sexta-feira, novembro 25, 2005
Manderlay
Eu já tinha escrito os posts acima quando fui assistir ontem a “Manderlay” (dir. Lars von Trier). Resolvi incluir este também, pois tem tudo a ver. O crítico de O Globo não gostou, o que, de cara, me atraiu. Ultimamente, o que eles gostam eu detesto e vice-versa.
Imagino que a proposta do Lars fosse resumir, com a sua estética teatral, a história do relacionamento entre brancos e negros, nos USA. Curiosamente, eu assistia ao filme me lembrando do discurso do senador Paulino, conservador e escravagista, feito na sessão do Senado de 13 de maio de 1888, que votava a segunda Lei Áurea, a que libertava de vez os escravos. No discurso, Paulino alertava que aquela lei que seria assinada pela Princesa Regente Isabel causaria pelo menos dois grandes problemas: afetaria a economia do Brasil, que não tinha se preparado para a mão-de-obra assalariada, e jogaria milhares de negros ao Deus dará, sem a menor condição de cuidarem de si.Pois é. Em Manderlay é exatamente isso o que vemos. Acaba o filme e a platéia permanece vendo os créditos finais, ao som de “Young Americans” (“Não um mito saído do gueto/Bem, bem, bem, você carregaria uma navalha/Apenas em caso de depressão?”), de David Bowie, assistindo, catatônica, à série de fotos que mostram que os negros são o que são porque “os brancos os fizeram assim”, como diz o personagem “Timothy”.
Meus caros, “Manderlay é imperdível.
M.S.
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Um comentário:
Embarco contigo nesta das opiniões "critiqueiras"...
E ficou a dica arretada.
Bom tudo hoje e domingo.
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