terça-feira, maio 02, 2006

Morcegos e Onças


Não sei se todos sabem, mais este BatMarco que vos escreve, mui honradamente é membro da Família Morcegos, criada pelo grande Dilberto. O blog Morcegos (link aí ao lado) está completando 2 anos (parabéns, “primo”!) e todos os membros foram convidados a escreverem um texto lembrando o primeiro post e como foi que cada um criou o seu respectivo blog.
Acontece que eu já fiz exatamente isso muito recentemente, no aniversário do Antigas Ternuras. Repostei o meu primeiro texto e falei como surgiu o AT (para quem quiser vê-lo, o título é “Chegou a hora de apagar a velinha...”, clique aqui). Mas não vou ficar de fora do chamamento de minha “família”.
*
Para não ficar repetitivo, vou falar rapidamente como o Antigas Ternuras foi criado.
A minha amiga Isa, a Bela criou o seu Mente Inquieta (link aí ao lado) e me pediu que lesse e comentasse. Como ela não tinha disponibilizado comentários para qualquer um, tive que abri um Blogspot só para comentar. E já que tinha aberto um blog, resolvi começar a postar textos, mesmo que fosse só para eu ver como minhas histórias ficariam escritas. No primeiro post eu avisava que iria tratar de histórias do tempo do Onça e inclusive contaria a origem de expressões populares, a começar por essa. Como já postei aqui o meu primeirão, para participar do chamamento dos Morcegos, estou repostando o segundão, que foi escrito no mesmo dia que o primeiro e postado logo em seguida. Este segundão contava de onde veio a expressão “No tempo do Onça”. Vocês podem lê-lo abaixo:

A origem da expressão "No tempo do Onça"

No início do Século 18, o Rio de Janeiro era governado por Luiz Vahia Monteiro, conhecido como “o Onça”. Ele tinha este apelido por ser extremamente severo. Era exigente, também. Durante o período em que governou o Rio, ele cumpria rigorosamente a lei e exigia que todos a cumprissem também. Tempos depois de ter deixado o cargo de governador, a cidade voltou gradativamente a ser a bagunça que é até hoje. Os saudosos do governador Vahia Monteiro, ao assistirem o desleixo com que a cidade era administrada, viviam suspirando pelos cantos e dizendo: “Ah, no tempo do Onça que era bom!”. Por conta disto, a expressão “no tempo do Onça” passou a significar coisa antiga, algo de tempos passados.
Veja você: reclamar da falta de cidadania, da falta de educação é coisa que vem desde o tempo do Onça! Já era hora de termos novamente um Onça para governar a cidade...Ao invés disto, desafortunadamente, estamos nas mãos de garotinhos e maias. Volta, Onça!
M.S.
*
E já que eu estou falando de origem de expressões e de Onças, aproveito o embalo e conto a origem da expressão “Amigo da Onça”.
Por incrível que pareça, ela surgiu de uma piada de muito sucesso à sua época. Às vezes piadas originam expressões que caem no gosto do povão. A célebre expressão “ou dá ou desce”, por exemplo, surgiu de uma anedota (um tanto cretina...). Mas eis a origem da expressão citada:

Dois compadres estavam conversando. Um deles estava se preparando para se embrenhar no mato, quando o outro lhe falou:
-E se aparecesse uma onça agora?
-Eu dava um tiro nela.
-E se você estivesse sem arma?
-Eu usava o facão.
-E se você estivesse sem facão?
-Eu subia numa árvore.
-E se não tivesse árvore?
-Eu corria.
-E se você estivesse paralisado de medo?
-Pô, você é meu amigo ou amigo da onça?
*
A expressão fez tanto sucesso que o grande escritor Péricles Maranhão criou um personagem que é famoso até para as gerações atuais: o Amigo da Onça!

O cara – um espírito de porco - não tem princípios ou tem os mesmos do tal compadre chato que queria ver o outro em apuros. O “Amigo da Onça” saía publicado na revista “O Cruzeiro”. Quando eu ia cortar o meu cabelo, sempre pegava a “O Cruzeiro” da semana e folheava direto para ver o Cartum do “Amigo da Onça”.
Péricles publicou seu personagem até morrer, por suicídio, em 1961. Ele se matou abrindo o gás em seu apartamento. Em seu bilhete de despedida, ele esclarecia porque estava se matando e deixava um P.S.: “cuidado ao acender um fósforo!”
Dalton Trevisan, um de meus escritores preferidos, diz que gostaria de ter o estilo do suicida ao escrever o último bilhete. Ele estava se referindo à maneira desesperada com que uma pessoa se despede da vida. Mas Péricles foi humorista até na hora de escrever sua despedida.
Sempre tenho uma imensa pena dos que se matam. O suicida se considera Deus de si mesmo. Ele se arvora no direito de ser Jô e a Suprema Divindade. Para ele, o seu tormento é insuportável e acredita que só ele mesmo pode por fim à sua penúria. É como se o seu gesto final fosse um “deus ex-machina”, vindo dos céus para restaurar a ordem, sem perceber que está dando oportunidade ao caos.
*
Mas está aí a minha colaboração (meio atrasada...) para a reunião da Família Morcegos. Se não foi exatamente o primeiro post, foi um escrito no mesmo dia do primeiro. Ao grande Dilberto, meu abraço e felicitações pelos segundo aniversário do blog. Para todos os membros da comunidade Morcegos, críííí! (traduzindo: um forte abraço, em morceguês)
M.S.

13 comentários:

Claudinha ੴ disse...

Oi... Parabéns à toda família morcego! Eu lembro do amigo da onça, adorava as tirinhas, mas não sabia da origem da frase do tempo do onça...Ainda estou digitando aos poucos, mas logo poderei escrever e postar. Um batbeijo, na mesma bathora, no mesmo batcanal, da mulher bat, ops, mulher butterfly...rsrs. (De asas quebradas)

Bruno Capelas disse...

Bem... eu sou um filho desregrado , que se esqueçou de postar no domingo e acabou por não postar... tudo bem família , peço desculpas!

Um abraço!

Anônimo disse...

sabe,
estou achando que me abandonou...

falta de tempo, querido.

vai lá...saudade de ti.

beijo grande

Anônimo disse...

Mano Marco:

Mas Você esqueceu de esclarecer que Péricles era pernambucano do Recife.

E que fez questão,no momento final de sua ruína por livre vontade,de estar impecavelmente vestido como se fosse a um baile de gala altamente suntuoso. Ironia dele?...

Abraço.

Anônimo disse...

Aliás,digo melhor: ele "fantasiou-se" do personagem célebre de sua cria para o derradeiro suspiro.

Luma Rosa disse...

Críííí!!! Muito prazer primo!!
O Dil está nos dando a oportunidade de nos conhecermos e aqui estou!! Já tinha ouvido falar do personagem amigo da onça através de uma página na net da revista Cruzeiro.
Bom restinho de semana! Beijus

Anônimo disse...

Nem participei da reunião, vou ser desgarrada dessa familia logo,logo,rsss
Eu tinha raiva do Amigo da Onça,credo!sempre querendo levar vantagem e prejudicando os outros.
Eu sou mesmo do tempo do onça e garanto só me trazem boas lembranças.
Lindo dia Marco querido,
beijossssssssss

Anônimo disse...

opssss, voltando pra dizer que sim, estou melhor da gripe só me falta dar rateira na maldita tosse,rsss
beijosssssssssssssss

Nil Borba disse...

Oi!!

Hoje, escrevi sobre um caso verídico muito trsite, mas acho que devo fazer com que meus amigos sejam informados, caso vc possa dar uma passadinha em meu blog..será muito bem-vindo.

Um grande beijo e boa tarde pra vc

Fugu disse...

BatMarco. Que estranho o link para o nome não funcionar ... Mas o Fruit de la passion fica em http://fruit-de-la-passion.blogspot.com
Vou ficar feliz com sua visita. Beijo!

Anônimo disse...

Meus parabéns ao blog do Morcego, ops! do Dilberto! Dois anos no ar não é pouca coisa!
E parabéns a você que, mesmo tendo começado meio por acaso, acabou criando textos interessantíssimos. Eu também já fui fã do Amigo da Onça, mas não conhecia nada das histórias contadas por você. Agradeço compartilhá-las.

Abração.

Marco disse...

Claudinha, a bat-ertfly: De vez em quando tenho postado a origem de expressões como estas. Vem mais por aí. Melhoras, querida!

Claire: Eu adorava ler os cartuns do Amigo da Onça nO Cruzeiro. Se você procurar na Internet acha alguns. Vale a pena. Eu amava a Turma do Pererê! Tenho toda a coleção da segunda temporada e um desenho do Pererê feito exclusivamente pra mim pelo Ziraldo e autografado ainda por cima!

Bruno: Tudo bem, "sobrinho". Da próxima vez, entra na dança!

Claudia: Não abandonei, não! Já estive no seu blog, comentando tudo a que tinha direito!

Mano Paulinho: Tudo bem,esqueci. Mas eu sempre conto com as complementações fantásticas do não menos fantástico Paulinho Patriota!
Valeu, mano!

Luma: Prazer em tê-la aqui, conterrânea e "prima"! Já visitei o seu blog e gostei muito.

Marcinha: Ah, era engraçado! E as vantagens que o Amigo da Onça levava eram românticas perto do que os amigos da onça da política estão fazendo...É ou não é? somos ambos do tempo do Onça, querida. Que bom que você está melhor. Agora, livre-se dessa tosse e tenha um ótimo dia!

Nilza: Já fui ao seu blog. É impressionante mesmo. Espero que o seu colega esteja melhor das agresões sofridas. De qualquer forma, é um prazer tê-la por aqui.

Fugu F: Já estive no seu intrigante blog. Bons textos. depois você me explica a história dos dois personagens.

Zeca: Obrigado pelas palavras amáveis de sempre. Fico feliz por você ter gostado das histórias das "Onças".

A todos, abraços e beijinhos e carinhos e ternuras sem ter fim!

Anônimo disse...

Parabéns, a toda familia morcegueira...rsrsrs


Adorei a salada do post...rs