quarta-feira, março 01, 2006

Vidas em colisão


Não vou me estender muito sobre Crash – No Limite (USA, 2005, dir. Paul Haggis), já analisado por mim em novembro de 2005 (quem quiser me dar o prazer de ler, está no arquivo do Antigas Ternuras, sob o título “Assim caem os impérios”). De qualquer forma, trago de lá um parágrafo onde dei a minha modesta visão deste belíssimo filme:
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Finalmente, o filme que eu estava esperando há muito tempo, por conta de sua carpintaria dramatúrgica. Ele pode ter várias leituras, inclusive a partir do título – Crash – que remete a batida, colisão e realmente, carros e pessoas estão em constante colisão neste filme. Mas eu prefiro analisá-lo por outra ótica: pela sua história, onde a natureza humana é mostrada em toda a sua verdade, sem filigranas, sem tons edulcorantes. Está lá, o que somos: ora capazes de salvar alguém, ora capazes de desgraçar os outros. Ninguém é monodimensional – só “bonzinho” ou só “peste” - nem a vida é bimensional, tendo por únicas alternativas o “bem” e o “mal”. Não somos personagem de telenovela, nem das comédias açucaradas do cinema, muito menos levamos a vida como está nos desenhos animados da Disney. Viver machuca. Dói. Corrói.
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Mesmo não tendo revisto o filme, mantenho tudo o que escrevi sobre ele. É um roteiro magnificamente escrito, com personagens muitíssimo bem definidos. O próprio filme é muito bem dirigido e representado. Curioso como uma produção tão barata tenha chegado à disputa do Oscar. O que só reafirma a sua qualidade.
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Os atores, alguns do time dos salários astronômicos, receberam o valor mínimo da tabela do sindicato. A própria Sandra Bullock, que ganha rios de dinheiro com bobagens do calibre de “Miss Simpatia”, pagou do próprio bolso a passagem de avião até o set de filmagem. No entanto, na “ponta” que ela faz, tem a chance de exercitar seu real talento de atriz, em uma boa história, com um personagem denso, coisa que há muito tempo não deve fazer. Destaque para Don Chedle, um dos produtores, que faz um policial dividido entre os valores que acredita e a família.
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Infelizmente, não acredito que “Crash” vá ganhar as estatuetas a que concorre (quatro). No máximo, pode levar o prêmio de Melhor Roteiro Original. Pessoalmente, dos filmes que concorrem ao Oscar de Melhor Filme, considero este o mais interessante. É para ele que vou torcer. Que consiga o maior número de prêmios possível.
Embora tudo leve a crer na vitória dos alegres vaqueiros que gostam de um bafo no cangote, quem realmente aprecia um bom filme não deve perder este "Crash". Ele trata da natureza humana com tintas fortes. E nada como uma obra cinematográfica que esfregue na nossa cara o barro de que somos feitos.
M.S.

6 comentários:

Bruno Capelas disse...

Esse ano tá muito estranho no Oscar. Sei lá... não tem grandes diretores de destaque(redundante , mas verdadeiro) , que tirando o Spielberg , com um filme bom. Ano passado era briga de Cachorro Grande - Eastwood contra Scorcese... ano retrasado era SdA na certa. Sei lá viu Marco... vou torcer pro Jardineiro Fiel onde ele estiver concorrendo e pro Jake Gylenhaal , um dos meus atores preferidos.

Um abraço!

Anônimo disse...

um dos poucos que consta na minha lista " nao assistidos" e pelo jeito não posso perder...

abraço!

Y. Y. disse...

Oi! Nossa, adorei teu blog, li quase tudo já. Huhahua. Não gostei muito desse Crash, não... mas de resto concordo contigo. Um beijo!

Marco disse...

Bruno, grande Mutante: No meu próximo post que vai encerrar essa saga sobre os concorrentes ao Oscar, eu digo que também achei os concorrentes um tanto "meia-bomba". Ainda mais com uma crônica de vencedor anunciado, o tal filme dos cauboiolas. Creio que o "Jardineiro..." leva chance com a Rachel Weisz, mas acho difícil o Jake levar aguma coisa. (O personagem dele já levou...ré! ré! ré!)

Guilherme: Pode ver que você vai gostar. Estarei torcendo por ele neste domingo.

Yumi: Que coisa boa, Yumi! Venha sempre! Pode acreditar que o prazer será sempre meu!

Theo G. Alves disse...

marcos, este ando querendo muito ver tb... espero poder...
vamos ver se os homens q entregam as estatuetas podem nos surpreender...

recebi teu comentário sobre A Casa Miúda... tb nao tenho conseguido noticias do Fabio nestes ultimos dias... nao sei o q se passa... mas farei o seguinte, te escrevo p e-mail para te prometer um exemplar de A Casa Miúda. "Construirei uns 8 ou 10 livros nas proximas semanas e certamente o seu estará entre estes!
Um grande abraço!!

Marco disse...

Grande Théo: Espero que voc~e o assista. tenho certeza de que você vai gostar.
Quanto ao Casa Miúda, que ótimo! Já estou aguardando ansioso. Mas, olha, faço absolutamente questão de pagar pelo meu exemplar! Se não for assim, não tem negócio!
Um grande abraço e vamos para a torcida neste domingo!