quarta-feira, dezembro 14, 2005

Apenas um conto de Natal...


Era uma noite estrelada, como uma outra qualquer. Mas aquela não seria uma noite qualquer. De algum lugar, partiu um pensamento bom que, como um raio de luz, chegou a quem era endereçado. E a mágica se fez!
Quando a pessoa recebeu o pensamento bom, na mesma hora teve outro bom pensamento e o enviou para alguém mais distante. E cada um que recebia o pensamento bom, gerava mais um. E naquela noite, estrelada como uma outra qualquer, muitos enviaram muitos bons pensamentos para os outros...Mesmo para os que não mais estavam neste plano espiritual.
E era um bom pensar que não findava!
Exatamente por isso, aquela noite era estrelada. Mas não como uma outra qualquer...

Receba esta minha estorinha com um bom pensamento.
Feliz Natal! Feliz 2006! Feliz Você!
M.S.

Nossos comerciais, por favor!




Aos amigos, clientes e fornecedores: vou fazer um breve intervalo nas nossas transmissões. Quero aproveitar o restinho de minhas férias e além disso tem Natal, Ano Novo...
Prometo voltar no dia 2 de janeiro, com esperanças renovadas, pronto para enfrentar mais um ciclo de minha vida. Ah, sim. Vou divulgar os melhores e piores de 2005, na minha modesta opinião, nas categorias cinema e TV. Aguardem.
Deixo a todos a mensagem do post acima deste. Na noite de Natal e do Ano Novo, estarei olhando para o céu, enviando a vocês, queridos amigos, um pensamento bom. Para os que me conheciam, foi maravilhoso continuarmos amigos. Para os que conheci neste ano, foi ótimo saber da existência de cada um de vocês. Dou graças a Deus por isso.
Então...Olho nos comerciais, daqui a pouco a gente volta. Beijo do Marco. Uôôu!
M.S.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Cheia de encantos mil...

Dia desses fui ao Centro do Rio, resolver uns assuntos. Atravessei a Rua Uruguaiana, da Presidente Vargas até o Largo da Carioca. Neste trajeto, que normalmente dura uns dez, quinze minutos, fiz em 40 minutos e tive experiências absolutamente marcantes. Vi um pastor exorcizando pessoas com um hip hop ao fundo, um cachorro que sabia soletrar e um cara que transformava pedaços de jornal em notas de 100, 50, 10 e um real.
Você deve estar achando que eu estou maluco, não é?
Esta experiência está ao alcance de qualquer um. Basta transitar por lá à tarde, como eu fiz.
No Mercado Popular, nome bonitinho para o camelódromo que se instalou em torno da estação do metrô da Uruguaiana, vende-se de tudo.

Acho até que quem quiser comprar um deputado ou um juiz de futebol vai encontrar lá. Pois é. Lá é possível ver uma barraquinha que vende CD pirata, especialmente de hip hop, rap e de “pancadão”, ao lado de um estande onde um pastor faz o seu culto diário, tirando o cramulhão das pessoas a base de oração e palavras de ordem. Fica assim de gente em volta.
Mais adiante, perto das Lojas Americanas, tem um cidadão que diz poder ensinar qualquer vira-latas a ler, somar e dividir.

E para provar, exibe o seu cãozinho, garantindo que ele consegue soletrar o nome de qualquer pessoa. O bicho não fala, é lógico. Colocam um círculo de plaquinhas de madeira no chão, cada uma com uma letra. O professor pergunta a alguém como ela se chama, o totó vai lá e pega uma a uma, formando direitinho o nome da pessoa. Meninos, eu vi. O cachorro formou os nomes “Elaine” e “Andréia” na minha frente. Nem eu, nem ninguém percebeu o truque. Fiquei tentado a pedir para o intelectual canino soletrar o nome “Washington”. Mas preferi não complicar a vida dele... E vamos que ele soletrasse e ainda me perguntasse: “Are you satisfied?”, com que cara eu ficaria? Esses cães de hoje em dia são muito espertos...

No Largo da Carioca, estava o inimigo do Banco Central, que transformava jornal em dinheiro. Ele também fazia uma pessoa botar um ovo e ainda fazia aparecer um pinto dentro dele, ao som de palavras mágicas e de perguntas do tipo: “você está sentindo o pinto entrar?”
Naquele mesmo dia, fui ao Unibanco Artiplex e vi uma exposição de fotos de Marc Ferrez, retratando o Rio do início do século 20. Olhando aquelas fotografias, onde pessoas tão bem vestidas, flanavam pelas ruas do Centro, fiquei imaginando o quanto a cidade mudou. Para bem? Para mal? Certamente para alguma coisa muito diferente. Às vezes eu me sinto como se fosse um alienígena que foi abduzido de um planeta da constelação de Alfa Centauri e despejado aqui na Terra. E olhasse tudo isso com cara de cachorro que caiu de mudança. E cachorro que não sabe soletrar...
M.S.

sábado, dezembro 10, 2005

Oliver Twist globalizado

Quando eu estava no segundo grau, fui apresentado a um livro que fez a minha cabeça por muito tempo: “História da Riqueza do Homem”, de Leo Huberman. Ali, tomei conhecimento da dureza que os trabalhadores ingleses enfrentaram no século 19, quando a Revolução Industrial estava comendo solta. Mais tarde, já na faculdade, li textos que tratavam daquela vida dura, quando os capitalistas acumulavam mais-valia às custas de milhares de pessoas vivendo em condições sub-humanas. No mestrado, fiz um trabalho sobre as circunstâncias de trabalho dos operários ingleses no século 19 e no projeto em que estou trabalhando, li muito sobre condições sanitárias em Londres - a maior cidade do mundo no século retrasado e início do passado.
*
Tudo que li teve obviamente impacto, mas uma boa chance de visualização da (má) qualidade de vida dos habitantes da capital inglesa tive agora com o filme “Oliver Twist” (Inglaterra/França/Itália/República Tcheca, 2005), novo filme de Roman Polanski que está nas telas brasileiras. Aliás, a produção tem todo o jeito de um blockbuster, mas o lançamento é de filme de arte. Está em poucas telas aqui no Rio.
*
Polanski é reconhecidamente um bom contador de histórias e neste seu filme esta qualidade está mais que evidente. A história criada por Charles Dickens já foi filmada em outras oportunidades, já virou desenho animado, teve versão nos palcos e agora chega a vez de ganhar a visão do diretor de “O Pianista” e “O Bebê de Rosemary” (embora o meu filme favorito de le ainda seja “Faca na água”, produzido quando ele tinha recém-saído da escola de cinema de Lodz, na Polônia). E ele contou com o auxílio luxuoso de um elenco fantástico, do roteirista Ronald Harwood (o mesmo de “O pianista”), da bela fotografia de Pawel Edelman e de uma direção de arte (Jindrich Kocí) digna de concorrer ao Oscar.
*
No elenco, o destaque óbvio vai para Ben Kingley (que já brilhara em “Ghandi”) no papel do asqueroso (e dúbio) “Fagin”. É impressionante a sua caracterização e, para mim que sou também ator, é uma maravilha ver um trabalho como este. No papel-título vemos o menino Barney Clark com ótimo desempenho. Na verdade, todos os atores estão muito bem no filme, embora Kingley esteja vários degraus acima, com sua maravilhosa atuação.
*
A história é bastante conhecida. Um menino órfão é levado para o asilo do vilarejo onde vive e lá ele sofre fome e maus tratos dos dirigentes “cristãos” que, por trás de uma mesa farta, governam com mão de ferro os destinos daqueles pobres rapazes. Oliver é conduzido para trabalhar como aprendiz em uma funerária, onde continua a ser maltratado e insultado, até que foge para Londres. Lá, ele acaba se envolvendo com Fagin e seu bando de pequenos larápios. Mas o pior está por vir quando o facínora Bill Sykes (Jamie Foreman) resolve utilizá-lo para roubar residências.
*
Roman manteve a desgraceira toda do dramalhão de Dickens, mas não há concessões para lágrimas dos espectadores. Não há closes prolongados no rosto lacrimejante de Oliver, nem os violinos sobem o tom nas cenas mais dramáticas, recursos usados à exaustão quando se quer apelar para o sentimentalismo de quem assiste. Polanski conta a história e faz com que a gente acredite naquela trama, nos conduzindo exatamente para onde ele quer.
*
Para quem vive em um grande centro, onde a população de rua cresce, ou melhor, prolifera ao redor dos mais agraciados pela sorte, o filme não revela nada de novo. A dura realidade com que convivemos desde muito já nos tirou a capacidade de nos emocionar com crianças vivendo como ratos no esgoto. Infelizmente. Vemos que a moral hipócrita “cristã” (com aspas, porque não tem nada a ver com o que Cristo ensinou), aliada ao modo de vida que o CAPETAlismo (valeu, alemón!) nos impinge, vem de longa data e só tende a piorar, já que o Estado faz como se nem fosse com ele.
*







A gente olha para a Londres do século 19 e reconhece a periferia metropolitana do Brasil do século 21. Ou de qualquer outro grande centro neste nosso mundo globalizado. O tic tac da bomba relógio sobre a qual estamos assentados está subindo o volume. Assim como a angústia de saber que ela está para explodir a qualquer momento e não imaginamos a extensão de seu poder destrutivo.
M.S.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Lennon


Há exatos 25 anos, no dia 8 de dezembro de 1980 eu acordei pela manhã, passei um pente nos cabelos, igual diz na letra de “A day in the life” dos Beatles. E posso dizer também que “I read the news today oh boy” e foi quando tomei conhecimento da manchete: “John Lennon é assassinado”.
Lá se ia um de meus ídolos de infância. Um dos caras que me ensinaram a gritar “Help” quando eu só tinha dez anos.
Resolvi lembrar a data com a letra de uma de suas músicas. Uma das que mais gosto (e são tantas...). Uma das músicas que ele fez para a sua amada Yoko.
Mas que serve como trilha sonora para todos nós que acordamos pela manhã, lemos o jornal e depois vamos até o espelho. Lá, poderíamos recitar estes versos.

Look at me (Olha pra mim)
What am I supposed to be? (O que eu imagino ser?)
What am I supposed to be?
Look at me
What am I supposed to be?
What am I supposed to be?
Look at me
Oh my love oh my love (Oh meu amor, oh meu amor)
Here I am (Aqui estou)
What am I supposed to do?
What am I supposed to do?
Here I am
What can I do for you? (O que eu posso fazer por você?)
What can I do for you?
Here I am
Oh my love oh my love
Look at me, oh please look at me, my love
Here I am - oh my love
Who am I? (Quem sou eu?)
Nobody knows but me (Ninguém sabe só eu)
Nobody knows but me
Who am I?
Nobody else can see (Ninguém mais pode ver)
Just you and me (Só eu e você)
Who are we (Quem somos nós)
Oh my love oh my love
****************************
Fique com Deus, John. Whatever gets you through the night. It’s all right…
M.S.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Entretenimento dos bons

Vou escrever uma coisa aqui que vai fazer muita gente gritar: “Heresia!” e começar a rasgar as roupas, jogar terra sobre a cabeça, bramindo: “Vendetta! Cão infiel!”
Imagino um monte de cinéfilos decretando uma “fatwa” contra mim, mas mesmo assim eu assumo o que vou escrever. Lá vai:
Eu prefiro a série “Harry Potter” à trilogia Senhor dos Anéis.
Pronto! Falei. Já posso ouvir daqui os gritos irados dos adoradores da saga do J.R.R.Tolkien.
*
Antes que alguém caia de cimitarra no meu pescoço, deixa-me esclarecer que não acho ruins os três filmes “Senhor dos Anéis”, ao contrário. Reconheço que foi um enorme feito filmar tudo aquilo direto e depois editar em forma de trilogia. Os desempenhos são excelentes a direção do Peter Jackson é memorável etc. etc. etc. Mas... em se tratando de ambientes mágicos, considero os filmes Potter muito mais instigantes à minha imaginação do que aquela porradaria sem fim das aventuras tolkianas.
*
Eu não li nenhum dos livros em questão, nem os da série do bruxinho inglês, nem os tijolaços que contam a saga do anel mágico. Estou falando estritamente dos filmes. Eu até pretendo ler os livros da J.R. Rowlings, assim que eu terminar o que estou lendo. Sei que nos livros existem muito mais tramas que não cabem num filme de duas horas, duas horas e pouco.
Acabei de sair do cinema, onde assisti a “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme da série. São 157 minutos da mais pura magia cinematográfica. Entretenimento dos bons. Se o filme durasse umas cinco horas eu ficaria sem nem me mexer na poltrona, acompanhando tudo com o maior interesse. Já tinha sido assim com os outros três.
*
É impressionante a imaginação dessa mulher! Eu vi, certa vez, num documentário, que ela teve a idéia de escrever o primeiro dos livros sentada em uma lanchonete, enquanto pensava no que daria para a filha comer naquela noite. A Sra. Joanne Kathleen Rowling estava numa pindaíba de fazer gosto e não conseguia arrumar um emprego fixo. Escreveu o “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, enviou-o para trocentas editoras, foi recusado por quase todas até que uma topou. E o resto é conhecido...
*
Quando o primeiro livro chegou aqui e eu li as resenhas, arqueei as sobrancelhas: “êpa! Isso aí, até o visual, é o “Livro da Magia”!”
Para quem não é iniciado em quadrinhos: Neil Gaiman (ave, meste!), autor de Sandman e um dos maiores escritores de quadrinhos de todos os tempos, escreveu em 1991 a série “Livros da Magia” em gibi, onde o garoto Tim Hunter, lourinho de franja e óculos, é especialmente vocacionado como um (futuro) grande bruxo.

Aparecem alguns mentores para iniciá-lo nas artes mágicas e com isso ele e a sua coruja vivem grandes aventuras. Para mim, estava claro que a dona Rowling tinha chupado descaradamente a história do Gaiman para compor o seu Harry Potter.
Quando eu assisti ao primeiro filme, vi que a chupação não foi total. Foi, digamos, uma inspiração na série em quadrinhos. Depois fiquei sabendo que a criadora do personagem Tim Hunter era a inglesa Diana Wynne Jones. Em 1982 ela o apresentou no livro “Witch Week”. Gaiman leu e pediu autorização para desenvolvê-lo em uma história em quadrinhos. Se você quer saber mais detalhes, clique aqui ..
*
Não vou nem me preocupar em escrever um resumo da história desse novo filme “Harry Potter”. Vou simplesmente recomendá-lo para quem gosta de fantasia, de um bom entretenimento, de assistir a uma obra que tem o ritmo dos gibis, enfim, para quem gosta de ver um show de imaginação. Tem uma cena que eu vou destacar por ter me dado umas boas idéias: na abertura do filme, Harry e seus amigos vão assistir ao jogo final da Copa do Mundo de Quadribol num estádio gigantesco. O jogo: Irlanda x Bulgária. Quando a seleção irlandesa entrou em campo, quer dizer, entrou no ar, estouraram vários fogos de artifício em tons de verde, formando no céu um Leprechaum – aquele duendezinho símbolo da Irlanda – que começou a dançar ao som de uma música típica. Na hora, me veio à mente uma final de campeonato no Maracanã: o Flamengo entrava em campo, estouravam fogos em preto e vermelho formando um urubuzaço de asas abertas, fustigando com suas garras a bunda de um portuguesinho com a camisa do vasco, que gritaria: “sucorro! sucorro!”. Heim, que tal? O jogo nem precisaria ser contra o vasco mas a imagem tinha de ser esta para fazer a gloriosa torcida do Mengão delirar de prazer.
*
Ainda sobre o filme, o crítico de O Globo escreveu que não é grande coisa, logo... o que você está esperando para assisti-lo? Corra! Se os caras dizem que não presta é porque é muuuuuito bom! De fato, é.
M.S.

domingo, dezembro 04, 2005

Tá olhando o que?


Admito que não é exatamente agradável lidar com gente mal humorada. Mas, às vezes, a gente até acaba achando engraçado certos ataques de quem parece que acordou chupando limão.
O pai de uma amiga minha é conhecido pela sua ranzinzice. Uma vez ele estava para sair de casa com a filha. E como ela estivesse demorando, ele, impaciente, foi ver o que estava pegando. A moça ainda estava se preparando.
- Por que você está demorando tanto?
- Estou me maquiando, pai, pra ficar bonita!
E o velho devolveu de bate-pronto:
- E por que não fica?
Tem outra. A mesma moça foi até ele pedir dinheiro:
- Dinheiro? Pra que?
- Pai, eu preciso comprar uma meia-calça!
Resmungando, o velho não perdoa:
- Meia-calça? Pra que, você não tem meia-bunda!
*
A História registra alguns mal humorados clássicos. George Bernard Shaw foi um deles. H. L. Mencken foi outro. Eles deixaram algumas pérolas do mau humor como estas:
“Não sou jovem o suficiente para saber tudo”. (G.B.S.)
“Chegamos a um ponto em que milhares de mulheres sabem mais sobre o subconsciente do que sobre corte e costura”. (H.L.M.)
*
E para completar o clima da nuvem negra sobre a cabeça, tem o site Bom Dia Por que?, que inclusive comemorou no último dia 13 de novembro o Dia Nacional do Mau Humor. Lá você encontra, por exemplo, o Manifesto do Mau Humorado, com pérolas do tipo:
- Todo mau humorado tem o direito de não dar bom dia na segunda, a não ser que seja para fechar um bom negócio ou comer um mulherão.
- Todo mau humorado tem o direito de achar tudo uma porcaria, mesmo sem saber do que se trata.

- Todo mau humorado tem o direito a nunca responder quando algum infeliz puxa papo perguntando se vai chover.
- Todo mau humorado tem o direito de não segurar a porta do elevador para os outros, principalmente se estiverem com cachorros ou muitas sacolas de compras.
- Todo mau humorado tem o direito de odiar o Jorge Vercilo.
- Todo mau humorado tem o direito a odiar “rsrsrs”, “hehehe”, “kkkkk”, “hauauau” e coisas do gênero nos emails.
*
O site tem também a hilária seção Oba, não vou!, com os programas que a gente não pode deixar de perder e as respectivas razões. Cito um deles:
“I Festival Internacional de Ioga do Rio de Janeiro : Não dá para entender como neguinho se despenca do mundo inteiro para vir para cá ficar sentado sem fazer nada, abrir e fechar o esfíncter anal e discutir a grande questão dessa arte milenar: é iôga ou ióga?”

Eu se fosse você, não perderia a chance de conhecer este site. Mas também se você quiser perder dane-se, o problema é seu!
(Rsrsrs, hehehe, kkkk, hauauau...)
M.S.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Um filme iluminado


Ultimamente tenho comentado muitos filmes aqui. Nem é o objetivo deste blog. Tem gente muito melhor do que eu para fazer resenhas dos lançamentos cinematográficos. Mas tenho que admitir que alguns dos filmes que vi recentemente despertaram em mim antigas ternuras e aí está a grande inspiração desta página.

Como por exemplo o filme “Uma vida iluminada” (USA, 2003), estréia na direção de Liev Schreiber (veja foto), ator que vimos recentemente em “Sob o domínio do mal”. Ele fez um belo filme com um orçamento baratíssimo – 7 milhões de dólares – o que mais uma vez mostra que para filmar uma boa idéia não é preciso um transatlântico cheio de dinheiro.
*
O roteiro é baseado no livro “Everthing is illuminated” (também nome original do filme), escrito por Jonathan Safran Foes, que é o personagem principal da história. Não sei se é baseado em fatos reais. Acho até que seria improvável, por conta da própria implausibilidade daqueles personagens.

Eis o argumento do filme: um rapaz que tem a mania de colecionar qualquer objeto referente à sua família recebe da sua avó uma foto do avô ucraniano com uma mulher na sua terra natal. Disse a vovó que, por causa daquela mulher, ele tinha ido para a América antes da guerra e lá tendo constituído a sua família. Foi o que bastou para aquele rapaz estranho pegar um avião para a Ucrânia atrás daquela mulher misteriosa ou pelo menos de sua história. Lá, ele contrata como guia um jovem ucraniano e seu avô. O primeiro se veste e age como um negro rapper americano; o segundo, se diz cego e por isso tem uma cadela-guia enlouquecida a quem ele deu o nome de “Sammy Davis Jr. Jr.” (o segundo “Júnior” é porque já tinha existido um outro, o cantor). Embora se diga cego, é o avô que dirige o carro, um velhíssimo Trabant, aquele carro alemão-oriental que virou cult. Na viagem rumo ao local da foto, a gente vê um país com as cicatrizes do comunismo e da presença nazista na II Guerra.
*
O filme poderia se chamar “Antigas Ternuras”. Eu me identifiquei um pouco com o personagem central: como eu, o cara é vegetariano, gosta de coisas antigas e é muito estranho (no sentido de fora da 'normalidade' que se vê atualmente). Aliás, mais um belo desempenho de Elijah Wood, o hobbit “Frodo Balseiro” da trilogia “O senhor dos anéis”. É curioso ver que até os personagens chegarem ao seu destino, o filme às vezes parece uma comédia rasgada. Depois, assume tons bem mais dramáticos.
Ao meu ver, uma de suas grandes qualidades foi mostrar o choque cultural entre um americano e ucranianos, que até nem tanto tempo assim faziam parte da União Soviética. O simples fato daquele ianque não comer carne, numa terra onde ter comida farta na mesa era uma raridade já mostra um pouco a dificuldade de compreensão entre aquelas pessoas. A cena do grupo no restaurante é hilária.
*
Mas o que eu mais gostei no filme foi constatar que alguns objetos são bem mais significativos do que simplesmente aparentam: eles podem ter por trás histórias riquíssimas. Uma frase dita no final acaba sendo uma espécie de resumo do filme e de slogan deste blog: “O passado nos ilumina sempre. De dentro para fora”.
Se eu fosse você iria correndo ver este filme.
M.S.