quinta-feira, junho 23, 2005

Nós não sabíamos o que era colesterol

Li no jornal que a justiça liberou a venda de petiscos gordurosos nas cantinas dos colégios. Eu nem sabia que estavam proibidos! Que coisa... Lembrei que eu (e todo mundo) me empanturrava de pastel com grapette no colégio, fora jujuba, delicado, pirulito Zorro, caramelo Embaré, mariola, doce de leite e quase não tínhamos obesos na época. Um ou outro, por problema genético, era mais gordinho, e sofria horrores na mão da gente. A lista de apelidos que o fofo recebia era enorme: hipopótamo, rinoceronte, baleia, elefante, o neologismo "hiporrino baleiofante", que era a mistura de todos os animais anteriores, rolha de poço, barril de banha, ton-ton (de tonelada) e vai por aí a fora.
Nós, os muito magros, também éramos mimoseados: filé de borboleta, costela, magriço, saco de osso, caveirinha, pé na cova, ossada da Dana de Teffé (melhor nem explicar quem foi Dana de Teffé...), esqueleto humano etc e bota etc nisso.
Mas por que tínhamos poucos gordos naquela época? Claro, todo mundo sabe a resposta. Porque éramos hiper-super-mega ativos na nossa infância. Ficávamos brincando na rua até dez horas da noite e acredite, ilustre passageiro: NADA ACONTECIA CONOSCO. Muitas mães também ficavam no portão, vendo a gente brincar de garrafão, pique-bandeira, pular carniça e outros quetais.
Hoje não vejo isso. Está certo, tem o problema da violência e estes são, definitivamente, outros tempos. Mas acho reducionista simplesmente atribuir o problema da obesidade das crianças aos tempos brabos em que vivemos. No meu condomínio tem uma área enorme para o lazer da petizada e eu não vejo os garotos a usarem constantemente.
Uma outra teoria? Bem, no meu tempo, em mil novecentos e não vem ao caso, nós fazíamos pipa, comprávamos pião e fieira na venda, fazíamos vaquinha para comprar bola, jogávamos bolas de gude, e especialmente criávamos nossos brinquedos – jogo do finco, futebol de preguinhos, jogo de botão com casca de coco... Tudo isso fazia a gente queimar muita energia.
Atualmente, a garotada não sabe o que é isso e - aí é que mora o perigo - prefere brincar sedentariamente no computador.
Não tem jeito: se não queimar energia, vai engordar mesmo!
Eu não entendo como um garoto prefere ficar dando tiros no Godzilla a jogar búrica.
Recebi uma mensagem pela internet com o título "Como conseguimos sobreviver?". Falava de coisas que a minha geração desfrutou, como andar no banco de trás do carro sem cinto e fazendo bagunça, subir em árvore, correr em carrinho de rolimã etc. Até o Paulo Coelho escreveu sobre isso na coluna dele, nO Globo.
Eu proporia uma mudança no título daquela mensagem: "Como essa nova geração conseguirá sobreviver?"
M.S.

5 comentários:

Anônimo disse...

Também sou de mil novecentos e não vem ao caso (esta foi ótima!). Igualmente desconhecia o colesterol, inventava meus próprios brinquedos, ... Ah! Já não fazem mais gerações como a nossa... Agora, definitivamente, Dana de Teffé não era do meu tempo. Por favor, responda: Quem foi esta figura? Uma vítima de assassinato? Uma antiga e magérrima atriz pornô? Não deixe de solucionar este enigma. Hehe! Abração!

Anônimo disse...

Grande Paulo! Em resposta à sua pergunta que não quer calar, a Dana de Teffé também não é exatamente do meu tempo. Ela foi uma socialite que desapareceu misteriosamente em fins dos anos 50. O principal suspeito era o seu advogado e procurador, Leopoldo Heitor, apelidado pela mídia de "o Advogado do Diabo". A justiça só poderia caracterizar o crime se tivesse aparecido os ossos da Dana. Ao longo dos anos 60, toda ossada que aparecia diziam que era da Dana de Teffé. Em 1971, se não me engano, acharam uma que causou muita discussão se era ou se não era. O assunto "Ossada da Dana de Teffé" voutou a ser o prato do dia. Na época, tinha um colega de escola, o Vaílton. O bicho era tão magro (ainda é) que botamos o apelido nele de "Ossada da Dana de Teffé". Respondido? Um abração do "Marco Filé de Borboleta", meu apelido na escola (mas já não sou mais magro...)

Anônimo disse...

Realmente, esta Dana de Teffé, ou o que restou dela, não é do meu tempo! Mas, obrigado por saciar minha curiosidade. Sobre seus e-mails, acabei de ver que recebi. É que não costumo abrir com freqüência a caixa do Cinelândi@. Depois explico o porquê e envio meu e-mail pessoal, ok? E pode contar com minha ajuda. Por uma módica quantia, é claro! Tô brincando! Só me diexa sair desta reta final de bimestre. Época em que o bicho pega tanto para alunos como para professores. Um abração, meu "novo amigo de infância"!

Marco disse...

Relendo a minha resposta para o Paulo, vi que eu cometi uma barbaridade. Onde de se lê "voutou" leia-se "voltou".
Eu devia estar possuído por um encosto quando escrevi esta bobagem. Desculpe, Paulo.

Anônimo disse...

Puxa, eu sou tb de 1900 e não vem ao caso, e tb não conhecia essa Dana de Teffé... vivendo e aprendendo. Agora, o bendito (!) colesterol me persegue... tá sempre altinho, fazer o q! Mas eu não tenho mudado a minha alimentação. Vou comer o q? Matinho? Ah, não... como muita besteira sim, e graças ao bom Deus, não tenho facilidade pra engordar. Agora, Marco, vc me fez lembrar de tanta coisa! Grapete, Embaré, e tem mais: pingo de leite, bala Juquinha... nossa... q tempo foi esse, hein???