sexta-feira, maio 13, 2005

Reabrindo a Caixa de Pandora

Quem me dá o prazer e a honra de ler minhas mal tecladas linhas, aqui neste modesto blog, tem visto a minha, digamos, admiração pela revolução nos costumes, acontecidas nos seriados americanos. Já escrevi aqui a minha surpresa em assistir às séries modernas e ver temas, linguajar inimagináveis nos anos 60/70.
Pois é. Quando eu assisti ao ótimo filme "Kinsey – vamos falar de sexo", atualmente em cartaz, senti que a minha ficha tinha caído. Ou que o cartão tinha sido creditado.
O filme é uma biografia romanceada do professor Kinsey, autor do célebre "Relatório Kinsey", realizado nos anos 40/50, nos EUA, a respeito da sexualidade de homens e mulheres americanos.
Com pesquisa rigorosamente metodológica, como a ciência faz questão, ele entrevistou milhares de homens e mulheres, fazendo trocentas perguntas sobre assuntos de natureza sexual de cada um. Coisa pouca, assim como "você se masturba? Com que freqüência? Quando começou? Em que posições você e sua parceira costumam fazer sexo?" E vai por aí a fora.
As respostas? Bem, tinha de tudo, mas de TUDO mesmo! Desde "inocentes" (poucos e poucas), daquelas que achavam que beijo na boca podia engravidar, até pessoas com fantasias e práticas absolutamente incomuns (muitos), para se usar um termo brando. E ainda perguntavam depois: "Eu sou normal, doutor?"
Ou seja: a cabeça do norte-americano dos repressivos anos 40/50 já era altamente promíscua. A forte repressão da época, aliada ao comportamento protestante anglo-saxão, impedia que a devassidão saísse das cabeças e dos quartos das pessoas. Aqueles tempos de forte intolerância, de código para isso e para aquilo, só permitiam manifestações culturais que de forma alguma expressassem o permitido. Nada de insinuações, de comportamentos considerados inadequados...
Com os libertários anos 60, a fortaleza puritana começou a ruir. E no fudevu de caçarolê instaurado a partir dos anos 80, não dava mais para segurar a moçada. O que era secreto virou público. A sacanagem estava liberada. Já podia ir para os seriados, para os filmes, que, curiosamente, passaram a ser mais violentos que antes. Hoje, não basta o vilão morrer por um tiro ou ir para a cadeia como iam os vilões dos filmes do Hitchcock. O bandido agora tem que morrer despedaçado, explodido em mil pedacinhos, para delírio da platéia!
Daí, que os seriados "comportadinhos" de 40, 50 anos atrás não cabem mais hoje. Soltaram a besta-fera. A Caixa de Pandora foi reaberta e estava na cabeça das pessoas!
É interessante que desenvolvi todo este raciocínio a partir do filme "Kinsey".
Eu sugiro a você que me lê assisti-lo também e depois tirar suas próprias conclusões. Ou a concordar comigo...
M.S.

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