quinta-feira, junho 10, 2010

Propaganda é a alma do negócio – Parte 2 (Final)


Bem, amigos do Antigas Ternuras... Conforme prometi no post passado (este que está aqui, abaixo deste), lá vamos nós para mais uma sessão nostalgia envolvendo propagandas das lojas e produtos que me ilustraram a infância.
(E eu se fosse você, clicava na setinha da tela do You Tube, para ouvir o que a Rádio Antigas Ternuras, a Rádio que toca no seu coração, traz hoje para os seus ouvidos saudosos...)

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Você, caro leitor que me dá a honra e o prazer de ler estas mal tecladas linhas, lembra quando subiu (ou desceu) pela primeira vez numa escada rolante? Eu lembro. Minha primeira vez foi na Sears, que ficava no bairro de Botafogo, aqui no Rio, onde hoje está o Botafogo Praia Shopping. Dizem que antes, naquele terreno, ficava a casa do cartunista J. Carlos, aquele das melindrosas da revista “Eu sei tudo”.

Ah... Foi uma festa! Eu subindo pela escada que descia, descendo pela que subia e minha mãe desesperada atrás de mim, gritando que ia me arrebentar se eu não sossegasse. Mas, que delícia! Bastava dar um passinho e você deslizava majestosamente naquele tapete mágico de metal.

Todas as vezes em que eu entrava numa loja com escada rolante, era aquela correria, aquela maximização do meu prazer e da agonia de minha mãe. Também lembro de uma vez quando minha família foi passear no Centro e levamos nossa empregada doméstica que era pessoa simples, do interior. Na hora de atravessarmos a Avenida Presidente Vargas pelo subsolo, usando a escada rolante, deu a maior zebra. A Maria se encalacrou na dita cuja, tomou um estabaco, começou a fazer o maior escândalo, de terem que desligar a geringonça e salvá-la daquele sufoco.
Mas quando fomos estrear a novidade na Sears, correu tudo bem. Imagina! Aquela lojona, com ar condicionado polar, cheiro de tapete novo no ar... Ah, inesquecível Sears!
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Também lembro com saudades da Mesbla, que ficava na Rua do Passeio. Eu me recordo que em todo dezembro íamos para lá, escolher o presente de Natal e tirar foto com Papai Noel. Noutro dia, minha mãe, remexendo em seus guardados, achou uma foto da gente com o Bom Velhinho daquela loja de departamentos... Ah, o instante do passado distante, congelado eternamente, aqueles sorrisos eternamente joviais...
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Bem sei que tergiverso. Voltemos ao foco inicial. Tanto Sears quanto Mesbla publicavam vastos anúncios nos jornais da época e faziam anúncios que se repetiam à exaustão no Rádio e na TV. Nas propagandas da Sears sempre aparecia o slogan: “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”, que também virava um jingle para mim, inesquecível.
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A Mesbla teve muitos slogans: “A loja do Brasil”, “o melhor para você”... Durante muito tempo, ir nessa loja era a coisa mais natural para os cariocas, assim como ver o seu famoso letreiro que se iluminava especialmente na época do Natal. E lá não era só loja de departamentos. Tinha restaurante, lá no topo, onde uma vez fui e tracei uma banana split naquela bandejinha de vidro, com três bolas de sorvete, caldas mirabolantes e duas metades de banana, uma de cada lado. Isso, tendo ao fundo uma deslumbrante visão do Rio. E tinha também o Teatro Mesbla, onde se assistia a comédias leves, em um ambiente requintado. Ah, lembro bem da Mesbla e suas propagandas... Foi com muita tristeza que soube que ela tinha falido em 1999, depois de 87 anos de bons serviços prestados à sociedade.
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Vamos falar de sapatarias? Ah, logo me vem à mente a Sapasso, a Cedofeita, a Polar, a Clark... Todas já foram para o espaço. Em todas eu comprei sapatos e tênis para o colégio, como este da imagem aqui ao lado (quem lembra? Bem antes do Ki-Chute, este era o tênis padrão das aulas de Educação Física...).

Já que estamos falando de calçados para o colégio, invariavelmente minha mãe me comprava um deste ao lado, para usar até o bicho se arrebentar. E olha que demorava para isso acontecer!
Lembro das propagandas daquelas sapatarias... Apareciam sempre nos jornais e revistas. Destas que citei, não sobrou umazinha sequer para contar história. Todas faliram. E olha que a Sapasso era uma rede enorme, com filiais em tudo que era lugar. Só na Praça Tiradentes tinha umas três!
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E as lojas de aparelhos eletro-eletrônicos do passado? Eram tantas... Brastel (“Na Brastel tudo a preço de banana!”), Tonelux (a deliciosa Neide Aparecida, estalando os mimosos dedinhos e, com aquele inesquecível sorriso, dizendo: “Tonelux! A mais bonita loja da cidade!”), Casa Neno (“Serve bem ao grande e ao pequeno”), Rei da Voz (onde comprei o primeiro disco de minha vida, o compacto duplo com trilhas do cinema compostas por Henry Mancini), Casa Garson (que patrocinava o programa “Noites de Gala”, segundas, 21h, na TV Tupi), Ultralar (“Na Ultralar dá pé”), Bemoreira (onde comprei meu inesquecível gravador Sanyo)...
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Os anúncios, propagandas, slogans, jingles tem a função básica de vender produtos e nos apresentar estabelecimentos comerciais. São peças artísticas voláteis, feitas para serem esquecidas por substituição por novas. Mas é evidente que alguns destes reclames permanecem no nosso imaginário, servindo de porta de acesso a uma outra dimensão, um universo feito de doces recordações, de antigas ternuras...
M.S.
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Na Rádio Antigas Ternuras, você ouve comerciais de Kolynos, Esso, Shell Tox, Cera Dominó, Casas Pernambucanas, Leite em pó Mococa.

13 comentários:

Francisco Sobreira disse...

Caro Marco,
Não me lembro quando andei pela primeira vez numa escada rolante. Mas me lembro bem da Mesbla, lá em Fortaleza (em Natal ela não se instalou). Em Fortaleza existia uma loja Clark também. Acho bom essa volta ao passado, através de lembranças. Um abraço.

Luma Rosa disse...

Marco, ainda visitei a Mesbla do Passeio, assim que cheguei no Rio. Acho que em São Paulo, o saudosismo se repete com o Mappin, lugar onde comprei o meu primeiro aparelho de som! Bons tempos!
Juro que tentei lembrar quando entrei em uma escada rolante a primeira vez e não lembro! Lembro do metrô! Foi engraçado porque uma amiga ficou para trás (estávamos em uma turma grande) e paramos na próxima estação para esperar. Ela não veio e fomos atrás. Ela sumiu e deixamos de fazer o que íamos fazer, ficamos preocupados. Ela sumiu! Noutro dia, soube que ela fez o que deixamos de fazer por ela, espertinha! :D
Marco, a História do Vale do Anhangabaú é linda! A desapropriação, a construção de 30 prédios imponentes para a época, a desapropriação das famílias... a construção do viaduto do chá! Você iria adorar saber!!
Bom fim de semana! Beijus,

Claudinha ੴ disse...

Olá Marco!

Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada... que você pode usar do jeito que quiser...

Estas propagandas e estes jingles marcaram a vida de todos. Eu andei pela primeira vez numa escada rolante no Rio de Janeiro, mas não me lembro em que lugar. Foi a primeira vez que vi uma tv à cores (passava um desenho do Batman) na vitrine e estava deslumbrada com isto que nem percebi.Sei que foi em 72.
Eu vi muitas lojas sumirem aqui naminha região e cheguei a comprar na Mesbla, nos tempos de faculdade.

Sobre o "conga" era parte do uniforme do meu jardim de infância (usei muito , era vermelho) e depois , no grupo escolar, era o famoso Vulcabras e coisas do gênero. Eu não usava estes sapatos (femininos). Meu avô me trazia do Rio uns sapatinhos de boneca, de couro preto e fivelinha de amarrar de lado que causavam inveja em todas.
Já os ki-chutes, nem me fale... Verdadeiras fábricas de chulé e meu irmão tinha um tremendo potencial...Argh!
Os comerciais que mais me marcaram foram o da Madrigal e o da UStop!

Adorei seu post! Beijos!

Dira disse...

Kkkkkkkkkkkkk
bom que esse blog é um museu...rs Eu ja tive um conga azul e um kichute. kkkk. Aqui tivemos Mesbla que faliu. era uma referencia na cidade. saudade do tempo ontem, usando um jargão: saudade do tempo que não volta mais.

beijo, amigo.

Angel disse...

meu querido Marco,nossa eu tb me lembro quando andei numa escada rolante fiz a mesma coisa,desci pela q subi e subia na que descia,kkkkkkkkkkk,muito bom,só assim a gente é feliz tb usei o conga era azul na escola.kkkkkkkkk,meu Deus era bom de mais,aqui em sao Paulo,mas to vendo que no Rio é a mesma coisa,o tempinho bom ,te adorooooooooooooo,estive ausente da net,mas estou de volta e vim te ler é demaisssssss,um lindo começo de semana e vamos q vamos torcer pro nosso Brasil ,ris,aiai,bjussssssss

Samara Angel disse...

meu querido Marco,voltando,riss,eu estive ausente da net ,mas to de volta ,comentei no post em cima e esqueci de te avisar,mas to de volta,adorei o visual do seu blog,tb mudei o meu ris, vai se assustar quando for me visitar ,mas sou eu mesmo,apesar que to estranhando tb,era tudo preto agora ta clarinho,nao sei se vou ficar muito tempo com esse ly,ris,a gente se acostuma com tudo nessa vida ne,um grande abraço,mil bjusss,te adoro

Dira disse...

acho q esse povo todo q te lê é veio pra caramba... kkkkkkkkkkkk

todo mundo ja provou ou viu uma dessas coisas... tamo lascado.

Érica disse...

Mesbla.. Meu Deus. Muito tempo. Peguei o final dela. Também tinha as Casas Pernambucanas que acabou um pouco antes da Mesbla. Nossa. Nostalgia total.

Beijos

MARCOS DHOTTA disse...

Caríssimo! A Mesbla... Que saudades dela. Recheada de artigos nauticos. As Pernambucanas, a Sloper, Americanas e Lojas brasileiras fazem parte de minha memória afetiva. Obrigado grande Mestre das Antigas Ternuras que delicadamente transformo em catrevagens... Abraços!

Lia Noronha &Silvio Spersivo disse...

Que show o seu espaço retrô...adorei!!!
Abraços pr ati.

Julio Cesar Corrêa disse...

Há um trecho do filme Vai Trabalhar Vagabundo, de 1974, em que o personagem do Hugo Carvana, um típico malandro carioca, entra num tipo boteco/mercearia e pede: "Meu chapa, me dá meia hora de cerveja." Não consigo imaginar alguém fazendo isso nos Belmontes e Manoéis Joaquim da vida. Pode parecer exagero, mas não há clima para isso, nesses botequins barulhentos, com garçons estressados e cheios de gente desesperada para ver e ser vista.
Outro dia, eu fui ao Paladino, na Uruguaiana com Mal. Floriano. No meio daquele ambiente com garrafões de vinho e iguarias penduradas, voltei no tempo. Sempre que vou lá, me sinto renovado.
Tenho muitas saudades da Mesbla. Quando comprei o meu primeiro ap, foi lá que comprei os objetos para a casa. Até hoje guardo muitos deles. Assim como os que eu comprei na Ultralar.
Esse ótimo post me encheu de saudades de um tempo, de um Rio que eu daria tudo para voltar apenas um pouquinho.
abração

Militcha ~ disse...

Aqui em Salvador também tinha Mesbla, não me recordo muito mas sempre minha avó falava: coompra na Mesblaa, e assim vai.
A conga, quando eu fiquei grande uma marca relançou, mas tenho pezão, nunca achava meu numero u.u

Snif, infancia sofrida auhuhauhau!
Blog muito show!

;*

As Tertulías disse...

passei o link desta tua postagens para vários amigos. todos adoraram!!!! eu também - e olha que estava sob a impressao de ter deixado uma mensagem aqui... sobre balinhas boneca e as biroscas de Botafogo... na rua das Palmeiras... how very odd!