sexta-feira, junho 23, 2006

Na República do Sossego - Final


APRESENTADOR – Continuamos a apresentar a história "Na República do Sossego", hoje em seu capítulo final. [As duas primeiras partes estão publicadas abaixo deste post]
NARRADOR – Lígia entrou em seu quarto e viu sobre a sua cama um caixão cercado por quatro velas. Depois do susto, ela desceu para tomar satisfação com os dois colegas.
LÍGIA – Olha, não achei graça nenhuma, viu? O que é que deu na cabeça de vocês? O combinado não era a gente esquecer tudo? Ah, não gostei nem um pouco!
MANDA – Do que é que você está falando, mulher?
BATATINHA – Eu sou inocente! Eu não fiz nada!
LÍGIA – Ah, não fizeram nada! E o que é que aquele caixão está fazendo em cima da minha cama? E com quatro velas acesas ainda por cima? Se as meninas acordarem, vai ser o maior banzé...
MANDA – Caixão? Tem um caixão na sua cama?
BATATINHA – Não fomos nós!
MANDA – Péraí...Ah, já sei... Isso é pegadinha da Lígia, Batatinha! Olha, valeu a tentativa, mas a gente não vai cair nessa... E que idéia é essa de tocar nesse assunto? Eu disse pra gente esquecer!
LÍGIA – Gente, eu estou falando sério! Tem um caixão cercado de quatro velas no meu quarto, em cima da minha cama!
MANDA (após pequena pausa) – Vamos ver isso!
*
NARRADOR – Os três subiram as escadas com a preocupação lhes sulcando o rosto. Com gestos medidos, abriram a porta do quarto das moças e...
LÍGIA – Não é possível! Eu juro que ele estava aqui! E tinha quatro velas! Eu juro!
MANDA – Pô, Lígia! Você quase me matou de susto!
BATATINHA – Eu também quase me borrei!
LÍGIA – Manda, eu estou lhe dizendo! Tinha um caixão em cima da minha cama! Eu não estou ficando maluca! Nem iria brincar com coisa séria!
MANDA – Olha...amanhã a gente conversa... Já está tarde e acho melhor a gente dormir.
LÍGIA – Eu é que não vou dormir nessa cama!
BATATINHA – Ué... E vai dormir onde?
LÍGIA – Ah, vou ficar no quarto de vocês! Lá tem cama vazia! Aqui é que eu não fico!
MANDA – Dona Lola não vai gostar...
LÍGIA – Mas aqui é que eu não fico!
MANDA – Tudo bem. Você dorme lá. Mas amanhã acorda cedo e vem pro seu quarto, tá legal?
LÍGIA – Tá. Espera eu pegar a minha camisola.
*
NARRADOR – Os três seguiram para o quarto dos rapazes. Ninguém tinha coragem de falar nada. Tudo aquilo parecia muito estranho. O líder do grupo começava a achar que Lígia estava à beira de um ataque de nervos. Teria uma conversa séria com ela no dia seguinte. No quarto dos rapazes, Manda percebeu alguma coisa estranha na sua cama. Parecia que alguém estava lá deitado, coberto com o lençol até a cabeça.
MANDA – Mas...O que é isso? Quem é que está deitado na minha cama?
BATATINHA – Manda...Não estou gostando disso...
MANDA – Calma...Deve ser um dos outros que errou de cama. Não é a primeira vez. Vamos lá acordar o cara. (pequena pausa) Ei! Ô mané! Acorda aí! Você está na minha cama! Vai pra sua!
BATATINHA – Ele não está acordando...
LÍGIA – Manda...Estou com medo!
MANDA – Ô, parceiro! Acorda! Essa cama é minha! Caramba! Vou puxar o lençol com força e...(gritos dos três) OH, MEU DEUS! NÃO É POSSIVEL! NÃO PODE SER! NÃO PODE! VOCÊ ESTÁ MORTO! MORTO!
NARRADOR – E a partir de então, nunca mais houve sossego naquela república...

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Na Radio Antigas Ternuras, você continua ouvindo "Noturno", de Chopin.

23 comentários:

Anônimo disse...

Mistério por mistério, prefiro este do Marco à "Belíssima". O Depois de semanas voltar... Quem foi o narrador? Fico imaginando o timbre a la Antônio Abujamra, com longas e tensas pausas, a dar a merecida atmosfera à novela. Como era a sonoplastia? Você mesmo produzia?

Anônimo disse...

Que Scooby Doo que nada... Aqui o bicho pega. Fiquei pensando que o Fernando voltaria dizendo que simulara um infarto, ou outra desculpa qualquer. Deve estar caminhando nas frias madrugadas ouropretenses até hoje... Que venham outras.

Fugu disse...

Muito boa!!! Adorei! beijo você.

Anônimo disse...

Uau!!! É terror mesmo!! Achei que iria aparecer um toque de humor no final, mas apareceu foi arrepio na espinha, mesmo!!! Muito bom, Marco! Parabéns!!!

Claudinha ੴ disse...

Oi Marco Fantástico... O final me surpreendeu, pensei que o vivo pregaria peças e não o morto... Mas naquelas madrugadas frias muita coisa já se viu e se calou... O que eu mais achei legal é que a trama está perfeitamente ambientada com o clima e os costumes de lá... Parece até que você já viveu por ali... Quem sabe?
Em algum lugar do passado? Rsrs.
Beijos!

Anônimo disse...

Pelamorrrrr,
por essas e outras que nem gosto de brincar disso,aff!
Muito bom meu anjo,ótimo conto!!!
Eu sei que é do Caetano,errei ao colocar o nome da Gal, lembrei dela como a melhor interprete daquela música e num lapso a fiz autora,rss.
Lindo findi meu querido,
beijossssssss

Cristiano Contreiras disse...

Venho visitar teu espaço, pela primeira vez...

voltarei mais vezes!
nmuvuj

Anônimo disse...

boa noite meu querido,nossa que historia arrepilante.mas divertida,rsssss.adorei.vim deixar um carinho a vc e desejar um lindo fim de semana,muito amor,paz eluz em sua vida,bjsssss

Anônimo disse...

Oiiiii

olha só a hora, rs...vc. deve estar no primeiro sono ainda e eu aqui acordadissíma e fazendo uma visita pra deixar meu beijo.
Não tenho lido quase nada, sabe Marco, cheguei a conclusão que o dia Não tem mais 24 horas...ou sou eu que ando bagunçada nele...rs
um maravilhoso São João pra você...
Hoje por aqui tem pipoca...milho verde e quentão...rs
Um beijo grande no coração

Anônimo disse...

Marco,gostei bastante! Você deu um toque moderno e atual à linguagem, acho eu, visto que naquele tempo acho que não se escrevia assim. Dando ou não (... rs) como você mesmo riu... rs, sei é que a história ficou muito boa, moderna, cheia de mistérios e suspense. No finalzinho, acho que naquele tempo se acreditava em defuntos, fantasmas. Hoje, pelo menos eu não acredito... rs. Observação sem importância. O que ficou incrível aqui foi o relatório e o inexplicável dos fatos. No mais, gostaria de ouvir isso com os efeitos sonoros...
Parabéns mesmo!
PS - Daqui a pouco, estarei com post novo. Mais light, pode crer!
Abraços.

Anônimo disse...

Eu disse RELATÓRIO, mas quero dizer RELATO.
Abrç

Roby disse...

Marco querido..
Eu tô mooortinha de cansada de um dia intenso na piscina com a galerinha e maridão...

Mas deixar de responder seu carinhoso comentário, JAMAIS!!!

Primeiro porque eu estava curiosíssima pra saber o final da história..rsr ai ai...que por sinal me deu calafrios... achei que fosse uma pegadinha de um deles.
Incrível como sempre acreditei em fantasmas?!!!
Este é meu lado infantil que ainda não cresceu.hihihih
Contei a Peter sobre esta telenovela, e até ele queria saber do final..rs

Adoramos...e pedimos Bis..bis..bis...

Um super , mega, power final de semana Marco.
Aquele upa pra ti.

Ps: Peter tb é suiço...
A única farofeira aqui em casa sou eu..rsrsr

Evandro C. Guimarães disse...

Li as três partes e deixei para comentar no final. Muito bacana o conto. O final abrupto e meio aberto foi muito interessante. Isto porque parte da solução da história fica por conta da imaginação do leitor. Muito bem sacado, meu amigo! Já vi que leva jeito para a coisa! Um grande abraço!

Anônimo disse...

Acabou? Que pena.... terá bis???
Amigo Marco! Gostei mesmo; conduziu bem a narrativa e o suspense ficou para o fim (que talvez não seja o fim - teremos "Na República do Sossego II"?)como convém a uma novela de terror... E eu ainda creio em fantasmas e bruxas, com 'meda, mas creio.
Grande beijo

Anônimo disse...

Mano Marco:

Esse "oh,meu Deus"! numa peça teatral seria o máximo risonho para mim. Mas fizeram a tonalidade vocal apropriadamente cômica? Já pensaste em transpô-la ao palco?

Olha aqui,vou te fazer uma confissão: no Recife,em 1979,tinha episódios assim de mal-assombros,passados na Rádio Clube de Pernambuco,e o que vos digita,um taludo de 16 anos,não conseguia conciliar o sono tão facilmente.

E o termo se "borrar" de medo... acho-o porretaço.

Abracadabraço!

Nota: antigamente no ANTIGAS eu já fui um dos primeirões a postar; agora,no entanto,teu sistema de comentários está por demais pródigo! Se demoro um pouco mais,ficarei no rabo-da-gata (risos)...

Anônimo disse...

rabo da gata, paulinho? E eu que nunca mais perdi o lugar do rabo? só chego por último. n tem jeito. bem ele posta o texto novo e já tem gente na fila dos comentarios, eu heim. Sei nao. Mas adorei o final, querido. Muito interessante. Imagino isso no rádio com uma bela trilha sonora e e um narrador porreta. Sei nao... eu n aguentaria...rs

beijo de saudade de tu, fantástico.

Anônimo disse...

Ei, esperem por mim, tem mais uma aqui no rabo da gata, e por sinal, atrasadíssima. *risos

Marco, eu me lembro de algumas radionovelas que minha mãe ouvia e achava uma coisa fascinante pois aguçava nossa imaginação.
Lembro-me de vê-la chorar várias vezes ouvindo o "Direito de nascer", mas qdo perguntávamos porque estava chorando, ouvíamos sempre uma bronca e a ordem "vá brincar menina" *risos

beijos querido!

Anônimo disse...

Esqueci de falar que adorei sua radionovela, cheguei atrasada mas li as 3 partes juntas. Aqui em Minas ouve-se muitas histórias de repúblicas, principalmente as de Ouro Preto, mas nenhuma tão 'assustadora' assim. *risos

beijo

Anônimo disse...

No rabo da gata,vim retirar os hífens do meu rabo-da-gata. Obrigada,Dira + Suzy.

Paulo Assumpção disse...

Grande Marco, esta sua história bem que merecia uma adaptação cinematográfica. Ainda mais agora que o gênero de terror anda precisando de um sopro (na verdade, uma ventania) de originalidade. Por falar em medo, você está correto naquela história da madrugada de São Pedro. Eu me confundi. Na verdade, a garotada dizia que à meia-noite se via o Capeta no espelho. Grande abraço!

Luma Rosa disse...

Lá em Minas, contamos histórias do outro mundo pras crianças, pra exorcisar os seus fantasmas. Essa faria qualquer um de nós não ter coragem de levantar de noite e acabar por fazer xixi na cama.(rs*)
Fiquei imaginando todo aquele casario antigo, as janelas de vidraças quadriculadas, camas baixas e a vela de luz alaranjada. Mas fiquei com medo de imaginar a cara do corpo-seco.
Boa semana! Beijus

Marco disse...

Ê coisa boa! Chegar de viagem e encontrar trocentos comentários! A Bruna Surfistinha deve estar se mordendo de inveja!

Grande Lúcio: Na época em que a gente gravava novelas para uma Rádio comunitária, era um time grande de atores. Havia um diretor, que selecionava os textos para serem gravados e escolhia o elenco, incluindo o narrador. Tinha um produtor e o pessoal da técnica. A sonoplastia era feita eletronicamente. Não era como no tempo da Rádio Nacional, que tinha uma batelada de coisas para fazer os ruídos na hora. Hoje, tem CD de ruídos que tira um pouco da graça do tempo daqueles velhos sonoplastas. Não, eu não produzia. Ficava por conta da própria Rádio Grande Tijuca.
Cidades antigas como Ouro Preto têm fantasmas a dar com o pau. Eu nem preciso ser vidente para saber disso. Os meus fantasmas são de ficção, mas lá deve estar assim, ó de fantasmas de verdade!

Que bom que gostou, querida Fugu!

Querida Carlinha: Eu tinha avisado que era historinha de gritar "ai que mêda!" Ré! Ré! Ré!...

Minha doce Claudinha: Eu estava acompanhando as expectativas de vocês. E me divertia muito! Agora eu sei como o Gilberto Braga, o Silvio de Abreu se sentem...Ré! Ré! Ré!...
Se eu já vivi em Minas em algum lugar do passado? Não tenho a menor dúvida disso!

Deu mêda, querida Marcinha? A intenção era essa mesmo! Ré! Ré! Ré!...Não precisa ficar assustada. Os fantasmas só voltam para puxar o pé de quem é malvadinho e você é um doce de criatura!

Cara Claire: Você acha que ficou nesse clima? Ôba! A intenção era esta! Que bom que você gostou.

Prazer, Cristiano. É bom saber que você apreciou minha velha cristaleira de antigas emoções.

Querida Samara: Uma ótima semana pra você também, querida.Que bom saber que você gostou da minha historinha.

Querida Claudia: Eita, que bom! Você está só nas guloseimas, né? Aproveite bem!

Grande Rubo: Você diz "naquele tempo da Rádio Nacional"? Nossa! Tinha grandes redatores! Eu não chego nem aos pés daquela moçada! Mas fico feliz por você ter gostado. Quando ficava pronta a novelinha era um barato de se ouvir! Eu costumava criar vozes diferentes para os personagens que me cabiam. Puxa! Como era legal!
Já vou te ler daqui a pouco.

Querida Roby: Puxa! obrigado por vir até o meu cantinho mesmo cansada de um dia "duro" de piscina! Você acredita em fantasmas? Vou te confessar uma coisa: eu também! Me mijo de medo!
Caramba! Seu marido também gostou da minha novelinha?? Que legal! Pode falar pra ele que eu vou torcer pela Suiça até a final da Copa!

Grande Evandro: Que bom que você gostou. Não é exatamente um conto. É uma radionovela, dividida em capítulos, com um gancho de suspense no final etc...

Querida Giulia: Eu escrevi mais algumas novelinhas de terror. Já que fez tanto sucesso, de vez em quando eu postarei mais algumas. Nossa, adorei saber que você curtiu! Eu também tenho um medaço de fantasmas!

Mano Paulinho: Rapaz, não pensei em adaptar para o palco, não! mas tenho vontade de escrever uma peça num clima assim meio Stephen King. Você está me animando.
Eu também ouvia programas como "Incrível! Fantástico! Extraordinário!", "O Sombra" e ficava com cada zoião dest'amanho! Até hoje não perco um filme de terror. Pode ser o maior trash que eu vou assistir!
Mesmo quem fica no "rabo-da-gata" (adorei essa) vai ser lido e respondido por mim, com maior prazer! Fico muito feliz de ver tantos amigos me prestigiando.

QueriDira: Você gostou? Que legal! Eu devia ter pedido uma cópia em cassete das novelas que gravamos. Hoje teria alguma coisa pra mostrar pra vocês.

Querida Suzy: Eu sou jurássico mas não peguei o tempo do "Direito de Nascer" no Rádio! mas ouvi muitas histórias sobre essa novela. Um dia talvez conte alguma aqui no AT.
Eu sei que em minas tem hiostórias de terror. Eu passava minhas férias aí e ouvia tudinho!

Grande Paulo: Não preciso nem dizer que eu adoraria escrever para cinema! Imagina! Se me convidarem eu faço correndo! Legal que você gostou.

Querida Luma: É, eu sei das histórias apavorantes que se contava em Minas! Ouvi muitas! Onde eu me criei, no Estado do Rio, também se contava muitas histórias de fantasma. E eu adorava ficar ouvindo!

Valeu, moçada! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim!

Anônimo disse...

e o seguinte. descobri esse blog por acaso e estou gostando muito. Voltarei.