segunda-feira, maio 23, 2005

Pais e Filhos

No outro dia, estava na casa de meu "amiguirmão" Luiz, quando ele me mostrou um site na Internet onde mulheres, em tempo real, tiravam a roupa e atendiam aos pedidos ou respondiam a perguntas que pessoas conectadas faziam, também em tempo real.
Se o computador dele tivesse o equipamento necessário para a comunicação, eu faria as seguintes perguntas às moçoilas: "vocês não têm vergonha, não? Seus pais sabem que vocês estão fazendo isso?"
Provavelmente, elas iriam me ridicularizar em tempo real. E os milhares de internautas voyeurs que acompanhavam aquele "Peep show" digital também ririam de mim.
Corta para outro dia, dentro de um ônibus para o Centro do Rio.
Na minha frente, duas senhoras conversavam, em tom suficientemente alto para que eu não me sentisse um enxerido (se bem que, como escreveu Dalton Trevisan, uma de minhas referências em literatura, "todo escritor é um vampiro de almas, sempre atento, ouvindo conversas alheias em busca de uma nova história").
Uma dizia para a outra que estava preocupada com o filho, que estava andando em más companhias, que ela tinha medo dele se envolver com coisas ilegais etc. O tom de voz dela revelava a sua real preocupação com o filho.
Tanto a história do site de saliência virtual quanto a conversa da mãe preocupada me trouxeram reflexões. Surgiu em minha mente uma música do Queen: "Bohemian Rhapsody". Na letra desta canção – eleita como uma das melhores de todos os tempos por ouvintes de FM - um rapaz está perto de morrer e diz para a mãe que matou um homem. Ele não revela arrependimento, embora diga que "não foi minha intenção fazê-la chorar". (Abaixo deste texto colocarei a letra completa e a minha tradução com possíveis erros).
Até que ponto os filhos que fazem seus pais chorarem não tiveram esta intenção? Eles podem não querer entristece-los mas o fazem. E pelo menos no momento em que o fazem, não se importam de causar sofrimento ao pai ou a mãe. Não estou generalizando, é claro. Falo de modo geral.
Em todas as religiões que conheço existe um mandamento ou uma advertência para filhos não desonrarem os pais. No nosso mundo judaico-cristã, está lá o quarto mandamento: "Honrarás pai e mãe". No Islã também há o preceito de respeito aos pais, assim como nas demais religiões, tanto ocidentais quanto orientais. Mesmo assim, não é raro filhos de todas as religiões causarem sofrimento a quem lhes pôs no mundo. E partindo do pressuposto de que Deus é o Pai de todos, fico imaginando quanto desgosto não Lhe trazemos a cada dia.
Tempos difíceis, estes. Tempos de olhos molhados. Olhos de pais e de filhos. E as lágrimas de filhos que fazem chorar seus pais são bem mais amargas, talvez porque venham revestidas de remorso ou de uma sensação de, como diz na letra de Freddie Mercury: "Nada realmente importa. Qualquer um pode ver. Nada realmente importa". Mas eu creio que importa, sim.
M.S.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Marco! Tudo bem? Espero q sim. Engraçado como certas coisas acontecem... Estava pra vir aqui há um tempão, pra te agradecer um texto q vc me enviou por e-mail, obrigada!!! E acabei não vindo. Daí, vc passou pelo meu blog, e vim até aqui hoje, me deparo com seu post, super significativo pra mim, por causa de umas coisas q estou vivenciando, e falando de "Bohemian Rapsody", q adoro, e q por acaso ouvi muito no último fim de semana! É o destino... Enfim, ainda nem li a letra, mas prometo q não vou criticar a tradução, caso haja erros (sou profª de Inglês... ou melhor: tento ser. A essas alturas do campeonato, eu não SOU nada...)
Falando em campeonato, não fique triste com as piadinhas sobre rubro-negros... mantenha o bom humor.
Beijos.

Anônimo disse...

Oi, te enviei um e-mail, ok? Só vim aqui porq esqueci de dizer q vc não precisa se preocupar se a tradução está boa ou ruim. Eu só assumo o papel de professora quando estou em sala de aula... fique tranqüilo.
Bom fim de semana! Saudações tricolores... :o)