Levanta o mouse quem nunca se apaixonou por um astro do cinema ou da TV!
Acredito que desde que o cinema e posteriormente a televisão se tornaram meios de comunicação de massa, atores e atrizes passaram a ter um efeito hipnotizante, apaixonante sobre pessoas de todo o mundo. Quem, quando jovem, não se viu subitamente amando perdidamente alguém que nunca viu em carne e osso, apenas visualizou na telona ou na telinha?
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Lembro que uma jovem Judy Garland cantou no filme “Melodia da Broadway” uma canção chamada “Dear Mr. Gable: You Made Me Love You” (que ela já tinha cantado na festa de aniversário que a Metro Goldwyn-Mayer fez para Clark Gable, em 1937, mas Louis B. Mayer gostou tanto que mandou ela repetir no musical que ele estava produzindo), onde era um personagem declarando sua paixão por um ator.
Querido Mr. Gable,
Eu estou escrevendo isto para você,
E eu espero que você vá ler isso e entender,
Meu coração bate como um martelo
E eu gaguejo e gaguejo
Toda hora eu te vejo na fotografia.
Eu penso que sou só mais uma de suas fãs.
E eu penso que irei escrever
E te dizer então.
Você me faz amar você...
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Imagino que quando fomos jovens, cada um de nós gostaria de ter escrito uma carta assim para quem fazia nosso coração bater como um martelo somente por aparecer numa tela, diante de nós.
Coisa curiosa... A gente se apaixonava na verdade por uma figura inexistente, hoje diríamos, virtual. Não víamos defeitos nos astros, nem queríamos saber haviam pecados em nossos ídolos. No filme de Blake Edwards, “S.O.B”, em que Julie Andrews faz o papel de uma estrela de cinema que ficara famosa em musicais adolescentes (numa paródia de si mesma), um personagem se refere a ela dizendo: “os seus fãs acham que você nem vai ao banheiro!”. Para nós, aquelas mulheres, aqueles homens representavam o supra-sumo da beleza, da virtude. Era um susto quando descobríamos que muitos se drogavam, viviam bêbados de juntar cachorro em volta, batiam nas mulheres, trocavam de marido como eu troco de cueca...
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Entretanto, a juventude nos fazia apaixonados por aquelas pessoas belas, mágicas, perfeitas que víamos na matinê ou na sessão da tarde. Eu também tive minhas “paixões”... E não foram poucas! Gostaria de um dia poder encontrá-las e dizer na lata o que elas significaram para mim nos meus 13, 14, 15 anos... e até em anos posteriores. Na verdade, para uma eu disse. Certa vez, eu estava num dos famosos jantares que a minha saudosíssima amiga, a comediante Nádia Maria, organizava com veteranos artistas de Rádio. Ela sempre me convidava e eu nunca deixava de ir. Era uma maravilha encontrar artistas que fizeram parte da minha infância, quando eu os ouvia pelas ondas do Rádio... Mas certa vez eu fui num dos jantares da Nádia e ela me colocou na mesma mesa que... Neyde Aparecida!
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Ah, como foi maravilhoso passar parte da noite conversando com ela, ouvindo suas histórias... Num certo momento, timidamente, confessei que tinha sido apaixonado por ela quando novinho. (Claro que não disse para ela que eu chamava a minha mão direita de “Neyde Aparecida”, mas isso é outra história...). Ela riu aquele riso franco, lindo, que a gente conhecia desde o tempo dos comerciais da Tonelux, dos brinquedos Estrela e das perucas Lady. Hoje ela está com setenta e lá vai pedrada, mas ainda continua uma mulher muito, muito interessante... olha... Não sei não! Rá! Rá! Rá!...
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Mas as atrizes de cinema que me machucaram o coração, estas não me ouviram confessar minha paixão adolescente. A primeira que eu lembro foi a Olivia Hussey. Quando eu a vi em “Romeu e Julieta” quase tive um troço! Eu dizia para todo mundo que queria me casar com ela! Como era linda... Hoje, está irreconhecível (veja como era antes e como está hoje).

Lembro de Kitty Swan (na foto acima. Era maravilhosa! Eu a vi em “Gungala – A pantera nua” e fiquei louco!. Tem nome de filme pornô, mas era uma espécie de Tarzan que menstruava), de Brigitte Bardot em “Viva Maria!”, de Natalie Wood em qualquer coisa que passasse com ela no cinema ou na TV, de Doris Day, de Claudia Cardinale... Da explosão de hormônios que a visão de Rachael Welch me proporcionava...
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Na TV, eu era caidinho pela Susan Dey, da série “Família Dó-Ré-Mi” (Parêntesis: li certa vez que um cara encontrou a Susan num mercado e disse: “Eu era apaixonado por você!” e ela respondeu: “Puxa... E só agora você me diz isso...”). Também tive uma queda pela Lidia Brondi, quando eu a vi na série “Os problemas de Marcia”.
A lista é imensa. Sim, eu era volúvel. Mas todos nós éramos, não é verdade?
Acho que as minhas “paixões da tela” gostariam de me ouvir dizer que era “apaixonado” por elas, que mulher não gostaria de ouvir algo assim, especialmente quando as areias da ampulheta já caíram em grande parte...
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Será que elas lembram que foram uma espécie de namoradas do planeta? Que despertavam paixões nos lugares mais ermos, em recantos do globo em que nunca pensavam serem conhecidas?
Bem sei que ainda hoje astros e estrelas ainda causam furor. Ainda gosto de ver e admirar algumas divas do cinema e da TV. Mas não é a mesma coisa que antes. A mim, me falta a antiga inocência para olhar com “paixão” aquelas criaturas feitas de luz. Minha paixão de hoje é real. Eu a conheço e ela me conhece.


Acho linda a Jennifer Connely (a esquerda), a Tea Leoni (a direita), a Teri Hatcher, a Juliana Paes... Mas deixo os sonhos para adolescentes. Aqueles que reinventam coragem, vencem a timidez para escrever para sua estrela favorita dizendo:
Meu coração bate como um martelo
E eu gaguejo e gaguejo
Toda hora eu te vejo na fotografia.
M.S.
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Na TV Antigas Ternuras, você vê as atrizes mais lindas do globo, desde o século 20, em sequencia maravilhosa. E de quebra, ainda vê o clip da Judy Garland cantando “Dear Mr. Gable: You Made Me Love You”.