sexta-feira, outubro 27, 2006

Uma visita do passado


Noutro dia, estava chegando ao meu condomínio e o porteiro me avisou que tinha alguém à minha espera na recepção. Vou até lá e vejo, de longe, um homem velho com um imenso saco vazio nas mãos sujas e sem viço. O aspecto geral daquele idoso era de absoluta derrocada.
- Pois não. O senhor quer falar comigo? – perguntei, curioso.
Ele me olhou com olhos enevoados, mas ainda vivazes. Um leve sorriso encrespava-lhe a comissura dos lábios.
- Você não se lembra de mim? – inquiriu-me com voz rouca e um tantinho zombeteira.
*
Curioso. Ao ouvi-lo, me deu a impressão de que já tinha escutado aquela voz. Entretanto, passando mentalmente sua fisionomia por toda uma lista de pessoas possíveis não conseguia obter resultado favorável.
- O senhor me conhece de onde?
- Desde quando você era bem pequeno e se recusava a comer o que sua tia colocava no prato.
Naquela hora eu gelei. Claro! Só podia ser ele! Eu tinha ali, diante de mim, o “Velho do Saco”!
*

Quando eu morei um tempo com meus tios, no bairro da Piedade, na hora do almoço eu costumava ficar enrolando para comer o que não fosse apetitoso para crianças de seis anos, como era o meu caso. O bife e a batata frita eu encarava na boa. Mas arroz e feijão, se eu pudesse, ficava engabelando até pararem de insistir com a famosa frase “Come, Marquinho!” Era aí que entrava em ação o “Velho do Saco”. Meu tio Jair dizia assim:
- Ah, não vai comer, não? Então eu vou chamar o “Velho do Saco”!
E ia para a varanda, falando alto: “Velho do saco! Aqui tem um menino que não quer comer arroz e feijão!”
Em seguida, eu ouvia um som gutural, que dizia:
- Cadê o menino que não quer comer! Vou botar ele aqui no saco!
Era o bastante para o pânico e o pavor tomarem conta de mim! Em rápidas garfadas, eu dava cabo de tudo o que estivesse no prato.
*

Tudo começou com uma história que meu tio contou sobre um velho que pegava crianças, colocava em um saco e as levava para fazer sabão. Meu tio narrava com detalhes sórdidos e absolutamente aterradores. Na cabeça de uma criança, que já fantasiava tudo, que lia gibis, Monteiro Lobato, livros de aventuras com monstros mitológicos, aquilo era uma festa! Daí, o “Velho do Saco” era sempre convocado para resolver questões básicas sobre minha alimentação.
*
E eis que eu o via ali, diante de mim. E justamente no momento presente, quando mais preciso fechar a boca e não comer desembestadamente. Quando tento evitar que esta massa adiposa, que insiste em crescer ao redor da minha cintura, não se desenvolva além do razoável!
- Olha, já não tenho mais medo de você... Eu estou crescidinho... – tentei contemporizar.
O Velho riu gostosamente.
- Já percebi. E não cresceu só pra cima, não. Pros lados também...
Aí já era demais:
- Péralá! O senhor veio aqui pra me chamar de gordo?
- Não. Preciso de um favorzinho. Pelos velhos tempos. – disse-me, piscando um olho cheio de catarata e buscando cumplicidade.
- Favor? Que tipo de favor?

- Explico. Hoje em dia, ninguém acredita mais em mim. Os pais que assustei quando pequenos se recusam a me invocar pra assombrar seus filhos. Tem um bando de desocupados, esses psicólogos que ficam inventando essa bobageira de que não se deve assustar as crianças, que traumatiza. Besteira! É melhor que elas tenham medo de personagens do imaginário a estarem desde cedo envolvidas no mundo real dos adultos. Hoje, elas já têm medo de ladrão, de bala perdida... No outro dia, eu vi uma mulher dizendo ao filho que se ele não se comportasse iria chamar a polícia. Ao terem medo de mitos, estão estimulando a fantasia. Logo crescem e deixam de se amedrontar com este pobre Velho do Saco. Passam a ter medo de coisas bem mais paupáveis... Estou te dizendo: mito não traumatiza. A violência, sim.
- É... De certa forma eu concordo com você. Minha família me criou me botando medo de você e nem por isso eu virei um serial killer de pais.
- Não é o que eu digo? Pois é. Com isso, muitos personagens do imaginário infantil estão desaparecendo ou tendo que se adaptar aos novos tempos, como a Cuca, que agora tem crachá da Rede Globo, inclusive.

O Bicho Papão faleceu no mais completo esquecimento. Fui no enterro. Que tristeza! Que abandono! Somos criados e nutridos pelo medo infantil. Se as crianças nos desconhecem, como poderemos sobreviver?
- É. Faz sentido. Mas onde eu entro nisso?
- Soube que você escreve sobre coisas antigas... Que gosta de relembrar histórias gostosas dos bons tempos... Daí...
- Daí?
- Não dava para você falar de nós? De mim, por exemplo? A simples lembrança da minha figura já me sustentaria por algum tempo. Escreva sobre o seu bom amigo “Velho do Saco”.
*
Eu olhei para aquela criatura tão estranha, que, no entanto, fez parte de mim, de minhas lembranças por longo tempo.
- Vou ver o que eu posso fazer. Não prometo nada.
Ele sorriu um sorriso sem dentes a mostra. Será que eu percebi mesmo um certo brilho, uma faísca naquele olhar?

Por um instante fiquei pensando nos medos que tive quando criança, em quadros mentais que eu criava masoquistamente para sofrer, para expressar a minha dor.
Quando levantei os olhos, o Velho já tinha se afastado. O menino que há em mim sentiu um calafrio lhe percorrendo a espinha. Na mesma hora, vi o saco que ele levava às costas adquirir um pequeno volume. Ele parou a sua caminhada, girou e me olhou agradecido. Fiquei acompanhando a sua figura se perder de minhas retinas, virando numa esquina de minha memória.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras você ouve “Adagio Albinoni”, por André Rieu.
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Para quem nunca ouviu falar no “Velho do Saco”: Mito antigo de origem européia, que chegou ao Brasil via Portugal. Aqui, se desdobrou em algumas variações. No Sul brasileiro, é um velho que arranca os olhos das crianças mal-comportadas. No Nordeste é conhecido como Papa-Figo, um velho que se alimenta do fígado de crianças que atrai com doces e brinquedos. No Sudeste, alguém que pega crianças desobedientes para fazer sabão. Cada um a recontava segundo seus próprios objetivos para assustar os pequeninos.

23 comentários:

Anônimo disse...

Eu nunca tinha ouvido falar no velho do saco,MARCO. Mas tenho que concordar que os tempos mudaram. Pra pior,admito.
Comparo as crianças de hoje com as do meu tempo,e fico ruborizado com a ingenuidade daqueles tempos.
Hoje minha sobrinha de 3 anos parece até um sêrzinho independente,dona de suas vontades e ciente de suas opiniões. Erro de educação? Talvez!
Quem sou eu pra julgar os outros.
Adorei seu texto e gostaria muito de reproduzi-lo por la,num dos proximos PAPIRO AMIGO.
Posso??
Abraço grande!

Ronie disse...

Tá vendo, em alguma coisa concordamos!
Apóio a campanha pela volta do Velho do Saco, e que venha, também, a Mulher de Branco!

(Não sei por aí, mas aqui no cerrado planaltino, ela habita os banheiros das escolas. Dizem que foi abandonada pelo noivo no altar.Daí a coitadinha fica chorando o tempo todo, morrendo de vergonha).

Discordâncias: mi vasquito querido deu uma 'bifa' no império do mal. Rumo à Libertadores, a vingança!

Começei uma nova campanha: com a força do povo, pelo fim do laranjal.

Agora somos vizinhos, o blogteco está de endereço novo.

Jéssica disse...

ai ki mêda mi deu... tinha uma tia q fazia esse tipo de terrorismo comigo, desses pra pior, fora os tapas nas costas e nas coxas... seria um 'pedááála Robinho' de hoje...rs... só q mais bruto... tá loku, sô. Mòrreu a veinha...rs...

Jéssica disse...

xiiiii, fikei aki falando mal da véia e ciskeci di dizer q a música embora linda, é muito triste... como hj num tô nos meus melhores dias, não curti... Lindo, feliz e gostoso final de semana pra você, beijo, muito beijo*.*

Anônimo disse...

Querido amigo Marco! Estive saudosíssima de suas letras e de suas (nossas) mais antigas ternuras, como essa do "Velho do Saco". Minino! É um antigo conhecido meu, também, esse velho... passava, de vez em quando, na porta da minha casa: e olha que valeu - estou como você, preciso botar um zipper na boca para não ficar 'balofona'! rsrs... Minhas filhas também o conheceram e quem sabe minhas netas também saberão da sua existência.
De volta à blogosfera, desejo-lhe um bom e feliz final de semana.
Beijos, muitos, repletos de saudade

Roby disse...

Ahh esse velho do saco!!!
Ahh muleeeeeekeeeeeeeeeeeee,,..rs
(conhece essa?)
Não?????
Então depois entra aqui e veja Havaianas de Pau..IMPERDÍVEL!!!


http://www.mundocanibal.com.br/

Do lado esquerdo tem um menuzinho, clique no número 10, onde tem um desenho de uma sandalia havaina de madeira.

Hahhaha..só em lembrar eu morroooo de rir..rs
Não pense que este site é meu favorito hein? rs

________

Mas falando serio agora, adorei esta história do velho do saco Markito, lembro que eu tinha medo do "Tende"...era um velhinho mendigo, ele sempre passava lá em casa pra pegar alimentos...
E meu irmão dizia que o Tende pegava crianças, e o Tende tinha tb um saco, ops, saco de ráfia..rs que carregava nas costas.
*
Na verdade nunca assustei meus filhos com personagens mostruosos, eu invento personagens queridinhos.
Tem o galo, o pato, o vagalume, o sapo e um velhinho que mora na Hungria.
Meus filhos adoraaaaammm, e eu faço a voz de cada personagem..rs
E meus filhos batem altos papos com estes personagens...rs

Bom, vou indo Markito, vem jantar conosco??
Tá na mesa querido amigo...a casa é sua!

Claudinha ੴ disse...

Olá Marco!
Ah que post lindo. Não sou só eu a ter o passado como poesia. A maneira como contou é linda! Lá na minha porta passavam vendedoras de bananas com sacos enormes, mas minha mãe não tinha nenhuma dificuldade para me fazer comer o que quer que fosse, eu só não topava jiló (eu sei que você está rindo agora! Eu sei!!!). As ameaças de Fifi eram para que eu parasse com as artes e aí entrava em ação o terrorismo máximo: "Eu tiro a jarra da mesa e coloco você de castigo segurando a flor". Nossa, como funcionava! Não tenho vocação para jarra! Na minha região, as vendedoras de banana e de doce de leite é que levavam a fama de pegar crianças desobedientes. Beijos!

Anônimo disse...

Lindo, lindo, lindo post! Mas depois você explica porque um fundo musical tão triste para o pobre Velho do Saco - Papa-Figo, pra mim. Eu morria de medo do dito cujo!!! Passei pro meu filho o que pude de nossas tradições. Posso deixar um link ótimo para quem quiser saber mais sobre nossos mitos e ditos populares? Antes que me responda, aqui está: http://www.jangadabrasil.com.br/index.asp
Um beijão e ótimo fim de semana!

Anônimo disse...

Nunca tive medo dele, porque na minha época falava-se no bicho papão. O que mais me dava medo era o lobisomem que diziam atacar principalmente meninas mal comportadas.

Toda lenda ou mito só sobrevive se alguém acredita nela. é o caso do velho do saco, das fadas, do saci, do papai noel, etc.

Adorei seu post. Muito bem elaborado.

Beijos azuis.

Bruno Capelas disse...

No meu tempo , o velho do saco não fazia sabão com as crianças , mas pegava elas , botava no saco , amarrava o saco e jogava no Tietê.

Abração!

Anônimo disse...

Olá, Marco
- Pensando no mar que nos separa...
*
Adorei o texto e o post(s)!
Todo seu Espaço!

Com mais Tempo, estarei novamente.

Bom e alegre fim de semana
ABRAÇO
ConchitaMachado

Anônimo disse...

Tisconjuro rapaz! Vai lá você ressucitar esse velho do saco ... rsrsrs Acho que era ele que deixava minhas roupas viradas do avesso só para o capeta sapatear. E meus chinelos virados para o tinhoso calçar à meia-noite. E que me fazia querer comer manga e beber leite ao mesmo tempo. Velho danado! rsrsrs
beijo você e suas doces lembranças do tempo em que o medo ainda tinha rosto.

Vera F. disse...

Marco, aqui no sul temos o bicho papão e o boi da cara preta. Alguma coisa eu ainda passei para as minhas filhas mas sem assustar demais. Nos dias de hoje, não dá!
Bom findi.
Bjos.

Anônimo disse...

Eu já tinha ouvido falar no velho do saco, e acredite, de vez em quando ele passa por aqui...rs
De vez em quando a mula sem cabeça, o saci, nossa, todos passam.
Criança no fundo no fundo adora uma boa fantasia, é nisso que elas se baseiam, e por aqui elas existem sim.
Eu também não me transformei em nada de serial, muito menos numa pessoa infeliz, imagine.
Claro que nunca sob forma de tortura, até pq. criança não merece.
Mas cá entre nós, para um banho calmo, cabeça lavada, nada que o homem do saco não resolva...rs

beijo querido
parabéns pelo post

Anônimo disse...

Marcoooooo, eu uso o velho do saco pra fazer meu sobrinho comer!!! E pra obedecer também!!! :)
Sóq ue agora ele já está adulto, com 6 anos, aí fala: ih, titia, velho do saco não existe!
Grrrrrrrrrrrrr... e eu cresci tendo medo do bicho papão... e da mulher de algodão que aparecia no banheiro do colégio... e do velho do saco!!!
A única figura de que meu sobrinho tem medo, é de bêbado... aí eu apelo pro bêbado do saco!!!
Sei lá se ele vai crescer traumatizado... eu fio traumatizada é com esses desenhos bestas que ele assiste e não tem nexo nenhum... nada de um mocinho de cabelinho loiro e chanel empunhando a espada e gritando "pelos poderes de grayskull"... tsc tsc... que dó dessas crianças!!
Beijo, adorei o texto!

Lara disse...

Marco eu já tinha ouvido falar no velho do saco, mas como uma coisa bem antiga e distante. Quando era pequena meu pai tinha mania de me colocar medo do Jason e do Fred Kruger, uma coisa bem mais "atual", não é mesmo?
Mas tudo isso que vc disse faz muito sentido... melhor uma criança com medo de algo imaginário do que se preocupando com coisas com as quais terá de se preocupar de qualquer forma no futuro.
Ah! E quer dizer que o Sr. tmb está gordinho é? hahaha Vamos pra dieta!!!
beijos

Anônimo disse...

olá!!! Adoro vim aqui Marco!! Tuas histórias me enternecem...

mas o teu blog não estava carregando esses dias...

Vai ver carregou só porque vc falou mal dos psicologos hahahahahahahahahahah

beijokas pra ti querido

Evandro C. Guimarães disse...

Grande Marco, que post soberbo! Dispensa muitos comentários. So gostaria de dizer que o seu texto me emocionou. De verdade!
Um grande abraço e desculpe-me pelo sumiço da semana passada!

Jéssica disse...

Passando pra te desejar uma semana linda, com surpresas boas... beijos*.*

Anônimo disse...

Marco:
Ótima história.
Eu não conhecia esta do Velho do Saco.
Já fui aterrorizado com o Bicho Papão e outros menos votados, mas nunca com o Velho do Saco.
E você tem razão, estes mitos estão morrendo, graças à moderna educação e ao medo do trauma.

Marco disse...

Grande DO: Não conheceu o Velho do Saco? Mas ele assustou toda a nossa geração! Você está certíssimo. As crianças de hoje têm, em sua maioria, uma independência e um nariz em pé que nem ousaríamos em nosso tempo.
Fico feliz por ter apreciado o meu texto. Como escrevi no seu ótimo blog, o texto está à vontade do amigo.

Grande Ronie, o “Antonio Carlos Magalhães do Planalto Central”!
Imagino que você esteja esfuziante com a vitória do Lula. Mas vem cá, “Mulher de Branco?” essa eu não conheço. Mas pelas características que você deu, parece com a “Murta que chora”, da saga Harry Potter (como diria meu grande professor Junito Brandão, os arquétipos são sempre os mesmos).
Quanto ao seu “vasquito”, não me lembro de você ter vindo aqui quando o seu time sebento levou um sacode do Mengão na Copa do Brasil e virou hexa-vice. E tomara que você entrem na Libertadores e peguem o mengão na final. Já sabe o resultado, né?
Vou lá no novo blogteco, mas ando sem tempo. Viajei no final de semana, com a mega turnê mundial da peça “Nhoque em tempos de crise”.

Querida Jéssica: Mas que mazinha a sua tia, heim? Não gostou do Adágio de Albinoni? Puxa! Que pena! Obrigado pelo seu carinho, viu?

Querida Giulia! Que bom que você voltou! Nós, seus leitores, também estávamos saudosos. Então você conhece o Velho do Saco? E ele vai feliz por saber que suas filhas também sabem de sua existência. Assim que possível, vou lá te visitar.

Querida Roby: Se eu conheço o “Ah, moleque!”? Mas se eu o já usei aqui no AT!
Tam,bém já fui apresentado à havaiana de pau... Ré! Ré! Ré!... O brasileiro é um povo muito criativo...
O pessoal do Sul (onde você nasceu) conhece muito bem o “Velho do Saco”, ele já andou por lá.
Uma hora dessas e eu vou aí filar o boião.

Minha doce Claudinha: Ah, que legal saber que você gostou do post! As ameaças de sua mãe até que eram bem “light”. Meus pais e meus tios preferiam algo com mais adrenalina. As vendedoras de banana e doce de leite levavam criança? Ih, se fosse no meu tempo, me levariam molinho... Eu adoro banana e doce de leite!

Querida Lili: Que bom que gostou! Também achou triste o Adágio? Mas eu o acho repousante. E com um travo de lembrança melancólica, bem ao caso do texto.
Eu leio muito sobre mitos populares. É uma de minhas especialidades desde criança. Podia discorrer sobre mitologia de Zeus ao Saci Pererê facilmente.
E eu conheço o “Jangada Brasil”. De qualquer forma, obrigado pelo toque.

Querida Bruxinha: Pois é. Eu sinto que a criançada de hoje não tem a menor idéia de quem seja o Velho e o Bicho Papão. Lobisomem até sabem quem é. E a sua conclusão é a conclusão de meu post. Que bom que gostou!

Grande Mutante: Putz! Eu não sei o que é pior: pegar a criança e fazer sabão ou jogá-la no Tietê, o único rio sólido do mundo.

Querida Conchita: Prazer em tê-la aqui, obrigado pela visita. Vou visitá-la tão logo possa.

Querida Fugu F.: Você tinha medão do Velho? E quem não tinha? Sobre essa história da manga e do leite, um dia desses eu conto a explicação disso aqui.

Querida Verinha: Aí no sul, além do Bicho Papão, tem o Velho do Saco, sim! Já vi até o Luis Fernando Veríssimo citá-lo uma vez. Um mitozinho de vez em quando não mata ninguém, né?

Querida Claudia: Ah, quer dizer que a sua menina também conhece o Velho do Saco? Ele vai ficar muito feliz por saber disso!
Nós conhecemos esses mitos todos, fomos assustados por ele e não ficamos traumatizados, não é? Não é torturar, você está certa. Só um medinho básico... Se não não rola o banho, o xampu na cabeça...

Querida Karine: Ah, então o Velho anda pela Bahia também, né? Que legal! Pois é. Com seis anos, eu me pelava de medo dele. Hoje em dia, com esses desenhos da TV, fica complicado. Só apelando pro “Bêbado do Saco”.
Vai traumatizar nada! Se traumatizasse a minha geração era toda de gente pinel e tirando eu, salva quase todo mundo! Que bom que gostou, querida!

Querida Eduardinha: Huumm... Você é do tempo do Freddy Krugger e do Jason Voorhess... Mas se você fizesse má-criação, eu diria procê: “Ooooooolha que o eurico miranda vai te pegaaaaaaaarrr!” Aí você ficava comportadinha logo, logo.
Eu não estou gordinho, querida. Tenho 1,77 cm e peso 72kg. Acontece que se eu passo dos 70, a taxa de glicose aumenta (coisa de velho...). Daí, tenho que controlar o peso. O futebol no meu condomínio parou e isso também compromete o aspecto de meu corpinho sensual...
Mas vamos tratando de manter a sua dieta aí!

Querida Maga: Que bom que você aprecia as minhas histórias. Sim, teve algum probleminha com o blog, mas já está tudo moralizado.
Eu adoro os psicólogos, imagina! Quem falou mal deles foi o Velho do Saco!

Grande Evandro: Puxa! Fico muito feliz por você ter gostado.

Grande Lino: Pois é, rapaz. Criou-se o mito de que os mitos traumatizam...

Valeu, moçada! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim! Mantenham felizes a criança dentro de vocês!

Anônimo disse...

Marco, não encontrei palavras para descrever o que senti ao ler este post. Doce, belo, tenro... Muito, muito bom. Uma obra-prima, verdadeira obra-prima. Não sei se você leu uma crônica recente do Verísimo em que ele encontrava o Bicho-Papão embaixo da cama dele. Achei fantástica a idéia quando li, mas te digo que o teu texto consegue ser ainda melhor que o dele, pela carga emocional que envolve, para além do teu humor peculiar. Sensacional.

Ana Carla disse...

Puxa, puxa, que puxa!!! No meu tempo ele nem era "velho" !! Era só o "HOMEM DO SACO", que colocava crianças teimosas e birrentas no saco pra fazer sabão. Por anos eu tinha medo até do saco do Papai Noel. Pros psicólogos de plantão, essa coisa de "homem do saco" deve ter fundo sexual, hehe... Beijos, Marco! Adoro suas lembranças!