
Recentemente, conversando com um amigo, eu perguntei a ele qual era a profissão mais antiga do mundo. Ele respondeu: “a prostituição”. Eu disse que não, mas que ele tinha chegado perto. A mais antiga das profissões, disse eu, é a de publicitário. Ele riu e eu tive que explicar.
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Se a Bíblia está correta, a serpente do Paraíso foi a primeira profissional de publicidade no mundo. Ela apresentou o produto (o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal), criou expectativa no público-alvo (Eva), despertou a necessidade deste público em consumir o produto, elogiando suas qualidades e omitindo seus pontos fracos, criou uma boa imagem deste produto e conseguiu persuadir sua cliente. É ou não é? Estou certo ou errado?
(Este post poderá ser melhor apreciado ao som desta seleção musical que a sua, a minha, a nossa Rádio Antigas Ternuras, a rádio que toca no seu coração, traz até você. Basta clicar na setinha da telinha do You Tube)
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Quando estava fazendo faculdade de Comunicação, no quinto período eu tive que me decidir entre Cinema, Jornalismo, Publicidade ou Relações Públicas. A intenção, quando entrei na Universidade Federal Fluminense – UFF, era fazer Cinema.

Mas este curso era na parte da manhã e eu já tinha um bom emprego em horário integral. Não deu. Muita gente dizia que eu me daria bem em Publicidade & Propaganda, por ser, na opinião deles, “um menino muito criativo”. E admito que cheguei a cogitar esta hipótese. Depois, refletindo, concluí que o publicitário é um profissional que vende a alma ao Capeta. Ele tem que vender produtos, muitas vezes, com o qual não concorda. Por exemplo: eu sempre detestei cigarros. Já pensou eu tendo que criar uma campanha para vender esta chupeta maldita? Acabei escolhendo jornalismo e não me arrependi.
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Diariamente, e desde criança, somos bombardeados com mensagens de propaganda. Algumas peças publicitárias são mais marcantes e acabam fazendo parte de nosso imaginário. Muitas vezes lembramos de um produto ou serviço pela recordação da propaganda que vimos dele. E das lojas onde eles estavam feérica e inteligentemente anunciados e exibidos.
Querem um exemplo? Meu primeiro terninho, comprado na Casa Príncipe. Lembro perfeitamente de seu slogan: “Príncipe veste hoje o homem de amanhã”. Inclusive eu ganhei um plástico com a logomarca da loja e este slogan. Para quem mora ou conhece o Rio de Janeiro, a Casa Príncipe ficava na Av. Rio Branco, próxima à Rua Buenos Aires.
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Quando estava maiorzinho, minha mãe me levava para comprar calças de tergal na Ducal. Essa loja foi uma coqueluche no Rio de Janeiro da minha época. O seu nome vinha da sua promoção: “compre um terno e leve outra calça”. Logo, um paletó e DUas CALças. Na segunda metade do anos 60, a Ducal passava por dificuldades financeiras e então se juntou com a cadeia de lojas Bemoreira. Também tive o plástico desta loja, cujo mascote era o “PEP” (da sigla ‘Preço E Prazo’). Tinha uma loja da Ducal e da Bemoreira bem perto do colégio em que eu estudei (lembra, Luiz, meu amiguirmão?)
Eu me recordo bem dos comerciais da Ducal com o Tarcísio Meira/Gloria Menezes e da Bemoreira com o Raul Longras... (eita, que agora é que o povo vai achar que eu lavei os pratos na Santa Ceia...).
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Quem me acompanha há mais tempo lembra que eu já falei aqui da cama de campanha e do sofá-cama Drago. No post Escutando cabelo crescer eu, inclusive, descrevi como era a tal cama de campanha e os problemas que ela poderia causar em partes discretas da anatomia masculina... Pois é. Eu lembro quando fui com meu tio numa loja da Drago para comprar uma poltrona-cama (que seria para eu dormir...). Ele já tinha visto na televisão e no jornal o anúncio da dita cuja. Veja só, que beleza que ela era...
Agora, vejam a cama de armar da Drago (noutro dia, eu estava fazendo uma pesquisa em microfilmes de periódicos antigos e achei este anúncio. Fotografei-o com meu celular. Sou o primeiro a colocar estas imagens na internet!)
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Uma outra loja que fazia anúncios legais, e que meu pai frequentava, era a Lutz Ferrando. Ele só revelava filmes e fazia cópias lá. Eles davam albinhos como este para guardar as fotos. Minha mãe tem trocentos deles com as fotografias que meu pai tirou com sua velha Flexaret. A Lutz Ferrando Ótica e Instrumentos Científicos ficava no Largo de São Francisco (hoje no lugar tem uma filial da Kalunga). Estive lá várias vezes, mesmo depois de meu pai ter falecido. E é claro que me lembro dos anúncios da loja nos jornais...


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Não quero que este post fique muito longo. Na semana que vem eu vou postar a segunda parte, com mais lojas cujos anúncios povoaram minha infância e adolescência.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Comunicação”, na interpretação da sempre fantástica Elis Regina.