domingo, maio 28, 2006

Rumual Ékissa!


A taça do mundo é nossa!
Com os brasileiros
Não há quem possa
Êêta esquadrão de ouro!
É bom no samba!
É bom no couro!

Boa tarde, amigos do esporte! O tapete esmeraldino está pronto para a peleja. O tempo está excelente para a prática do valoroso esporte bretão! Entram em campo os artistas do espetáculo! Brasil! Brasil! Brasil! São 180 milhões em ação! Haja coração!
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Estamos em tempo de “Rumo ao Hexa!”. Ou “Rumual Ékissa!”, como escreveu um brasileiro anônimo, num dos muros dessa pátria de chuteiras em que nos transformamos de quatro em quatro anos. Acompanhando o clima de “Pra frente, Brasil!”, a Família Morcegos, do qual mui honradamente faço parte, convidou seus membros a escreverem sobre a Copa.

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Bem, amigos do Antigas Ternuras. Eu estou indo para a minha 12a. Copa. Sou um veterano, pois. Em doze, acompanhei ardorosamente o Brasil ganhar quatro. O que me dá status de pé-quente. Como vi o Flamengo - a impessoalidade que mais amo na vida - ser Campeão do Mundo, em 1981, sou um legítimo PENTA. E ai daquele que me desmintir!
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De todas as Copas que acompanhei, considero a de 1970 a minha favorita. Que coisa maravilhosa era ver aquela Seleção jogar! Meninos, eu vi! E na voz marcante de Geraldo José de Almeida, o maior locutor televisivo de todos os tempos! (Galvão Bueno? Puá! Argh! Eu tiro o som da TV e ligo o Rádio). Foi ele quem apelidou o Jairzinho de “Furacão”. Para vocês terem uma idéia de como era a sua narração, vou reproduzir aqui como ele descreveu o último gol da Copa:
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“...Bola com o gauchão Everaldo...Entrega para Clodoaldo...Passa por um...Passa por outro...Pelo terceiro...Linda, linda, linda a jogada do garoto da Vila Belmiro!...Entrega para Tostão...O mineirinho de ouro toca para Pelé...Ajeita para Carlos Alberto...Olha lá! Olha lá! Olha lá!...No placar! Brasil! Brasil! Brasil!...Quatro! Itália, um! O Brasil é tricampeão do mundo, minha gente!”
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Nossa, dá uma saudade... Fim do jogo, fui para a rua, comemorar com meus amigos. Do portão, vejo o Leleco passar correndo com uma bandeira brasileira, se perdendo na poeira da rua. Que festa!
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Depois dessa Copa, nada foi mais a mesma coisa. Claro, eu torço, vou pra casa de amigos, fazemos a maior zona...Mas para mim, não é a mesma sensação de 1970. Nem quando o Brasil ganhou, em 1994 (a Copa mais medíocre de todos os tempos! Só podia terminar com um pênalti batido pra fora!) e em 2002.
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Nesse ano, ainda não bati o martelo sobre onde assistirei aos jogos. Tenho algumas opções, vou ver. Mas o certo é que estarei junto, na corrente pra frente! Embora ache vibrante e tudo o mais, em Copa do Mundo falta um componente importantíssimo para quem acompanha futebol: não temos em quem encarnar. A alegria do futebol é sacanear os perdedores. Mas, em Copa, quem podemos escolher para arrancar a pele? Nos campeonatos daqui, tenho sempre a oportunidade de encarnar nos botafoguenses, tricolores e especialmente na corja bacalhosa sebenta dos vascaínos. É...Eu sei que na Copa temos a rivalidade com os argentinos. Como se sabe, a Argentina é o vasco do mundo. E, se os bacalhosos estão abaixo do Flamengo na cadeia alimentar, da mesma forma os cretinos do Plata foram feitos por Deus para serem triturados pelo achincalhe de nós, os brasileiros. Mas onde a gente acha um argentino quando a gente precisa?
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Dentro de pouco tempo, o Brasil vai parar diante dos aparelhos de televisão. É uma coisa impressionante! Em pleno dia de semana, a gente não vê viva alma aqui no Rio. Lembro que em 1994, eu estava na casa de amigos, vendo o jogo do Brasil, quando minha mãe me telefonou. Meu irmão estava passando mal. Peguei o carro e zarpei para a casa dela. Cheguei em poucos minutos. Claro! Não tinha nada nem ninguém nas ruas!
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Dia 13 de junho começa a Copa para nós. Será dia de Santo Antônio. Tomara que o Brasil se case com a vitória. Copa do Mundo sempre será uma de minhas antigas ternuras. Em algum lugar do planeta Brasil, eu estarei de camisa azulzinha, cantando a música que abria as transmissões da Rádio Tupi, na minha época de garoto:
"Eu hoje igual a todo brasileiro
Vou passar o dia inteiro
Entre faixas e bandeiras coloridas
Parece até que eu estava em campo
Levando a taça aos quatro cantos
Naquele grito de erguer a taça ao mundo!

Eu sou campeão do mundo!"

Crííííííííí!!!!! (que quer dizer, “vamulá Brasil!” em morceguês)
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve “Aquarela do Brasil”, do grande brasileiro e rubro-negro Ary Barroso, cantada por Gal Costa.

20 comentários:

Anônimo disse...

"Ékissa" é muito, né? rs...
Que venha pelo menos essa alegria, depois de tanta vergonha, desilusão, desesperança, violência, descaso e desrespeito por esse nosso Brasil brasileiro.
Um sorrisão pr´ocê!!

Evandro C. Guimarães disse...

Grande Marco. Você criou uma pérola neste seu post "a Argentina é o vasco do mundo"! Chega a ser poético. Exatamente, tanto vascaínos quanto argentinos represantam tudo que há de ruím: arrogância e futebol de baixa qualidade. Então Mengão e Seleção contra esta dupla do mal! hehehe!

Claudinha ੴ disse...

Oi Minino do Rio! Eu também tenho muitas recordações desta copa de 70. Eu me lembro dos meus 5 anos e eu pulando e festejando dentro da kombi de meu tio dando voltas pela cidade, até já fiz um post sobre isto. Quanto ao futebol,é uma paixão, fazer o que? Você descreve de uma maneira tão deliciosa que nem lembro que sou leiga no assunto... Lembrei-me de "Todos juntos vamos, prá frente Brasil, Brasil, salve a seleção" E agora, moço do IBGE,não são mais 90 milhões em ação! Beijos e uma ótima semana!

Anônimo disse...

Mano Marco só não assisti a de 1970: tinha 7 aninhos. Mas,já a partir da seguinte,lá estava o serelepe à frente da parruda Telefunken (já seria a segunda,a Philco?),olhos vidrados no preto & branco,a sala entranhada de televizinhos; meu avô,que hoje tem 89 anos de lucidez,marcando as jogadas no corpo e pernas,numa munganga que se repete até o presente dia. Ele foi um supimpa zagueiro na juventude.

Não conhecia o "Rumual Ékissa"!Ansioso à mostrar essa pérola ao meu irmão caçula,Diógenes Júnior,doentaço pelo Flamengo desde pixote,porque ele vai disparar numa gaitada. Tanto quanto o fiz agora.

Bem,não é só nas altas horas selênicas que Você me enternece com teus dadivosos dizeres. Pode ser assim também numa tarde solarenga e de aragem tépida,tipicamente nordestinada. (E porque o Sol estala no Recife,o fio dental usado pelas mulheres de bronze,em Boa Viagem,entra por uma concavidade e desaparece "ad infinitum"...)

Que não demore a Copa,então. Nos dias em que a Canarinha adentrar na relva dos tapetões alemães,com seus passes de mágica,nós,os brasileiros,esqueceremos estarmos rendidos: levantamos os braços. O pesadelo nos aponta o revólver pelas costas. Somos apenas contribuintes. Somos apenas um número que enche as burras nacionais.

Anelemos pela euforia momentânea do Hexa. Porque...

...Porque,depois,em torno de Você,à noite,repita-se Drummond,existirá apenas a tristeza do Brasil!

PS: Ah...Gal Costa,bálsamo benigno.

Abraço dominicante.

Júnio disse...

Essa letra acho ou melhor tenho certeza que tá errada, é: a taça do mundo...enfim, meu caro somo opostos não sou fã de futebol, seleção até passa.
Concordo 94 ganhar empatando contando com o Zico deles (Baggio) foi meio esquisito.
Futebol é isso essa magia que envolve brasileiros.
Narradores acho que cada época tem o seu o Galvão hoje é o "narrador", amanhã será outro.
Ouço estórias do Ary ser e torcer para o Flamengo (se eu não estou enganado) e ser completamente parcial em suas narrações, é uma piada.
Que venha o Ékissa!!
Abraços.

Anônimo disse...

Caro Marco,

embora não seja fanático por futebol, nem tenha um time preferido, torno-me um torcedor até mesmo entendido em futebol nas épocas de Copa do Mundo.
Também me sentí um felizardo ao perceber, pelas suas palavras, que eu também já ví umas doze copas e todas as que criaram a fama do Brasil como "o melhor do mundo" no futebol. Pena que seja apenas no futebol! Poderia ser em tantas outras coisas, não é?
Mas, por enquanto, vamos entrando no clima e torcer para que venha o "Ékissa"! Depois, nos veremos obrigados ao retorno à realidade.

Abraços e até breve!

Lena Gomes disse...

Saudações Tricolores... :o)
Pois é, né, menino... ainda não foi dessa vez q vcs ganharam... mas tudo bem, tenho certeza q perder pro Flu é melhor q perder pro Vasco...
Passei pra te desejar boa semana, e aproveito pra dizer q já ouvi o CD, está perfeitinho, te agradeço muitão!!! Vc é fofo! Apesar de flamenguista. :o)
Olha, a música com a Gal não tocou aqui pra mim... uma pena. Se tocar eu te aviso.
Bem, ainda não li os últimos posts pois continuo enrolada. Hoje pensei q pudesse fazer isso, mas tivemos visitas e agora ainda tenho coisas pra fazer. Mas eu venho, e ponho a leitura em dia. Beijocas pra vc...

Anônimo disse...

Poxa , essa da argentina ser o Vasco do mundo foi fodástica!

Um abraço!

Dilberto L. Rosa disse...

Olha... "sebento" e "abaixo da cadeia aliementar" é a vovozinha!!! Mas que despeito!!! O urubu não anda voando tão alto, não, hein?! Bom, QUANTO AO POST: muito bom, rapaz, e, apesar de a Copa de 94 ter sido aquela m..., com o Brasil vencendo no murro, na cabeçada de Romário ou no pênalti para fora, foi a que mais me marcou, uma vez que, datado eu que sou de 77, foi a primeira que vi o Brasil campeão: isso não tem preço! Rsrs. Desculpe o atraso, mas é que o meu "movimento social" de hoje foi intenso, mal tive tempo para postar e para visitar alguns dos parentes e amigos! Mas cá estou, gostei mesmo do seu post... Quero dizer, apesar de você ser um flamenguista despeitado!!!! Rs. Abração, cara!

P.S.: volta lá aos Morcegos e veja meu post real sobre a reunião (o que tu comentaste foi o anterior, o de quarta!).

Anônimo disse...

ô Marco-fantástico, que venha então o maravilhoso "ékissa". meu carinho e minha saudade. beijo. (como sempre mais um gol de placa de texto).

Micha Descontrolada disse...

amei seu post..contagiante, dá gosto de ler...
olha, copiei a imagem rumal ékissa, tá? tive q rir, mais brasileira impossível.

adorei ler sobre os jogos de antigamente...ai q vontade de ter visto.

beijosssss

Luma Rosa disse...

Criiiiiiiiii!!!!!Adorei isso!! Acho que o brasileiro está perdendo um pouco a febre pelo futebol. Vejo a festa em outros países e aqui tão morno ultimamente. Fato confirmado também na sua postagem.
Deixe esperar que daqui a pouco arrumamos um pra encarnar! (rs*)
Boa semana! Beijus

Anônimo disse...

Não sei se dessa vez a taça será nossa, mas torcerei logicamente.
Sem duvida a melhor seleção foi a de 70,inesquecível.
"MEU" tricolor hoje mandou bem né não?
[espero que não me odeie por eu não compartilhar do mesmo time que você,rss]
Linda semana meu querido,
beijosssssssssss

Anônimo disse...

Hello, Marco.

Lelinha disse...

Argentina = Vasco!!!
Detesteiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Também estou participando do post da família!
Beijo!

Anônimo disse...

Sabe, ando me sentindo assim, digamos, "velha", entre aspas, quando leio o Antigas Ternuras.
Relembro as cenas com total precisão e me encontro nelas.
Claro que como vc, também não estive no dilúvio, mas pisei naquela lama. *risos.
Um beijo.

Anônimo disse...

Hermano Marco,
mi Vasquito sea l'Argentina? Mui bien, entonces nosotros somos bi-campeones do mundo. rs rs rs rs

1)Falando sério: este ambiente estava bom demais prá ser verdade. A população flamenguista que frequenta este recinto é assutadora!

2)Esse negócio de Copa do Mundo é coisa prá amadores: o jogão do ano será entre mi Vasquito e Boca, ops, aquela coisa ruim rubro-negra.

3)A Copa de 94 foi medíocre mesmo, mas Brasil e Holanda foi sensacional!

Anônimo disse...

Linda semana para você também meu anjo,
beijossssssssss

Marco disse...

Haja coração, não é moçada!

Querida Ana Clara: Vai ser bonito ver o povo torcendo e comemorando alguma coisa. Como você disse, não temos tido muitos motivos para alegrias...

Grande Evandro: Eu só traduzi o que era do conhecimento das pessoas de bem. No futebol, os bacalhosos sebentos estão para os argentinos como vice-versa. Disse-o muito bem: Brasil e Mengão contras essas forças do Mal!

Minha doce Claudinha: Para o pessoal mais experiente como é o nosso caso, lembrar da Copa de 70 é cultivar a própria antiga ternura! Os adversários que enfrentávamos não eram moleza. Não tinha a baba de Austrália e um monte de cegos de bola como tem hoje.

Mano Paulinho: A Copa de 1970 foi a primeira que eu (e os brasileiros) assistimos direto pela televisão. Antes, só na base do radinho (ou do radião, como era o caso).
A inguinorança dos simples acaba sendo um troço muito divertido, mesmo. No outro dia, recebi pela internet fotos de placas com cada batatada que vou te contar...
Também estou doido para a bola rolar na Copa. Aquela vibração é de fazer levantar até defunto!

Grande Júnio: Já fiz a correção. Obrigado. Pra quem viu as Copas de 1970 e 1974, onde os jogos eram duríssimos, os adversários, de responsa, os jogos, empolgantes, ver uma Copa como a de 1994, medíocre daquele jeito (na verdade, só o jogo Brasil x Holanda foi digno de uma Copa), dá até pena. Nunca, na história das Copas, se comemorou um título depois de uma bola chutada na arquibancada!
Eu não acho a menor graça no Galvão Bueno. Quanto ao Ary, sim, ele era totalmente parcial quando transmitia os jogos do Flamengo e do Brasil. Exatamente como eu seria. Não foi à-toa que eu representei no Teatro o grande Ary...

Grande Zeca: Em tempo de Copa do Mundo, esquecemos nossas mazelas. Alguns dizem que os brasileiros ficam alienados de sua situação. Mas se ficarmos o tempo todo angustiados com a nossa situação, haja antidepressivo, né não? A alegria do futebol é saudável, nos faz sentirmos vivos. Mas, você está certo, não podemos esquecer que há a necessidade de uma grande mobilização para resolvermos nossos problemas.

Doce Helena: Você viu aquele ROUBO??? O Mengão foi miseravelmente roubado por aquele bandeirinha safado!
Que bom que esteja tudo certo com o CD genérico do "Somewhere in Time" que eu te dei.
Às vezes, o site de midivoice, de onde eu linko as músicas, saem do ar. Mas logo voltam e dá para ouvir a seleção musical da Rádio Antigas Ternuras.

Grande Bruno Mutante: Para você ver...Até um torcedor do Santos sabe disso!

Grande "primo" Dilberto: Como eu escrevi no seu maravilhoso blog, nós, rubro-negros temos despeito do teu time, despeito por termos MAIS títulos, MAIS torcida, MAIS vitórias no confronto direto...Ré! Ré! Ré! Sem contar aquela estrelona de campeão do mundo que você tanto sonham... Mas deixando as paixões clubísticas de lado, que bom que você gostou de minha modesta participação na sensacional reunião da Família Morcegos. Já li o seu texto. Excelente, como sempre.

QueriDira: Rumual Ékissa, amiguinha! E haja coração!

Benvinda, cara Micha! Pode copiar a imagem do Ékissa! Prazer tê-la por aqui. Já vou retribuir a sua amável visita.

Querida Luma: É contagiante esse clima de Copa do Mundo, não é? Não vejo a hora da bola rolar...

Doce Marcinha: Você é tricolor, é? Humm...Bem se vê que ninguém é perfeito, mesmo...Ré! Ré! Ré!... Vamos nessa corrente pra frente, meu anjo!

Hello, Lúcio!

Cara Lelinha: Valeu pela visita! Vou retribuir.

Querida Suzy: Mas querida, jovem (como nós) também tem saudade. E é uma delícia relembrar as coisas boas que vivemos, não é?

Ronie, el paraguayo: Si, por supuesto. Su batata está en la grelha...
O público que freqüenta o Antigas Ternuras é de altíssima categoria. Logo, majoritariamente são rubro-negros, pessoas de bom gosto e de fino trato. É, você está certo. Brasil x Holanda foi o único jogo que prestou naquela Copa.

Valeu, gentes! Estaremos na torcida pelo Brasil! Abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim!

Anônimo disse...

Meu caro ( minha cara?), tenho muita dificuldade em acreditar que você traga de memória a narração do saudoso Geraldo José de Almeida, portanto suponho que você tenha acesso a um arquivo com a narração. Onde eu posso consegui=lo?