terça-feira, agosto 31, 2010

Tempo de eleições, de burros e cavalos


Bem, amigos do Antigas Ternuras... O Horário Eleitoral Gratuito está no ar.
(Pausa para ouvir a música que a minha, a sua, a nossa Rádio Antigas Ternuras – a rádio que toca no seu coração – reservou para ilustrar este post. É só clicar na setinha)

Pois é. Mais uma eleição se aproxima. Lembro da primeira vez em que fui votar para presidente. Isso alguns anos depois de ter participado do famoso comício das Diretas Já, o do milhão de pessoas na Candelária. Naquela época, eu fui para a rua, cheio de botom na camisa, distribuindo folhetos, com o ideal de vencer o Collor, nem que fosse só aqui, no Rio de Janeiro.
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Mas essa não foi primeira vez que eu meti no buraco da urna. Nem vou dizer qual foi porque vocês vão achar que eu fui cabo eleitoral do Epitácio Pessoa. Não sou tão velho assim. Mas assisti ao nascimento do Horário Eleitoral Gratuito, desde o tempo da Lei Falcão, quando só podia aparecer na telinha o retrato 3x4 do candidato, nome e número. Depois, deixaram os caras falarem e foi quando ficamos com saudades do tempo das fotos...
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Hoje, não vejo o Horário Eleitoral, porque Deus se apiedou de nós e criou a TV por assinatura, louvado seja! Estou livre de ver candidato que diz: “eu sou o Baixinho do Gás. Você me conhece! Conto com o seu voto!”.
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Já tem algum tempo em que eu não dou aqui as devidas explicações sobre a origem de expressões de uso corrente, seção mais ou menos fixa deste blog. E desta vez, escolhi duas delas que, entendo eu, tem a ver com estas próximas eleições. As expressões são:
Dar com os burros n’água e
Tirar o cavalo da chuva.
O que elas tem a ver com as eleições? Ah, isso eu deixo por conta da imaginação de vocês...
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A expressão “dar com os burros n’água” vem do tempo do Brasil Colônia, quando não tinha trem, avião, caminhão, nem um mísero skate para transportar os produtos produzidos em nossa Terra Brasilis. Portanto, o ouro, o cacau, o charque, o açúcar e posteriormente o café eram levados em lombo de mulas e burros pelas estradas de então, na direção de portos e de grandes centros que se incumbissem de fazer a distribuição e exportação.
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Agora vocês imaginam as condições das estradas do interior daquela época. Não tinha pontes, acostamento, viadutos, nada! Eram áreas secas e outras embrejadas ou mesmo alagadas. Quando o dono da tropa decidia enfrentar as poças, às vezes ele descobria que o que parecia ser uma “pocinha” na verdade era uma baita lagoa e os pobres dos burrinhos, ó... Glub! Glub! Glub!... se afogavam. Por conta disso, criaram a tal expressão para se referir a algo que era feito com grande esforço, mas que acabava em insucesso.
E aí? Vocês conhecem algum candidato que vai dar com os burros n’água nessa eleição?
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O “tirar o cavalo da chuva” que os mais eruditos e pernósticos preferem dizer: “tirar o mamífero equídeo da precipitação atmosférica” vem de tempos um tantinho mais recentes. Consta que no Século 19, quando alguém ia na área rural visitar um parente, um amigo, ia com seu cavalo, ou com sua charrete. Se a visita fosse vapt! vupt!, o visitante deixava a sua Ferrari (a escuderia do cavalinho) amarrada na frente da casa. Se estivesse chuviscando ou fazendo sol de rachar o coco, o pobre bucéfalo permanecia ali. Quando a visita era demorada, o dono tinha permissão para levar o cavalo para o estábulo, ou a área protegida reservada aos animais. Mas a ida do animal para o estábulo, sempre dependia da autorização do dono da casa. Se a prosa estivesse boa, se o anfitrião se agradasse da conversa e quisesse estendê-la, convidar o visitante para o almoço ou para a merenda da tarde, dizia para a pessoa: “pode tirar o cavalo da chuva”.
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E quando o visitante dizia ter compromisso, algo a fazer que o impedia de se demorar, mas era do interesse do dono da casa retê-lo ali por questão de educação, de desejar esticar a visita por ser agradável etc. e tal, e o cabra insistia em ir embora? Aí o anfitrião mandava essa: “pode tirar o cavalo da chuva, porque você não vai sair daqui agora!”
Por conta disso, a expressão passou a significar um convite à desistência de alguém para fazer o que imaginava.
Há algum candidato para quem você diria “pode tirar o seu cavalinho da chuva, que meu voto você não terá nem se o saci pererê cruzar as pernas!”?
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve "Brasil", na voz de Cazuza e Gal Costa.

14 comentários:

Cláudia disse...

Oi querido

Estava com saudade desse tema aqui no blog, outro dia mesmo estava comentando sobre isso.

Quanto aos candidatos, meu Deus, como diz minha mãe " o feijão cria de tudo" , rs ( tá aí uma sugestão)
Vamos seguindo por esse país enorme, meio abestalhados com tanta coisa , pra falar a verdade eu nem me conformo. O que é isso meu Deus.
Mas, vamos indo.
Um beijo no coração

As Tertulías disse...

Eu tenho até vegonha de mostrar estas caras aqui para meus amigos, sabia? Sei que é meio preconceituoso meu mas... ora bolas, o que é isso, né? Obrigado por mais uma ÓTIMA postagem!!!!

Claudinha ੴ disse...

Olá Marco!
Mas a história é sempre a mesma. Ficamos a nos divertir com os nomes e as indicações. Olha, até que o Paul das Girls é simpatiquinho... Eu, diante desta seriedade toda, não me arrependo de ter sido sempre um pouco alheia à política. Errado, sim, mas meu jeito. Não gosto de pessoas que brincam com a vida dos outros. Eu sei pra quem eu diria esta última frase e tento escolher o menos mal.
Fazer o que... Ótimo post como sempre!
Beijo

By Ana D disse...

Eu simplemesmente adoro o visual deste teu blog ! rs E me deleito vendo as figuras e lendo as palavras rs Política ultimamente me causa duas reaçoes: raiva suprema ao olhar pra Dilma e risadas histriônicas ao ver os candidatos bizarros rs

Dilberto L. Rosa disse...

Olha, não voto mais em você: nenhuma citação a minha contribuição para as origens deste ditado através de meu humilde, porém honroso 'email'?! Justamente agora que os Morcegos estão de volta?! 'Impeachment' para você, primo ingrato, ré, ré! Abração!

Evelize disse...

Adorei sua postagem, ri muito rsrs...esse é o nosso Brasil, o que deveria ser sério vira palhaçada e assim vai.
Adoro seu blog.
Evelize

Samara Angel disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk,me desculpe mas to rindo sem para meu querido Marco,é a pura verdade em com´deia,ris,vc é D+++++++++++++,MAS MEU QUERIDO AMIGO,VIM TE CONVIDAR E NAO ACEITO DESCULPS,RISS,PARA DIA 10/09/2010 É ANIVERSARIO DA MINHA MAEZINHA eVANIR E SUA PRESENÇA É MUITO IMPORTANTE PARA MIM,O CONVITINHO ESTÁ NO MEU BLOG PEGUE PARA NAO ESQUECER ,PQ TO CONVIDANDO DESDE JA POIS SAO MUITOS AMIGOS,NAO ESQUEÇA EM,CONTO SUA PRESENÇA ESTAREI LA RECPCIONANDO TODOS,E TEM SURPRESAS ,NAO POSSO FALAR PQ É SURPRESA PRA MAEZINHA TB ELA SÓ SABE Q TO FAZENDO A FESTA ,MAS NAO SABE COMO É,DEIXO MEU CARINHO E UM FIM DE SEMANA LINDO COMO VC,AA MEU LIVRO ESTÁ QUASE PRONTO ,GRANDE ABRAÇO,TE ADORO,BJUSSSSS

Marco disse...

Caro primo Dilberto,
Eu agradeço muitíssimo pelo e-Mail que você me enviou com explicações de expressões, mas acontece que eu JÁ TINHA PRATICAMENTE TODAS QUE VOCÊ ME ENVIOU. Incluindo estas duas. Vários amigos me enviam explicações, que vão se juntar às minhas próprias pesquisas.
Já que você faz questão de créditos, pois registro aqui que foi graças ao seu e-Mail eu lembrei que fazia tempo que não postava nada nesta seção mais ou menos fixa do Antigas Ternuras. Pronto. Está feito o registro. Obrigado, primo!
Carpe Diem.

Dilberto L. Rosa disse...

Brincadeirinha... Só te provocando: claro que, se fosses ter de dar crédito, teus 'posts' ficariam maiores que as listas de créditos finais daquelas superproduções hollywoodianas! Obrigado pelas palavras e pela correção do 'post' anterior: havia me esquecido do Kirk Alyn; acho que a figura (e a tragédia pessoal) do George Reeves marcou mais... Abração!

Francisco Sobreira disse...

Caro Marco,
Pois é, o horário eleitoral. Bom, não vou gastar cera com um defunto tão ruim. Já conhecia a origem das duas expressões, pois há poucos dias recebi um PPS informando a origem de muitas dessas expressõe e elas estavam no meio. Talvez o tenha recebido e não houve novidade pra você, que é um batuta nisso. Mas não só nisso. Um abraço e um bom feriado.

MARCOS DHOTTA disse...

Paul das Girls é o fim da picada... Só pode ser brincadeira.

É divertido, engraçado e bizarro ver todos esses candidatos expostos. Mas lá no fundo, me bate uma angustia, sabia? Porque será que permitimos isso? Será que isso é democracia, de verdade? Qualquer pessoa se filia a um partido e, pronto. Vai e se candidata. Não sei... Deveria haver um filtro dentro do próprio partido, sei lá.... Posso parecer preconceituoso, mas é que me sinto triste com esse cenário político brasileiro.

Luma Rosa disse...

Este horário gratuito que de gratuito não tem nada - e pagamos muito caro para essa palhaçada aparecer na TV - pois que deveria ficar o ônus para cada candidato e não a nós eleitores, que pagamos para gente de quinta categoria aparecer na TV. Desculpe o desabafo! Difícil indicar a quem votar, então de resto, nenhum merece o meu voto! O quer faremos é votar no adversário com melhor chance daquele que não queremos de maneira alguma no poder :) As explicações são ótimas, como sempre!

Principe Encantado disse...

kakaka Verdade ninguém merece coisa assim, penso ser somente por aqui mesmo que existem coisinhas assim.
Abraços forte

Joyce Amaral disse...

www.sualista.com.br