segunda-feira, julho 10, 2006
Lamentos
- Ó trevas... Por quanto tempo havereis de ouvir meus ais?
- Quem está aí? De quem é este lamento?
- Sou Tristão de Aragon. E vós? Quem sois?
- Meu nome é Romeu Montecchio. Por que suspiras?
- Devíeis inquirir por quem murmuro meus penares... É por minha dona. Por aquela de quem sou cativo. Não a vejo e no negror que me envolve cada partícula de mim clama por ela.
- Também estou apartado da luz de meus olhos. E se minha amada não aqui está, não há em mim prazer em ver e não me importo de estar imerso em penumbra.
- E como se nomeia a luz de seus olhos?
- E se eu vos dissesse que ela se chama “meu amor”? E se eu confessasse isso mil vezes ao vento, a música de seu nome me transportaria para junto dela? Sim, posso chamá-la assim, pois se digo “meu amor” não estou dizendo com a mesma devoção: “Julieta”?
- Vós usais as palavras com exímia esgrima. Receio não ter a mesma habilidade para descrever o que me representa Isolda, a senhora de minha mente e de meus lábios. Palavras podem me faltar, todavia cada sopro de meu peito revela seu nome.
- O fascínio dos castelos e dos campos de flores não se pode comparar à visão de Julieta. Pois, se a pedra fria, mesmo disposta com engenho e arte, nos comove...e se a beleza singela da flor, mesmo sendo obra divina, nos afaga a sensibilidade... o que eu poderia falar do abstrato mais que concreto sentimento de amar minha senhora?
- Dize-o bem, caro senhor. E não te posso superar. Pois nem que eu usasse todo firmamento como pergaminho e toda a água do mar da Inglaterra como tinta, não esgotaria nas palavras meu amor por Isolda.
- E onde está tal gentil senhora?
- Decerto haverá de estar em nosso refúgio secreto, onde nos víamos sempre à noite, acobertados por uma lua que mais parecia uma moeda de prata saindo do mar calmo de Cornwall. Nosso recanto ficava no alto de um penhasco, não íngreme. O céu totalmente estrelado, nos envolvia e quando lá nos víamos nenhum animal, nem o fugaz pirilampo, ousava ferir o nosso sossego.
- Pois o rouxinol e a cotovia insistiam em tirar-me dos braços de minha amada Julieta. Eu a deixava, mas levava comigo o perfume de nardos de seus cabelos e o de manjerona emanado por seus lábios.
- E onde ela está agora?
- Como o onipresente Deus, ela está por toda parte ao meu redor e dentro de mim. E na inspiração dos enamorados que ousam amar um amor proibido.
- Sei bem a que vos referis. É essa também a minha história. Mas a natureza insiste em proclamar o amor oculto de Tristão e Isolda. Onde jaz o meu corpo, minha amada fez plantar dois salgueiros que se perenizaram e nos eternizam.
- Esperai!...Ouço passos que se aproximam! Ouvis?
- Sim, decerto que sim... Alguém haverá de nos libertar deste cativeiro?
Foi então que um rapaz interrompeu a conversa dos dois personagens, retirando os livros da prateleira de sua biblioteca, levando-os em seguida para um escaninho onde se via escrito numa etiqueta: “Idéias a serem desenvolvidas”. Afastados os dois livros, seus personagens finalmente se calaram.
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras você está ouvindo “Somewhere in Time”, de John Barry.
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17 comentários:
Bom dia! Será que agora as mulheres podem retornar à conversa? Pelo jeito, o nível de testosterona baixou!! Rsrs... E o dono do blog continua irremediavelmente apaixonado, que delícia!!! Beijão, Marco!
Oi,MARCO,passando pra desejar-lhe uma super semana.
Grande abraço!
Lindo! E eu me sinto enfeitiçada por este post. Só você, em sua genialidade, poderia mesclar assim os livros, as histórias, os personagens.Conduziu o diálogo com a maestria que lhe é peculiar.
Amei Marco, nota dez milhões!
Beijo.
(E esta imagem, me parece de algum lugar que conheço, a lua, o mar, muito lindo mesmo!)
E na capa dura daqueles livros bonitos liam-se:As Mais Bonitas Histórias Trágicas de Amor...
Abração!
(rs*)No amor, as histórias se repetem!! Boa semana! Beijus
Ahh o amor..mexe e remexe dentro de nossas entranhas causando emoções que até nós mesmos desconhecemos....
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Que lindo Marco!!!
Me surpreendo com seus posts!
BRILHANTE MEU GAROTO!!!
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Grande carinho pra ti amigo.
Agora quero comentar sobre o post anterior...
Mas Markitooooooo...tu és um expert em mulhres meu chapa!!!
Tudo..mas tudo o que tu falastes, dando dicas aos meninos, é verdade...
Elogios, aqueles chupões, batalha de beijos inesperados, levar os catarrentos pra fazer um passeio, não chamá-la de gorda e sim dar um empurrão pra uma dieta..
Enfim...este seu tato com a mulherada..affffff...
Markito..desculpe-me a franqueza, mas uma mulher nos teus braços..ai Jesuis Cristim!!! rsrs
Aquele abraço meu amigo.
Mas isso é amor, histórias se esbarram, se contabilizam, se tornam repetitivas...
Ai,ai....amor é bão!!! rsss
lindo dia meu querido Marco,
beijossssssssss
Marco: muito bom seu texto...taleto e criatividade a mil por aqui.
Te encontrei na Clarinha.
Abraços carinhosos.
Seja em que época for, o amor é decantado no seu estilo propício, numa linguagem mesmo que diferenciada, deixa em comum o amor.
Abraços.
Dulcinéia estará de post novo aidna esta semana. Obrigado pelo prestígio.
Ola quero agradecer o carinho de sua visita, graças a Deus estou de volta.Ofereço o award Lua em poemas(cliq no selo preto na lateral de meu blog”vc é destaq?Ganhou prêmios?Pegue-o)
Uma ótima semana.
Bjs
MUITO bom! Pelo visto, a namorada não apareceu por esses dias ... rsrsrs. Mas a saudade é um tempero irresistível para a criatividade. Ficou lindo. Parabéns. beijo você!
o sentimento e o seu tom que firma a alma, cheia de reflexões.
ahuhuaauhuh parceiro... vc é o melhor!!
e não esqueci do email não, viu... só preciso de um pouco de meditação huahuahua um beijooo
Bom dia!! Beijus
ANDIE - a confusão. O 4º Episódio da minissérie Dulcinéia já está rolando.
Abraços, Marco!
Bem, amigos do Antigas Ternuras...Pois é. Eu fui assistir ao filem "Tristão e Isolda" e saí com este post na cabeça. Retirei de meus escaninhos mentais uma velha idéia minha de uma história que se passa em uma biblioteca e...voilá!, como diriam os italianos.
Querida Ana Carla: Rá! Rá! Rá!... O escritor do blog tem sempre umas idéias de jerico, isso sim.
Valeu, DO! É sempre ótimo quando Ramsés vem dar o ar de sua graça no AT.
Minha doce Claudinha: Que bom que você gostou!
Mas você é amiga, mesmo, né? "Genialidade" é muita gentileza de sua parte. Quanto ao lugar da imagem, imagino que este seja um refúgio para corações enamorados que tem uma história desde algum lugar do passado.
Grande Bruno: Pois é, rapaz... Ao contrário do que muita gente pensa, Romeu e Julieta e Tristão e Isolda não são histórias de amor. São histórias de morte. Só a morte poderia fazer a redenção do amor deles. Desde o início fica bastante claro que eles não serão felizes para sempre, como nas histórias clássicas de amor. Depois que vi o filme, percebi como as duas histórias são parecidas.
Querida Luminha: Bem, aproveitando o comentário que fiz para o Brunão, as trágicas histórias de amor impossível sim, costumam se repetir, pois trabalham com os mesmos arquétipos.
Querida Roby: Puxa, eu me encho de felicidade por saber que você gosta do que eu escrevo. Muito obrigado, amiguinha!
Quanto aos seus muitos elogios, não estou com essa bola toda, não, querida. Tô arriscado levar um processo por propaganda enganosa... Meus conhecimentos sobre a mais bela obra de Deus - as mulheres - são muito poucos. Quero sempre aprender mais e mais.
Querida Marcinha: Você está certíssima! Amar é bão dimais da conta!
Querida Lia: Que prazer em tê-la a bordo! Vou já retribuir a sua amável visita. Obrigado por suas palavras.
Grande Rubo: O amor é o mais antigo dos sentimentos. Começou pelo amor de Deus e prosseguiu nos homens que para continuar a espécie precisa "fazer amor".
Daqui a pouco vou ler a seu 4o. episódio.
Querida Nanci: Muito obrigado por sua visita e por seus "awards". Eu me sinto particularmente honrado por recebê-los. E profundamente envergonhado por não saber como inseri-los no blog. Desculpe, querida, mas eu sou uma anta em assuntos de informática. Preciso sempre da assessoria de meus personals teachers de template.
Que bom que você gostou, querida Fugu. Você está certíssima. A vontade de ver quem amamos nos abre as percepções da inspiração.
Olha só...Que bom vê-la aqui, querida Jade! Imagino quem seja o "moço" a que se refere. Ele me falou que quer vir, mas...Sempre tem um "mas, não é. No mais, tá tudo OK.
É isso aí, Cristiano.
Você gostou, parceirinha querida? Que legal. Tô aqui só na espera.
Querida Vendettinha: Você está certa. Se amar já doi, amores impossíveis doem muito mais. Que o digam os rapazes do meu texto.
Valeu, moçada! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim.
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