domingo, setembro 02, 2007
Pés no chão
Noutro dia estava estirado no sofá da sala, escutando cabelo crescer, como costumo fazer, e pensei: "há quanto tempo não ponho meus pés na terra!" Nossa! Mas tem tempo mesmo!
E pensar que eu fui um guri que cresceu andando descalço, criando cascão na sola... Hoje, se eu correr sem sapatos num gramado vai cortar a sola dos pés feito eu estivesse pisando em giletes.
Talvez até seja desconfortável eu botar a lancha no chão cru... Mas ainda quero fazer isso. E há de ser em breve. Temos chacras importantes na sola dos pés que precisam carregar/descarregar energias na terra.
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Tem tanta coisa que eu fazia e deixei de fazer... Jogar futebol, subir em árvore, comer fruta no pé, jogar pedra na superfície de um lago e vê-la quicar no mínimo três vezes...
Com o tempo, a gente larga velhos hábitos e adquire novos, mas aí bate uma tremenda saudade dos antigos...
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Preciso, quero fazer algumas coisas que fazia nos antigamentes. Vou comprar um toca-discos só para ouvir meus discos de vinil. Noutro dia me bateu uma vontade de ouvir "Tell me you once again", com o Light Reflections. E também "Got to be there", do tempo em que o Michael Jacson era preto. Tive saudades do tempo em que eu ia ouvir fita cassete na casa do meu amiguirmão Luiz e ainda filava o lanchinho que a mãe dele, Dona Aída, fazia.
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Aliás, será que minhas antigas fitas cassete ainda tocam? E o meu gravador Sanyo velho de guerra, será que ainda funciona? Caraco... Quantas dores de amores mal-sucedidos ficaram impregnados naqueles botões de controle... As antigas canções anestesiavam um coração sangrando. E serviam de trilha sonora para rabiscos juvenis no papel, como estes:
“O sol pálido deixou sobre minha mesa algumas pequenas sementes de luz
Queria saber a magia exata que fizesse germiná-las.
Então eu guardaria no olhar o brilho dessas pétalas luminosos.
E quando eu novamente te visse
Teria só pra você um buquê nos olhos de moleque tímido.”
(poema que eu fiz não sei quando, dedicado a não sei quem...)
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Também me bateu vontade de ir na Casa do Alemão e comer aquele doce Mil Folhas que lá é inigualável. Quando era moleque, de vez em quando minha mãe levava a prole para ir comer sanduíche de lingüiça e comer Mil Folhas. O sanduba hoje dispenso, já que sou vegetariano. Mas o doce...
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Preciso arranjar um tempinho pra reler meus velhos gibis. Eu tive que me desfazer de muitos, por conta de espaço. Mas ainda tenho vários... Inclusive tenho um Ferdinando e a Família Buscapé (Lil’ Abner no original) que eu trouxe de Nova Iorque há dez anos e não li. Onde eu botei as minhas revistas antigas do Batman? E a Turma do Pererê, que está ali na estante, ao alcance da minha mão...
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É... Preciso botar os meus pés no chão. Sentir a energia do solo. Mas não consigo tirar a cabeça das nuvens... E o meu coração, que paira entre o céu e a terra, acende um farol para as gentes, e bate as asas de pássaro no rumo do sol. Porque amanhã sempre será um novo dia...
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Tell me once again”, com o inesquecível conjunto Light Reflections (por onde eles têm andado?...).
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19 comentários:
Velho, deixa eu aqui corrigir várias injustiças da parte de meu amigo:
1. Sempre leio TODOS os comentários e só "cobro" visitas e/ou comentários de amigos... Até a manhã deste domingo, não constava nenhum dos teus três comentários que só constatei agora à noite no Haloscan (único lugar por onde costumo ler os comments, uma vez que só fica no ar um post por semana, atualmente); voltaste ao longo da última semana; portanto... Mas sinta-se livre a respeito disso e desculpe por qualquer coisa;
2. Não sou "papagaio": o que pus sobre o Vasco já vi até o Sérgio Cabral falando (tudo bem, ele é vascaíno, mas historiador cultural também!)! Mas vou apurar tudo mais aprofundadamente ainda e conversaremos;
3. Não quis "falar mal" do Paulo Coelho, pelo contrário: falei de sua "força" que deverá sempre ser respeitada - só acho desrespeito um livro ser lançado sem revisão apropriada (e ainda, opinião crítica e pessoal, acho sua Literatura pueril).
Bom... Sobre o andar descalço, noutro dia mesmo ansiei por jogar uma pelada com amigos outra vez... E a única coisa que ainda tenho alguma esperança que ainda venha a funcionar algum dia é o meu VCR: afinal, dezenas de fitas em VHS minhas já se destruíram pelo mofo por falta de uso desde o "fim" de meu aparelho de vídeocassete!
E é só! Abraço, carpe diem, so long, good night e good luck!
Fizeste-me recordar quando corria descalça na quinta dos meus avós! Ai que saudadessssssssss... lool
Eu também começo a ter essas rescordações que me apertam o coração.
Pelos menos temos boas recordações para relembrar e sorrir! :)
Boa semana!!! Beijosssss *.*
Querido Marco, até hoje eu e sapato somos avessos.... primeira coisa que faço, ao chegar em casa é tirar o sapato... aliás, as vezes até no trabalho eu faço isso, escondido debaixo da mesa rsrs
Eu adorei relembrar esta musica e Got to be there foi a primeira música que dancei junto.. rsrs acredita?
Vc sempre trás lembranças tão boas, viu.
Muito obrigada.
Beijos e ótima semana prá vc.
Sentir o chão, ler velhos gibis, ouvir música nas vitrolas de antigamente, ver seriados no cinema... são tantas as TERNURAS ANTIGAS... Um grande abraço.
Vim te visitar. Estou levando presente...rsss )“O sol pálido deixou sobre minha mesa algumas pequenas sementes de luz
Queria saber a magia exata que fizesse germiná-las.
Então eu guardaria no olhar o brilho dessas pétalas luminosos.
E quando eu novamente te visse
Teria só pra você um buquê nos olhos de moleque tímido.”). Bom demais ter vindo. Boa semana. Beijo MM
Nunca fui de andar descalços qdo pequeno,MARCO. Mas ultimamente, anos pra cá eu diria,só gosto de andar descalço em casa.
Aqui em SP é algo cada vez mais dificil de conseguir,mas tem me feito bem.
Como sempre vc trazendo boas e saudaveis lembranças.
Grande abraço e uma otima semana a vc
Pô, Marcão...
Se vc não põe os pés no chão, a culpa é exclusivamente sua.
Aqui em casa tem um terreno gramado que vc conhece bem, onde, com um pouco de sorte, vc pode até pisar em cocô de cachorro (e não são poucos).
Quero pagar a visita que estou lhe devendo... agenda um dia aí (antes do seu aniversário) para eu poder levar o presente do aniversário passado, valeu?
Um beijo do seu amiguirmão.
Essas antigas ternuras me levaram no tempo e pensei nas minhas ternuras de brincar de pique na rua, correr atrás de doce em dia de São Cosme e São Damião, fazer comida e boneco de barro (aquele bem vermelho), andar descalça na chuva, comer suspiros escondidos no bar de meu falecido pai, enfim são tantas que às vezes penso que foi com outra pessoa que isso aconteceu.
Beijos lendários.
PS.: Adorei a poesia!
Marco, a música é um arraso! Adorei ouvi-la depois de séculos.
Achei tão bonito ests suas reflexões: pés no chão, quinatais, toca-disco, tudo coisas que fazem parte da minha infância.
Que saudade!
E o poema, hein???
E você escondendo da gente. Que coisa feia!!! Aposto que há muitos outros. O senhor faça o favor de mostrar!
Obrigada, querido. Sempre que venho aqui, saio com a alma levinha.
beijos, boa semana para você.
Adoro andar descalça é tão bom pisar com os pés na terra..
apareça sempre q quiser amigo.
Big Beijos TRICOLORES!!!
Eu tenho a mesma sensação que você e sinto que não aproveitamos mais as preciosidades do cotidiano como antigamente.
Beijo!
Eita, Marco!!! Essa "Telma eunonsougay", rsrs me fez relembrar dos tempos de 2 pra lá e dois pra cá dos bailinhos nas garagens. Tb tenho saudade de tantas... agora, com tantas responsabilidades que vamos assumindo com o tempo, tenho vontade é de por os pés na lua, kkkk.Um abraço.
Ahh querido... minha infância não está lá tão distante, mas sem dúvida sinto saudades! Até porque fui criada em uma vila de Angra dos Reis e tinha liberdade para andar pela rua e brincar de todo tipo de brincadeira infantil! Acho que a minha infância foi sem dúvidas a última infância felia, antes da "era digital".
beijos
Oiê...
Vc não me ama mais???Rsrs Adoro tuas visitas, mas não vim cobrar, vim te ler e deixar meu beijo!
Menino, sabe que esses dias eu comentei com Mamis que qdo criança eu era mó pé sujo, chinelo pra mim durava séculos, hj não consigo colocar os pés no chão a não ser na praia...
Realmente deixamos de fazer várias coisas né?
Beijos
Olá Marco!
Lindo seu texto,faz a gente refletir muito, compreender as coisas. Eu também preciso por os pés no chão, andei voando mais do que devia. Linda poesia também.
Beijo.
oie querido Marco,adorei essa escada com flores subindo para o céu ,se vc tiver em um tamanho maior e se puder me dar ficarei grata muitooo,faz tempo que estou a procura dessa escada,riss, meu querido adoro essa musica ja dancei muito é lindaa,e quanto a pisar descalça de pés no chão eu amoooooo mas só dentro de casa pq senão os pés realmente se machucam ,o saudades de brincar na rua descalça correndo de pega pega,pular corda,rissss,aiai aqui eu me realizo em meus sonhos do passado, amore mio vim deixar um carinho ler suas ternuras lindas e desejar uma linda quarta feira,meu email é navespacial@hotmail.com meu msn é o mesmo email,se puder me manda a escada ,rissssse tiver msn ,me adiciona,ok,bjsssssss
quero te oferecer o destak realeza numero 8 ,o destak diamante numero 9 e o The Besth numero 11 do paginas viradas ,pq seu blog é um THE Besth, bjssss
errei o email,riss,vc me emociona e que lindo poema vc fez em,palavras que entraram na alma,gotinhas do brilho do sol na mesa,aiai lindooooo
navespacial1@hotmail.com
bjssssss
hoje em dia, pés descalços, só aqui dentro de casa...
belas lembranças. Vou tentar andar descalço na cidade onde nasci, quando for de férias pro Brasil. Mas estou achando que não vou encontrar ninguém que costumava jogar peladas comigo.
Um grande abraço!
sou viciada em hqs, na minha caixa gigante tem duas pilhas, vou lendo e passando pra outra pilha, no final eh so inverter...
ah, pequenos prazeres! :)
beijoca
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