terça-feira, julho 14, 2009
Merci beaucoup e outras saliências
Deu com os costados por aqui a escritora francesa Catherine Millet, famosa por ter escrito o livro “A vida sexual de Catherine M.”, onde narra os muitos, e bota muitos nisso!, intercursos sexuais que teve com diversos homens anônimos ou não. Desta vez, ela veio ao Brasil para divulgar sua mais recente obra: “A outra vida de Catherine M.”
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A moça não é fraca, não... Pelo que descreveu no seu primeiro livro, ela botou a baratinha no espeto mais vezes e com mais pessoas que o número de parentes do Sarney empregados no Congresso.
Eu não li o livro. Meu tempo é precioso demais para gastá-lo com publicações de sacanagem. Mas o curioso é ver a crítica se referir a ela como intelectual respeitada. Dizem que é crítica de arte, especialista em arte renascentista. Mas ela não escreve sobre a simetria nas obras de Leonardo da Vinci, por exemplo. O negócio dela é outro. Se mostram um Picasso para ela, a moça mostra a “Gioconda” e ainda geme: “Boticelli! Boticelli!”
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Não sei exatamente o que a levou a escrever sobre sua intensa vida sexual. Nas suas entrevistas, ela despeja um monte de frases de efeito, do tipo: “todo livro é uma garrafa que o autor joga ao mar”; “escrevo para me livrar de mim mesma”; “escrever é partilhar significados”; “não sou devassa, apenas me dei liberdade sexual”...
Sei... Claro... Enquanto isso, ela aproveita para temperar o chouriço, martelar o bife, e botar a perereca para tomar leite de canudinho, e depois narrar, sem poupar os detalhes sórdidos, aos seus dois milhões de leitores taradões. (Não se choque, querido leitor, ela só faz, privadamente, o que os nossos bravos políticos fazem publicamente com o Orçamento do País e a nossa paciência há muito tempo, se é que vocês me entendem...)
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A Catherine me lembrou uma outra escritora, de nome Toni Bentley, também chegada numa saliência. Há alguns anos, quando esta lançou seu livro “A entrega – Memórias eróticas”, falando de sua “libertação física e espiritual encontrada por meio do sexo anal”, eu escrevi um post intitulado “Ela é muito metida”, comentando isso. Vejam só um trecho do meu texto:
Pela resenha, ela descreve o chouriço de seu parceiro – que ela chama de “Homem A” – como algo “definitivamente muito grande” (sic!).
Olha, pela foto dela de costas que está na matéria, com aquele corpitcho, algo me diz que ela extraiu as amígdalas num dos...hum...intercursos com seu parceiro. E no texto ela dá mostras de que encara de frente (quer dizer, de costas) a clava forte, não foge à luta e ainda vê o lábaro estrelado!
(quem quiser ler o post inteiro, basta clicar aqui)
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Não tenho como negar que tanto o livro da Catherine quanto o da Toni fariam a alegria de nós, adolescentes no tempo das antigas ternuras... Nossa! A gente espirrava hormônios pelos ouvidos só de ver os caprichados desenhos do Carlos Zéfiro nas famosas revistinhas de sacanagem. Imagina lendo uma descrição tão detalhada de um casal afogando a cobra caolha...(se é que vocês me entendem)
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No post que eu escrevi em 2005, eu me admirava de ter editora para este tipo de livro. Eu tinha acabado o mestrado e buscava publicar minha dissertação, sem no entanto conseguir alguma editora que se interessasse. O meu livro “Popularíssimo – O ator Brandão e seu tempo”, que levei cinco anos escrevendo, pesquisando, entrevistando, refletindo que nem um alucinado, juntando informações sobre o Teatro do final do Século 19/início do 20 nunca reunidas numa publicação, também não despertou interesse editorial. Agora, o livro da tal que escova as tripas e o da outra que destronca o pescoço da girafa (se é que vocês me entendem...), ah, para esses sempre tem editoras interessadas e leitores mais ainda.
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No livro atual que a Catherine Millet está lançando no Brasil, ela conta que depois de combinar um casamento aberto com o marido e em seguida cair no mundo “dando um tapa na coelha” sem pena e sem dó com metade dos homens de Paris, quase morreu de ciúmes quando soube que o seu digníssimo esposo estava “botando o Jabaquara em campo” com uma e outra moça dadivosa. Vai entender esse povo! Disse Catherine que não soube se desvencilhar do sentimento de posse. Ou seja, ela não era de ninguém, mas ele tinha que ser só dela. Então tá combinado assim...
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E no mais, ela pode ter escrito um livro enorme sobre o ciúme, mas não acredito que ela tenha sequer chegado perto da concisão e brilhantismo de Roland Barthes em seu “Fragmento de um discurso amoroso”, que escreveu sobre o ciúme:
“Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que o meu ciúme magoe o outro e porque me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”
Bingo.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve Serge Gainsbourg & Jane Birkin, na famosa “Je t’aime... moi non plus”. Para fazer a moçada ir ao delírio (Se é que vocês me entendem...).
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19 comentários:
Marco, essa tal de Catherine Millet resolveu fazer o que nós, pessoas consideradas "sérias e decentes" jamais conseguiríamos fazer!
Peraí... mas você pode, sim, você pode representar!!!(como ótimo ator que com toda certeza deve ser).
Obrigada pelas boas gargalhadas...que vc conseguiu arrancar de mim e de meu esposo. Seu jeito de narrar é fascinante!
Abraços,
Graça
Hahahha! Eu já li Zéfiro!
A matéria acabou dando certo sim, obrigada, Marco!!
E olha só... quem fez meu template foi a Ana de Toledo do http://www.copacabanadetoledo.blogger.com.br/
Eu só escolhi as cores.
Beijão querido!
Texto ótimo, meu caro. Com um final perfeito: Barthes. E cá pra nós, sou mais Carlos Zéfiro do que essa tal de... cumaéquiémesmo o nome dela?
Abraços.
Maravilhoso texto e uma propaganda fantástica pro livro dessa "escritora"[se é que você me entende]...
Amigopratodavida, o que o povo quer é sacanagem, é ui e ai, é treme e treme, é geme e geme, pra isso tem editora de monte brigando pra lançar na praça e gente demais transando pra fazer prosa detalhada [se é que você me entende]
Muito bom, muito mesmo, como sempre tudo que escreve e diz.
lindo dia amigopratodavida e obrigada por mais essa
beijos
Deixa a mulher ser feliz,grande Marco. Cada um escreve o que tem e o que pode. E ,além do mais,como vc sabe,o povo gosta é das pervertidas mesmo,rsss
Abração!!
Os posts são ótimos, os dois... Vou rir uma semana com 'liberar a chocolateira'. rs. Confesso que suas metáforas estão se aprofundando em semântica. Teve uma que eu não interpretei (vai ver faltou A experiência). É aquela coisa né, sexo vende, cultura não vende (nem de graça)... Fazer o quê? Pelo menos ser seletivos na literatura sexual que compramos! hahahaha. E o que achou do Harry Potter?
Grande abraço. Alice
Oi, Marco!
Não sei se o livro e a escritora merecem essa materia no nível que vc fez, mas ficou muito boa!! Vc é bom nisso rapaz. rssss
Beijos
Obrigado Marco.Um abraço, Armando.
rss...
Uma delícia de texto, como sempre, Querido Marco.
E esta foto ao final está hilariante. Que carinha mais brava a da menina desprezada!!! Adorei.
Eu li o livro da Camilee a única sensação que edespertou em mim foi de frio, de vazio. A impressão que tive é que a moça estava apenas querendo entrar para o Guinness. Não há nenhum tipo de envolvimento em suas relações. Até o envolvimento físico é frio, como se ela posasse para alguma revista.
Deprimente.
beijos
P.S. Marco, estou tentando pela milésima vez, voltar às visitas, voltar a escrever. Estou bem melhor de saúde e muito animada. Aproveito para lhe agradecer a paciência com esta sua amiga.
Saudades...
Perdão! Eu quis dizer que li o livro da Catherine, e não Camile.
beijos
Marco, passei aqui pra avisar q estou de volta.
Bom fds.
Big Beijos
Olá Marco!
É... estas moças são mesmos da pá virada... Suas "tiradas" é que são ótimas. Não li o livro da Catherine Millet e nem pretendo. Prefiro sonhar e "encontrar com as estrelas" com quem amo e não contar pra ninguém. Mas sei que tem gente que sente prazer em contar suas intimidades...
Infelizmente, cultura não vende como o sexo. Ó humanidade tacanha!
O post está ótimo!
Beijo!
Éisso, Marco, como diz Márcia. A grande maioria dos leitores gosta é de ler sacanagens, principalmente se reveladas por mulheres. E os editores, que não dormem de touca (acho que você nunca ouviu essa expressão, risos), investem nesse tipo de "literatura". Não tem erro. No mais, uma postagem atraente, com o seu humor irreverente. Um abraço.
A Catherine é uma espécie de Madonna da literatura. Sabe aproveitar as oportunidades e se promover. Mas, assim como a loura de Detroit, ela tem talento e uma coragem proporcional àquele. Uma coisa que aprendi com as mulheres foi que elas até podem aceitar ser traída por várias, mas se roem de ciúmes quando sabem que estão sendo traídas por uma especial. Acho que, na verdade, foi isso que aconteceu. É preciso ter coragem de divulgar suas fraquezas. E ela o fez com talento. Está perdoada.
abração e ot semana pra ti
Marco, excelente comentário, do seu amigo Júlio César! Faço minhas suas palavras, pois é exatamente assim que agem as mulheres.
Vim visitar-te nesta sessão para mais uma vez agradecer sua visitinha no meu e avisar que tem mais, relacionado a vc...
Não repare a simplicidade do meu blog, meu amigo! O objetivo dele é justamente não "rebuscar muito" pois meu público-alvo são meus alunos do 6º ao 9º anos e coloquei como meta alcançá-los em, pelo menos, 85,90%.
Veja ainda a "enorme" (ou mais eufemisticamente falando...)lista de não-comentários! Existe a razão para isso, mas não vem ao caso.
Outro detalhe: eu precisava escolher um grande jornalista e, depois de "a mamãe mandou dizer", escolhi vc, não se zangue, por favor!...
Abraço
Graça
Acho uma graça essa fotinho.
Querido, não entendi a sua admiração pelo interesse de tantas editoras pelo livro da nobre senhora, e nem tanto interesse pelo seu Popularíssimo. Afinal querido, estamos no Brasil.
Esqueceu?
Bundas...melâncias...e etcs...etc...etc...
rs
beijo no coração e uma ótima semana
Depois do "rala cachorra" que eu levei, tamborilei meus dedinhos até uma da manhã e saiu mais um postinho mirrde... Zumbizando de sono, peguei um café pra ler seu blog. Eita segunda-feira fria e preguiçosa de férias!.....
Ser humano safado! LOOOOL
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Se ela é de frases feitas, você sabe fazer uma frase: chegada numa saliência é melhor que Chico Anísio nos bons tempos. E quanto a Barthes, AMO DE PAIXÃO.
bj
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