sexta-feira, agosto 24, 2007

Cheiros e coxas


Como é do agrado de tantos, lá vamos nós para mais exemplos da série “Origem de expressões que utilizamos, mas não sabemos da origem”. Hoje, trataremos de duas que tem sido muuuuuuito ditas por aí. Qualquer pessoa decente, que se digne em abrir os jornais para ver a quantas anda o noticiário político ou a situação dos aeroportos, diz, invariavelmente, uma ou outra. Passemos a elas, pois.
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A primeira é:

Não me cheira bem.

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Dizemos isso quando desconfiamos de algo ou de alguém. Assim como... huuummm... escolhendo um exemplo qualquer, bem aleatório... imaginem um político alagoano que tenha ligações com um lobbista da área da construção civil de Maceió, muito interessado nas obras do porto da capital alagoana. Vamos que ele diga que o tal lobbista é só amigo, mas que não pagou as contas dele, só levou o dinheiro para a amante que teve uma filha com ele fora do casamento. E esse dinheiro não foi contabilizado, não foi declarado no Imposto de Renda, nada. Surgiu de uma venda de bois por um preço muitíssimo acima do mercado. Venda para empresas-fantasmas ainda por cima.
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E aí? Você acha que essa história “cheira bem”?
Sabem de onde veio essa expressão? Do tempo da igreja primitiva, aquela do início do cristianismo. Naquele tempo, diziam que os santos tinham um odor especialmente agradável. Quem era virtuoso, exalava um bom cheiro, um cheiro de santidade. Já os desonestos, os corruptos, os ladrões, os exploradores, estes fediam. Tinham inhaca. Futum. Morrinha. E as situações inconvenientes e desonestas em que se envolviam tinham o mesmo odor. Fosse no que fosse que estivessem enredados, o aroma não era agradável. Qualquer pessoa honesta diria, diante deles: “Huummm... Isso não me cheira bem!”
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A outra expressão que trago aqui é:

Trabalhinho feito nas coxas.

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Essa vem dos tempos do Brasil Colônia. As olarias instaladas aqui usavam escravos para produzir telhas. Como não existia um molde único, a solução encontrada era modelar a massa de barro nas coxas dos negros. Como ninguém tem as coxas iguais uns aos outros, as telhas em forma de calha ficavam desiguais. No que se montava o telhado, percebia-se que estava irregular, parecendo um serviço mal-feito. Daí que um serviço feito “nas coxas” passou a significar coisa imperfeita, mal ajambrada.
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Antes de descobrir esta explicação, eu achava que o nas coxas aí era por conta de uma gravidez em que não tivesse havido penetração. Os dois salientes ficavam naquela sacanagem e, talvez para a mulher não perder a virgindade, o cara ficava só no roça-roça, com o bigorrilho entre as coxas da moça. Uma gestação acidental advinda daí poderia ser considerada como “imperfeita” (taí um bom xingamento: “sai pra lá ô seu filho de um roça-roça!”).
Mas não. O que ia nas coxas era só barro, mesmo. E para fazer telha!
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Algum de vocês conhece algum trabalho feito nas coxas? Quando eu abro o jornal e leio que a pista do aeroporto de Congonhas foi “recuperada”, “reformada”, o escambau e aí acontece acidentes como o do avião da TAM, fico pensando: “Em que coxa moldaram aquela bosta., heim?”
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Moro em apartamento novo. Não tem nem cinco anos desde que a construtora entregou as unidades para nós, os proprietários. E em várias unidades (inclusive a minha), tem ladrilho se soltando, rachaduras aparecendo nas paredes, pisos que desgrudam no chão...
Mas haja coxa, né não?
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Será que este país está sendo feito nas coxas? E aí eu me pergunto se a explicação para isso está mais para a que eu acreditava (os filhos de um roça-roça), ou se o problema é de perna, mesmo. Já começo a crer que somos cidadãos feitos de uma fornicação mal executada...
A começar por nossos “governantes”. Olhem só para a cara deles: não parecem TODOS feitos nas coxas? (escolham que explicação vocês preferem para eles, a da telha ou do roça-roça...)
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve Teresa Cristina e o Grupo Semente cantando “Quantas Lágrimas”. Ê coisa boa!
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Mas coisa melhor ainda é voltar ao convívio de vocês!
Pessoal: muito, mas muito obrigado MESMO pelas manifestações de carinho durante a minha ausência forçada. O computador foi consertado, não faleceu, graças a Deus!
Devagarinho vou visitando todos vocês e tocando a vida.
O blog é de antigas ternuras, mas vocês são meus ETERNOS CARINHOS.
Outra coisa: Estou com um texto lá no Playground dos dinossauros. Quem quiser dar uma espiadinha, basta clicar aqui.

24 comentários:

Anônimo disse...

vc juntou três coisas que eu adoro...

1 - post seu
2 - calvin
3 - explicação sobre expressões populares...

pronto.. sou uma mineira feliz... rsrs


ahh que bom é te ver de volta, Marco.

Bem re-vindíssimoooooooooooooo!!!

Beijos

Anônimo disse...

ebaaaaaaaaaaaaaaa. nosso marco de voltaaaaaa. maravilha!!!!! amore...adoro esse tema de expressões...sua cara. me diz... de onde vc desenterra essas coisas? rs
beijinhos...

Tina disse...

Oi Marco!

Calvin é "The Best"! Sacadas sem igual. Eu já sabia a origem do "nas coxas" (ímpar, não?) mas a outra foi novidade. Gostei.Vivendo e aprendendo. E fico feliz que seu PC esteja vivo. Muito bom.

beijos querido e bom fim de semana.

Claudinha ੴ disse...

Olá Marco!
Que bom que voltou e seu pc está vivo. Eu já estava com saudades de seus posts.
Sabia o significado das "coxas", mas não do "cheira mal".
Seja bem vindo novamente à blogosfera.Você fez muita falta am
igo!
Vejo que Dira voltou também, felicidade dupla pra mim.
Beijo.

Moacy Cirne disse...

Aleluia, Aleluia! Calvin, de fato, é um grande personagem. Mas o mais importante é a sua volta... Um grande abraço.

Anônimo disse...

Amigopratodavida, não aguentei esperar que fosse lá em casa e daí corri pra dizer que estou muito feliz do não falecimento do seu computador e do seu retorno, valeu pelo belo post "que não foi feito nas coxas" e pela presença do Calvin, figurinha muito querida,rsss
lindo findi
beijoss

ninguém disse...

voltou com toda a cordsa, hem. agora, explica pra mim o que quer dizer com toda a corda?
bj
maristela

Anônimo disse...

oieeeeee meu querido Marco,nossa que transmissão de pensamentos ,estive aqui ontem deixei recado mas nao estou vendo naooo! até estava lendo sobre a jenne e o genio tb assisto todas as noites pela antena a cabo adoro ,e fiquei muito triste quando vi que seu computador estava ruim ,deu uma dor terrivel,mas que bommmmm hoje te vejo no blog ,brigaduuuuuuuuuuuuuuuuuuuu por existir e estar na minha estrada te adoro,bjsss

Renata Livramento disse...

Que bom tê-lo de volta, você fez falta, viu!!!
Qto às expressões eu já conhecia a história do feito nas coxas, mas a outra não.
Adoro vir aqui, sempre me divirto e parendo coisas novas!
bjos

Sandra Leite disse...

Saudade das ternuras...

Gostei do post. Seu texto é muito bom, gostoso mesmo.
E acabei de assistir ao DVD da Teresa Cristina, maravilhosa...

bjs

Anônimo disse...

Grande Marco,
Que ótimo você ter voltado. E voltou com o assunto que mais me prende o interesse nas suas postagens,o que, veja bem, não quer dizer que os demais não me interessem, mas o da origem das expressões populares me agrada mais. Igual a você, também achava que "feito nas coxas" tinha a ver com a cópula não chegada às vias de fato. Parabéns por mais um belo texto e espero que o seu computador esteja bem. E que o dono bem, muito melhor, pois é melhor "adoecer" o computador do que o dono, não é mesmo? Um abraço e uma bela semana pela frente.

Giu disse...

Amigo Marco, comemoro o retorno do meu escriba predileto, feliz com o retorno de (nossas) antigas ternuras. Feliz domingo procê!
Beijos da Giulia

Anônimo disse...

Olá... vim por meio do blog do Bené... e não pude deixar de achar graça qdo eu li a respeito da expressão "feito nas coxas"... eu já sabia o significado, mas tbém sempre achei q tinha a ver com o roça-roça... kkkkkk
Tbém adorei o post ilustrado pelo Calvin...
Parabéns pelo blog e uma ótima semana...
Déia
www.adeiadisse2.zip.net

Nena disse...

TErnurinha querido!

Morrendo de saudades de ti!!!!
(mas essas duas eu já sabia...)

que bom q vc voltou a blogosfera
senti sua falta

grande beijo

Anônimo disse...

oie meu querido Marco,é com muita alegria que venho te convidar pra ver a pagina que ganhei no site do alma guerreira,o link está no perfil do meu blog,ficarei muito feliz em ver seu recadinho la,sabes que te adoro,brigaduuuuuu por existir e ser essa pessoa tao especial,vc mora no meu coraçao,te adoro,bjsssssss
o link é esse
http://halmaguerreira.50webs.com/samara.htm

Anônimo disse...

Vou comecar por parte..queria tanto que os bandidos cheirassem ruim, mas os bandidos especialmente os politicos usam perfumes franceses..faco trabalho nas coxas...quase sempre ..tenho muita pressa e nenhuma paciencia para ficar pesquisando coisas etc. quanto ao apartamento...que horror, mas acredite acontece aqui tambem.

Anônimo disse...

Graaaande MARCO.
Bom ve-lo de volta,rapaz.
E sempre com coisa muito interessantes.
A das coxas eu até ja conhecia,mas é sempre bom reler.
Abração e uma otima semana

Lara disse...

Aiii adoro o Calvin hehehe! Essa expressão "fazer nas coxas" eu já conhecia o significado!
beijos!!
ps: Que bom que voltou!

Wilma disse...

Que bom que voltou!! Aprendi essa explicação "feito nas coxas" lá em Minas Gerais, as telhas eram moldadas nas coxas dos escravos. Mas as duas expressões dizem bem...

Anônimo disse...

Marco:
Fazer nas coxas já conhecia. A primeira, do mau cheiro, não. Muito interessante.

Anônimo disse...

Mais uma vez, um post muito bom e cheio de cultura! Adoro esses posts, Marco!!!

Eu ainda não li e nem vi o livro em nenhuma livraria para dar uma olhada na última página. Quer dizer que a última palavra não é "cicatriz"? Eita, por que será que ela mudou? A cicatriz não doeu? Provavelmente, o Harry não morreu! EHHHHH!!!! Também vou esperar a versão traduzida!

Kisses

Anônimo disse...

Rindo até agora com a coisa do 'bigorrilho'... hahahaha
Esse país foi literalmente feito nas coxas... pode apostar!
Bjocks e boa semana

Anônimo disse...

Adorei as explicações!!!
Ai meu Deus, que sauuudaaaadeeessss que eu tinha deste blog, destes textos maravilhosos!
Neste meu Portugal também há muita coisa que cheira mal e trabalhinho feito nas coxas, com direito às duas explicações! loooool

Beijos! *.*
Bem-vindo!

Anônimo disse...

Gostei da tradução das expressões populares, Marco. Como sempre um post interessante a presentear-nos aqui na sua casa. Abraços.