quinta-feira, novembro 20, 2008

Coisas de meu tempo e de outros tempos


Ultimamente, com o intuito de comprar coisas para cenário e figurino da peça que estou ensaiando, tenho ido muito na Feira de Antigüidades da Praça 15, que acontece aos sábados, aqui no Rio de Janeiro. Antigamente chamavam lugares assim de “Mercado de Pulgas”. Provavelmente pela quantidade desses parasitas que vinham de brinde ao se adquirir algum produto por lá. Existe um famoso mercado de velharias, em Londres, em Portobello Road, que inclusive já serviu de locação em alguns filmes. Lá é possível comprar (e vender) qualquer tranqueira útil ou inutilmente charmosa. E com direito a pulgas inglesas legítimas!
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Mas o daqui do Rio é um programa absolutamente imperdível. Para produtores de Teatro, Cinema e TV é local que não se deve deixar de ir quando se procura objetos cênicos. Quase tudo o que eu estava precisando para compor meu personagem e até de outros eu consegui lá: caneta tinteiro, aparelho de barba Gillete Azul, copo de estanho, maleta de médico, instrumentos de dentista, relógio de bolso... e vai por aí a fora.
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Mas independente do que fui buscar especificamente, achei uma infinidade de coisas, de pequenas e antigas ternuras, que me fizeram ganhar o dia. Vejam, por exemplo, este Topo Gigio aí do lado. Minha irmã ganhou um igual a este quando era criança (isso em mil, novecentos e não vem ao caso...). Se ainda tivesse o seu, poderia tê-lo passado para o seu filho mais velho ou para sua filha menor. Sabe lá Jeová onde o bonequinho dela foi parar, depois das mudanças de casa que fizemos. Esse ratinho italiano, criado em 1958, fez muito sucesso aqui no Brasil, no final dos anos 60. Até virou presente de Natal para minha irmã.
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Agora, vejam esta garrafa de Crush. Quem, como eu, tem mais de trinta e quinze anos (prefiro dizer assim a falar “45”), deve lembrar perfeitamente deste refrigerante sabor laranja, surgido no Brasil antes da Fanta. Era uma delícia! Quer dizer, era um xarope cheio de corante, gás carbônico que de laranja só devia ter a cor. Mas que era bom, ah isso era! E ver uma garrafa dessas, do meu tempo de criança, com chapinha e tudo (depois dessa, lançaram uma outra embalagem em vidro transparente, com logomarca em branco e verde), eita coisa boa! Ah, os tempos em que eu vendia gibi com meus amigos e comprávamos um Crush e uma garrafa de água mineral com gás, misturávamos os dois para render, já que não tínhamos dinheiro para mais de um refrigerante...
Em casa, tomávamos Coca-Cola tamanho Família, mas só aos domingos. Durante os outros dias, minha mãe não comprava e não gostava que nós tomássemos este doce veneno.
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Lá na feira, a gente anda mais um pouco e se depara com algo que nos faz verter uma furtiva lágrima. Vejam este acordeão. Meu tio Sergio e meus primos tocavam num parecido com este, só que da marca Scandalli. Nos tempos das antigas ternuras, quando íamos visitá-los para almoçar com eles, na parte da tarde, tinha seratas musicais, onde eles tocavam piano e acordeão. Naquele tempo, era muito comum famílias terem um filho ou filha tocador de piano e/ou acordeão. E tome “Cielito Lindo”, “Beijinho doce”, “Asa Branca”...
Eu bem que sentia uma ponta de inveja de meus primos por saberem tocar um instrumento musical... Mas, estou bem certo, não teria paciência para ter aulas de música. O ideal seria fazerem um download na minha cabeça para eu sair tocando.
(Reparem que na parte de baixo da foto aparecem dois rótulos antigos de cerveja Brahma, pois são do meu tempo, vejam vocês...Acreditam agora que eu pisei na lama do Dilúvio?)
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Lá na feira eu vi coisas maravilhosas, fotografei algumas e até pretendo escrever sobre elas aqui e no Playground dos Dinossauros. Comprei gibis da EBAL dos anos 60 (Calma! Ainda vou escrever sobre eles!), DVD do Vigilante Rodoviário (depois eu conto!, depois eu conto!) e otras cositas más.
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Se o que eu trouxe tinha pulgas? Quero crer que não. Mas cada objeto que adquiri me inoculou de uma coisa muito prazerosa chamada “saudade”.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve The Archies cantando “Sugar Sugar”. Quem lembra dessa? Pois é. Numa das bancas da feira de antiguidades tinha uma vitrolinha tocando este compacto simples...

22 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Que alegres nos sentimos, caro Marco, quando reencontramos um objeto do passado, quando, tantos anos decorridos, ouvimos uma música de quando éramos crianças, coisas assim. Sim, me lembro bem do Crush e o bebi tantas vezes. Um abraço saudosista.

Claudinha ੴ disse...

Olá Marco!

Adorei este post, gostaria muito de conhecer esta feira. Só me lembro do Rio dos anos 70 quando passava as férias em casa de parentes. Lá em Ouro Preto também tinha uma feira e lá encontrava-se a´te coisas do império´. Eu era louca com as roupas e objetos de toucador das siazinhas... Crush, ah que saudade, e o Grapette, ah... Saudades de minha avó Carmem ,que sempre me dava escondido da minha mãe... Você agora mexeu com as saudades eternuras de todos os seus leitores! A do rei!
Beijo!

Lulu on the sky disse...

Nesses mercados vc acha de tudo.
Big Beijos

Renata Livramento disse...

Oi Marco!
saudades de vir aqui, quanto tempo, hein!

Estou de volta por essas "bandas", com o "Closer", mas em um ritmo bem mais ligth..a vida apertou muito o tempo..rs..

Quanto ao mercado de pulgas, com certeza é impressionante e interessante os tipos de coisas (e pessoas) que ali podemos achar, um verdadeiro laboratório mesmo! Mas particularmente não sou muito chegada à multidões e esses lugares costumam ficar MUITO cheios.. não sei esse daí...

bjos e bom fds!

Anônimo disse...

Estamos em sintonia. O meu post hoje também fala do tema saudade... lol
Adoro essas feiras, infelizmente ainda não fui a nenhuma, mas em Lisboa há uma parecia, mas acredito não ser tão rica como essa: Feira da Ladra. Nâo me perguntes o porquê do nome. Não sou historiadora como tu! LOL
Bom fim-de-semana!
*.*

Anônimo disse...

He he he!
Aqui em casa de Rose habemus um ratinho Topo Gigio originalíssimo, com roupinha e tudo.
Cobramos só R$ 500,00 pra vc ver, ok?

Tina disse...

Oi Marco!

Eu A.M.O. Crush !!! E Grapette também.(ainda existe - mas não é igual... :( Que post lindo, de verdade.

beijos querido e bom domingo.

Anônimo disse...

Feira que se preze tem que ter pastel. Tudo bem, pode ser de queijo. E meu vasquito querido segue firme rumo à segundona.

benechaves disse...

Puxa-vida, Marco, fiz um longo comentário aqui mas deu erro. Fica o registro.

Um abraço....

J.F. disse...

Oi, Marco.
Crush, Grapette, Sete up (e a criançada ia saber falar "sevenap"?), guaraná champanhe (da Antártica)...
Nooooosssaa! Gibis da EBAL? Mais velho que isso só o "Vida Infantil", da "Editora Noé, Filhos & Cia. Ltda." e "O Tico Tico", da "Tipografia Caim" - ex "Tipografia Dois Irmãos".
Belíssimas lembranças!
Abração.

isabella saes disse...

Que delícia, que nostalgia!! Beijos.

Zeca disse...

Oi, Marco!

Eu adoro essas feiras! Sempre que estou por perto de onde tem uma, lá vou eu... risos. Só pra curtir, não pra comprar. Gosto de encontrar essas coisas de antigamente. Sim, também pisei na lama do Dilúvio; talvez ainda antes de você... risos. Eu bebia Crush, e Grapette (quem bebe Grapette, repete), além de não perder os programas do Topo Gigio, se não me engano, nas noites de sábado, na Record (a Globo da época!). Andei tentando aprender piano, sem sucesso, mas tinha um primo que era exímio sanfoneiro (ups! acordeonista... rs) e nas reuniões familiares, o pobre era obrigado a tocar os chavões da época, ou de sempre, como os que você mencionou. Ah! E eu também vendia gibí na feira! Todas as 4ªs feiras, havia uma feira livre perto de casa e eu saía com uma sacola cheia de gibís, que estendia no chão, sobre folhas de jornal (plástico ainda não era tão comum) e ganhava pra comprar mais... até o dia em que minha mãe (que trabalhava fora) descobriu! Um dia ainda conto sobre isso... risos.

Abração, amigo.

Julio Cesar Corrêa disse...

Um antigo namorado da minha irmã me deu um chaveiro do Topo Gigio, em 69. Ainda me lembro do ratinho na tv. Era apresentado pelo Agildo Ribeiro. Infelizmente, ele passou a ser usado pelos militares para fazer propagando do governo. O Pasquim declarou guerra ao ratinho, chamando-o de bicha, por causa do seu jeitinho meigo. Coitado!
Gosto dessas feiras. A da Lavradio tb é legal, embora mais sofisticada. A de Portobello é interessante, mas tem mais coisa para turistas. A melhor em Londres é uma que fica na zona sul da cidade. A de San Telmo, em Buenos Aires também é muito legal.
Me avise quando a peça estreiar
abração e ot semana

Anônimo disse...

Que carinha triste do Topo Gigio, não? Devia ensejar a ternura. Muito Cute!
Quando morava no Rio, ia muito à feira do Casashopping, por ser mais perto. Muitas antiguidades. Falando em Rio, aqui temos o "Mineirinho" que não existe em Minas, né? Lá em Minas, no circuito das águas (Alô Claudinha!! Alô Jacutinga!) temos tubaínas.
Boa semana! Beijus

Anônimo disse...

Pois eu acho que vc fez muito bem em adquirir estas preciosidaes,Marco. O crush era mesmo muito gostoso,mas o que eu mais gostava era GRAPPETE. Lembra-se??
Vou deixar a timidez de lado e ser um pouco indiscreto,Marco: voce sabe,por curiosidade,qto cobram por estes itens que vc citou??

Abraços!!

Y. Y. disse...

saudadeeeeeeeeee de vc, parceirooooooo!!!!!!! :*********

Anônimo disse...

Nossa adorei essa feira....eu guardo muita coisa, todo mundo fica maluco comigo, mas encontrar tudo isso é reviver ...bom demais. Beijos

Mimi disse...

Não sei como é que pode, mas só você pode ser assim: perfeito o post!

;-)

(e eu tomei crush, faz um tempão, mas tomei, hahahaha)

[Manú] disse...

Este post está mesmo saudoso.Eu amei!me deu vontade de conhecer esta feira. que bom poder voltar a te ler. beijos!

Moacy Cirne disse...

Meu caro, embora tenha aparecido pouco na Feira da Praça XV nas últimas semanas, adoro o lugar: para mim, é a melhor do Rio. Sobretudo quando coincide com a roda-de-samba da Folha Seca, quase ao lado. Um abraço.

Anônimo disse...

Amigopratodavida, perdoa meu sumiço, ando aqui e ali por conta de doença na família, mas nada que não esteja sendo resolvido.
Adorei tudo isso, adoro feiras de antiguidades onde compro tranqueiras que enchem a casa, delícia! rsss

lindos dias meu querido
beijos
*me avisa da peça nova ok?

Dilberto L. Rosa disse...

Realmente, meu primo e amigo Marco: este 'post' facilmente se dividirá em 300: e estarei esperando por todos eles avidamente! Deliciei-me com muita coisa por aqui, mesmo as de fora de minha época - Topo Gígio, por exemplo, alcançou-me numa "refilmagem" nos anos 80 na Band! Forte abraço, Mestre dos Mercados de Pulgas (nunca me esqueço de uma piada do Seinfeld, irritado com George Constanza: "Você não quer ir comigo ao mercado porque está pensando que lá vendem pulgas?")!