já no início da República se voltou a se falar no assunto. Tanto que ele fez parte da primeira constituição republicana, de 1891:
“Fica pertencendo à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada, para nela se estabelecer a futura Capital Federal.
Parágrafo Único: Efetuada a mudança da capital, o atual Distrito Federal passará a constituir um estado”.
*
Em 1919, tramitava pelo Congresso um projeto de lei determinando a mudança da capital brasileira para o Planalto Central. Dizia o tal decreto, que foi posteriormente aprovado:
“O Congresso Nacional decreta:
Art. 1o – Dentro do prazo de dois meses a contar da promulgação da presente lei, o presidente da República mandará abrir concorrência, sem ônus para a União, para a construção da nova Capital Federal, conforme determina o Art. 3o da Constituição da República”.
*
Este projeto voltaria ao texto constitucional de 1946 e se concretizaria, como se sabe, durante o governo Kubitschek.
E só se realizou porque um rapaz goiano chamado “Seu Toniquinho” (ele ainda está vivo), fez uma pergunta ao candidato JK durante um comício em Jataí, no estado de Goiás:
“Se for eleito o senhor pretende cumprir a constituição?”
“Mas, claro”, respondeu Juscelino.
“Então o senhor vai construir a nova capital do Brasil no Planalto Central, conforme está escrito lá?”
Kubitschek desconhecia esta determinação constitucional. Estava lá, mas ninguém levava a sério. Imagina se alguém iria tirar a capital do Brasil da Cidade Maravilhosa para levá-la para onde “o Judas coçou o calo” (ele perdeu as botas bem antes de onde está Brasília atualmente...)
JK se comprometeu com “Seu Toniquinho” e o resto já é História...
M.S.

JK: Será que a minissérie vai contar isso (2)


Depois do golpe militar de primeiro de abril de 1964, os políticos pediram uma reunião com o chefe da “Revolução”, o general Castelo Branco. Juscelino foi convidado para esta encontro. Todos queriam ter certeza de que as eleições presidenciais marcadas para 1965 estariam garantidas. A hora era aquela para pressionar o general. E JK deveria ser um dos principais interessados, já que era candidato declarado a retornar à presidência.
*
A reunião acontecendo na casa de um político importante, chega Kubitschek atrasado e olhando o tempo todo para o relógio. Castelo Branco lá, sentado, dizendo que as instituições democráticas seriam respeitadas, parará...pereré...E aí Juscelino se levanta e diz:
- Bem, o senhor garante que as eleições vão acontecer, não é? Então já vou indo porque eu tenho um compromisso...
*
JK estava no hall de entrada, penteando cuidadosamente os cabelos quando o político dono da casa o alcançou.
- Juscelino, você está maluco? Vai sair sem que a gente tenha maiores garantias de que esses milicos não vão partir para uma ditadura? Você tem que ficar e ajudar a pressionar o homem!
JK segredou no pé do ouvido do político:
- Não posso ficar. Marquei de comer uma mulher que eu estou cantando há um tempão...Fica tranqüilo que ele garantiu que as eleições vão acontecer.
Kubitschek foi comer a mulher e os militares f(@#%*&)oderam a gente por 20 anos. E ainda cassaram JK dois meses depois daquela reunião, em decreto assinado por Castelo.
“Como pode um peixe vivo ter entrado nessa fria?...”
M.S.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Produtores do riso


Mel Brooks é um caso sério...Quando eu era, humm, digamos, mais jovem, estava apaixonado por uma certa garota. Tímido de dar nojo como eu era, foi uma dificuldade para arrumar coragem e convidar aquela criatura fêmea para ir comigo ao cinema. Com o coração aos pulos fiz o convite. E as coronárias quase explodiram quando ela disse que aceitava. Entramos num cinema em que o filme – um faroeste – já tinha começado. No que sentamos, vimos na tela uma cena típica de filmes de bangue-bangue: caubóis sentados em roda junto a uma fogueira. Nisso, um dos caubóis levanta a perna e... BRAAAAP!...Solta um pum! Eu gelei. Paralisado. Como é que eu levo a minha deusa para assistir um filme onde um caubói manda um punzaço logo de cara? Para o meu desespero, o pistoleiro seguinte também levantou a perninha e...BRAAAP! O outro também, e o próximo. Todos os caubóis, em seqüência, liberaram seus gases, um por um! Eu eu querendo achar um buraco para eu mesmo me transformar em pum e desaparecer de vergonha! A menina achou graça, ela não tinha dessas frescuras. Ainda bem.
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Pois essa é uma amostra do humor iconoclasta e irreverente de Mel Brooks em seu filme "Banzé no Oeste" ("Blazing Saddles"). Embora tivesse me deixado em palpos de aranha (que delícia de expressão, heim?), adorei o que vi e virei fã do cara, assistindo a todos os seus filmes seguintes. E os produzidos anteriormente também, como por exemplo, "Primavera para Hitler" ("The Producers", 1968).
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Eis que não se sabe a razão, Brooks parou de filmar as suas deliciosas paródias. Eu pelo menos não sei o porquê. Mas depois de ter feito sucesso na televisão (ele é um dos criadores do "Agente 86") e no cinema, Brooks resolveu tentar a Broadway. Desencavou o roteiro do filme "The Producers", compôs um baita set de canções (letra e música) e botou nos palcos um dos maiores sucessos recentes de New York (venceu 12 prêmios Tony!).
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Do palco, a história dos dois picaretas que resolveram produzir um fracasso retumbante para ganhar dinheiro fácil voltou para a tela em sua versão musicada. E "Os Produtores", com direção de Susan Stroman, chega às nossas telas.
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O argumento é bastante curioso. Max Bialystock, um produtor fracassado, recebe a visita do contador medíocre Leo Bloom, que vai examinar a sua contabilidade. Bloom comenta que um produtor desonesto poderia ganhar mais dinheiro com um fracasso do que com um sucesso. Era só captar, digamos, dois milhões de dólares, produzir uma peça muito ruim com uns 60 mil e quando o espetáculo saísse de cartaz exatamente por ser muito ruim, ele não teria lucros para devolver aos investidores (No caso de Bialystock, os investidores eram velhinhas assanhadas a quem ele prestava favores sexuais).
Era tudo o que Bialystock queria. Ele consegue convencer Bloom a tornar-se seu sócio e vão procurar a pior peça, para ser montada com o pior diretor e o pior elenco. E a encontram em "Primavera para Hitler", escrita pelo admirador do nazifascismo Franz Liebkind.
A peça é montada e, talvez por ser extremamente ruim acaba ficando "ótima" como sátira ao Fuhrer e seus nazistas. Ainda mais com um Hitler bichona roubando a cena.
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No primeiro filme, os papéis principais ficaram a cargo de Zero Mostel (Bialystock), Gene Wilder (Bloom) e Lee Meredith (Ulla, a secretária boazuda sueca). No novo filme, estes personagens couberam a Nathan Lane (Excelente! Não me admiraria se recebesse o Globo de Ouro) e Mathew Broderick (não tão bom quanto o parceiro) – ambos originais da montagem na Broadway, e Uma Thurman (Ótima. Nicole Kidman, que tinha sido anteriormente convidada e que não pôde aceitar, não teria feito melhor). Vale destacar também Will Ferrel (que eu tinha detestado em "A Feiticeira"), como Liebkind e especialmente Gary Beach, como o efeminadíssimo diretor e ator principal "Roger De Bris" e Roger Bart (o "George Williams" da série televisiva "Desperate Housewives") como o impagável (e bichérrima) "Carmen Ghia", assistente de De Bris.
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Em diversos momentos eu me vi gargalhando com o filme. Até quando Bloom e Ulla fogem para o Rio de Janeiro e aqui dançam rumba vestidos como se estivessem em pleno Caribe. Nem vou destacar nenhuma cena (embora a do balé de velhinhas com andador seja antológica), pois foram muitas as que me deixaram rolando de rir. O humor corrosivo e politicamente incorreto de Brooks (ainda bem!) continua afiadíssimo. Aliás, desde os tempos em que a sua graça deixou um rapaz tímido mais sem graça que deputado surpreendido com a mão no cofre.
M.S.

domingo, janeiro 08, 2006

Dores e delícias


Saio para almoçar; e ao passar por uma banca de jornais sou atraído por uma frase em um diário popular daqui do Rio. Ele traz uma entrevista com a atriz Danielle Winits. A moça está lá, na primeira página, toda lânguida com a tal frase encimando a foto: "Tive muitas paixões na vida, mas poucos amores".
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O jornal tratou a declaração como se fosse uma frase lapidar, dita por um Nelson Rodrigues. A frase é de um óbvio ululante que chega a me fazer rir. A vida de todo mundo e cheia de paixões e rasa de amores. Que novidade há na declaração da Winits?
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Nossa, eu tive tantas paixões... Não cheguei a ser um Vinícius de Moraes, que decidiu viver "no cerne da emoção", como disse o Gilberto Gil no filme sobre o Poetinha. Mas andei de coração abrasado por vários períodos de mi perra vida.
Muitas paixões poderiam ter virado amores e se não viraram, em grande parte foi por minha culpa e incompetência, admito. Tem aquela famosa frase que diz "não devemos nos arrepender de nada na vida". Bobagem. É apenas uma frase feita para se alcançar algum efeito, mas sem nenhum valor prático. A gente se arrepende, sim, e muito.
Estou acostumado, como ator, a ensaiar uma cena e fazer várias tentativas até conseguir acertar. Quando acerto é ótimo. Vou adiante, para resolver a cena seguinte. Infelizmente, na vida não tem ensaio. É tudo "de prima", não temos a chance de voltar e tentar refazer a cena. A palavra dita, ou muitas vezes não dita, não dá oportunidade de um segundo take.
Se desse para raciocinar com clareza naquele momento decisivo... mas quem é que consegue pôr a cabeça em ordem no furacão de uma paixão?
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No amor, temos mais calma para nos expressar. Na paixão, não temos tempo. Somos governados pela urgência. Para o amor, os silêncios têm seus significados e seus ganhos. Na paixão, o silêncio é perda de oportunidade. O amor é gesto; a paixão é impulso. O amor é um longo solo de saxofone; a paixão é um acorde de guitarra.
Creio que a paixão é o pré-requisito do amor. Uma espécie de via dolorosa pela qual devemos passar até atingir o estágio edêmico, paradisíaco do amor. Muitas vezes ficamos pelo caminho e a paixão se consome antes de se transformar em sólido amor. E é por isso que temos mais paixões que amores, cara Daniella Winits, você não é diferenciada de nosotros.
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Há dores e delícias em se estar apaixonado. Como também em estar amando, é claro. Quando dá certo, quando paixão e amor acontecem, ah, "It's delightful, it's delicious, it's delectable, it's delirious/ it's dilemma, it's de limit, it's deluxe, it's de-lovely", não é Cole Porter?
M.S.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

A TV que te viu


Estava eu zanzando pela Internet, quando me deparei com um site que me fez sentir os sabores de um pirulito de chocolate Kibon, misturado com um copo de Crush geladinho, arrematado com um punhado de biscoitos salgadinho Piraquê.
Querem saber o que me provocou todas estas "madeleines"? O site
Mofolândia.
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O nome é meio esquisitão, mas o conteúdo... Se você tem mais de 30 anos, em algum momento você vai fazer "hummmmm...", quando explorar o site. Agora imagina o rapaz aqui, declaradamente admirador de antigas ternuras, se deparando com fotos e curiosidades de séries como: "Aventuras Submarinas" (vou confessar uma coisa a vocês: quando eu via este seriado queria ser o "Mike Nelson" quando crescesse. Cheguei a pedir para a minha mãe me matricular num curso de mergulhador), "Agente Fantasma" (meus vizinhos sofriam com aquele moleque "ninja" que vivia trepando nos muros, aparecendo subitamente na frente deles...a gente faz cada uma quando é criança, não é?),

"Guerra, Sombra e Água Fresca" (Quem se lembra do capitão nazista gritando, irado: "Hogaaaaaan!"), "Brasinhas do espaço" (este era um desenho. Lembram do "Escoteiro", "Sábio", "Xereta", "Jenny" e o cão "Estrelinha"?), "Carangos e Motocas" (Outro desenho. Willie contra a Turma do Chapa. E o bordão: "Eu te disse, não disse? Eu te disse, eu te disse...").
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Pois lá tem tudo isso e muito mais!

Lá, fiquei sabendo de informações absolutamente úteis para a minha vida.
Vocês estão rindo? Como é que eu nunca pude perceber o que a "Endora" (mãe da "Samantha", a Feiticeira), a "Wilma Flintstone" e a "Maureen Robinson" (a mãe da família do "Perdidos no Espaço") têm em comum? Vocês sabem?

A dubladora.
Todas foram dubladas por Helena Samara. Depois que eu li a entrevista dela no site, onde ela revelou os personagens que dublou, passei mentalmente as vozes deles na minha mente e vi que era óbvio. Só eu não tinha percebido.
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Ah! O site também tem uma coisa que eu adoro.
Trívia.
Das 20 perguntas da seção, só acertei 6. Meio fraco, né? Vai lá e vê se você faz um escore maior e depois me conta.
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Acreditem: o site merece uma visita prolongada. Depois que eu saí dele, desliguei o computador e várias musiquinhas daquela época começaram a tocar nos alto-falantes da minha mente. E eu passei o resto da tarde contarolando coisas como:

"De noite ou de dia
Sempre no volante
Vai pela rodovia
Bravo Vigilante..."
M.S.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Foi dada a largada!

Alô, 2006! Estamos aí de volta nesta vida blogueira.
Tirei férias de computador, Internet... Pensei que fosse ter Síndrome de Abstinência e começar a espumar, ter arrepios, tremores. Nada disso. Foi bom descansar a cabeça, me preparando para um ano que terá Copa do Mundo e eleições gerais. Espero que o Brasil ganhe. Na Copa, quero dizer. Pois na política, ele perde sempre. Pulemos esta parte.
É isso aí, meu povo. Vamos estalar os dedos, alongar os braços que este ano promete ter muito assunto para a gente escrever.
Mas antes, como um bom apreciador de cinema e TV, vamos às indefectíveis listas de melhores e piores de 2005. Como meus milhares de leitores sabem, eu não resisto a uma lista.
M.S.

Melhores e piores de 2005

Vi muita coisa boa no cinema e na TV no ano que passou. Vi muita bomba também, acho que isso é inevitável. De tudo que eu assisti, vou relacionar o que eu considerei como muito bom e como muito ruim. Perceberam o negrito? O critério é absolutamente pessoal. É claro que vou agradar a alguns e desagradar a muitos, fazer o quê. Um filme ou programa que eu aponte aqui como um explosivo de mil megatons não significa que ele é, de fato, uma bomba. Mas que eu achei que ele fosse, ah, isso achei mesmo!
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Esclarecidas as regras do jogo, vamos colocar um tempero extra: resolvi instituir o "Prêmio Pipoca Fumegante" para os melhores filmes e programas de 2005 e o "Troféu Refrigerante Sem Gás e Sem Gelo" para os piores do ano.
E agora, muita calma nessa hora. Temos que organizar o negócio. Dividir em categorias "Nacional" e "Internacional" para cinema, senão fica desproporcional. Outra coisa: não vou fazer lista por ordem crescente ou decrescente. Vai ter os indicados por ordem alfabética e o vencedor.
Feitos os esclarecimentos, passemos agora aos premiados!
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Em TV (aberta e por assinatura) - Melhores programas. Os indicados são:
Cidade dos Homens
Conexão Especial entrevistando Luís Fernando Veríssimo
As Cruzadas
Desperate Housewives
Hoje é dia de Maria - Segunda Jornada
Lost
Roma
As séries do Dr. Drauzio Varella no Fantástico

And the winner is...

LOST (Canal AXN).
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A gente sempre fica achando que já não há como ser original em televisão, que todas as idéias já foram usadas e repisadas. Eis que surge uma série que nos intriga não só por sua originalidade como por seu roteiro. Para quem não conhece: um avião que estava voando de Sidney para Los Angeles cai em uma ilha do Pacífico. A maior parte dos passageiros e quase toda a tripulação morre na queda. Os sobreviventes terão que suplantar os muitos perigos daquele lugar que se revela cada vez mais hostil. Praticamente ninguém se conhece, nem os espectadores sabem quem eles são. Aos poucos, em flasbacks, as histórias de cada um vão aparecendo. Todos tem um passado muito suspeito.
Não é por acaso que a série venceu diversos prêmios em 2005, e conquistou milhares de fãs em todo o mundo. A primeira temporada, apresentada em 2005 foi espetacular. Aguardemos a segunda. Mas, por ora, este programa é o vencedor do Prêmio Pipoca Fumegante 2005.
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Piores programas de TV.
Não foi fácil escolher os indicados e principalmente o vencedor. Infelizmente para nós, rola muita porcaria nas TV aberta (mais) e por assinatura (menos). Mas vamos lá. Tampemos o nariz e vamos encarar essa tarefa da melhor forma possível. Os piores entre os piores são:
A Diarista, Sob Nova Direção, Zorra Total, Domingão do Faustão, a programação de sábado dos canais abertos, a programação de domingo, com exceção do Fantástico, os desenhos animados japoneses, quase todos programas de entrevistas...

A tijolada vai para...


A PROGRAMAÇÃO DE SÁBADO DOS CANAIS ABERTOS.
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Na verdade, podia ser para qualquer um dos indicados que insultam a inteligência dos espectadores. Mas, tenho pena de quem não tem TV por assinatura ou aparelho de DVD em casa, num sábado de chuva...Prêmio Refrigerante Sem Gás e Sem Gelo para toda essa tralha televisiva!
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Agora vamos para a categoria mais esperada. Melhores Filmes de 2005.
Entre os Filmes nacionais, os indicados são:
Quanto Vale ou é por Quilo
Cidade Baixa
Coisa Mais Linda
Casa de Areia
Vinícius
Quase Dois Irmãos
Cinema, Aspirinas e Urubus
Morro da Conceição
O Fim e o Princípio
O Coronel e o Lobisomem
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Um detalhe: estes indicados foram todos os filmes brasileiros que eu assisti em 2005. O que significa que a safra do ano passado foi excelente! Eu não vi nenhum filme produzido no Brasil que eu pudesse dizer: "é ruim!" Claro que eu deixei de ver todos os outros e se os tivesse assistido, certamente algum iria me desagradar. Mas de uma amostra em que 100% foi considerada como muito boa, só temos é que aplaudir a cinematografia nacional. E destes...o "Prêmio Pipoca Fumegante" 2005 vai para...

VINÍCIUS
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Escrevi um post aqui no Antigas Ternuras sobre este filme que eu creio já dizer tudo. Assistir a este documentário sobre o "Poetinha" é se emocionar do princípio ao fim. E aplaudir demoradamente no final, como eu fiz.
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Em um ano com tantos filmes nacionais bons, para quem dar o "Troféu Refrigerante Sem Gás e sem Gelo"?
Fácil.
PARA QUEM TEVE A IDÉIA DE JERICO DE INDICAR "2 FILHOS DE FRANCISCO" PARA CONCORRER ÀS INDICAÇÕES DO OSCAR DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO! Tanto filme bom para indicar e o infeliz escolhe essa chorumela, símbolo da pior música “sertanojo”, para representar o Brasil! Leva o troféu ao som de vaia. Úúúúúú.... pra você, seja quem for! E não espere pela minha torcida!

Nos filmes internacionais, tivemos filmes admiráveis neste ano que passou. Alguns deles entraram direto para a minha lista de melhores de todos os tempos. Mas vamos aos indicados:
Antes do pôr-do-sol
Batman Begins
Em Busca da Terra do Nunca
Mar Adentro
Crash - No Limite
Desde que Otar partiu
Jardineiro Fiel
Old Boy
O Operário
A Queda - Os últimos dias de Hitler

And the Oscar goes to...

Temos um triplo empate! O meu coração manda eu escolher o filme que resgata o meu herói favorito. A minha mente pede que eu escolha a obra mais original da cinematografia dos últimos anos. E a minha paixão pelo Teatro aponta o filme que deveria ter vencido o Oscar.

Ficamos, então, com BATMAN BEGINS, CRASH – NO LIMITE e EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA.
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O primeiro é admirável. Baseado em grande parte no gibi “Batman Ano Um” (de Frank Miller e David Mazzuccheli) e um tanto em “Cavaleiro das Trevas (de Frank Miller), obras antológicas em quadrinhos, ele contou com uma direção firme (Christopher Nolan) e uma atuação memorável de Christian Bale (que já tinha arrebentado em “O operário”, filmado um pouco antes do Morcegão). O filme tem umas derrapadas, como descrevi no post sobre o filme aqui no Antigas Ternuras. Mas ainda assim, é excelente.


Sobre o outro premiado, “Crash”, nem preciso falar muito. Já teci loas e boas aqui no blog sobre este filme original, onde fica patente que ninguém é inteiramente mau ou absolutamente bom.
Sobre “Em Busca da Terra do Nunca”, teria muito a dizer, pois quando assisti a este filme ainda não tinha este blog.


Mas eu o recomendei a todos os meus amigos atores e a todo mundo que ama o Teatro. Aquela cena da montagem da peça na casa da personagem "Sylvia Llewellin Davis" (a mãe dos meninos), me fez chorar que nem um boi bêbado.
Confesso que não foi uma decisão fácil. “Mar Adentro”, “Antes do pôr-do-sol” e “Um filme falado” ficam ali nos calcanhares dos três vencedores. E “A Queda – Os últimos dias de Hitler” é simplesmente o melhor filme de guerra que eu vi na minha vida.
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Passemos à bagaceira cinematográfica de 2005. Os indicados para piores filmes internacionais são:
A Casa de Cera
Desejo e Obsessão
A Feiticeira
Os irmãos Grimm
Jogos Mortais 2
A Lenda do Zorro
Marcas da Violência
O Quarteto Fantástico
Star Wars – Episódio III – A Vingança dos Sith
A vida marinha de Stevie Zissou


O páreo é duro. Dois filmes são imperdoáveis por tentarem enxovalhar dois de meus ícones, duas antigas ternuras dos seriados de TV de minha infância, fazendo a Elizabeth Montgomery e o Guy Williams se revirarem nos túmulos. Estes filmes quase receberam em dose dupla o prêmio.
Mas, o vencedor do troféu “Refrigerante sem Gás e sem Gelo”, categoria internacional vai para...
DESEJO E OBSESSÃO.
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Eu tenho uma certa parcela de culpa em te ido assistir à este estrupício. Vi nO Globo o crítico botar o Bonequinho aplaudindo de pé a este filme ...e acreditei. Fui conferir. Não posso levar a sério opinião de crítico. O filme é uma coisa horrorosa. Várias vezes, eu fiz menção de levantar da poltrona e só não o fiz por não ter este hábito.
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Aí está a minha modesta lista. Tanto um filme quanto um programa de TV tem o valor que a nossa emoção dá a eles. Aguardemos, pois, a temporada 2006. Vem coisa aí de se lamber os beiços: Superman, o rertorno, X-Men 3, O Código Da Vinci...e as segundas temporadas de Lost, Desperate Housewives, Roma...
Quem viver, verá.
M.S.