Acho que este vai ser um post polêmico. Creio ser necessário deixar claro alguns pontos. Sou cristão, acredito em Deus, faço minhas orações diariamente, não tenho nada contra religião nenhuma, nem desdenho da fé de quem quer que seja. Isto posto, passemos a mais um capítulo da séria série “A História tem cada história!...”
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Vamos falar de um certo rapaz galileu conhecido, entre outras coisas, por secar figueiras, fazer aleijado levantar e sair correndo, produzir um bom vinho só com água, e distribuir uma espécie de sanduíche McFish para um monte de gente.
Não só sobre ele, mas vamos refletir sobre um movimento religioso criado a partir de suas andanças por três anos na antiga Judéia.
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Para tratar do mestre Jesus é necessário saber que existiram dois “Jesus”: o religioso, que está nos evangelhos; e o histórico, que se depreende do estudo das (poucas) fontes disponíveis. O da Bíblia, veio ao mundo na cidade de Belém, conforme estava previsto nas profecias. Para historiadores, entretanto, é muito pouco provável que ele tenha nascido lá. Com mais certeza, nasceu em Nazaré, na Galiléia, onde seus pais moravam (considerando José como seu “pai” terreno). A história de que os romanos exigiam que os judeus voltassem às respectivas cidades-natal para serem recenseados não se sustenta. Roma queria saber quantos haviam na Judéia, para cobrar impostos e, eventualmente, convocar a moçada para os exércitos do Império. Estivessem onde estivessem. Além disso, José não iria sair carregando a mulher grávida de nove meses através de uns 150km só para ser recenseado. E sobre a história da gruta, da manjedoura, essa então, não dá para acreditar de jeito nenhum. José tinha parentes em Belém, não precisaria procurar hospedagem se estivesse por lá. Logo, os evangelistas deram um torcicolo no pescoço da verdade para que a história de Cristo coubesse nas profecias do Torá (há estudiosos que asseguram que a vida de Jesus não cumpriu todas as profecias do Messias como está no Antigo Testamento, e, na verdade não cumpriu, mesmo...O caso requer fé).
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Jesus foi bem conhecido ao seu tempo e teve muitos seguidores. O que não deixa de ser surpreendente haver tão poucas fontes falando sobre ele e sua passagem no mundo. Muita gente acha que, sobre Cristo, só existe os quatro evangelhos. Não, tem outros cronistas que sequer eram cristãos e rabiscaram algumas coisas a respeito dele. Na Síria, um certo Mara bar Sarapiton escreveu palavras elogiosas sobre ele, no ano 73 d.C. Os historiadores Flavio Josefo (este na foto ao lado - no ano de 93 d.C.), Tácito (entre 100 e 110 d.C.) Suetônio e Plínio, o moço (em datas imprecisas) também escreveram sobre Jesus e o cristianismo. Mas, com certeza, alguns apóstolos pegaram da pena e contaram algumas histórias sobre o Cristo.
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Mas, por que estas histórias não estão na Bíblia? Eis a pergunta que não quer calar. Ah, aí é que está o busílis.
O negócio é o seguinte. A Bíblia, como conhecemos, como a junção do chamado Velho com o Novo Testamento, foi reunida bem posteriormente ao tempo de Jesus e do nascimento da chamada seita do cristianismo. Deixo claro que Cristo não quis fundar religião nenhuma. Ele era judeu, conhecia as escrituras hebraicas como poucos, praticamente só pregou para judeus – embora seus ensinamentos valessem e valem - muito - para todo mundo. Quem criou uma religião chamada Cristianismo foi Saulo, depois Paulo, de Tarso (o São Paulo, este da imagem). Ele, com seus argumentos, convenceu os demais apóstolos que a mensagem do Cristo servia para judeus e gentios (claro que vale). A maior parte do Novo Testamento é composta por suas cartas ensinando como ser cristão. Mas no momento em que as redigiu não estava pensando assim: “bem, agora vou escrever um pouquinho de Bíblia...” De jeito nenhum. São cartas com admoestações (ele precisava dar uma dura na moçada que estava se excedendo em alguns aspectos), ensinamentos e também procurando animar os seguidores do Cristo espalhados pelo Império Romano.
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A Bíblia, como a conhecemos hoje, foi “montada” no Concílio de Nicéia, em 325 d.C (Concílios são reuniões convocadas pela igreja para se decidirem assuntos doutrinários), especialmente quantos e quais evangelhos que entrariam - embora já existisse o fragmento de Muratori, de 170 d.C., uma espécie de rascunho da Bíblia, que recomendava quatro e somente aqueles quatro evangelhos. O Concílio de Nicéia foi reunido pelo imperador romano Constantino, o que tornou o cristianismo a religião oficial do Estado. Com a força que o imperador estava dando, os bispos começaram a dizer o que podia e o que não se podia fazer. O que cultuar e como fazê-lo. Aliás, o sentimento anti-semita começou ali. Os caras nem levaram em consideração o fato de que Jesus era judeu assim como todos os apóstolos. A partir daquele momento, o couro iria comer pra cima dos hebreus. E mais: a partir deste concílio, a Igreja passaria a intervir na ciência, dizendo o que era aceitável e o que era heresia. Quem sabia de tudo era o papa e pronto.
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Outros apóstolos também escreveram sua versão do evangelho de Cristo, mas eles focaram aspectos humanos de Jesus e o que a Igreja queria era elevar o Messias à categoria de Deus, formando com o Pai e o Espírito Santo a Santíssima Trindade (aliás, uma história complicaaaada!). Em 1945, um pastor de ovelhas achou, numa região desértica do Egito, um vaso contendo papiros com outros evangelhos, chamados pela Igreja de “apócrifos” (obras cuja autenticidade não foi provada)e escritos por outros apóstolos. Na verdade, estes textos batiam de frente com os rumos que os bispos queriam dar ao cristianismo e por isso foram condenados pela Igreja oficial. Os papiros tratam da importância do autoconhecimento, desconfiam de religiões, valorizam a opinião das mulheres... ou seja, tudo o que eles não queriam!
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Existem um sem-número de teorias sobre Jesus. Desde a que garante que ele viveu na Índia antes de ir para a Palestina, até a que assegura que ele não morreu na cruz, sendo retirado com vida, fugindo em seguida para o Oriente, adotando o nome de Yuz Asaf. (na Índia, este nome significa, em língua local, “líder dos curados das feridas”). Há até uma sepultura com este nome na Caxemirra. Fala-se que este Yuz Asaf era um judeu que passava os dias orando, pregando a existência de um único Deus e que viveu até os 70 anos.
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Não estou aqui fazendo pouco das Sagradas Escrituras. Só tenho dentro de mim a nítida impressão de que a passagem de Cristo na Terra não foi exatamente como contam. Bem sei que de jeito nenhum descobriremos o que aconteceu exatamente. E se alguém descobrir...
Isso dá matéria para uns dez “Códigos da Vinci”, né não?
M.S.
Depois de lerem algumas de minhas reflexões e estudos, convido-os a ouvirem a palavra deste pastor. É uma gravação em áudio, mostrando... digamos... uma outra opinião...
M.S.