quinta-feira, setembro 06, 2007
Botando o preto no branco
Dia desses, eu estava lendo o sempre excelente blog do Dilberto, líder do clã dos Morcegos, família que muito gentilmente me acolheu, e vi a homenagem que ele fez ao seu clube do coração. Não vou citar aqui o nome do clube porque não o cito a não ser pejorativamente, visto ser o grande rival do meu amado Mengão. Mas vocês já devem saber de qual time falo... Ele tem o nome de um almirante português conhecido por ser cruel com seus comandados e ter cometido atrocidades na Índia, depois de ter trilhado o caminho marítimo até lá, no Século15.
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Pois bem. Disse o meu caro primo Dilberto que este time “foi o primeiro a ter jogadores negros no elenco profissional”. Eu discordei e apresentei argumentos que desfazem este equívoco. Ele contra-argumentou afirmando ter lido esta informação vinda do jornalista Sergio Cabral (pai do atual governador do Rio), que é reconhecido como pesquisador cultural. E na verdade o é e dos bons. Eu o tenho como uma grande influência no meu estilo de escrever perfis biográficos, assunto em que ele é mestre.
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Acredite, caro primo Dilberto: eu já ouvi o Sergio falar isto, assim como muitos outros e sempre fiquei embatucado com esta afirmação. Você e os torcedores do seu time proclamam isto como uma grande vantagem, algo a ser glorificado. E eu sempre achei isso muito estranho. O seu clube tem óbvias ligações com a colônia portuguesa e ao longo da História, os portugueses nunca se caracterizaram pela tolerância racial. Foram os maiores escravocratas da História da humanidade. A quantidade de negros que eles capturaram ou compraram na África ao longo dos séculos 15 ao 20 – sim, em meados do século 20 eles exploravam mão-de-obra escrava em São Tomé e Príncipe - ultrapassou a casa dos milhões. Certamente, se admitiam negros na equipe, nos anos 20 do século passado não o fizeram por serem “democratas” ou “admiradores” da raça negra.
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Aqui faço uma advertência: eu não estou dizendo que os portugueses são racistas ou escravocratas. Falo como estudioso de História. Há alguns mui queridos lusitanos que aqui freqüentam e por quem tenho enorme carinho e que não são racistas, nem caçam escravos. Falo de tempos idos. Ao longo dos séculos 16, 17 e 18, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses também escravizaram nossos irmãos negros d’África. Só que os portugueses o fizeram por mais tempo, dominando o tráfico negreiro no Atlântico Sul. E no início do Século 20, quando o Brasil tinha abolido a escravatura há cerca de uns 30 anos antes, acho difícil que portugueses fossem “generosos” com uma raça que por tanto tempo foi explorada por eles.
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Com esta linha de raciocínio na cabeça, fui pesquisar, ler, entrevistar, conversar com estudiosos, para ver o quanto de verdade existia na afirmação de que o clube da cruz de Malta fora o primeiro a admitir negros no seu elenco. E constatei que ele não foi mesmo o primeiro. Nem o segundo. Nem o terceiro. Nem o quarto. Nem mesmo o quinto!
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O primeiro clube de futebol carioca a incorporar negro na equipe foi, obviamente, um time proletário: o Bangu Atlético Clube, formado por funcionários da Fábrica de Tecidos Bangu. Isso em 1905. E entre estes, havia um negro, cujo nome era Francisco Carregal (veja o rapaz na foto publicada na revista O Malho, de 1905), o que despertava indignação nos times adversários, todos aristocratas e de famílias tradicionais.
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Em 1907, um destes times tradicionais, o Botafogo Futebol Clube, colocou para jogar um negro.
Os clubes adversários (Fluminense, Paysandu, Rio Cricket principalmente) declararam que não disputariam nenhuma partida contra alguém de cor negra. O rapaz teve a sua inscrição no clube cancelada e foi obrigado a sair do time. Curiosamente, em 1915, o Fluminense admitiu um rapaz nitidamente mulato, de nome Carlos Alberto. Este, se envergonhava de sua origem e tentava disfarçar a cor de sua pele com, acreditem, pó-de-arroz!!! A anta nem imaginou que o suor faria a maquiagem escorrer, ficando muito pior do que antes. A torcida adversária não perdoou: chamava os jogadores do Fluminense de os “pó-de-arroz”. A torcida tricolor não se importou e até aceitou o apelido. Tanto que o pó-de-arroz é símbolo do time até os dias de hoje (e garanto que muito tricolor não sabe da origem do apelido...)
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Antes do mulatinho tricolor, o time do Andaraí, também de proletários e operários, por volta de 1910, já tinha escalado afrodescendentes no seu time.
Em 1918, o América Futebol Clube entronizou um jogador negro, cujo apelido era Manteiga. Também causou um certo desgaste entre os adversários.
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Vejam bem: o futebol era um esporte aristocrático. Guardadas as devidas proporções, era como hoje é o tênis. As torcidas eram comportadas, as senhoras freqüentavam os jogos (chamavam de matches), era tudo muito cheio de fru-frus. O primeiro jogo a causar uma certa comoção foi a disputa do Campeonato Sulamericano de 1919, em que o Brasil se sagrou campeão contra o Uruguai, com um gol de Friedenreich. O jogo ficou tão famoso que Pixinguinha compôs um chorinho com o título de “1x0” em homenagem à conquista.
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Pois bem. O clube originário da colônia portuguesa já disputava regatas desde 1898. Este sim era o verdadeiro esporte das “multidões” aqui no Rio de Janeiro. Em 1915, resolveu também disputar o campeonato de futebol. As primeiras participações, com o time integrado de membros da colônia, foram ridículas. No primeiro jogo já tomaram uma goleada homérica. Os portugueses que patrocinavam o time, viam entre os seus empregados negros, nos muitos armazéns de secos e molhados, vários com habilidade bastante desenvolvida no trato com a bola. Como originariamente o clube cruzmaltino sempre foi ressentido com as gozações dos garotões da Zona Sul (sua própria fundação foi feita em cima deste rancor), queriam entrar na disputa para ganhar. Os lusos pagavam "um por fora" aos seus empregados negros para disputarem os jogos com a camisa do clube. Até os deixavam treinar, aliviando a jornada de trabalho deles. Isso por volta de 1920.
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(Na foto, o time do Bangu, em 1919, com negros e operários)
A partir daí, criou-se a balela de que o clube da colônia portuguesa era “democrático” e admitia pessoas de todas as raças e de qualquer condição sócio-econômica. Começaram a disseminar que o clube da cruz foi o primeiro a admitir negros, o que é uma deslavada mentira. E uma grande bobagem, visto o contexto histórico da época ser totalmente diferente.
Recentemente, saiu no jornal O Globo uma matéria contando o que descrevi aqui: clubes proletários como Bangu e América e até aristocráticos como Fluminense e Botafogo já admitiram negros. Hoje, os cruzmaltinos já não dizem ser os “pioneiros”. Afirmam que foram “o primeiro clube a ser campeão com negros no plantel”, o que é bem diferente de ser o pioneiro, não é?
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Eu não estou inventando nada disso. Quem quiser se aprofundar no assunto, recomendo o livro “O Negro no Futebol Brasileiro”, de Mario Filho. Lá, ele diz com todas as letras que o papel de pioneiro em relação à aceitação de futebolistas negros em seus quadros é equivocadamente atribuído ao clube da cruz de Malta (na verdade, cruz pátea ou patée...).
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E mais digo eu: Aos que dizem que o clube era “permissivo” e “democrático”, deixo uma pergunta: se um daqueles negros que trabalhavam nos armazéns e jogavam no clube se apaixonasse por uma filha de um português dirigente do time, ele permitiria que a filha se casasse com o rapaz “de cor”? Se eram tããão democráticos assim, deveriam permitir. Vocês acham que eles permitiriam?
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Escrevi isto para mostrar a vocês que não se deve engolir sem mastigar bem direitinho certas verdades que andam por aí. Não é só em termos de futebol. A História não é uma disciplina das Ciências Exatas. Ela é absolutamente dinâmica, novas descobertas acontecem todo tempo. Tudo o que se de fazer é estudar, pesquisar. É o que, modestamente, costumo fazer.
M.S.
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O Antigas Ternuras recebeu da Bruxinha, do sempre excelente blog Labirintos do Sol e da Lua, mais um prêmio, pelo qual agradeço muitíssimo pela lembrança e pela gentileza. Conforme a regra do post-corrente, indico outros cinco que merecem, até mais do que eu, este prêmio. Só cinco... Aí é que complica... Mas vamos lá:
- Luz de Luma
- Balaio Porreta
- Loving Me for Me
- Nãnaninanena
- Transmimentos de Pensações
Estes meus indicados devem agora indicar outros cinco que façam jus ao prêmio e publicar a imagem do selo.
Agradeço igualmente à amiga Samara Angel pelos selos que me ofertou. Uma delicadeza que me deixa comovido. Obrigado, do fundo do coração!
Ainda nos agradecimentos, muito, muito obrigado a Fernanda Ruiz, pela minha indicação para o “Blog Day 2007” como um de seus favoritos. Eu me sinto honrado pela escolha e muito feliz com a indicação.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve o excepcional Luciano Pavarotti, cantando “Nessum Dorma”, da ópera Turandot, de Puccini. A música não tem nada a ver com este post, mas fica como uma homenagem ao grande tenor, recém-falecido, que tornou pop muitos clássicos. E deu uma interpretação magistral, emocionante a esta ária.
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38 comentários:
Meu caro, a sua postagem sobre o negro no futebol brasileiro é a expressão da verdade, conforme o livro, fruto de séria pesquisa, de Mário Filho, que me parece fundamental. Como você, também sou um "pesquisador" do nosso futebol. E como tricolor sei perfeitamente a origem da expressão "pó-de-arroz", por exemplo. Mudando de assunto, grato pela indicação do Balaio. Preciso escolher cinco, né? Essa é a parte mais difícil. Para você ter uma idéia, entre os Blogues Porretas por mim designados (o seu é um deles), mais de 30 já foram nomeados em meu espaço. De qualquer maneira, obrigado, mais uma vez. Um grande abraço.
Gosto demais das suas pesquisas sobre a origem das expressões, e esta sobre o negro no futebol foi uma aula de história!
As verdades ditas, principalmente pela grande mídia e pelos donos da verdade, devem ser sempre questionadas, como você bem disse!
Um ótimo fim de semana!
Eu sou neguinha, mas acabei de ficar bege ao saber que um dia os negros não faziam parte do futebol profissional. Que coisa! Até agora jurava que só havia negros e só depois, muito depois, os brancos entraram na jogada. Obrigada por nos fazer conhecer a história como é (ou como deveria ser).
Um beijão e ótimo feriado!
Meu caro Marco,
Mais uma excelente contribuição nascida de seu talento para o estudo e pesquisa da História.
Não vou citar, como demonstração e respeito pelo caro amigo, mas, a verdade é que estou com o Dilbero e não abro. Coisas de paixão dessa única religião que professo...
Um forte abraço.
Nossa! Aprendi tudo hoje sobre times de futebol, gostei.
Parabéns pelo prêmio e pelos seus premiados, mas a Luma foi indicada duas vezes por ser duplamente boa? rsss ;-)
lindos dias amigopratodavida
beijos
Gosto daqui pq aprendo. Teu blog é uma escola e vc, o pofessor.
Triste pela ida do Pavarotti. Mais uma grande águia alça vôo rumo à liberdade.
Um beijo e bom fim de semana*.*
Olá Marco!
Toda ciência é dinâmica, temos que estar sempre buscando o fio da meada e para a História, é sempre bom ter olhos em várias direções. Não entendo nada de futebol e pesquisas históricas, mas vejo que sua pesquisa foi bem fundamentada.
Um ótimo final de semana, beijo!
Marco, voltei porque cometi a grave falta de não agradecer a você pelo prêmio. Fiquei muito lisonjeada, Obrigada! Beijo!
Olá! passando e ficando. Gosto deste seu "Guarda Louças". Sempre estou por aqui fuçando. Aprendendo. Beijo ...............PS: sua fotinho está lá nos meus aniversariantes de Setembro... Posso?
Gostei muito de conhecer um pouquinho mais sobre futebol.
Big Beijos e bom feriado.
Não sabia nada disso, visto que apesar de flamenguista nata, não tinha me importado em estudar as origens do futebol, mas entendo um pouco. A sociedade brasileira sempre deu um jeitinho para mostrar que a democracia existe, mesmo que comprada. Pavarotti vai deixar saudades.
Beijos fátuos.
marco. mexeu nos meus calos - meu time, o querido Colorado, sempre foi democrático, difrente daquele outro, que adora chamar os torcedores do inter de negáda.
abraços
boa pesquisa essa sua
(Será que dá? Vou tentar... ai vai um texto da Célia Musilli, vale a pena... muito! É o comentário perfeito a um dos seus posts anteriores (eu sei estou em falta de visitas rs) Beijos!)
A saudade é um animal antigo
Eu sinto saudades dos meus filhos. Eles viajaram e nesta manhã não tenho a alegria infantil dentro de casa, batendo as portas, revirando as caixas, inventando brinquedos como quem inventa o mundo. Eu sinto saudades de muitas coisas. De fatos que aconteceram há 20 anos nas ruas em que morei ouvindo a briga dos gatos, o barulho dos carros, o vento sacudindo a última mangueira heróica.
Eu sinto saudades de me deitar na rede como fiz ontem, porque se o fizesse hoje o devaneio talvez não fosse tão bom quanto o que avivou lembranças de uma manhã de luz num hotelzinho do Brasil Central. Eu sinto saudades de coisas tão próximas que concluo que a saudade não depende apenas da perspectiva do tempo, é um jogo de apego, ausência e memória que nos leva pela mão a qualquer instante. Por isso, quando os namorados se despedem sentem saudades instantâneas como o café expresso e fica na boca o gosto do beijo. Da mesma forma quando os filhos me abraçam para ir ali mesmo, eu sinto saudades e me vem à memória a esquina da infância que um dia dobrei mudando a vida para sempre e sempre. O momento da transformação pode ser tão inusitado.
Voltando às saudades frescas e presentes de coisas que aconteceram ontem, lembro dos e-mails dos que estão distantes. E penso que suas vozes se transformaram em letras, repetindo o fascínio das cartas onde sempre couberam a amizade, a cumplicidade, as notícias e, sobretudo, o amor sobrevivendo em linhas como um equilibrista.
As coisas mudam todos os dias. Na sucessão dos acontecimentos só não muda a saudade e minha necessidade intrínseca de decodificá-la. Nesta manhã sinto uma dose excessiva de ternura por todos os que já partiram e por todos os que chegaram. E penso: que animal antigo é a saudade. Ela paira acima do tempo, é emoção teimosa.
Célia Musilli
Muito bom. Já posso esfregar isso na cara dos vascaínos!
fico encantada com cada post seu! e é uma honra vc gostar dos meus, querido! um beeeeijo!
Marco: sobre a postagem anterior, como é bom mesmo a gente botar os pés no chão, literalmente ou não. Muito de antigamente eu tb não faço mais. O tempo vai passando e com a gente passam tb os acontecimentos bons de uma vida simples que tínhamos. Quase não ando de pés descalços, como se diz. Quando era menino acho que devia andar. E subir tb nos pés de azeitonas pretas e me lambuzar comendo sofregamente. E por aí vai... Jogar futebol toda a tarde do sábado na 'praia do Forte'. E por aí vai... Saudades, saudades de um tempo bom, de meninas-moças supostamente inocentes a nos 'flertar' de inquietações. Ficam, portanto, as sombras de uma ilusão...
E que bela aula de História vc me proporcionou sobre fatos do nosso futebol! Como sempre, com a sua deliciosa narrativa e verve salutares.
Um abraço...
Oi Marco! Sds de vir aqui...
Não vou entrar nessa disputa de clubes...é roubada, hahhhahaha
Mas sim, valeu o toque de não sair acreditando em tudo por aí.
bjos!!!
Ixi, de futebol não entendo nada! Nem quem escalou os primeiros atletas negros... Deixo isso p/ vcs discutirem... hehehe!
Muito obrigada pela indicação, Marco!!! Vou colocar o prêmio amanhã no meu blog!
Kisses
Caro Marco,
Mais um texto porreta (me lembrando do amigo Moacy, o primeiro a comentá-lo), em que, além de desmistificar a fama "daquele time", nos dá mais uma lição da origem da presença do negro no nosso futebol. Achei curiosa a informação de ser o Bangu o pioneiro, porque na década de 1950, quando comecei a me interessar por futebol, os jogadores do Bangu eram chamados de "os mulatinhos rosados". Com a sua informação, presumo que a palavra "mulatinho" tivesse a ver com o fato. Mas por que "rosado"? Um grande abraço e uma grande semana.
Bom, seu fosse do Rio, torceria para o Flamengo, tenho uma simpatia. Uma simpatia estranha, eu diria...rs. Que aumentou ainda mais depois dessa tua aula sobre o Mengo...
Beijos, Marco, boa semana pra ti!
de futebol não entendo patavinas, viu, marco...
Parabéns por tantos prêmios, meu querido. Vc merece mesmo.
A gripe me largou.. tbm com um final de semana sensacional, não há gripe que resista.
beijos
Confesso que ,mesmo sendo amante do futebol,eu desconhecia tudo isto,MARCO.
Como sempre tomei uma aula aqui,hehehe
E ainda me emocionei com NESSUN DORMA.
Valeu mesmo.
Grande abraço!!
Mais uma magnífica aula de História. Pois, os portugueses têm essa mancha na sua História. Mas, acredito que isso mudou em muito o vosso país e, como se costuma dizer, há males que vêm por bem. Vocês ficaram com uma mistura de culturas verdadeiramente invejável!
Quanto ao futebol... Devo dizer que me basta torcer pelo meu FUTEBOL CLUBE DO PORTO! hehehe
Beijos e uma óptima semana! *.*
Será que dói escrever o nome VASCO DA GAMA no seu blog é? HAHAHAHAHA!
Interessante essa pesquisa.. realmente sempre ouvi dizerem que o Vasco tinha sido o clube a admitir negros no time... aliás, era algo do qual me orgulhava. Bem, pelo menos ainda somos os pioneiros em relação aos 4 grandes do Rio.
Essa é uma das minhas músicas favoritas e certamente irá tocar no meu casamento hehehe! Fiquei muito arrasada com a morte do Pavarotti!
beijos
Marco:
Gostei das informações, sobretudo de saber a origem do pó-de-arroz para classificar o Fluminense.
Olá menino. Tudo brilhando por aí? Vim passar um tempinho aqui. Bom isso. Vi que você colocou meu link aqui. Estou toda toda...rsss... Brigadúúúúúúúúúúuuuu... Boa semana... Beijos ...............PS: Passa lá no meu blog. Tem novidades...
Oi querido,
Saudades daqui...e hj confesso que não consegui ler o post todo devido a falta de tempo. Vc não fica bravo?
Volto com calma depois.
Beijão
Oi Marco!
Muito bom saber um pouco mais, sua conclusão disse tudo. Ninguem pode afirmar nada sem antes ir a fundo sobre ela, e mesmo assim ainda pode não ser absoluto.
Abraço
Não entendo nada de futebol,mas você escreve de uma maneira que dá vontade de ler.
Parabéns!
Em 1923, uma equipe considerada pequena, que acabara de ser promovida à primeira divisão, conquistou o campeonato carioca. Como se isso não bastasse para provocar a ira dos aristocráticos clubes grandes, o campeão era formado por trabalhadores de origem humilde, brancos, negros e mulatos, sem dinheiro nem posição social. Este campeão era o Vasco da Gama.
Naquela época, o racismo imperava no futebol brasileiro. Em 1921, era debatido se jogadores de cor deveriam ser convocados para os importantíssimos confrontos entre a seleção brasileira e a da Argentina.
Como vingar-se do atrevimento do Vasco? Os clubes aristocratas reuniram-se e deliberaram excluir jogadores humildes, sob a alegação de que praticavam o profissionalismo.
Numa sessão realizada na sede da Liga Metropolitana, Mário Polo, o presidente do Fluminense, apresentou as condições impostas aos chamados pequenos clubes. Estes teriam que apresentar condições materiais e técnicas e eliminar de seus quadros sociais jogadores considerados profissionais, constantes de uma lista que foi lida no momento.
A confusão e as vaias explodiram no recinto ao término da exposição feita por Mário Polo.
Finalmente usou da palavra Barbosa Junior, do S.C. Mackenzie, representante dos chamados pequenos clubes, condenando o racismo dos grandes clubes, uma vez que os jogadores atingidos eram apenas os mulatinhos rosados do Vasco, Bangu, Andaraí e São Cristóvão, sendo o Vasco o mais prejudicado de todos. Os arianos do Fluminense, Botafogo, Flamengo e América nem de leve foram tocados.
Vendo seus planos irem por água abaixo, os clubes grandes decidiram que se afastariam da Liga Metropolitana, formando uma nova entidade, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. Estava decretada a cisão do futebol carioca.
Caro autor do artigo, jogadores negros e mulatos eram comuns em times amadores (bem todos eram amadores oficialmente), que não incomodavam à elite do futebol carioca desde a primeira década do século passado. Principalmente os ligados à indústria têxtil, que não compunham clubes sociais abertos. Eram os casos de Bangu, Vila Isabel e Andaraí. A indústria fabril era a de maior importância na cidade e seus times eram formados por empregados e suas famílias. De quem eram essas fábricas? Não eram de portugueses.
Um caso clássico ocorreu com o próprio Fluminense. O clube mais elitista do futebol carioca tinha um jogador chamado Carlos Alberto, que, ao ser chamado de “mulato pernóstico” durante partida válida pelo campeonato de 1914, começou a jogar as partidas com o rosto coberto por um pó branco para disfarçar a cor da sua pele. Conforme jogava, sua maquiagem de araque ia derretendo. Foi o que bastou para que começasse a ser chamado de “pó-de-arroz”, tornando-o motivo de chacota para todas as torcidas rivais. O que fez o Fluminense? Expulsou Carlos Alberto. De alguma forma, o pó-de-arroz foi absorvido como maneira de diminuir a gozação pela própria torcida tricolor, passando a ser um dos símbolos do clube. De qualquer jeito, o pó-de-arroz era um produto fino, usado por reis e nobres de cortes européias. Não incomodava ser conhecido assim, já que se considerava o clube "nobre" no Rio daqueles tempos.
Com o Vasco foi diferente. Os "donos" do futebol (Fluminense, Botafogo, América e Flamengo) não incomodaram o clube sem que ele antes tivesse entrado em campo. Aí a história foi outra. E a reação que o Vasco teve, também. Inédita, contundente e histórica.
Pode espalhar por aí que o Vasco foi o primeiro clube a aceitar e DEFENDER os negros em seu time de futebol e, principalmente, no quadro social do clube. Pois é verdade! O Vasco é o primeiro clube de futebol a aceitar negros em seu time e defender a permanêncina deles, colocando em risco sua própria existência no mundo do futebol. O primeiro clube a ter um PRESIDENTE negro, exatamente nessa época.
Pois é, até o Fluminense teve jogadores negros antes do Vasco. Nenhum teve jogadores negros em detrimento de suas possibilidades de continuar jogando, só o Vasco.
O Vasco foi o primeiro clube a aceitar negros em seu time e quadro social e a defendê-los dos que eram contra, quando foram maciçamente contra. Quando houve a cisão, veja o que o Bangu fez.
http://www.netvasco.com.br/mauroprais/vasco/racismo.html
Pode continuar repetindo por aí: o Vasco foi o primeiro clube a aceitar negros discriminados. A defendê-los e a mantê-los no clube, sendo alvo de toda sorte de perseguições e até pondo em risco sua própria sobrevivência no esporte. Isso foi o que o Vasco fez.
Vale lembrar que a primeira partida do VASCO foi em 1916, e não em 1915.
Bem, depois de ser alijado da elite do futebol e de ter como justificativa a ausência de uma praça esportiva, em 1926 o VASCO DA GAMA construiu com a ajuda de todos os seus torcedores, o maior estádio da América do Sul, palco de festas cívicas, da promulgação da CLT, de diversas competições sediando oficialmente a seleção brasileira, além dos corais coletivos do maestro Villa Lobos. Isso em terreno próprio, sem ajuda do governo, nem dado pelo governo e com a proibição oficial de importar concreto, o que havia sido concedido no ano anterior ao Jockey Club. Mas isso nem mostra plenamente a força do VASCO. A força das realizações é tremenda, mas a força das idéias prevalece, como mostra o documento a seguir.
Rio de Janeiro, 7 de abril de 1924.
Ofício no. 261
Exmo. Sr. Arnaldo Guinle, M.D. presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.
As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama em tal situação de inferioridade que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma como será exercido o direito de discussão e voto, e as futuras classificações, obriga-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto a condição de eliminarmos doze (12) jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama, não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos con-sócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se a AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens quase todos brasileiros no começo de sua carreira, e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter de comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V. Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever de V. Exa. Att. Obrigado.
Dr. José Augusto Prestes
Presidente
Club de Regatas Vasco da Gama
RESPONDENDO AO ANTONIO BARROS
Caro Antonio Barros,
Antes de mais nada, obrigado pela visita e pelos comentários.
Como imagino que você esteja me chamando para o debate, vamos a ele.
E vamos por partes, já dizia o velho Jack.
No seu primeiro comentário você diz que o "racismo imperava no futebol brasileiro". Você está enganado, caro Antonio Barros. A palavra "racismo" nem existia. A sua frase ficaria mais correta se estivesse assim escrita: "Naquela época, a prática de esportes era discriminatória".
Não se discriminava somente raças. Situação econômica, etnias, enfim, tudo o que o Homem infelizmente aprendeu a discriminar, também era apartada dos que praticavam esportes (você conhece algum jogador judeu ou cigano ou índio ou pobre nordestino naquela época?). Como ESCREVI no meu texto, a sociedade brasileira era discriminatória e quanto à raça, especialmente, pois há não muito tempo havia escravidão negra no país.
O que você chama de "atrevimento" na verdade era uma esperteza. O time da colônia portuguesa vivia perdendo e perdendo feio. Eles sacaram que se não admitissem os empregados do comércio, iriam continuar a servir de chacota dos clubes da Zona Sul. E lembro que a agremiação por que você torce foi criada com base no rancor que os alegres rapazes da Zona Norte tinham pelos moradores da Zona Sul, que conquistavam as moças na praia, durante as regatas. Os atletas do time bacalhoso recebiam ajuda de custo, sim. O que visto pela ótica atual, não tem nada demais. Mas, e isso É MUITO IMPORTANTE, tratar de assunto histórico SEM LEVAR EM CONTA O CONTEXTO DA ÉPOCA é incorrer em erro grave, como aliás, você incorre e muito nos seus comentários.
Chamar os jogadores dos clubes da Zona Sul de "arianos" é uma bobagem, é risível. E você incluir o América entre eles é outra bobagem. O simpático clube tijucano tinha operários e negros em seu plantel.
No seu segundo comentário você diz que negros e mulatos eram comuns em times amadores. Mas uma vez você está errado, Antonio Barros. TODOS os times de futebol da época eram amadores, mas os ostensivamente mestiços e pobres apareciam em maior quantidade nos times ligados ou próximos a fábricas ou a comércio (como América, Andaraí, Vila Isabel, Bangu e o seu time...). No meu texto eu NUNCA disse que as fábricas eram de portugueses. Pelo contrário, eu esclareço bem a distinção. Recomendo que você o leia novamente.
Aliás, se o ler, vai ver que eu conto lá a história do pó-de-arroz. Você não precisava repeti-la. Conheço-a muito bem.
Chamar Flamengo, Fluminense, Botafogo e América de "donos" do futebol é arrematada tolice. Nem hoje o são.
Peço a você por favor que não se exceda em vanglórias para o seu time bacalhoso aqui no meu blog. Este blog é RUBRO-NEGRO até sua medula. Aqui, só há espaço para celebrar o CLUB DE REGATAS DO FLAMENGO. Contenha-se, por favor.
Caro Antonio, você está ERRADO em "espalhar" por aí que o seu time foi o primeiro a aceitar e defender negros e mestiços. Como está no meu artigo, o Bangu tem esta primazia e não me venha com sofismas! Atenha-se aos fatos! Tem foto do Carregal na revista O Malho, tem o livro do Mario Filho, o seu time NÃO FOI o primeiro a ter negros no plantel e isso é ponto pacífico. Nem a grande imprensa se refere mais ao seu time assim. Escrevem "primeiro clube a ser campeão com negros no time". É bem diferente. O resto é bobagem, é ERRO!
Não nego a história do estádio de São Januário. Também a conheço. Mas isto não está relacionado com o que escrevi. O meu texto trata somente da balela que anteriormente se difundiu sobre a primazia do time bacalhoso em ter negros e mulatos em seu plantel. Aliás, olhar esta questão com olhos de hoje é uma enorme bobagem. NUNCA, mas NUNCA mesmo deixe os contextos históricos de fora em suas análises, sob pena de incorrer em erro. Entendo que atualmente o seu clube não lhe dê motivos para se orgulhar, senhor Antonio Barros. O senhor fica aí propalando lendas sobre um PASSADO democrático de seu clube e esquece que o PRESENTE é uma tristeza só. O seu presidente é um FANFARRÃO, senhor Antonio Barros! O seu presidente está interino num processo que não se resolve por conta de chicanas e outras ações torpes! Não estou falando do início do Século 20. Falo de AGORA, do PRESENTE! O seu clube promove eleições ROUBADAS, senhor Antonio Barros! O seu clube NÃO É o primeiro a ter negros, mas É o primeiro a escorraçar o seu maior ídolo, senhor Antonio Barros! O Zico nunca foi expulso das sociais do Flamengo. O Zico nunca foi agredido pelos cabos eleitorais de presidente nenhum, senhor Antonio Barros. Olhe a situação de seu clube HOJE, senhor Antonio Barros! Não tem patrocinadores, ataca oficiais de justiça, inscreve sócios mortos na lista de votação, é considerado como o clube mais ANTI-DEMOCRÁTICO do futebol brasileiro, senhor antonio Barros. O senhor fica aí bazofiando lendas do passado, senhor Antonio Barros, e o seu presente é real, é duro. O passado da sua agremiação pode não ser NEGRO, mas o PRESENTE É, senhor Antonio Barros!
Cordialmente
Marco
O FLUMINENSE TEVE UM JOGADOR NEGRO ANTES DO CARLOS ALBERTO PÓ DE ARROZ QUE JA PASSAVA PÓ DE ARROZ JOGANDO PELO AMÉRICA .ELE JÁ TINHA ESSE HÁBITO DE PASSAR PÓ DE ARROZ DEPOIS DE FAZER A BARBA CONTA MARCOS CARNEIRO DE MENDONÇA GOLEIRO QUE ATUOU COM CARLOS ALBERTO TANTO NO AMÉRICA
E NO FLUMINENSE. ELE USAVÁ PÓ DE ARROZ NO AMÉRICA, DEPOIS DE FAZER A BARBA. E O FLUMINENSE TEVE JOGADORES NEGROS NO TIME EM 1910 MUITO ANTES DO CARLOS ALBERTO O NOME DO JOGADOR NEGRO QUE ATUOU NO FLU DE 1910 A 1911 CHAMASSE ALFREDO GUIMARÃES. A FOTO COMO JOGADOR NEGRO ALFREDO GUIMARÃES ENCONTRA-SE NA SALA DE TROFÉUS DO FLU A FOTO É DE 1910. COM ESSA FOTO O FLUMINENSE PROVA QUE ELE FOI O PRIMEIRO GRANDE CLUBE ACEITAR UM JOGADOR NEGRO
PORTUGUES NUNCA GOSTOU DE NEGROS, ESCRAVIZOU O NEGRO MAIS DO QUE TUDO E O VASCO É FEITO POR QUEM?POR PORTUGUESES, O VASCO NÃO FOI ACEITO NA LIGA POR PRATICAR O PROFISSIONALISMO MARRON
DAVA DINHEIRO POR DEBAIXO DOS PANOS O QUE NÃO PODIA NA ÉPOCA.ALIAIS ANTES DO VASCO ENTRAR NA LIGA, JÁ TINHAM NEGROS ANTES DO VASCO E NUNCA FORAM PROIBIDOS DE JOGAR. ISSO PROVA A MENTIRA DO VASCO TIME DOS PORTUGUESES QUE ESCRAVIZARAM MUITO OS NEGROS
CARLOS ALBERTO PÓ DE ARROZ JÁ PASSAVA PODE ARROZ NO ROSTO JOGANDO PELO AMÉRICA ,ANTES DE JOGAR NO FLUMINENSE, QUEM CONTA ISSO É MARCOS CARNEIRO DE MENDONÇA QUE JOGOU COM O CARLOS ALBERTO NO AMÉRICA E NO FLUMINENSE. ENTÃO QUEM SABE DE TODA A HSTORIA É O PRÓPRIO MARCOS
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