quinta-feira, junho 08, 2006

Olavo ou num lavo?


Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....
*
Vocês sabem quem escreveu esse soneto?
*

Olavo Bilac.
*
É de pasmar, não é? Não que no tempo dele não se apreciasse uma saliência. Ô se não apreciavam! Aquele povo de antanho e suas barbas e bigodes, com cara de respeitáveis senhores, adorava uma sacanagem. Minhas pesquisas assim o demonstram. Mas fico admirado por ver que um parnasiano do quilate de um Bilac tenha posto em papel e em soneto seus momentos de... hum... prazer. Agora a gente imagina de onde ele tirou o “ora direis ouvir estrelas...”
O nome deste poema é Delírio. E, lendo-o, só me ocorre exclamar uma interjeição:
*
- Ah, muleque!
M.S.
************************************************
Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Faz parte do meu show”, na voz de Cazuza.

15 comentários:

Madame disse...

Ah... eu conhecia este poema e ele até me inspirou na montagem de um espetáculo teatral.
Mas que é de pasmar, isto é mesmo.

Abraços.

Anônimo disse...

Ui!! Ainda bem que existem meninos obedientes, hehehe...
Quanto à pergunta inicial, lave a alma numa farra dessas, rs...
Bom lembrar que todos somos humanos, cheios de frustrações e desejos! Beijos!!

Claudinha ੴ disse...

Oi Marco...
Pois é... O velho e bom Bilac... Eu não conhecia este,rsrs.
Mas note a preocupação deste com os moralistas... Mas ele já deixava pistas em seus poemas, não me espanto tanto. Eu sempre notei que ele gostava muito de pular do guarda-roupa... Aliás, quem não gosta?
E agora para você, Marco, Ah Muleque!
Beijo!

Claudinha ੴ disse...

Voltei! Minino você fez milagre! Meu irmão postou concordando com minha resposta sobre o amor... Fazia tempo que ele não atualizava... Que coisa, o amor belisca todo mundo... Beijos!

Anônimo disse...

Pois é, como diria 'minha clone', Hemengarda, homem é homem em qualquer lugar e em qualquer época, só muda de endereço. hahahahaaaaaa...

Meu querido, só tenho que parabenizar o Olavinho por ter tido a coragem de romper com os padrões éticos e morais da época, e nos presentear com este belo, sensual e erótico poema. Mui belo, havemos de convir, não é vero? *risos

Desafio feito, desafio aceito. Tá no meu blog, ok?

Um beijão do seu tamanho pra vc.

Anônimo disse...

Mano Marco:

Sem seres devasso,vais devassando o outro lado de quem suporíamos pejado de pejo.

E não é que o poeta maior - que, nascido em Itabira,não foi de ferro?...

Senão,Vejamos:

"Ao delicioso toque do clitóris
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte,o fogo,o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas,varado de luz,o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que,além de nós,além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando".

("O amor natural" - C.D.A)

Quem nunca brincou de bandalheira, na absconsa camarinha,que atire o primeiro rochedinho...

Esse Grande Marco... A cada novo post surpreende com deliciosa originalidade.

Abração for all.

Luma Rosa disse...

Realmente não dá pra acreditar que Olavo Bilac com barbas e bigodes fosse mais abaixo. Acho que ele lava!! (rs*) Bom fim de semana! Beijus

Anônimo disse...

Ah! Muleque!!!!!
Mesmo com caras amarradas de grandes senhores já existiam mulheres que gostavam de sentir beijos e delicias mais abaixo...e poderia ser diferente?
Eu já conhecia e mesmo assim me arrepio, ô coisa!!!rss
Lindi findi querido,
beijossssssssss

Anônimo disse...

Eita Marco!
Agora lembrou bem... fazia já algum tempo que eu nao lia do Olavo. Não é dos meus preferidos, mas há de se reconhecer a perfeição de seus versos.
abraço pra vc, ando sumida por conta das provas. bj e fica com Deus

Fugu disse...

Marco, querido. Primeiro, desculpa o forfé. Embromei e não fiz o texto das loucuras do amor. Mas tento me redimir agora com o Bilac. Quem só conhece o lado mais contido do danadinho não viu nada. Por trás daquela métrica toda vivia uma alma incandescente. O poema que vai abaixo não chega a ser safado, mas é tão despudoradamente apaixonado que me emociona. Chama-se Criação. De Bilac, claro.

Há no amor um momento de grandeza,
Que é de inconsciência e de êxtase bendito:
Os dois corpos são toda a Natureza,
As duas almas são todo o Infinito.

É um mistério de força e de surpresa!
Estala o coração da terra, aflito;
Rasga-se em luz fecunda a esfera acesa,
E de todos os astros rompe um grito.

Deus transmite o seu hálito aos amantes:
Cada beijo é a sanção dos Sete Dias,
E a Gênese fulgura em cada abraço;

Porque, entre as duas bocas soluçantes,
Rola todo o Universo, em harmonias
E em glorificações, enchendo o espaço!

Anônimo disse...

Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

apareci rs

Ai, fiz tanta caca no meu blog, que nem sei mais que fim ele deu...

mas enfim...estou aqui...preciso por minha vida em dia...rs

vim te dizer que não abandono você nunca...
nunca...
nunca...

um beijo querido
novo endereço
http://leve1.zip.net

Anônimo disse...

Putz! Olavo Bilac também era safado? Fala sério... :D

Ora direis , ir mais embaixo , Olavo?

Um abraço!

Marco disse...

Safadim, esse tal de Olavo heim?

Querida Vendetta: Cê gostou, né? O rapaz tinha domínio da língua (com trocadilho, por favor).

Querida Lili cavalo de fogo: Que prazer enorme tê-la por aqui! Já fui no seu blog e gostei do que li. E me parece que você também é atriz, não é. Então, obrigado, coleguinha!

Querida Ana Carlinha: Pois é...Já dizia o Carequinha (êpa!), o bom menino é obediente. Quem lê este soneto há de se lavar nas boas águas da língua portuguesa.

Minha doce Claudinha: Aí é que está! O Olavo ERA um moralista! Tenho críticas que ele escreveu na revista "A Bruxa", metendo o pau (êpa!) no teatro popular da época, considerando-o como apelativo. Mas entre quatro paredes, o Olavinho gostava bem de uma saliência...
E querida, com amor, a gente pula até do fogão! Iarrúúúú!...
Em tempo: o mérito do post de seu irmão é seu! Você arrasou com o seu texto!

Querida Suzy: Já fui ver o seu texto é está um espetáculo! Até o Olavo assinaria embaixo!

Mano Paulinho: É o choque de titãs! Olavo e Drummond! Eu conheço o livro de poemas eróticos do CDA. O rapaz batia um bolão também nessa área. Não só na poesia como na prática propriamente dita. Quando ele morreu, saiu matéria com a namorada do poeta maior. No mais, a sua elegância de sempre!

Pois é, querida Luma: Com aquelas barbas e bigodes, os homens deviam provocar cócegas nas mulheres...E o Olavo devia fazer cabelo, barba e bigode. E de lavada!

Querida e doce Marcinha: As aparências de circunspectos escondiam uns devassos! Bom para as damas da época, não é?

Oi, Carlinha! Que bom vê-la aqui! E assim que resolver suas provas, trate de aparecer mais vezes e postar os seus excelentes textos no Purviance.

O que? Tem mais desses poemas, Claire? Ê, Bilacão... Minino saliente...Legal saber. Valeu pela informação!

Fugu, querida! Que pena você não ter podido entrar na corrente! Mas nos trouxe uma jóia rara e isso quase equivale! Que beleza! Valeu, querida!

Ora, ora...Quem eu vejo por aqui! Estava com saudades...Vou já na sua nova casinha.

Safadíssimo, caro Bruno! Ele gostava do esporte! E pelo visto, batia um bolão!

Valeu, moçada! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim!

Fugu disse...

Meu querido, já vi que você encerrou este post. Mas lembrei depois de um poema ótimo do Bernardo Carvalho, o da Escrava Isaura (aquela não era a patroa do Agamenon Pereira ... rsss). Chama-se Elixir do Pajé, está no Poemas Polêmicos, que ele publicou anonimamente em 1875. Tem uma versão mais recente das Edições Dubolso, de Sabará. Não copio tudo porque o poema é muito longo, mas começa assim:

Que tens, caralho, que pesar te oprime
que assim te vejo murcho e cabisbaixo
sumido entre essa basta pentelheira,
mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e triste
para trás tanto vergas o focinho,
que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,
teu sórdido vizinho!

Se botassem esses poemas no vestibular, a garotada ia ler muito mais ... rsss
beijo você!

Anônimo disse...

Pow...essa piadinha do título tá pior que a do seringueiro do Bussunda...
Abs.