segunda-feira, janeiro 23, 2006
Será o Benedito?
Outra que a (excelente!) minissérie "JK" não vai contar.
Quem me lê há mais tempo já percebeu que eu adoro conhecer a origem das expressões populares. Conheço algumas destas origens. Volta e meia vou divulgando-as aqui neste espaço.
Pois é. Sabem a procedência da expressão-título deste texto? Ela poderia aparecer na minissérie sobre o grande presidente, uma vez que todos os envolvidos na história são personagens de lá.
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Quando o então governador (na época, chamavam de presidente de estado) de Minas Gerais, Olegário Maciel, faleceu em pleno mandato, surgiram logo candidatos à sua sucessão, que deveria passar necessariamente pelo presidente Vargas. Mandaram para Getulio uma lista com duas indicações fortes: Gustavo Capanema, que tinha substituído interinamente o falecido Olegário, e Virgílio de Melo Franco. Todos esperavam que o novo governador saísse daí.
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Eis que a "esfinge de São Borja" (um dos apelidos de Getúlio) surpreendeu a todos, indicando um obscuro prefeito de Pará de Minas, um tal de Benedito Valadares, que ninguém, ou muito poucos conheciam.
Quando a notícia da nomeação do novo governador começou a correr chão, as pessoas começaram a perguntar: "mas que Benedito é esse?", "Será aquele de Pará de Minas?"... Mas será o Benedito?
De tanto se fazerem esta pergunta, a frase virou sinônima de "Mas será possível uma coisa dessas?"
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Mostro um exemplo de um contexto apropriado para a pergunta.
Vejo nas bancas trocentas revistas com JK na capa. Na TV, as vedetes Iris Bruzzi e Carmem Verônica, "certinhas do Lalau" em 1958, estão fazendo o maior sucesso. Nas livrarias, Danuza Leão virou best-seller contando histórias do jet-set no tempo de Juscelino...
Vem cá, será que entramos todos num "Túnel do Tempo" e fomos parar em plenos anos 50?? Mas será o Benedito?
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Viram? Taí a explicação. Sob o patrocínio do Biotônico Fontoura e do Detergente Orval.
M.S.
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12 comentários:
Querido Marco, isto combina bem com o tema do meu blog, recordações... isto só não é mais antigo que o "reclame" da máquina de lavar "Prima",... Dê um decanso pra sua mulher, leva uma "Prima" pra casa..." Slogan criado pelo meu pai que foi sumariamente censurado: Atentado ao pudor...rsrsrs beijos de mim
Amiguinho,
Bem, eu como "antiquária" por natureza, estou adorando isso. Uma busca do passado. De vez em quando temos isso. Que bom!!! Saudades do que nao foi...
abraçao
ah...
é verdade isso é?
rsrs...
jura?
beijo no coração
Madame Linda: Eu até imaginei um outro slogan para esta máquina de lavar. Mas, nem queira saber!...
Aqui em Antigas Ternuras, "recordar" é palavra de ordem. Por trás de todos os posts há sempre uma recordação.
Carlinha: Se você gosta de buscas no passado, veio ao lugar certo. Como você viu, no que escrevi no seu blog, o meu filme de cabeceira é "Em Algum Lugar do Passado". Preciso dizer mais? Aguarde que vem mais coisas por aí. "The best is yet to come", como diriam os franceses...
Claudinha: Se esta história é verdade? Bem... Eu não mentiria para você, certo?
Beijos disseminados para todas. Este blog fica muito mais "ternura" que "antiga" quando vocês aparecem.
Hehehe... dessa eu não sabia! E eu já te disse que viajar no tempo através dos blogs é uma das coisas que mais gosto? E o pior de tudo é que nem vivi essas épocas.
Um abraço!
Grande Marco:
Mais um gol de placa!
Eu sabia do significado da expressão aqui postada,através de um livro do grande folclorista pernambucano Mário Souto Maior,mas a origem...
Obrigado por mais uma clarividade.
PS: rapaz,a diversidade de opinião é um primor primordial na raça humana. Combinamos em algumas coisas ("Amarcord",por exemplo,só para citar algo genial),porém Christopher Reeve (é assim que se escreve?) para mim foi um dos mais insalubres atores da meca de sonhos. Eu nem o considerava como tal,mas apenas um mamulengo dos diretores. O que não me fez deixar de ter uma admiração abissal e comovente pelo homem que ele foi em sua luta contra as adversidades que lhe caíram como aço na existência!
Abraços cordiais.
Marco, vim te visitar e saber de onde que saistes, meu camarada, aí percebo que és amigo da minha amiga a Madame, a outra Min. Que bom. Gostei de saber que refrescas a memória, gosto de história, muito embora nem sempre tenha boa memória, como todo bom brasileiro. Vou dar uma navegada pelo teu blog pra saber mais de quem me diz que sou bonita. É preciso saber a proveniência do espelho para que eu possa olhar nele. Beijo. Beijo. Muito bem escrito o seu texto.
Outro beijo.
Texto muito bom, explicativo, histórico com direito a reviver cenas e até comerciais do passado, vou vasculhar seu Blog com mais tempo.
Obrigado pela visita ao meu canto de verdades e mentiras.
ABS
Agg
Querida Jade: mas será o Benedito? Você deixando comentário! Viu? É simples...
Bela Dira: Eu me sinto honrado com a sua presença aqui, em minha cristaleira de emoções. Estarei sempre te visitando, me admirando com seu talento de escritora. Quando quiser, estamos aqui...
Agg: o prazer foi todo meu! Volte sempre que quiser. Estarei te lendo também, com certeza.
A todos, abraços e carinhos e beijinhos sem ter fim.
Desta vez nem preciso mentir, estas coisas não são do meu tempo. :-D
Mas, de fato, os anos 50 estão na moda. Assim como os 80. Donde se conclui que se o presente está ruim e morreram todas as esperanças quanto a um futuro melhor, só nos resta viver de recordações de um passado idealizado.
Quanto à inserção deste causo na minissérie, não vai acontecer, pois os lances históricos que forjaram a expressão já foram mostrados en passant. Por falar nisso, reparou que o tempo passou mas a mulher do diretor é a única que não envelhece. :-P
Ô, meu personal teacher, nem do meu tempo! Também não sou tão velho assim, né!
Como a gente viu no filme "Vinícius", a gente tem nostalgia pelos anos 50 porque naquele momento o Rio, o Brasil teve uma chance de dar certo. Mas deu no que deu.
É, eu vi que não falaram da história da expressão na minissérie. Mas quando eu escrevi o texto ainda poderia ter acontecido. Eles é que perderam a chance.
Vou te confessar que já gostei mais da série do que gosto hoje. Os diálogos estão paupérrimos, algumas atuações estão desastrosas, alguns personagens são desnecessários. Os autores acabaram errando a mão. E concordo com você: o personagem Juscelino ficou totalmente desinteresante como santo. Até Jesus Cristo teve seus momentos de pauleira, quando desceu a porrada nos vendilhões do templo. Esse JK ficou monocromático e unidimensional. Ou seja, um porre de se aturar. O verdadeiro Juscelino era humano, tinha falhas (muitas) e virtudes (várias). Esse da TV pode ir direto para o Vaticano pedir pessoalmente a canonização.
A Débora Evellyn, e sua interpretação arfante, é uma das coisas ruins que vejo na série.
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