segunda-feira, setembro 11, 2006

Teste para monge budista


Há cerca de um ano atrás, escrevi um texto sobre a falta de civilidade e cidadania das pessoas, não só daqui do Rio, mas de diversos outros lugares deste Brasil varonil. Tudo o que está descrito no texto, que republico resumidamente aqui no Antigas Ternuras, continua valendo. Aliás, posso dizer que a situação piorou bastante.
Recentemente fui ao cinema e lá, em diversas ocasiões, eu tive que fazer exercício de respiração, recitar mantras, para não explodir e sair descendo o braço num bando de mal-educados. Pegar um cineminha hoje em dia virou teste para monge budista. Daqueles iluminados, que já transcenderam a existência terrena e sublimam tudo.
O que não é, definitivamente, o meu caso. Fico na poltrona pensando em coisas materiais como escopetas, metralhadora AR-15, bazucas...Que Deus me perdoe.

Como diria um de meus ídolos, o Calvin (da tirinha “Calvin e Haroldo”):
"É difícil ser religioso quando certas pessoas nunca são incineradas por raios."
Ou ainda:
"Às vezes eu penso que o sinal mais forte da existência de vida inteligente em outra parte do universo, é que eles nunca entraram em contato conosco."
M.S.

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Olhando as rodas

As pessoas dizem que sou preguiçoso por sonhar minha vida deste jeito
Elas me dão todo tipo de aviso com o objetivo de me iluminar
Quando eu lhes falo que estou legal, olhando sombras na parede
Você não sente falta do menino daquele grande tempo que você não é mais?
“Watching the wheels” (Olhando as rodas) de John Lennon

Vivemos tempos complicados. Nunca se discutiu tanto cidadania e ela nunca foi tão pouco praticada. Hoje os maus hábitos viraram norma e o pior é que as pessoas nem acreditam que eles sejam realmente maus. Pois bem, querem um exemplo? Chegou a hora desta gente bronzeada saber de uma coisa absolutamente incrível: houve um tempo em que as pessoas iam ao cinema para assistir ao filme.
*

Acreditem, ninguém conversava na sala de cinema. Podia ser o maior “poeira” (Tradução: cinema desconfortável, cadeiras de madeira, sem ar condicionado) que todos respeitavam os limites da conversação até o sussurrado: “quer um drops?” Barulho em cinema, só das risadas, quando passava comédia, ou dos gritos, quando era terror/suspense. No máximo, um gaiato dizia uma piadinha. Lembro quando fui assistir à “Tubarão”, naquela cena em que o personagem do Richard Dreiffus mergulha e vai investigar um barco afundado, aparece uma cabeça flutuando. Pois é. Antes dela aparecer, um gaiato que já tinha visto o filme gritou: “só a cabecinha!” Foi um susto e uma gargalhada geral. Ah, tinha um tipo de barulho consentido. Era quando passava filme da distribuidora “Condor Filmes”. Aparecia em desenho animado um condor, pousado no alto de um monte e, de repente, ele alçava vôo e atravessava a tela, formando a frase “Condor filmes apresenta”. Quando o bicho surgia, o cinema quase todo irrompia histérico, fazendo “Shhhh! Shhhh!”, ou seja “espantando a ave”. E como se ela “ouvisse”, batia as asas e ia formar a tal frase. O povo achava uma graça danada nesta bobagem!...Mas perto do que acontece nas salas de cinema de hoje, aquilo era de uma inocência boçal.
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Não vou nem falar do celular, porque isso não existia no tempo em que Adão era escoteiro.
Hoje eu vejo suplício no meu lazer. Ir ao cinema pode ser extremamente desagradável. As pessoas conversam em voz alta, atendem ao celular, quando não ligam elas próprias para perguntar qualquer besteira. Tudo isto durante a sessão! Às vezes eu me sinto como se fosse a única pessoa do Rio de Janeiro que desliga o celular durante o filme. E as conversas em voz alta? Acreditem, eu já ouvi um casal discutir a relação durante um filme!
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“Ó tempora, ó mores!”. Para quem não conhece latim: “ó tempo, ó costumes!”
Vejo tudo isto com olhos de quem sente realmente falta “daquele tempo que não é mais” como está na letra da canção de Lennon. Como ele, vejo as rodas rodando e não tenho outra alternativa a não ser deixá-las seguirem.
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Recentemente, o grande Zuenir Ventura escreveu nO Globo sobre o assunto, desenvolvendo uma reflexão de que este tipo de (mau) comportamento era devido à TV. As pessoas agem nas salas de cinema como se estivessem nas suas próprias salas, assistindo à novela das nove.
Talvez.
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Mas eu acredito que esta não seja a única explicação, nem mesmo a principal. Tenho outra teoria. Acontece que estamos vivendo tempos em que se acha o mais importante satisfazer os próprios desejos, sem se importar se esta satisfação vai incomodar o próximo ou não. Algo como: “se o celular é meu, eu atendo ele onde eu quiser. As pessoas precisam falar comigo e eu preciso ouvi-las. Fim de papo.” Ou ainda: “ah, eu paguei o ingresso e vim ao cinema com a minha namorada ou com meu amigo. Eu preciso falar com eles sobre o filme ou sobre o que me der na telha”.
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Todo este estado de coisas, toda esta indigência que a vida moderna nos traz, me faz pensar na música, “Watching the wheels” (“Olhando as rodas”), do bom e velho Lennon:
“Eu estou sentado aqui olhando a rodas rodarem, rodarem
Eu realmente adoro vê-las girando
Já não monto no carrossel
Eu tenho que deixa-las seguirem”
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras você está ouvindo “Watching the Wheels”, com o meu, o seu, o nosso eterno John Lennon.

18 comentários:

Luma Rosa disse...

Marco, anda sonhando com um mundo melhor??
Quem não sonha!
Tudo antigamente era mais inocente ou se dava valor aquilo que realmente era pra ser dado?? Estamos vivendo uma crise de valores. Os nossos valores parecem ultrapassados para a geração sucessora. Mas eu tenho um sonho, quer dizer, vários deles!
Boa semana!! Beijus

Claudinha ੴ disse...

Olá Marco!
Eu concordo plenamente com o que diz em seu texto. Cinema, velório, casamento, vários lugares e o celular incomodando. A culpa é da tremenda falta de educação, isso sim! Aqui reabriram um cinema em 2004 e fecharam no ano seguinte. Motivo: vandalismo, atos indescritíveis. Nós agora precisamos viajar para ver uma estréia,ou esperar pelo dvd. Coisas de gente sem educação mesmo. Você não é o único a desligar o celular. Eu também o faço, principalmente quando encontro alguém com quem quero conversar por horas e horas e horas. Não permito que ele me atrapalhe. Eu o mantenho deligado nas aulas, mas tenho colegas que falam no celular na hora em que estão dando aula. Acho o fim do mundo. Mesmo com a lei afixada nas paredes das salas,alunos e colegas não respeitam, e aí é que tá o exemplo vem da gente...
Mandou bem menino, um beijo grande!

Anônimo disse...

Cara , e o pior é que toda vez que eu vou ao cinema tem sempre esses babacas. Pior era uma amiga minha , que botava o papo em dia com outra através do celular enquanto assistíamos a um filme. Taí outra razão porque eu deva parar de ir ao cinema.

Abração Marco , e aproveita pra passar na Padoca que tem uma encomenda pra ti...

Anônimo disse...

Ola kerido..obrigada pela vizita!
Vc gostou da musica da Joana?é linda sim.eu acabei de linkar no post..o endereço dela.se vc kizer ouvir é só ir la e clikar ok?
beijokas em vc..uma otima e feliz semana p ti!!

Anônimo disse...

Mas tudo isso é reflexo da modernidade onde tudo pode, tudo vale e nós somos os caretas ultrapassados...
Desrespeito meu anjo, isso é o que há.
Muito bom seu texto, continuemos a desejar que a educação impere e possamos ser felizes de novo.
Linda semana querido
beijossssssssss

Lara disse...

Haroldo e Calvin são muito engraçados, né? Eles tem umas tiradas ótimas!!!
Adorei seus pensamentos durante a sessão do cinema, eu também fico assim, existem pessoas muito inconvenientes, mas não só hoje em dia, mas desde que o mundo é mundo.
beijos!!!

Stephanie Torres disse...

Marco, eu vou muito ao cinema, quase sempre em Belo Horizonte, no Diamond Mall. Eu nunca tive problemas lá, o pessoal é muito educado. Já na minha cidade mesmo (Divinópolis-MG), uma cidade grande com pessoas de cabeça pequena, já aconteceu de tudo. Meu ex-namorado chegou a apelar com uma criatura que cismou de ficar em pé na frente dele!rsrs
Eu não apelo, mas se a pessoa não teve senso de se comportar adequadamente, eu me dou o direito de reclamar educadamente. Ela pagou o ingresso dela, mas não pagou o meu.
As pessoas precisam aprender que o seu espaço termina onde começa o do outro.
Quanto à celular, parece que depois dele, tudo passou a ser urgente. Ninguém pode esperar até chegar em casa, até sair do cinema, da igreja ou do velório. Isso além de ser horrível, ainda é estressante para quem usa. Temos que aprender a ser mais leves, nos desligar um pouco.

Bjão!!

Bjão!!

Fugu disse...

Uia ... amigo meu! Falta de educação está longe de ser prerrogativa da geração celular. Antigamente, o coronel entrava no cinema no meio da sessão, tossia e escarrava no chão. Os meninos iam para o balcão (cinema já teve balcão!) e jogavam pó de mico nos das poltronas. Outros, levavam estilingue para acertar na tela e ver pedacinhos de arame retorcido quicarem nos coitados da primeira fila.
Hoje, a tecnologia permite que o coronel e o moleque que existe em cada um se manifeste. Pena não é que haja tecnologia, mas sim que o coronel sobreviva a ela.
Quando o cinema está cheio deles, aproveito para fechar os olhos ... e namorar. Ainda não inventaram coisa melhor no mundo. O filme? Vejo depois no DVD. Afinal, tecnologia também é bom para isso .... rsrsrs

Roby disse...

Markito querido!

Tu precisas vir pra cá...
Aqui não existe estas coisas não...
Cinema??
Ahh cinema na Suiça é uma "DILIçAAAAA" todos ficam vidrados ao telão...não há os malditos celulares tocando...e ninguém fazendo estardalhaço quando não é preciso...
É bom demais!
Isso acontece tb nas bibliotecas etc...
Aqui o respeito humano está acima de tudo.
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Bom...os costumes são outros!
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Markito...aquele filme que tu falastes "Além da Imaginação" é de Rod Serling?
Era uma série de filmes curtinhos não é?
Nosssaa, se for, lembro-me sim, vagamente, mas lembro...
Pelo menos assisti alguns na minha infância a partir de 1977-78...por aí..apesar que a série é bem mais antiga,acho que de 1960,não tenho certeza.
Lembro-me que meu mano assustou-me numa igreja, dizendo que o piano que lá estava , era um caixão..rs
E eu saí da igreja fazendo xixi..rs
Ele tirava estas idéias destes filmes pra me assustar.

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Bom Marco, a prosa está boa demais...
mas tenho que ir, sorry pelo atraso, ontem eu postei e meu blog travou o dia todo, não visitei ninguém devido a este problema.

Aquele abração!!

Anônimo disse...

Nem preciso me estender muito,MARCO. Vc ja bem disse tudo.
Por estas e outras é que tenho perdido o "tesão" em ir ao cinema...
Abração!

Y. Y. disse...

hauhuaauh verdade, o povo tem estado cada vez mais sem educação. auhahuauhauh adorei as frases do Calvin, perfeita, né?! auhahuahuahu um bjoooo, querido!!

Anônimo disse...

oieeeeee meu querido,nossa tava lendo o post anterior da arrepio ,ninguem merece,rss.mas quanto a este acho que antigamente as coisas eram mais verdadeiras e sinceras ,inocentes mesmo, quanto a contatos de estra terrestes nunca tive ,mas as naves ja vi muitas, deixo meu carinho e uma linda terça feira,estava com saudades ,estive fora esses dias e só ahora estou retornando bjssss

Anônimo disse...

Marco, infelizmente esta é uma prática corrente em todo o Brasil! São Paulo não fica atrás! Abraços!

Ana Carla disse...

Dear, o mais gostoso quando leio seus textos, é que eu percebo que não sou eu a E.T. perdida nesse mundo egoisticamente grosseiro. Onde está o respeito? Nem falemos em sofisticação...rs... Não, não sou eu a velha rabugenta. Beijão!!

Marco disse...

Querida Luma: You may say I’m a dreamer, but I’m not only one...
Não é saudosismo puro e barato o nosso quando dizemos que valores eram mais respeitados no passado recente. Entramos numa espiral descendente de costumes e não sei mesmo onde é que isso vai parar!

Minha doce Claudinha: Não sei se as pessoas criaram muita dependência do celular ou se a teoria do “primeiro eu, o resto que se dane” é a que prevalece. Ou as duas coisas. O que você diz é grave: se professores, que teoricamente deveriam dar o exemplo, são os primeiros a transgredir, imagine o que aquelas cabecinhas prontas para assimilar tudo o que vêem não vão pensar? Fico feliz por pensarmos da mesma maneira.

Grande Mutante: Esses babacas estão por toda parte. Aqui no Rio, aí em São Caetano, em vários lugares. Essa sua amiga, heim? E você não levanta e vai se sentar em outro lugar e deixa a bonitona fazer a gracinha dela sozinha? Não acho que você deve parar de ir ao cinema por isso. Se for assim, eles vencerão a batalha e mostrarão aos educados que eles estão certos.
Vi na sua Padoca o post dedicado a mim. Valeu, parceiro! Fico te devendo essa...

Tudo bem, Angélica. Valeu!

Marcíssima querida: Pois é. Se isso é modernidade, fico com a “antigüidade”. Vivia-se melhor no aspecto respeito humano naqueles tempos. Que bom que gostou do texto. Foi mais um desabafo contra a falta de cidadania de pessoas que não servem para viver em sociedade.

Querida Eduardinha: Sou fãzaço das histórias do Calvin. Mal-educados sempre existiram, mas, acredite: eles proliferaram bastante nos tempos recentes.

Obrigado pela visita, Anne. Quer dizer que em BH existe um shopping com o nome de “Diamond Mall”? Coitados dos inconfidentes...devem estar rolando em seus túmulos... Mas fico feliz por saber que em Belo Horizonte, cidade da qual gosto muito (como adoro tudo o que vem de Minas...) existe respeito às pessoas que pagam ingresso e querem assistir ao filme na santa paz. O seu ex teve toda a razão em apelar contra o cara que ficou em pé na frente dele. Se alguém faz uma graça dessa comigo e me pega num dia com o ovo virado, iria voar penas no cinema. Gostei muito do seu comentário. Por favor, volte sempre que quiser.

Querida Fugu F.: Certo, falta de civilidade não é prerrogativa da Geração Celular, mas encontrou campo pra lá de fértil, né não, amiga?
No meu tempo também se fazia travessuras e até no tempo anterior ao meu. O cartunista Jaguar contou que uma vez soltou uma galinha de cima do balcão do Cine São Luiz lotado.
Mas, não estou falando destas pequenas “artes”, que eram eventuais. Falo do habitual, do sempre. E parece que eu tenho uma antena que atrai esses exus caveiras. Basta eu me sentar numa área vazia para um casal ou grupo de pessoas sentarem-se perto de mim e começar a conversar, falar no celular...Noutro dia, uma casal levou uma pizza inteira, garrafa pet de coca-cola e fizeram um pique-nique ali, perto de mim. E conversando aos brados, como se estivessem no piscinão de Ramos!
Quanto a dar uns amassos no cinema, ah, aí eu concordo contigo em gênero, número e grau. Dar um malho em quem amamos não tem hora nem lugar...(sei que há controvérsias, mas você me entendeu...)

Querida Roby: Eu sei que essa palhaçada daqui não tem aí na Suiça. Quando estive na Espanha, fui a um cinema em Barcelona e também não vi disso. Mas aqui no Brasil, e especialmente no rio de Janeiro, é terra de “ixpertos”, de quem quer levar vantagem...
Sim, a série televisiva “Além da Imaginação” é a criada por Rod Serling. Foi ao ar no final dos anos 50 até o início dos 70. Muito diretor bom começou dirigindo episódios do “Twilight Zone” (Spielberg foi um deles...). Depois da morte do Serling, retomaram a série, filmando-a em cores. Muito bom, né?
O seu irmão era da pá virada, como se dizia na época...

Grande DO: Não perca o tesão, amigo. Não entregue o território de bandeja pros vândalos! Volte ao cinema e ajude a lutar pela volta dos bons hábitos.

E não é, querida parceirinha Yumi? Eu sei que você também se amarra no alvin. Vi no seu blog. Tava com saudades de você... Ainda bem que apareceu por aqui.

Cara Claire: Este egocentrismo está corrompendo as relações interpessoais no Rio e em alguns outros lugares. Também não sou perfeito, mas, assim como você, procuro respeitar o meu próximo para que ele também me respeite.

Linda Samara: Não digo que tudo no passado recente fosse melhor. Mas que tinha mais respeito pelas pessoas, ah, isso tinha. Desculpe, não entendi a história dos contatos extra-terrestres. Você deve ter me confundido com outro blogueiro não foi?

Grande Marconi: Infelizmente, amigo...

Querida Ana Carla: Graças a Deus os amigos que me dão a honra de vir aqui são civilizados e cidadãos. Não é rabugisse lutar por um mundo com mais respeito ao próximo.

Valeu, moçada! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim...

Anônimo disse...

Vou perguntar ao meu filho como é o cinema que ele vai.Há anos não vou ao cinema.Queria te agradecer por ouvir Cauby cantando o seu maior sucesso.para mim , ninguém canta My Way como ele.Quando eu fui a recital dele no Teatro Carlos Gomes em Vitória eu até chorei de emoção.Fantástico no palco.Hoje, mesmo com os seus 85 anos ele ainda mantem a voz.

Anônimo disse...

Vopu perguntar a meu filho como é o cinema que ele vai.Há anos não vou ao cinema. Grande Cauby, fantástico até hoje aos 85 anos ou mais.

Anônimo disse...

Marco!

Bons tempos, aqueles em que, até para comer pipoca durante o filme a gente tomava o maior cuidado para o saquinho, que era de um tipo de papel plastificado, não fazer barulho. Em que, quando se chegava após as luzes apagadas, ficava-se numa posição em que não atrapalhasse ninguém, aguardando que a luz do próprio filme nos mostrasse um lugar adequado para sentar. Hoje... ah! nem vou falar mais nada...

Abração.