terça-feira, agosto 16, 2005

Conduzindo o personagem

Indo para São Paulo, neste final de semana, revi no ônibus o filme Conduzindo Miss Daisy (EUA, 1989), com a Jessica Tandy e o Morgan Freeman. A história do filme atravessa vinte anos, desde que o chofer “Hoke Coburn” foi trabalhar para a pirracenta viúva “Senhora Daisy Werthan”, em 1948, numa cidade pequena da Georgia, sul dos Estado Unidos. Ao longo do tempo em que o chofer esteve ao serviço da velha senhora, foi se desenvolvendo uma relação de amizade entre os dois, embora a irascível Senhora Werthan não deixasse nunca de atormenta-lo. Mais que subserviência, Hoke cuidava com carinho daquela patroa mal-humorada, que inclusive o ensinara a ler.
Além do belo roteiro, o filme ganha o espectador pelo desempenho dos atores. Todos estão muitíssimo bem. Mas não podemos destacar o excelente trabalho de Jessica Tandy (Oscar de Melhor Atriz pelo filme) e principalmente de Morgan Freeman (concorreu mas não levou o Oscar). Freeman dá uma verdadeira aula de interpretação. Em nenhum momento vemos sequer uma fagulha da pessoa Morgan Freeman. Vemos o personagem nos mínimos detalhes: quer na pronúncia caipira, quer no jeito de andar, de rir, ou ainda nos menores gestos. Há ali um sólido trabalho de composição que dificilmente vemos nas novelas de TV, por exemplo, onde os atores (?) simplesmente decoram o texto e o dizem casualmente, naturalmente, sem que sequer vislumbremos uma nesga que fosse de um personagem.
Recomendo a quem é ator e a quem gosta de ver arte em seu aspecto mais brilhante. Bonequinho de pé, aplaudindo e gritando “urrúúúúúú...”.
M.S.

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