Vídeo com 2min34seg
Quando eu era bem moleque, fui assistir a um filme sobre Buda, que estava passando no Cine Padre Nóbrega, no bairro da Piedade, onde eu costumava ficar na casa de meus tios. Eu quase não lembro nada desde filme. Somente de uma cena. Numa cidade, todos estavam alvoroçados com a visita que Sidharta Gautama, o Buda, faria em breve e tratavam de comprar presentes, oferendas e candeeiros para iluminá-lo onde ele fosse ficar. Uma velhinha pedia esmolas para comprar a lâmpada e o óleo necessário para fazer também a sua oferenda. Ninguém lhe dava nem uma moedinha. Ela vendeu o xale com que se protegia do frio. Era uma peça puída, ela não conseguiu muito por ele. Somente o necessário para um pequeno e gasto candeeiro com um pouquinho de óleo.
Eis que o Buda chegou e ficou num lugar alto. As pessoas espalharam seus presentes em redor dele. Muitas, muitas lâmpadas de ouro, enormes, gordas de óleo. E num cantinho, a velhinha colocou a sua modesta oferenda.
Um espírito maligno invejava a acolhida que o Buda vinha tendo e, tomado pela inveja, fez um aceno com a mão, criando um vendaval que apagou todos os candeeiros. Menos um. Por mais que ele dirigisse ventos fortíssimos na direção daquela pequena lâmpada, ela permanecia acesa. Ele, tomado pela fúria, desistiu. Era o candeeiro da velhinha.
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Mais um Natal se aproxima. Os corredores dos shoppings estão apinhados de gente, todos empenhados na compra de presentes para amigos e familiares. O comércio se assanha. “Natal é tempo de dar presentes”, diz um antigo jingle.
Reza o Novo Testamento, que após o nascimento de Jesus, uns magos foram adorá-lo e lhe levar presentes. No Evangelho segundo Mateus, não há citação do número deles, nem de seus nomes, cargos e procedência. Tudo o que veio a seguir: seus nomes Gaspar(cujo nome significa: “Aquele que vai inspecionar”), Belchior (também chamado de Melchior: “Meu Rei é luz”) e Baltazar (“Deus manifesta o Rei”), sua raça, a sua condição de reis, é tudo lenda. Não há nenhum documento que ateste nada sobre eles, só suposições. O Evangelho diz somente “uns magos”.
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Pois foram eles que iniciaram o procedimento de dar presentes por ocasião do Natal. Nas representações dos presépios, eles estão ao redor da manjedoura, no estábulo onde Mestre Jesus nasceu. E aí vai mais uma incorreção. Eles não chegaram logo depois do nascimento do Menino Messias, somente após alguns dias. Tanto que considerou-se como o 6 de janeiro o dia consagrado a eles. Há diversos países que deixam a troca de presentes para este dia. E os pais não se vestem de Papai Noel, mas de Magos, conforme a tradição.
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Com o tempo, Natal virou sinônimo de comprar presentes, de pedir dinheiro para a caixinha, comprar uma lauta ceia, encharcar a caveira de vinho, cerveja e outros gorós ao som de músicas tocadas por harpas. Recentemente, estas melodias foram substituídas por pagodes, funks e hip-hops.
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“A festa máxima da Cristandade”, como diz a Igreja Católica, deveria ser um momento de reflexão, de extremo simbolismo. Os próprios presentes dos Magos são extremamente simbólicos. Dizem as Escrituras que eles levaram ouro, incenso e mirra. Ora, e por quê? Por que não levaram roupas, jóias, cavalos de raça, um laptop, um ipod e um mp3 de última geração para o Menino Deus?
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O ouro era um presente dado a reis; e, como eram magos, talvez até alquimistas, sabe-se que desde a época dos faraós este metal precioso também era usado como componente de remédios tonificantes. O incenso era uma resina vegetal extremamente aromática, bastante agradável e muito utilizada em oferendas a divindades, para fazer as orações chegarem aos céus envoltas em perfume prazeroso. A mirra é igualmente uma resina vegetal, com propriedades analgésicas e era usada como ungüento no procedimento de embalsamamento de mortos.
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Simbolicamente, temos um presente nobre que se dava a um rei, um outro que se oferecia a um deus e outro ainda que representava a imortalidade e a atenuação de sofrimentos físicos.
Os atuais presentes trocados no Natal têm o objetivo de ser “uma lembrancinha, não repara, não”.
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Para as crianças, de forma geral, é o momento de se conseguir aquele tão sonhado bem material. É bonito vê-los, com os olhinhos brilhantes, na manhã do dia 25, desembrulhando seus pacotes. Elas acreditam naquele velhinho de barbas brancas, vestido de vermelho e branco, cuja imagem foi criada pelo ilustrador norte-americano Thomas Nast, em 1866, para o livro “Santa Claus and his works” e erroneamente com a primazia atribuída a uma campanha da Coca-Cola anos mais tarde.
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Em metade do mundo, o Natal é festa de inverno. Com muita neve, lareiras, chaminés e comidas de tempo frio. Na outra metade, o tempo é quente, mas a simbologia dos países do Hemisfério Norte prevalece. Se não há pinheirinho coberto de neve, providencia-se uma boa imitação artificial coberta de algodão.
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Recentemente, eu recebi pela Internet um texto em que dizia que o aniversariante via todos comemorarem seu aniversário, mas não recebia convite para a festa. Ele, na porta de uma casa, via todos trocando presentes, mas ninguém O percebendo e lembrando de dar um presente a Ele.
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E eu me recordo da velhinha do filme, que não deu só um presente: fez um imenso sacrifício. Doou muito de si para aquele em quem acreditava e confiava. Nossos presentes, são “lembrancinhas”. De forma geral, não tem nenhum sacrifício envolvido. Buda, Jesus ou qualquer outro nome de divindade que acreditamos se comprazem com gestos em que mais do que o nosso bolso estejam envolvidos.
O que você pode dar de presente para o aniversariante deste Natal?
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(meu presépio)
Aproveito a ocasião e desejo a todos os queridos amigos que me alegram o coração vindo aqui, um Natal de Paz, com pensamentos felizes, com muita Saúde, nosso bem maior. Que o aniversariante esteja ceando com todos vocês e se alegrando com os presentes que vocês Lhe deram. E que este Novo Ano traga bênçãos sem fim, vindas do Céu, conforme o nosso merecimento. Que o amor de Deus e a Caridade emanada pelo Consolador Espírito Santo estejam com todos. Hoje e sempre.
M.S.
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Na TV Antigas Ternuras, você assiste a Judy Garland cantando “Have Yourself a Merry Little Christmas”. Meu presente de Natal para vocês, queridos amigos.
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17 comentários:
Um belo presente de Natal, meu caro. E para você, além de uma gloriosa noite natalina, junto aos seus, um 2008 repleto de alegrias. Em tempo: tentarei descobrir o nome do filme sobre Buda. Abraços.
vc sempre dá um show de conhecimentos gerais nos teus textos, né?
para mim é tempo de comemorar o nascimento de jesus!
te beijo
Taís
Marco. Lembro de um filme sobre Buda que me aterrorizou a infância porque mostrava suas unhas trespassando suas carnes enquanto ele meditava. Será o mesmo?
Mas tive uma aula de natal, seus ritos, símbolos com teu post. E te juro que estou na batalha comigo mesmo para tentar recolocar os valores nos seus devidos lugares. Difícil, amigo. Todo mundo fica de canto esperando a "lembrancinha". O dono da festa, coitado, sempre do lado de fora. Um dia, isso melhora.
bj
O seu blog é um "Blog de Elite".
A indicação está lá no Amadurecendo. ;)
Meu querido primeiro amigo de blog...rs
um beijo especial no seu coração
que neste Natal a paz prevaleça em todos nós...
saúde...
beijo querido
Este filme da Judy é lindimais da conta, Marco.
Este outro do Buda eu não me lembro não.
Meus desejos a vc eu já deixei aqui registrados, mas não custa nada desejar que o Abniversariante esteja presente e abençoe sua familia e vc, com muita luz.
Beijos
Erika
Marco, como sempre vc arrasando com sua escrita.
Gostei da história do candeeiro, ela faz a gente refletir sobtr váriasd coisas. Nem sempre o melhor presente é o mais caro!
E, por falar em presente, este ano não comprei nenhum presente. Resolvi patrocinar a pintura da casa dos meus pais. Todos gostam de estar lá e a pintura tornou a casa mais aconchegante e alegre do que é.
Feliz Natal!!!
Bjos.
OI Marco!
O Natal para muitas pessoas só significa mesmo ganhar presente! Do aniversariante muitos não se lembram, se esquecem de agradecer as coisas boas, saúde, paz, trabalho... Bem, nesse Natal quero te desejar muitas coisas boas, amor, alegrias e felicidade!
E um 2008 cheio de conquistas, vitórias! Muito bom ter te conhecido neste fim de ano!
Um beijo!
ho ho ho, Feliz Natal, Marco!
Como sempre muito aprendizado e reflexão no teu blog. Adoro.
Um dos problemas do esvaziamento do natal vem de alguns pontos, na minha observação:
1 - tradições importadas que ficam muito fora da nossa realidade;
2 - o enfraquecimento da religião;
3 - o enfraquecimento do sentido da família;
4 - o excesso da exposição midiatica e comercial dos assim chamados "valores natalinos"...
Seria tão melhor se tivéssemos danças típicas para esta data do ano, músicas bonitas e alegres combinando com o nosso talento e clima, e momentos de reflexão reais, saindo para uma caminhada, sentando embaixo da sombra de uma arvore... além de muita doação a quem precisa e muitos, muitos abraços. Natal para mim é desculpa para dar abraço nas pessoas que correm tanto durante o ano fugindo de um abraço demorado que eu ofereço sempre.
Neste Natal vou a desforra. rs
Um grande beijo, ho ho ho
Obrigado pelo presente e mensagem de Natal!
Estamos passando um White Christmas daquelas brabas, de deixar a gente presa em casa, com bastante neve, daquelas de inflar o bolso escrotal!
Paz, saúde e amor!
Marco,
O que ainda me emociona na noite de Natal é a reunião da minha família: a minha mulher, as filhas e o casal de netos, degustando o peru e conversando. Fora isso, não gosto deste período, por causa do marketing que se faz com o Natal, as tevês nos inundando de comerciais um mês antes. Além da hipocrisia de muitas pessoas que sacaneiam a gente nos 364 dias e na véspera nos abraçam e nos desejam (da boca pra fora) um Feliz Natal. Passei muito por isso quando trabalhava em banco. Mudando, espero que tenha tido uma bela noite de Natal e renovo os votos de um excelente 2008. Grande abraço.
Marco,
Há muito tempo eu não vinha aqui e gostei muito da mensagem de Natal, mas com a data já “consumada”, vim te desejar boas festas e que ano que chega seja de muita paz, saúde, amor e luz pra você a pra sua família.
Um grande abraço e Feliz 2008!
Ed
Olá Marco, eu venho desejar que o espírito de Natal permaneça em todos os dias do ano novo.
Mais uma vez você nos presenteia com um texto brilhante que nos faz refletir sobre a hipocrisia, sobre deixar o aniversariante de fora da festa... Gostei do seu presépio, eu tenho um parecido.
Beijo, felicidades!
Marco,
Brilhante, profundo, como sempre. Infelizmente, a mídia só nos passa essa idéia "marketinética" do Natal. Cabe a nós todos manter o verdadeiro Natal-Jesus, o verdadeiro Natal-família, o verdadeiro Natal-amigos sinceros. E a gente consegue, pois tudo isso está dentro de nós e ninguém nos tira. Que você tenha tido um lindo Natal com os seus. E, mais uma vez, um 2008 excepcional para você. Abração, JF.
Marco, obrigada pelo belíssimo presente de natal. Fiquei encantada.
Na realidade, você e seu blog já foram presentes antecipados denatal.
Obrigada por sua amizade.
beijos, feliz ano novo.
Oi Marco!
Como vc passou o Natal?
Eu passei na paz com a minha família!
Vou ter uma semana de férias, depois vai ter ralação de novo!! Um grande beijo e feliz ano novo!!
Que nesse 2008 vc tenha muita saúde, paz e sucesso na vida!!
Um beijo!!
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