sexta-feira, janeiro 19, 2007

Chocolate com Pimenta


O que você estava fazendo no dia 19 de janeiro de 1982?
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Eu estava de cama, me restabelecendo de um problema de saúde. Eis que entra minha mãe no quarto e me dá a notícia: “Marco, deu na televisão que a Elis Regina morreu”.
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Lembro de ter ficado pasmo. “Mas morreu de quê? Foi acidente?”. Naquele momento, minha mãe não soube responder. Depois, eu saberia a causa mortis e ficaria mais pasmo ainda.
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Há 25 anos, emudecia a voz de Elis Regina Carvalho Costa, gaúcha de Porto Alegre, 36 anos, uma das maiores intérpretes de todos os tempos. É curioso saber que há hoje em dia toda uma geração que sequer era nascida quando ela cantava e encantava multidões.

Tem muita gente da comunidade blogueira que só sabe quem foi Elis pela TV e pelos discos. E sabendo disso, eu, que a vi nos tempos em que ela sacudia os braços, cantando “Arrastão”, me sinto mais velho ainda.
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São 25 anos sem Elis. Tenho vários discos dela. Mas nunca a vi em show e não me perdôo por isso. Ela ficou no Canecão por séculos, no fantástico show “Saudades do Brasil” e eu não fui. Pouco antes de morrer, ela esteve no Teatro João Caetano, que ficava a metros da minha casa, com o show “Trem azul” e eu não fui. Raios! Raios duplos! Raios triplos! Como eu pude deixar de ir ver os shows da Elis?
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Vídeo com 3min e 38seg - Importante: para interromper a execução da música de fundo e assistir ao vídeo, clique na imagem de um papel com “X” no alto, na sua barra de ferramentas, debaixo de “Exibir”.


Para mim, ela sempre foi uma Cantora maiúscula. Sua interpretação de “Atrás da Porta” é uma das coisas mais lindas, mais pungentes que eu já ouvi. Gosto tanto dessa música, dessa interpretação de Elis, que eu, certa vez, ganhei um papel numa peça cantando essa música no teste. Naquela hora, eu só precisei lembrar da emoção que ela me passava quando cantava esta canção. Daí, não foi difícil.
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Tudo o que ela cantava ficava maravilhoso. Até o que nem era grande coisa, como por exemplo “Alô, alô, marciano”, música que não me diz nada na voz da Rita Lee, mas que vira um croissant delicioso na voz da Pimentinha.
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Dizer qual disco dela eu prefiro? Também é difícil. Além do citado “Saudade do Brasil”, tenho especial prazer no “Elis”, de 1972, em que ela gravou “Casa no Campo”, e também o “Essa mulher”, com aquela beleza de interpretação para “As aparências enganam”, e o “Falso Brilhante”, e o... Ah. Não tem disco dela que eu não prefira.
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Eu a idolatrava, quando estava viva. Sabia que o seu apelido de “Pimentinha” era por seu gênio, humm... digamos, forte. Para mim, a voz dela era doce como chocolate. Eu me surpreendi quando descobri histórias cabeludas sobre ela. Numa entrevista, perguntaram o que ela achava de algumas pessoas a considerarem de antipática. Resposta de Elis, literalmente: “Ah, o que é que há? Eu canto pra caralho e ainda querem que eu seja simpática?”
Eu queria, sim, Elis. O fato de termos recebido dons não é para nos considerarmos como se estivéssemos acima da humanidade. Um artista é um operário de seu ofício, como um médico, um engenheiro, um mecânico, um operador de fotocopiadora também o são. Imagina se todos os que fossem especialmente talentosos se arvorassem no direito de escoicear a humanidade?
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Um amigo meu me contou que foi, certa vez, na casa da Elis, quando ela estava casada com Cesar Camargo Mariano. Ele foi acompanhando a Beth Carvalho, a pedido desta, que estava se borrando de medo de encarar a Elis. É que a Beth soube que a Elis tinha ouvido “Folhas Secas”, música que o Nelson Cavaquinho tinha dado para ela, e que resolveu também gravá-la. Elis ouviu a música no estúdio do Cesar, que estava fazendo os arranjos do disco da Beth. A sambista sabia que o impacto de sua gravação não seria nem de longe igual ao da Pimentinha. A idéia de ambos era tentar demovê-la de sua intenção, afinal, o Nelson tinha dado a música para ela, Beth. Ribamar, esse meu amigo que a acompanhou, me disse que a Elis tratou os dois como uma leoa faminta trata um filhote de gazela. Os dois saíram de lá apavorados, a Elis gravou a música, e, obviamente, fez mais sucesso que a gravação da Beth.
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Todas as histórias escabrosas que ouvi sobre a Elis não arranharam a minha admiração pela grande artista que ela era. Até hoje eu continuo a sentir o mesmo prazer em ouvi-la cantar. Nunca outra cantora aliou voz, técnica e emoção como ela fez.
Sinto saudades de suas interpretações. Sinto saudades do tempo em que aguardava sair o disco da Elis. Parafraseando Drummond, hoje a minha saudade é apenas um som tocando na vitrola. Mas como dói.
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A nossa amiga Vera Fróes pediu que eu participasse da blogagem coletiva sobre a Elis. Embora eu não participe mais de blogagens coletivas, resolvi fazer esse carinho para a Elis, minha antiga e eterna ternura, e para a própria Vera.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve Elis cantando “Nada será como antes”.
Na TV Antigas Ternuras, você vê um vídeo com Elis cantando, de forma emocionada e emocionante, “Atrás da porta”.

41 comentários:

Claudinha ੴ disse...

Bom dia Marco! Excelente seu texto e concordo com você, não é porque temos determinados dons que devamos nos desfazer dos outros ou tratá-los mal. Este era um grande pecado dela, ser temperamental demais. Ainda sou do "gentileza gera gentileza". Mas ela É a voz que marca muitos momentos na vida de qualquer pessoa de bom gosto e temos que saber separar a artista da pessoa. Acho que a maioria das pessoas soube fazer isto. Hoje temos Maria Rita com o timbre quase igual ao da mãe e eu adoro o trabalho dela também. E esta sua comparação de chocolate com pimenta foi muito legal, tudo a ver!
Um beijo e um excelente final de semana!

Anônimo disse...

Arrepiei! Isso é que é cantar com o coração! Parabéns, Marco! Um beijo e ótimo fim de smana

Anônimo disse...

Grande MARCO.
Não há comparação. A Elis tem feito muita falta,sem duvida. SE não é a melhor,é dos grandes nomes da nossa musica e deixou milhões de órfãos pelo país.
Linda e merecida a homenagem a ela.
Abração!!

Vera F. disse...

Marco, não é que eu não te inclui mas eu vou linkando os blogueiros a medida que vão avisando que já postaram. Sabes porque? Ja participei de outras blogagens onde tem o nome de todos que disseram que iam participar, só que cada um posta num horário e o que acontece é que muitas vezes clicamos e não tem nada sobre o assunto, acho chato e tenho certeza que a pessoa que encontrou a porta fechada não volta outra vez.
Não se preocupe colocarei o link com seu nome agora.

Marco, o problema da Elis é que ela não aceitava a mediocridade nem a falta de profissionalismo e ela era muito exigente mesmo. Graças a isso temos várias canções que ficarão para sempre imortalizadas na voz dela. Eu separo o artista da pessoa. É evidente que não estou defendendo a pessoa ser mal educada, mas pelo menos ela não fingia que era uma coisa, sendo outra.
Para mim ela é única e a melhor!

Obrigada por participar!

Bjos.

Anônimo disse...

realmente esta interpretação de Atrás da porta é uma coisa de louco! parabéns pela escolha!
Adorei seu post, e como já disse em outrs posts desta blogagem, eu era pequena ainda qdo ela era viva então assim como vc não pude ir a nenhum show... mas não tem problema porque cada vez que ouço uma música é um show particular que acontece dentro de mim! espero que com vc tb!
Adorei conhecer seu blog!
Um abraço e seja sempre bem vindo á minha "casa"

Anônimo disse...

Marco:
Raios tripo também para mim, que não vi a Elis ao vivo, a não ser na TV.
E como você não acho que tenha um disco dela que prefiro. Gosto de todos.
Mas música, tenho sim: Atrás da porta. É campeã. E me emociona, sempre.

Bel disse...

Eu estava na casa de práia, em pleno verão... só curtindo, e sem tv. Vi a notícia na tv do mercadinho...
Pense numa turma de adolescentes assim, sem entender nada, parecendo que era um sonho ou um pesadelo!

Anônimo disse...

"Atrás da Porta" com ela é, de fato, de arrepiar os últimos pêlos do aparelho reto-furicular!

Francisco Sobreira disse...

Marco,
Como já escrevi no blogue de Claudinha, embora Elis não tenha sido das minhas cantoras preferidas, reconheço (e era o caso de me internarem num hospício se não reconhecesse) que ela uma das maiores intérpretas de todos os tempos da MPB, incluindo os cantores. O que mais me agradou nessa homenagem que você presta a Elis, é que, mesmo a amando, você não deixa de mostrar o seu lado negativo como pessoa, o que a tornou um tanto antipatizada. Porque o diabo é que muita gente não consegue separar o artista do homem. Quem sabe se não foi pelo temperamento dela que não gosto tanto dela quanto de outras? Enfim, cada um tem as suas preferências em qualquer ramo da arte, não é mesmo? Um abraço e um ótimo fim de semana.

Anônimo disse...

Homenagem para uma grande artista e mulher temperamental que se foi sem deixar substituta...
lindo findi querido amigopratodavida que anda muito sumidinho,rss
beijossssssssss

Anônimo disse...

Eu ainda era muito pequeno quando Elis morreu. Aprendi a gostar com os discos de minha mãe.

Saramar disse...

Querido, como sempre você excede!
Na emoção e na qualidade do texto.
Sabe, comecei a chorar ao começar o texto para a blogagem e chorei por 3 dias, porque sou absolutamente apaixonada pela Elis.
Tenho todos os seus discos e ouço sempre. E me emociono sempre.
Obrigada pelo belo texto!

beijos

Anônimo disse...

oie meu querido Marco,amo tudo que escreves, vc é um narrador e poeta nato ,te admiro muito e respeito seu carater lindo,sua simplicidade ,te adoro e desejo um lindo fim de semana,quanto a elis ,sem comentarios,linda essa musica, bjssss

Anônimo disse...

oieeee meu querido Marco,to emocionada com sua narrativa ,que musica linda, te adorooooo ,bjsssss

Anônimo disse...

Bela e justa homenagem, meu caro. Ainda guardo comigo a 'Istoé' com uma foto antológica da grande Elis, logo após a sua morte. Um grande abraço.

Anônimo disse...

Tá bão, tá bão, tendi tudinho e desculpo seu sumiço, que fazer né? te gosto mesmo, tem jeito não, rsss
Final de semana muito lindo procê amigopratodavida
beijossssssssss
Bora pra água sem gás e sem gelo, eca! isso é promessa? rsss

Anônimo disse...

Li vários dos posts que escreveram sobre a Elis, e devo dizer que até agora achei o seu o melhor! Simplesmente perfeito! Vc colocou sentimento além de ter acompanhado de fato tudo o que aconteceu! Ela era mesmo uma pessoa difícil, porém com aquela voz...
Parabéns!
Beijos

Anônimo disse...

Bah, as interpretações delas são lindas mesmo...

Não conheço tanto, e nasci em dez de 83 (quase dois anos depois da morte de Elis)... mas tudo que já ouvi dela achei lindo... como você disse: tecnica, voz, emoção e ótimo repertório - mistura explosiva!

Concordo plenamente contigo, afinal "gentileza gera gentileza". Ser incostante, antipatico só faz mal pra pessoa, e pra quem está proximo a ela.

belo texto de homenagem!

beijso

Eärwen disse...

Marco estou aqui amando relembrar a eterna Elis!!!!
Lindo o texto e a homenagem, meu coração se emociona ao ouvir Atrás da Porta.
Divino, simplesmente divino.
Deixo-te minhas pérolas incandescentes em forma de carinho.
Eärwen
20.01.07

Vera F. disse...

Marco, esqueci de dizer que amo chocolate com pimenta, são minhas trufas preferidas. Vai ver que é por isso que gosto da Elis também.

Bjos.

Anônimo disse...

Marco, pode ignorância minha, mas nao consigo gostar dessa cantora. Acho-a melancólica... rs.
Abraços.

Anônimo disse...

Marco,

como geralmente faço quando visito os amigos, procuro colocar em dia as leituras perdidas. Estou até agora abestalhado com a confusão na árvore genealógica do tal de Mário Augusto Teixeira de Freitas. Verdadeiro Fudevú de Caçarolê... risos.
Mas ao chegar ao texto em homenagem a Elis... meu coração disparou, como sempre dispara quando a ouço, quando leio sobre ela, quando me lembro dela. Foi uma das minhas mais importantes antigas ternuras! Tive a felicidade de ver quase todos os seus shows, alguns até duas vezes. Tinha todos os seus long-plays. Já não os tenho mais, perdidos pelas mudanças da vida. Mas possuo alguns cds que me encantam e consolam. Talvez por isso tudo não consiga engolir sua filha, Maria Rita. A moça tem boa postura, boa voz, mas não é a mãe. E parece estar sempre tentando ser. E suplantá-la.
Elis não tem substituta. Pode até aparecer uma outra excelente cantora e intérprete, mas duvido que surja alguma como ela. Seu próprio "mau gênio" era um reflexo de sua extrema exigência, consigo e com os demais à sua volta. Ela era, sim, muitíssimo exigente e até mesmo perfeccionista em matéria de música, repertório, interpretação e tudo o que levasse à sua música. Por tudo isso ela é e sempre será a grande e única estrela maior de nossa música popular. No dia em que aparecer outra, pedirei desculpas. Mas não creio que isso venha a acontecer.
Chorei muito a sua morte, demorei a me conformar e até fiquei um tempo com muita raiva dela. Mas até mesmo essa raiva era reflexo do imenso carinho e admiração que tinha por essa mulher maravilhosa que escreveu sua história com suas lágrimas, seu suor e sua interpretação magnífica. Sempre.

Abraços.

Anônimo disse...

nao sei onde estava..e um artista nao pode tratar os outros mal mesmo quando tem um grande talento

cilene

benechaves disse...

Dizem que as pessoas inteligentes são por demais temperamentais, egoístas e etc. Não sei bem desta verdade... mas a Elis era uma grande cantora e intérprete. Talvez a melhor que tenha ouvido. Ela superava todas as outras, acho que sim. E estamos vendo aqui este seu lado genial de saber cantar e interpretar. Cantava e ria ao mesmo tempo, cantava e chorava ao mesmo tempo. Sem comparações.
Pena de doer que foi embora logo cedo e nos deixou órfãos de suas músicas. Ficamos apenas com saudades e lembranças em nossos corações e mentes. Valeu a sua postagem sobre esta grande cantora!

Um abraço...

Anônimo disse...

Mais do que justa esta homenagem, aqui em Porto Alegre, estamos com várias programações em homenagem à Elis.
A imprensa não fala de outra coisa.
Ela nasceu e se criou na vila do IAPI, bem perto daqui onde moro, um bairro de classe média, hoje meio decadente, mas no coração da cidade, e conservando muito do seu charme graças à ilustre moradora que teve.
Parbéns pela escolha do post, beijos

david santos disse...

Olá!
Marcos, hoje vou sair do teu canto a fugir... Eu amava e ainda amo a nossa Elis Regina. Fico todo comovido em ouvir o nome dela ou em ver a imagem dessa nossa tão querida, que este maldito mundo levou tão precocemente. Não me sai do espírito o amor que lhe sinto.
Bom fim-de-semana.

Anônimo disse...

Não acho que a pessoa ser verdadeira seja um defeito.
Elis era temperamental,mas todo mundo tem um ladinho obscuro, então não é justo cruxificar.
Prefiro a verdade nua e crua do que a falsidade e isso a Elis não era mesmo!!!!
Afora isso, é a mais completa cantora e intérprete que já ouvi!!!
Tenho saudades de Elis.
Eu assisti em Porto Alegre o show "Trem Azul", não tem explicação a emoção de ouvi-la cantar com o coração, "Se eu quiser falar com Deus"

Jéssica disse...

Que nem ela, nunca mais!
Aprendi a ser fã qdo vi o desespero do papai qdo soube da sua morte, e da curiosidade pra 'idolatria', foi meio palitinho...rs... Beijo e linda semana procê*.*

Ana Carla disse...

Nossa! Tanto tempo assim? Parece que foi outro dia. Eu estava numa praia em Itanhaém, em férias, e ouvi a notícia pelo rádio. Chorei no mar, pela Elis, que até hoje me emociona. Ela gravou uma música qque, salvo engano, se chama "Meio termo", numa interpretação inigualável.

Lara disse...

Oi Marco! Olha em 82 eu ainda não era nada, mas ainda hoje escuto a Elis e a acho maravilhosa! Ela se foi mais deixou sua filha como um legado, que venhamos e convenhamos tmb tem uma voz divina. Fui a um show dela ha algum tempo atrás e minha mãe ainda comentou que ela se apresenta de forma muito parecida com a Mãe.
beijos!

Anônimo disse...

Marco, muito legal o seu comentário em MARIA MARGARIDA. Realmente o conto está recheado de Antigas Ternuras (não sei pq vc nao escreveu o nome do seu blog com maiúscula. Nao seria apologia de jeito nenhum). Em suma: sinta-se então, homenageado com o conto. E aproveitando, prepare-se que o sorteio do livro para o comentário de Dulcinéia está chegando.
Fui... Abraços e bom fds.

Anônimo disse...

Caríssimo Marco,
Depois de conhecer teu texto, a "forma" como você os constrói, fica impossível não retornar aqui em busca de novos. Esse da Elis, por tudo que ela representa (artistas são etrenos, o pretérito não lhes cabe) confirma, definitivamente o teu talento como cronista.
Sinto-me orgulhoso de contar com sua presença e a generosidade com que me brinda.
Um forte abraço e uma semana excelente para você e os seus.

Roby disse...

Marquinho, ficou um espetáculo seu post!
Porque nele, tu colocastes emoção e dor...
PERFEITO!!!
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Só não nunca aceitei o temperamento INSUPORTÁVEL de Elis, tudo bem, boa cantora, timbre de voz maravilhosa..etc..etc..
Mas aguentar suas neuroses??
Nunca!
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Grande abraço querido amigo..
Boa sema procê!

Blog do Beagle disse...

Olá, a melhor postagem sobre Elis, até agora. Você perguntou onde eu estava naquela manhã ... eu estava pertinho do Teatro Bandeirantes, trabalhando. Soube da morte dela e chorei. Cantei com ela, "Quando eu morrer me enterrem na Lapinha ..." tantas vezes que meu chefe se irritou! Vi a movimentação do povo em direção ao teatro depois da liberação do corpo pelo IML e as notícias sobre cocaína e alcool. Chorei muito. Ela cantava minhas dores. Falava sobre minha alma e meus amores. Ela foi a maior cantora que o Brasil já teve. Gal jamais chegou-se aos pés por que canta com o nariz e não com a garganta. Bjkª. Elza

Vendetta disse...

Ternurinha, meu querido, muito se engana se pensas que não gosto de MPB. Aliás eu estou bolando faz tempo um top V. só de nacionais, em tua homenagem... Calma que o post sai...

Na referida data, de noite, eu estava no colo do meu pai, bobamente começei a cantar "Romaria" - eu adorava o caipira-pira-pora-nossa da música e vivia a cantarolar essa parte, pois sempre fazia meu pai sorrir. Foi a única vez que vi essa música fazer Papai chorar. Só depois, muito depois, vim a saber que era por conta da morte da Elis.

E desde moleca eu escuto muita MPB, herança do meu Pai que me deixa uma saudade mais imensa que o país sente de Elis.
Ainda bem que toda vez que escuto a voz doce dela eu lembro dele...

A mim, não importa se ela era tão apimentada. Importa a emoção que reverbera de suas interpretações.

Um beijão bem doce

Bruno Capelas disse...

Well... meu disco favorito dela é o de 1977 , que tem "Romaria". É o que o meu pai tinha o LP e que acabou sendo o meu favorito por causa dos arranjos , que tem bastante coisa que parece rock e tal. Mas o Falso Brilhante é bem bacana e o "ela" , de 1970 , também é sensacional...

Agora eu não me perdôo por não ter nascido a ponto de ver o Saudade do Brasil. Cara , aquilo devia ser O show. Tem uma música , acho q chama "Redescobrir" , que é desse disco , coisa mais linda!

Abração!

Anônimo disse...

QUERIDO
que post 10.
Sabe, adoro vc.
Beijo no coração

Anônimo disse...

Meu querido,

Nunca fui fã de Elis Regina, talvez porque qdo ela morreu eu tinha 11 anos...mas engraçado que a morte dela me marcou, porque me lembro bem do dia...eu estava doentinha em casa, esperando minha mãe me levar ao médico e vi na TV o noticiário sobre sua morte...eu sabia quem ela era, sabia que era alguém importante, famosa, mas o que mais me chocou foi a forma como ela morreu...acho que por eu ser criança ainda...
Hj gosto da música "Como nossos pais", mas fã mesmo nunca fui. Seu relato e homenagem sobre ela ficou lindo...
Um beijo procê e vê se atualiza...rs

Marco disse...

Minha doce Claudinha: Que bom que você gostou. Eu penso da mesma forma que você. Na raiz dos meus sentimentos, eu terei sempre a Elis cantando daquela forma tão pungente. E sempre vou lamentar que ela, como pessoa, não correspondesse ao talento que Deus lhe deu. Fico muito contente por saber que a Maria Rita herdou o timbre de voz da mãe, mas nem de longe lhe saiu igual em temperamento. Que ótimo para ela.

Querida Lili: Ela cantando, botava o coração na voz!

Grande Do: Você está certíssimo: somos todos órfãos do talento da Elis.

Querida Vera: Eu não reclamei por estar fora da sua lista. Só fiz uma constatação. Sobre o meu post da Elis, bem, é parte do meu trabalho atual fazer perfis biográficos e eu nunca, mas nunca mesmo, perco de vista a dimensão humana de meus biografados. Aprendi que ninguém é somente santo ou somente demônio. Nossos ídolos não são deuses infalíveis. São seres humanos. E isto me interessa neles mais ainda, por saber que não são inatingíveis. Eu tenho profunda admiração pela artista Elis Regina. Sua arte me tocava e ainda me toca como poucos. Sua postura perante as pessoas nunca me emocionou. Também não sou favorável à mediocridade ou falta de profissionalismo. Mas nem por isso, destrato pessoas ou me posiciono de forma arrogante. Concordo com você: como artista, ela era única e a maior.

Querida Renata: Que prazer em tê-la aqui na minha velha cristaleira de emoções. Tenho especial predileção por “Atrás da Porta” e na voz de Elis, porque ninguém mais canta essa música como ela cantava. Apreciei muito o seu comentário aqui, como apreciei seu post da blogagem coletiva.

Grande Lino: Pelo visto, temos mais em comum além da emoção pela Elis: a música “Atrás da Porta”.

Querida Bel: Eu imaginei, sim, como você se sentiu com a trágica notícia... Eu me senti igual.

Grande Marconi: Os pêlos de minha cavidade briocal também se arrepiam com esta música!

Grande Francisco: Sim, amigo. Até para quem não lhe era especial admirador tinha que admitir que ela foi uma intérprete sensacional, como nunca tivemos e sei lá se algum dia teremos alguma assim. E você está absolutamente certo em perceber que eu apresento o lado bom e o ruim dos ídolos que homenageio. Recentemente, fiz um post-homenagem ao Marvin Gaye, cujas músicas e voz sempre me emocionaram bastante. E escrevi o post desta mesma forma. Mostrei onde ele era divino e onde ele era humano. A artista Elis há de brilhar para sempre dentro de mim. Nunca esquecerei a emoção que ela redescobria em mim quando cantava. E sempre vou lamentar saber que a artista que eu ardorosamente amava era arrogante e áspera no trato com seus semelhantes.

Marcíssima, amigapratodavida: Ela se foi, mas deixou uma obra que emociona até os que nem eram nascidos quando ela vivia. Você está certa. Ela não tem substituto.

Grande Makoto: E sua mãe, pelo visto, tem excelente gosto.

Querida Saramar: Li o seu texto em homenagem à nossa grande Elis e me emocionei, como sempre me emociono com seus escritos. Ela mexia com nossa sensibilidade de forma única. Também ouço sempre a querida artista.

Linda menina Samara: Meu coração se enche de júbilo com seu carinho e suas amáveis palavras. Que bom saber que a minha música favorita da Elis também te emociona.

Caro mestre Moacy: E esta foto é, sem dúvida, uma preciosidade!

Querida Paloma: Fico feliz com sua visita e suas amáveis palavras. Há um toque de amigável exagero nelas, vi tantos posts lindos nesta blogagem coletiva. O seu, por exemplo. Eu apenas pus nas linhas a emoção que a artista me proporcionava. Agradeço pelo link e prometo lhe retribuir.

Querida Maga: Se você, que só conheceu Elis por discos e vídeos, se sentiu tocada, imagine os que lhe foram contemporâneos. Ela era uma cantora ímpar, uma artista sem igual.
Seu temperamento era uma tristeza. Mas seu talento era mais que sublime.

Querida Eärwen: Que prazer em tê-la por aqui, nesta homenagem! A voz de Elis há de atravessar tempos, eras e emocionar gerações.

Grande Rubo: É uma pena você não apreciar o enorme talento da Elis. Mas respeito sua opinião. Continuo acompanhando firme a saga de “Dulcinéia”.

Grande Zeca: Eu já tinha percebido, pela música permanente de seu blog, que você é também, como eu, um apaixonado pela arte da nossa querida Elis. Que bem-aventurado você é por ter visto quase todos os seus shows! Puxa! Que inveja...
Você está certo: Elis não tem substituta.
Não concordo, se me permite, que o nível de exigência profissional dela fosse o responsável pelo seu comportamento com as pessoas. Ela, infelizmente, era arrogante dentro e fora da carreira. Assisti a uma entrevista com ela, certa vez, em que ela tentava justificar o azedume de seu temperamento por sua timidez, por ter vergonha de ser ligeiramente estrábica... Mas se seu comportamento não fosse de sua natureza, ela podia ser caolha, e envergonhada de dar dó que não despejaria sua inconstância sobre o próximo.
Independente disso, hei sempre de louvar sua arte, seu talento sem par. Para mim também, ela é e será única.

Querida Cilene: Concordo plenamente com você.

Grande Benechaves: Huuummm... Sei de verdadeiros gênios que não são ou não foram temperamentais. Sinceramente, não vejo ligação entre uma ou outra característica. Mas você está certíssimo em sua avaliação. Elis foi a melhor intérprete que este país já ouviu.
Sua observação foi brilhante, acho que ninguém disse isso sobre ela: Elis cantava e ria ou cantava e chorava. E nós ríamos com ela, e chorávamos juntos. Certa vez, li numa matéria em que ela dizia, com seu jeito característico: “que pra se cantar chorando, tem que cantar afinada”. Sim, ela era afinadíssima chorando ou sorrindo.
Sentiremos saudades pra sempre dela. O Brasil ficou mais triste depois do 19 de janeiro de 1982.

Querida Jeanne: Imagino o que se está fazendo por aí, em Porto Alegre... E toda homenagem à grande artista não é demasiada. Que bom que você gostou do post.

Caro David: Todos nós, choramos a falta dessa grande artista. Aqui no Brasil ou aí em Portugal, nossos corações se irmanam nesse lamento. Um abraço e obrigado por vir aqui neste meu canto.

Querida Sil: Obrigado por sua visita amável. Fui ao seu blog, mas não consegui deixar comentário. Que pena!... Seus textos são tão lindos!
Agora, sobre o seu comentário aqui, êpa! Querida, eu, crucificar a Elis???? Mas eu a considero a maior cantora de todos os tempos!!! Sempre vou me emocionar com a artista Elis Regina. Sempre.
Agora, se a artista me emociona, a pessoa que ela era, nem um pouco. Se eu tivesse ido a algum show dela, eu jamais, iria ao camarim falar com ela. Vamos que ela estivesse atacada e resolvesse ser “uma pessoa verdadeira” comigo! Ou que quisesse me dar “uma verdade nua e crua” pela cara... Não. Eu iria preferir admirá-la, amá-la, de longe...
Mas, você viu o show “Trem Azul”? Puxa! Que feliz é você por ter tido esta oportunidade!

Querida Jéssica: Você está certa. E imagino que uma ponta de tristeza apareça em você quando falamos na cantora favorita de seu pai, não é?

Querida Ana Carla: Parece que foi ontem, né amiga... pois é. Choramos todos até hoje.

Querida Eduardinha: Ta vendo? Você é mais uma que nem era nascida ao tempo da Elis mas também se emociona com ela. Elis era mesmo divina com aquele talento que Deus lhe deu...

Caro Bosco: Sua gentileza extrema me deixa até sem-graça. Muito obrigado, amigo, por suas palavras carinhosas. Gostei do que escreveu: “artistas são eternos, o pretérito não lhes cabe”. Perfeito! Só um poeta teria uma descoberta como essa. Sim, Elis será pra sempre!
Obrigado por sua amizade, que muito me orgulha.

Querida Roby: Que bom que gostou! Eu também adorei o seu! Eu também não me conformava com o temperamento áspero da Elis. Minha admiração pela artista é sem fim. Pela pessoa difícil e às vezes injusta que ela era, só posso lamentar. Concordo inteiramente com você.

Cara Elza: Antes de mais nada, obrigado pela sua presença aqui neste meu pequeno baú de antigas recordações. Suas palavras me deixam muito feliz, embora sejam um tanto exageradas. Nesta excelente idéia da excelente Vera, muitos textos foram particularmente brilhantes.
Imagino a sua dor, de saber que a grande artista esta ali, morta, pertinho de você...
Você está certa: Elis foi a maior cantora do Brasil.

Querida Vendetinha: Desculpe pelo meu engano. Mas você sempre faz citações em inglês e de músicas anglo-americanas, sempre toca músicas estrangeiras em seu excelente blog que achei que não gostasse de música brasileira. Bem, você pode até gostar, mas as músicas estrangeiras te emocionam mais, não é?
Um top V. de músicas brasileiras em minha homenagem??? Uau! Fico lisonjeado!
Achei bem bonita a sua história com a Elis.

Grande Mutante: Esses discos que você citou (tenho todos eles em vinil) também me são absolutamente emocionantes! Você não se perdoa por não ter nascido antes para ver o “Saudade do Brasil”? E eu que era nascido e não fui? Se arrependimento matasse, eu estava seco e esturricado... Vi esse show na TV e mais dor de corno me deu.
Redescobrir é linda, fantástica, de arrepiar! O Gonzaguinha estava iluminado quando a fez. Mas você ouviu a junção que ela fez com “Aos nossos filhos” e “Sabiá”? Eu sempre fico com os olhos cheios de lágrimas quando escuto essas músicas com ela...

Querida Claudia: Que bom que gostou!

Querida Alê: Talvez a Elis tenha um significado maior para a turminho que entrou nos "enta", embora a sua arte emocione gente de todas as idades.
Pode deixar, moça exigente, já estou atualizando...Ré! Ré! Ré!...

Valeu, moçada! Salve Elis, salve a Vera Fróes que teve essa brilhante idéia! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim!

Theo G. Alves disse...

sou um dos que só conhecem a Elis de discos e vídeos. em janeiro de 1982 eu mal tinha completado meu primeiro ano neste mundo.

ainda assim, o impacto que Elis tem sobre mim é grandioso, gigantesco... tenho sempre um disco dela por perto... é dessas coisas fundamentais pra vida.

grande abraço!

Paulo Azevedo disse...

Um amigo meu que eu tinha e que ele já até faleceu também me disse uma vez que a cantora Elis Regina não batia de frente com a cantora Cláudia, elas tinha uma rixa uma com a outra,assim dizia ele. Quando perguntei porque era ele me disse que era por causa da voz de uma e da outra que batia de frente.