(Video com 1min 22seg de duração)
Aqui no Antigas Ternuras tem algumas seções fixas. Além das origens das expressões de uso corrente, tem a que eu falo que a História tem cada história. E tem também uma outra que eu adoro fazer: a de resenhas de antigos seriados de TV.
Acho que qualquer quarentão lembra dessa introdução que está no título. E do programa de TV também. Ah, o velho Bat Masterson! Vivido nas telinhas pelo ator Gene Barry... Para quem não conheceu e para quem gostaria de lembrar, eis aqui um pouco do mais famoso “almofadinha” (era como se dizia na época) do Velho Oeste. Eu via este programa na TV Tupi, lá pelos idos de mil novecentos e não vem ao caso.
Tinha o patrocínio do sabonete “Cinta Azul”, que eu pedia à minha mãe para comprar só por causa do programa (eita, acabo de entregar a minha idade... Agora é que vão pensar que eu fui garçom na Santa Ceia...). Aliás, tinha uma brincadeira das meninas em que elas batiam as palmas das mãos uma nas outras de forma cadenciada ao som de uma paródia da música-tema deste seriado. Quem lembra? Eu começo e vocês terminam:
“O sabonete Cinta Azul
Tem o prazer de apresentar...
O novo filme de caubói...”
O personagem-título se apresentava muito bem vestido, com seu chapéu-côco, sua bengalinha, contrastando com o figurino rude dos velhos caubóis que todo mundo conhece. A propósito, era uma cena comum na série: Bat Masterson chegava numa cidade, entrava no Saloon e todos os vaqueiros ficavam de gozação com seus trajes. De vez em quando, algum ia se engraçar com ele de forma mais violenta e acabava tomando uns sopapos do Masterson, que brigava bem pra dedéu.
Ele andava armado, obviamente. Mas nunca com aqueles coldres que todo mundo conhece de filme de bangue-bangue. Ele tinha um revólver pequeno, que guardava num pequeno coldre por dentro do paletó. Quando ele apontava aquela coisa ridícula, tinha gente que não levava fé. E acabava tomando uns pipocos no corpinho.
O que muita gente não sabe é que o personagem Bat Masterson realmente existiu. E que ele foi contemporâneo e amigo de outro grande mito do Oeste americano: Wyatt Earp. Aliás, outro que também tinha seu seriado na TV.
O nome original do playboy do faroeste era William Barclay Masterson (1853-1921). O apelido de “Bat” veio de uma situação pra lá de prosaica: no dia do seu batismo, um morcego entrou na sacristia da igreja. Ele poderia ter sido o primeiro Batman da História, mas ele sequer era americano. Acredite se quiser, o grande herói americano era canadense, tendo nascido em Quebec, na parte francesa do Canadá. Ao migrar para os USA, ele foi caçador de búfalos, batedor do Exército, jogador de pôquer profissional, delegado federal, e, pasmem, jornalista, dono de uma coluna sobre esportes num jornal de New York. E foi deputado federal também! O velho Bat morreu de ataque cardíaco, não numa mesa de pôquer no Texas, mas em sua escrivaninha, enquanto escrevia a sua coluna no jornal New York Morning Telegraph.
*
A série de TV foi ao ar de 1958 a 1961, na NBC norte-americana. No Brasil, reprisaram os 108 episódios trocentas vezes, em mais de um canal. Seu ator principal, Gene Barry (nome original Eugene Klass), nasceu em 14 de junho de 1919, em New York. Ou seja: ele foi contemporâneo do herói que popularizaria pelo mundo! Ambos viveram na mesma cidade!
E olhem que interessante: o Gene Barry ainda está vivo, com os seus 88 anos e ainda segurando a bengalinha (bem, quanto a isso, há controvérsias...)
Por falar nisso, no meu tempo o seriado provocou uma verdadeira febre de bengalinhas e semelhantes. Era um tal de marmanjo ir para o campo com uma varinha enfeitadinha... Eu conheci vários que não largavam a sua, usando para coçar as costas, apontar os outros na rua, e até bater com ela nos menores. Soube depois que censores brasileiros implicavam com a série justamente por causa da bengala. Com aquelas mentes poluídas que todo censor tem, ficavam vendo símbolo fálico no inocente artefato. Tsc, tsc, tsc...
A série fez tanto sucesso por aqui nos anos 60 que convidaram o Gene Barry para vir ao Brasil. E ele veio. Tinha uma multidão esperando por ele no Aeroporto do Galeão. Fez shows no Copacabana Palace, no Maracanazinho, foi recebido pelo então presidente Jango Goulart, sorteou bengalinhas entre os fãs. Parece que o cabra foi muito simpático aqui em Pindorama.
Gene Barry apareceu recentemente fazendo uma participação-relâmpago no filme “A Guerra dos Mundos” (2005), do Spielberg, aquele com o Tom Cruise. Tão relâmpago que eu nem me lembro dela. Acho que o Steven quis homenageá-lo por ele ter participado da primeira edição do filme, aquela feita em 1953. Seu último papel de destaque aconteceu no Teatro, na Broadway, fazendo, em 1984, “A Gaiola das Loucas” (vejam só, quem diria... Bat Masterson acabou numa boate gay!).
Para toda a minha geração, Bat Masterson será sempre o caubói elegante. Que brigava com os homens, amava as mulheres, atirava nos bandidos e jogava pôquer. Não necessariamente nesta ordem...
Relembrem a letra completa do tema do programa, que foi gravada por Carlos Gonzaga.
“No Velho Oeste ele nasceu
E entre bravos se criou
Seu nome em lenda se tornou
Bat Masterson, Bat Masterson
Sempre elegante e cordial
Sempre o amigo mais leal
Foi da Justiça um defensor
Bat Masterson, Bat Masterson
Em toda canção contava
Sua coragem e destemor
Em toda canção falava
Numa bengala e num grande amor
É o mais famoso dos heróis
Que o Velho Oeste conheceu
Fez do seu nome uma canção
Bat Masterson, Bat Masterson...”
M.S.
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Para quem gosta de antigos seriados: a partir deste sábado, no blog Playground dos Dinossauros, vocês podem ler um post que eu fiz sobre um outro antigo seriado de TV, outro herói que cavalgava pelas pradarias do Velho Oeste com seu cavalo branco...
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Na TV Antigas Ternuras, você assiste a um trecho final do programa Bat Masterson, contendo a música-tema.
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28 comentários:
Marco: sobre os 'velhos hábitos' também confesso que não assisto ao Oscar. Existe muito glamour e apenas pessoas querendo aparecer com - no caso mulheres - o vestido na moda e bastante elegante. E sendo fotografadas ao seu bel prazer. E por aí vai a 'festa de gala', que eu diria ser mais uma 'festa galada'(rs). O outro hábito é, aí sim, assistir a um bom futebol. Pena que este ano eu perdi pro seu Flamengo, já que torço pelo Botafogo. Mas, foi um jogo duro, de igual pra igual.
Na postagem atual, o velho Bat sempre a despertar sua 'juventude' com sua elegância à toda prova. É isso aí!
Um abraço...
Marcooooooooooo...
Que saudades eu estava daqui amigo...nossa, quanto tempo eu não lia tuas resenhas, teu blog tão bem feito...aí te li e lembrei de vc no Jô...huahuahua
Esse seriado eu não lembro de assistir mas lembro que tinha uma brincadeira com as mãos na qual a gente tinha que canta uma música de nome Bat Masterson...aliás, vc vai rir mas só hoje eu descobri que o nome não é Batemasterson...e sim Bat Masterson...KKKKKK
Beijos e bom findy pra vc
Alê Barros - Caraminholas
Marco,
Dose dupla, hein? Bat Masterson (Antigas Ternuras) e Zorro e Tonto (Playground dos Dinossauros). Parabéns! Que lembranças para nós que passamos dos 40! Esses seriados paravam a cidade. Todo mundo grudado na TV! Além desses, muitos outros seriados, naturalmente. Que saudade! Já não fazem mais seriados como antigamente!
Abração.
Os velhos hábitos estão sendo engolidos pela modernidade.
Infelizmente!
Bom final de semana!
Este post merece ser lido pelo meu pai e sogro, eles iam vibrar! =)
Vou divulgar e torcer para que eles arrumem tempo e driblem a internet. Abraços.
Ternurildo, que coisa!!!
Eu já sabia da história que originou a lenda do tal Bat, mas que a música que eu cantava batendo as mãos nas de outras meninas era desse seriado, nem imaginava!!!
E não lembro desse sabonete, não... deve ser um evento do jurássico mesmo!
hahaaha
Muitos beijos, amigo querido
Adorei mais esse post (rapaz, essa sua mente não pára nunca! a minha as vezes dá uma pipocadinha...)
Caro Marco. Eu conheço você de sobra(apesar de vc não me conhecer), pois assisti à entrevista do Jô e leio você aqui, sempre, sempre.
Hoje, não resisti ao post de Bat Masterson( não, não revelarei a idade, por isso...rs). E tenho que falar. Eu me lembro do seriado. E da canção, e da bengala, e do ator...rs
Foi muito gratificante ler as notas interessantes que você foi relembrando aqui.
Falei.
Pronto. E o entusiasmo: muito bom o re-vival do Bat Masterson!!!!!!!!!!!
Abração.
Dora Vilela
Sou do tempo de outros seriados, no cinema. Afinal, completarei 65 anos em breve, muito breve. Mas Bob Masterson, na época, também me chamou a atenção. Gostei de rever e ouvir a velha canção que tanto sucesso fez... Um abraço.
Olá Marco!
Embora eu seja um pouquinho mais nova (só um pouquinho, rsrs), eu me lembro. Brincava com as amigas cantando "o sabonete Cinta Azul..." e era uma festa. Brincava com Vinha (nossa babá), Durango Kid, Bat Masterson, etc, a coitada era sempre o cavalo... Doces ternuras estas, revirou as saudades de todos que aqui vêm.
Um beijo e ótimo final de semana!
Estou aqui para agradecer o seu selo que recebi por intermédio de nosso amigo comum, o J.F.
Eu sou do tempo do Velho Oeste e muitos outros "velhos" apesar de ter apenas 18 anos (desculpe, inverti os numeros...)
No meu tempo de criança a arca de Noé já era antiga, logo, não sou tão velha assim.
Desculpe a intromissão e as brincadeiras. Vá conhecer os meus blogs e se achar que não mereço o seu selinho pode dizer que eu vou ficar muito triste mas vou compreender.
Maith
http://www.cuidadoestaoteespiando.blogger.com.br
http://www.bisavo.blogger.com.br
Marco,
eu não me lembro desse tal de Bat Maisterção... risos. Brincadeira! Era fã de carteirinha. Não perdia nunca! Até uma bengalinha eu tinha. Mas não consigo lembrar do tal sabonete e muito menos da brincadeira das meninas... e isso agora não é brincadeira. Vou lá pro "nosso" playground ver de quem se trata. Cavalgando nas asas da imaginação.
Abração.
Ai que delícia de história! Eu fazia a brincadeira do Cinta-Azul, mas nunca vi Bart Masterson...
Adorei, como sempre.
Eu brincavaaaaa!Eu e minhas primas brincavamos de bater as maos com a parodia da abertura da serie,que sò sabiamos da existencia por intermedio de nossas maes. Eu adorava porque o desafio era ir ganhando velocidade e na primeira rodada se cantava, na segunda se cantarolava(tipo lalalarà) e na terceira nada: mudo e quem errava perdia)
.
Obrigada, voltei vinte anos de felicidade.:)
Marcoooooo...rs
Tudo bem amigo?
Meu, só vim dizer que morri de rir de vc imaginando a academia que frequento virar uma Loucademia...e me choquei com seu espanto...sim, 10 kilos, mas nã vá pensando que to obesa porque não to não viu...
Fiquei tão preocupada agora que se pudesse já estava desde cedo malhanhdo...rsrs
Boa semana pra vc querido.
Beijos
Ale Barros
Por que será que não me consigo recordar de ninguém!?!? loool
Boa semana!!!
*.*
Marco:
Lembro-me bem da música, mas não da série de TV. Sei que se não a vi toda, vi muitos capítulos, mas a imagem se perdeu. A música, no entanto, ficou.
estamos ficando velhos... Só me lembro de um ou dois episódios que assistíamos na nossa primeira Colorado RQ. Em um dos episódios ele usava a bengala para fazer uma dinamite. Deve ter sido o avô do McGyver.
Querido! Eu pensei q só eu e meus irmãos conhecessem e lembrassem desta musiquinha!!! Vixe! E não é que eu brincava de bater palmas com as amigas na escola?? Ai, ai, só aqui mesmo pra eu rir destas lembranças... E ai? recebeu meu e-mail com o meu rascunho??? beijos de morg
Eu me lembrei da música (uma delícia) e provavelmente devo ter visto algum episódio.
É maravilhoso poder relembrar essas coisas da infãncia em que num]nca mais havia pensado.
Você é mágico, não me canso de dizer.
beijos, boa semana e muito obrigada por tanta gentileza e tanto exagero carinhoso.
Oi Marco!
Nossa, quanto tempo ! Eu lembro da minha adolescência no Rio, assistia pouco, mas lembro bem da música. Obrigada por trazer de volta esse tempo bom.
beijo grande querido e boa semana,
Oi Marco!
Eu não me lembro de ter assistido esse seriado, mas me lembro de uma brincadeira em que cantavamos uma canção, dizia mais ou menos assim:
"No velho oeste ele nasceu
E entre bravos se criou
Seu nome famoso ficou
Bat Masterson, Bat Masterson"
Foi otimo lembrar dos dias da infancia com você.
Bjs
simone
Marco,
Nunca assisti a essa série. Gene Barry eu vi em um ou outro filme da década de 1950. Mas da música, cantada por Carlos Gonzaga, me lembro bem. Um abraço.
Nunca nem ouvi falar! (rs*) Gene Barry, lembro do filme, a guerra dos mundos. Boa semana! Beijus
Marco
ler o seu blog é sempre ter uma aula, bem escrita e cheia de novas informações.
adorei o post abs!!
Ei é com muita alegria no meu coração que ofereço o selo de aniversario de 2 anos dia 11/03 do Lua em Poemas e com ele selar e fortificar mais uma vez nossa amizade.
Te espero no dia tbem visse?
Vou agora dar uma fuçadinha por aqui pq as resenhas de antigos seriados da tveh mesmo demais, da saudades ne?rs
bjs
Não assisit, não é bem da minha época. Mas engraçado que quando vc falou do sabonete e da musiquinha, me veio um ritmo na cabeça que acho que é correspondente... TAlvez eu tenha ouvido isso na minha infância. A memória é uma coisa curiosa...
Beijos.
Assistia sim, e hoje, nas noites em que consigo ficar acordado até bem tarde, pego umas reprises desse seriado. No tempo em que morei em Denver passei pelas ruas que ele frequentava, onde ficavam os saloons com muita mulher e jogatina...
Abraços!
eu tenho uma coleção de 10 dvds, com mais de 40 filmes do bat...
Muito legal mesmo!!!!
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