sábado, março 18, 2006
Tesouro da (minha) Juventude
Não sei vocês, mas eu adoro começar um texto com a expressão: “Não sei vocês, mas...” Acho que já perceberam isso.
Então, vamos lá: Não sei vocês, mas eu nunca me desfiz de nenhum de meus discos em vinil. Alguns estão de tal forma impregnados de minhas antigas ternuras que se constituem em meus tesouros da juventude (nome de uma enciclopédia que eu tenho e que é uma deliciosa antiga ternura. Um dia falo sobre isso).
Tenho disco que me consolou depois de paixões que não deram certo. Alguns compactos simples foram minha única companhia em noites de solidão. Nunca poderia me desfazer de nenhum deles. Seria como amputar parte de mim.
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Imagino que este post vá agradar especialmente ao Ronie e seus candangos, moçada boa do blogteco Modos Artificiais (link ao lado). Assim como ao nobre Bruno, confeiteiro-mor da Padoca do Mutante (link igualmente ao lado). Ambos blogues altamente recomendáveis. Aliás, um dia desses, o Mutante me falou sobre um filme em produção tratando da vida do Marvin Gaye. Saber disso me deixou salivando de expectativa. Fiquei de escrever um post sobre o Marvin e um dia desses cumpro a promessa.
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Passemos, então, ao que interessa. Comprei um aparelho de som novo e fiz questão que ele tivesse entrada para toca-discos. Agora só falta comprar um pick-up para voltar a ouvir minhas preciosidades em forma de bolacha preta com um furo no meio.
Lembro que o primeiro disco que comprei, em mil novecentos e não vem ao caso, foi um compacto duplo com quatro músicas de filmes, todas compostas por Henry Mancini. O carro-chefe era o melosíssimo tema de “Romeu e Julieta” (direção de Franco Zefirelli). Eu tinha visto o filme e me apaixonado pela Olivia Hussey (eu costumava me apaixonar por atrizes de cinema. Alias, ainda continuo. A Jennifer Connely sabe disso. Ou deveria saber). Comprei este disco com a grana que ganhei vendendo picolés (coco, uva, maracujá, limão, milho verde e creme holandês...Lembro como se fosse hoje!)
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A partir daí, qualquer dinheiro que eu arrumasse, ou seria entregue ao dono da banca de jornais em troca de gibis ou ia direto para o setor de discos da Ultralar (hummm... Melhor eu pular esta parte, se não entrego a idade e vai ter gente pensando que eu fui garçom na Santa Ceia e comissário de bordo do 14-Bis...)
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Houve um tempo em que o “Jornal Hoje” lançava músicas como tema de abertura. E eu sempre acabava comprando os compactos.
Dessas, tenho “Evie” (com Johnny Mathis), “Rainbow Rockin’ Chair” (com Majority One), “What'll I do” (com Tony Gregory and The Family Child), “Don’t Turn Around” (com Black Ivory), “Stop! Look! Listen” (com Diana Ross e Marvin Gaye), “If” (com Bread, uma das músicas mais lindas já feitas)...
Como, de forma geral, eram baladas, quando rolavam as famosas festinhas na casa do Jurandir - era quem tinha uma varanda grande e uma lâmpada de luz negra - (o esquema era: batida feita com Q-Suco de pêssego e leite condensado, pastinha feita com sopa de cebola da Knorr e creme de leite e som na caixa!), eu assumia a aparelhagem de som e botava tudo para tocar na hora do mela-cueca (imagino que a atual mocidade nem sequer supõe o que seja isso... esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei...).
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Lá na minha localidade, fui eu quem lançou “Gladys Knight and The Pips” (conhece essa Brunão?), por intermédio do compacto simples “Neither One of Us” – que bem depois de eu ter comprado o disco foi tema de abertura do Jornal Hoje...
Lembro que o meu amigo Alcir, uma espécie de meu “Obi Wan Kenobi” da música, ficou doido quando ouviu.
E por falar no Alcir, foi ele quem me apresentou à banda espanhola de soul music “Barrabás”, autor do mega-sucesso “Woman”, que quando tocava nas festinhas, fazia a moçada chacoalhar a caveira até cansar. Aliás, foi o Alcir quem me apresentou a vários artistas que eu desconhecia: Donnie Elbert, Johnny Nash, Timmy Thomas...
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Não posso deixar de falar nas trilhas de novela. Sei que até hoje elas fazem sucesso. Mas quando a Globo começou a lançar os discos, era uma forma da gente conhecer artistas que não tinham álbuns lançados no Brasil (Stylistics, por exemplo) e tomar conhecimento de músicas fantásticas de artistas já consagrados. De todas as minhas trilhas da época, destaco a “Bandeira 2 Internacional”. Uma preciosidade, senhoras e senhores! Até hoje fico alucinado em ouvir, por exemplo, “How Can You Believe”, música instrumental solada na gaita por um certo Eivets Rednow, um rapazola cego que já era conhecido na época como Stevie Wonder (perceberam o anagrama?). Pois é.
Ele chegou a lançar um LP intitulado “Alfie” como Eivets Rednow, onde tocava gaita, bateria, teclado... E eu deixei de comprar este disco! Até hoje fico procurando por ele em sebos.
A outra música do Stevie no “Bandeira 2” também é memorável: “Think of Me As Your Soldier”. É linda! Excelente para dançar agarradinho (o tal “mela-cueca que eu falei...).
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Tenho um disco que é uma verdadeira obra-prima: “First”, primeiro disco-solo de David Gates, o líder e mentor do conjunto Bread. Não há uma música sequer que a gente não aplauda de pé. E tem um outro LP que me é particularmente caro: “Sweet Baby James”, de James Taylor, em que tem “Fire and Rain”.
Lembro que uma vez, estava numa fossa danada, daquelas de juntar cachorro em volta, por causa de uma criatura fêmea (aliás, aquela que eu citei no post em que abordei o filme “Banzé no Oeste”, do Mel Brooks) e ouvia “Fire and Rain” direto. Quase gastei os sulcos do disco! Quando assisti ao show do James Taylor (duas vezes: uma no Rock in Rio 1 e outra no Rock in Rio 3), e ele tocou esta música, não pude deixar de lembrar daquela memorável dor de cotovelo.
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Vocês repararam que eu só coloquei música em inglês, não é? Pois é. Naquela época a gente só ouvia músicas cantadas em inglês. Até artistas brasileiros gravavam com nome estrangeiro e músicas na língua de Shakespeare, James Joyce e do pessoal da Barra da Tijuca. Tinha o Light Reflections (“Tell me you once again, that you know, that I’ die…”), o Pholhas (“ ’Cause I still remember she made me cryyyyyyyyy…”), o Terry Winter (“On a summer day/ (On a summer day)/ I met you/ Summer Holliday/ (Summer Holliday)/One of few” – esta música ele fez com um grande amigo meu, o Deuclides Gouvea, que assinava como “Dell Clyde”)… Nossa! A lista seria grande!
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Eu gostaria que este post fosse lido ao som dessas músicas que eu citei. Que começasse pelo barulhinho da agulha encostando no disco, seguido daquele chiadinho característico... E quando chegasse nesta parte do texto, coincidisse com o fim do disco, com a agulha chegando ao final do sulco, parasse lá, com o prato continuando a girar... Em silêncio.
M.S.
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16 comentários:
Marco, desta vez você se superou! Meu Deus, o tesouro da juventude, azulzinho, minha coleção favorita, além de Júlio Verne. Eu poderia passar horas folheando aqueles livros, que pertenceram ao meu avô materno... Tenho todos os meus discos de Vinil, inclusive a coleção do Queen, o disco do festival da canção no rio quando MIlton cantou travessia... Mas de mim quem ganha é o meu pai, com mutíssimos exemplares. Igualmente a você eu sonhava e suspirava com os temas do jornal. Tinha um que nunca consegui, sha na ná ná ná ná ná ná... que adianta eu não lembro a música, mas onde a escutar lembrarei. "If" eu já até coloquei de fundo em algum post. Eu também me apaixonava pelos astros... escondia suas fotos dentro de cadernos porque se as freiras do colégio descobrissem...aí era castigo... Valeu pelas doces lembranças, ou antigas ternuras. Eu adoro vir aqui!
Snif, snif... estou emocionado. Vou colocar os discos prá rolar, depois mando um comentário decente. Em tempo, Jung não tem jeito mesmo. Durante o último carnaval passei um dia inteiro ouvindo uma coleção da Globo Discos (me fugiu o nome agora) com esses cantores brasileiros: Fábio Jr., Jessé, Christian, Harmony Cats em suas alcunhas inglesas. Ah, imagine três marmanjos ouvindo o disco "Women in Love", cheios do goró! As esposas, coitadas, na sala morrendo de vergonha. Depois conto mais.
Arrá! Tá vendo? O varandão da saudade pegou vocês também, né?
Doce Claire: Por enquanto eu também não tenho toca-discos. mas vou ter em muito breve. Ando com uma saudade doida dos meus compactos e LP. Eu também sou desse tempo...Se bem que, já contei aqui, era tímido de dar nojo. Para tirar uma moça para dançar era um sufoco! Escrevi certa vez aqui no AT que a primeira música que dancei agarradinho foi "Me and Mrs. Jones", do Billy Paul. Puxa...Que coisa boa recordar essas coisas, né não, doce Claire?
Minha querida Claudinha: Num tô falando que a gente tem muita identificação? Você também lia Tesouro da Juventude? Esta enciclopédia era a minha Internet da época. A minha coleção (herdei do meu tio) está novinha. Um dia desss eu escrevo um post sobre isso. Essa música com o "sha ná ná ná" está parecendo "Rock and Roll Lullubye", do B.J. Thomas, famosa por ser o "tema de Cristiano e Simone" na novela Selva de Pedra. Será essa? Tenho uma história com essa música...Um dia te conto.
Até hoje eu babo por algumas atrizes, a começar pela Jennifer Connely (de Uma Mente Brilhante, Água Negra...). Já tive a minha época de ser louco pela Sharon Stone. Mas a Jennifer...
Eu adoro quando você vem aqui!
Grande Evandro: Vou te confessar. ainda tenho um compacto infantil colorido com historinhas infantis. Tinha mais. Alguns se quebraram ou se perderam nas minhas mudanças de casa.
Tenho compacto dos Beatles, de muita coisa da época de ouro da Motown, a lista é grande!
Agradeci pelas felicitações do primeiro aniversário do Antigas ternuras lá no post.
Grande Ronie: Quando eu escrevia este texto lembrava de vocês o tempo todo. Sei que vocês se reúnem na sua casa para ficar ouvindo vinil. E eu aqui morrendo de inveja...
Vou escrever a segunda parte deste texto e postá-la no Modos Artificiais. Me aguarde.
Valeu, gente!
oiiii!! então, eu entro todo dia aqui, só não comento pq sempre tem tanto comentário q eu acho q vc vai acaber nem lendo o meu =/
huauhahua mas espero q vc tenha lido este ;-)
ahuahauahuuh e sobre as 'antigas ternuras'... eu não sou nem do tempo da Xuxa... ahauahua sou do tempo da Eliana, Angélica, essas coisinhas... ahuauhahuahu!
e ah... parabéns pelo aniversário!! =D 1 ano neh?!
um beijooo!!
Já não guardo mais nenhum disco. Mas também tenho boas recordações do que nós tínhamos aqui em casa. Para citar alguns exemplos, da infância, tinha alguns da coleção Disquinho e dos musicais infantis da Globo, como "Pirlimpimpim" e "A Arca de Noé". Este era curioso. A capa era toda branca para que colássemos desenhos da arca e dos bichos que vinham em um encarte. Meu pai tinha vários discos e compactos do "Tempo do Onça". O do Bread, com "If", era um deles. Aliás, reconheci de cara o logotipo do urubu no selo dos compactos que ilustram seu post. Dentre os mais antigos discos que tivemos, havia um clássico natalino: "A Harpa e a Cristandade". É melhor eu parar por aqui, pois estou me lembrando de tanta coisa que deixaria este comentário quilométrico. Grande abraço!
P.S.1: Deixei recado na festa de aniversário do AT. Nem mandou convite, né?
P.S.2: Soube do que aconteceu com a Belisa e o Marcelo ontem. Lamentável!
Querida Yumi: Fico muito feliz por saber que você entra aqui todo dia. Vou te dar uma carteirinha de "Sócia Especial do Antigas Ternuras". Mas aqui nem tem tanto comentário assim. Só os meus amigos diletos que deixam suas avaliações sobre minhas coisinhas. Saiba que eu leio TODOS os comentários que deixam aqui e respondo a TODOS eles. É uma questão de gentileza com que me dá a honra e o prazer de vir até e aqui e ainda deixar comentário.
Eu fico ainda mais feliz por saber que alguém do "tempo da Eliana" goste de ler histórias do tempo do "Carequinha". Um beijo procê!
Grande Paulo: Pelo seu comentário, fica claro que eu tenho uns aninhos a mais que você. Eu tenho os discos que o seu pai tinha (mas, ó, eu não tenho idade para ser seu pai, não, viu?).
Sobre o seu P.S. 1 - Vou respondê-lo lá no outro texto. Mas desde quando voc~e precisa de convite para vir ao Antigas Ternuras? Eu vou constantemente lá no Cinelândia, para ver se tem novidades. Você não precisa me convidar. venha aqui quando você quiser ou puder.
Sobre o P.S. 2 - Soube e já respondi, morrendo de vergonha pelos maus habitantes da minha cidade. Lamentável, mesmo.
Nossa... fiquei boiando na primeira metade do post... mas quando vc sacou o James Taylor - que eu adoro , principalemte "Carolina in My Mind" , por causa de uma guria que eu gostava - a coisa foi ficando boa. Stop Look Listen me lembra os tempos que eu puxava música no Napster... e os Light Reflections marcaram minha... sei lá , minha pré-existência! De Guaratinguetá para o mundo... Telma , Eu Não Sou Gay!
Um abraço!
Meu, na mosca. De repent, saudades de outra. Essas ternuras nos pertence, bom que podemos compartilhar.
Abraçamigo.
tenho meus discos de vinil numa prateleira
tenho os pholhas
tenho Jonh Lennon
tenho uma pedaço da minha vida em cada disco de vinil
e ainda um aparelho que os toca
eu adoro o chiadinho
e um amigo chatinho que adora a tecnologia e torce o nariz...rsrs
mas eu nem ligo.
eu tenho os meus pedaços...
ali
um beijo
Cara, não só agradaste ao McMut como a este saudosista-mor que vos fala: afinal, tenho centenas de LPs esperando que se arrume o antigo toca-discos... Meu pai mesmo queria se livrar de alguns, mas além de colecionador, sei do que falo: o som de um LP é mil vezes melhor que o de um CD (e percebi isso da pior forma possível, desde quando comprei os discos do Chico em CD - quanta diferença...!). E, meu amigo, estás mesmo bem da Arca de Noé: o primeiro disco foi do tempo do filme "Romeu e Julieta"? Rsrs. Pelo menos a trilha do Rota era linda! Abração, amigo, e obrigado pelas fiéis visitas de sempre - sempre que puder, passarei por aqui!
Ah, e no todo, você tem muito bom gosto, concordei em tudo!
Grande Bruno Mutante: Está vendo? Temos mais uma afinidade: James Taylor foi trilha sonora de uma de suas paixões também.
Vou no seu blog para saber o seu e-Mail. De repente, se interessar, te mando algumas destas músicas que evidentemente não são do seu tempo. Um forte abraço!
Fala, Ivã! Pois é, parceiro...Estas músicas são a trilha sonora da minha juventude. E de quem foi contemporâneo também. Dá saudade de tudo. Um abraço.
Querida Claudinha: Eu não me desfarei nunca de meus vinis. Cada um deles tem um significado especial. Esse negócio de tecnologia não rima com saudade, rima com coisa vazia. Beijo.
Grande Dilberto: Tenho certeza de que o som que vem do vinil soa diferente do CD. E para mim o toque do toca-discos me toca de forma mais tocante.
O meu compacto-duplo do Henry Mancini (não é Nino Rota) que tem o tema de "Romeu e Julieta" foi comprado depois do lançamento do filme. Mas também não foi muuuito depois... Estou te falando, rapaz: eu fui grumete na arca de Noé! (ré! ré! ré!...) Um abraço e venha sim, apareça quando quiser. Eu me sinto honrado com a sua visita. E estou sempre voando com os seus "Morcegos".
Não me lembro do meu 1º disco. Eu era muito pequena. Provavelmente, foi algum de historinha...
Eu tenho o DVD de "Em Algum Lugar do Passado". Amo esse filme!
Kisses
Fernandinha: Eu tinha certeza de que você gosta de "Em Algum lugar do Passado"... Você tem muito bom gosto! Beijo.
Oi! Mais um delicioso post... Isso é q vale a pena: sempre q venho aqui tem algo agradável pra ler. Vc é magnífico, caro amigo!
Olha, eu tenho todos os meus vinis, e tenho um toca-disco, pasme! Não está lá nenhuma Brastemp, mas de tempos em tempos, paro pra ouvir um deles. Um tempo atrás, minha irmã precisou de vinis pra fazer um artesanato na escola... imagine a guerra! Cedi um compacto já não me lembro de quem, e foi muito. Como ela começou a garimpar com os amigos, eu acabei garimpando o garimpo dela hahaha...) e acabei ficando com mais alguns pra minha coleção!!! Genial isso... olha, também adoro Bread e James Taylor... não há como não gostar. "You´ve got a friend" foi a primeira música em inglês q aprendi a cantar "de cor", e de quebra me apaixonei pelo professor de Inglês, q cantava a música nas aulas, com violão e tudo... ah, bons tempos... Beijos!
Doce Helena: Eu bem sei que você gosta de um "varandão da saudade". E aqui é a verdadeira "Disneylândia" de quem gosta de relembrar os momentos que se foram mas, como um bumerangue, estão sempre voltando.
Você faz muito bem em não se desfazer dos seus vinis. Imagino que cada um deles tem a sua história. Eu tenho um compacto duplo com a Carole King cantando "Yo've got a friend" e tenho em LP o nosso bom e velho James também dando a sua interpretação. Jamais esquecerei no Rock in Rio 1, quando ele começou a cantar essa música e 250 mil pessoas sentaram para ouvir! Quem estava com namorada, ficou lá cheio de carinhos... Inesquecível!
Beijão procê.
Oi, Marco (acho que esse é seu nome, não é)?
Desculpe-me estar invadindo o seu blog, sem ao menos te conhecer, mas lendo esse seu texto, não pude evitar que lágrimas da mais doce e pura saudade molhassem meu rosto. Acho que dentre todos os textos criados para homenagear um tempo, algum lugar do passado que nos marcou profundamente, sua forma tão limpa, tão honesta, tão terna de descrever sua saudade foi tocante a ponto de me emocionar. E creio que até mesmo para aqueles que não viveram essa época, se lerem esse texto, vão sentir uma saudade de um tempo que não lhes foi dado. Obrigada, por de alguma forma ter me ajudado e ver que, apesar dos vincos no rosto, criado pelo tempo e pelas preocupações, apesar do cabelo branco emoldurar um rosto que quase não reconheço ao me olhar no espelho, ELA ainda existe dentro de mim. Aquela menina que ouvia músicas do Bread, Marvin Gaye, Diana Ross, e tantos outros, e seus olhos brilhavam, sonhando com um futuro, que não chegou afinal. Mas a vida valeu, ainda que apenas por aqueles momentos de olhos brilhantes e esperançosos. OBRIGADA, por ver que nem tudo de bonito que um dia eu tive e fui, o tempo conseguiu matar.
Beijos
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